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4.5 DEFINIÇÃO DO MODELO ANALÍTICO

4.5.3 Validação do Modelo Teórico com Especialistas

A definição das variáveis partiu de uma lista de possíveis inputs e outputs do processo que se tem a intenção de analisar, no caso, a produção da soja. Apesar de que o modelo conceitual inicial não possa ser aplicado na íntegra, torna-se muito útil, pois, conforme Jain, Triantis e Liu (2011), serve como ponto inicial para a definição das variáveis a serem utilizadas. Com base nesta afirmação, a etapa de validação do modelo teórico com os especialistas teve como base os possíveis inputs e outputs que foram utilizados para análise da eficiência na produção da soja por diferentes trabalhos, conforme pode ser visto na sessão 2.3 deste trabalho.

Para esta etapa de seleção das variáveis, Ferreira e Gomes (2009) comentam que é preciso um conhecimento profundo da atividade em análise. No entanto, isto também pode acontecer mediante consultas de especialistas no setor, ramo ou atividade que se está analisando.

Sendo assim, foram realizadas entrevistas com especialistas do setor da agricultura a fim de validar as variáveis escolhidas para o modelo. Para esta etapa, os entrevistados foram escolhidos em função da experiência na atividade, bem como por seus conhecimentos teóricos, buscando visões complementares para a definição do modelo. Esta foi uma etapa crucial para o andamento do trabalho, pois também permitiu discutir a disponibilidade das informações e as estratégias para a etapa de coleta destes dados. O Quadro 7 traz um perfil dos entrevistados.

Quadro 7– Perfil dos entrevistados na etapa de validação das variáveis do modelo DEA

Entrevistado A Agricultor com mais de 40 anos de experiência na área e dentre as culturas que trabalha estão o milho, trigo e a soja.

Entrevistado B

Engenheiro Agrônomo e sócio fundador da empresa Cooplantio, empresa que presta consultoria agrícola e é especializada na venda de insumos e presta assistência técnica aos produtores. Além disso, é palestrante em eventos do agronegócio gaúcho e nacional e produz a soja há mais de 30 anos.

Entrevistado C

Possui Graduação, Mestrado e Doutorado em Agronomia e atua na área de Mudança Climática e Agricultura, Ecofisiologia Agrícola e Oleicultura.

Entrevistado D

Graduado em Agronomia, possui Mestrado e Doutorado em Ciência do Solo e tem experiência na área de agronomia e ciência do solo, com ênfase em física e manejo e conservação do solo e da água, atuando, principalmente, nos temas relativos ao plantio direto, dinâmica da água e do solo e a estrutura do solo e os impactos nos sistemas de manejo na água do solo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Cada variável listada no modelo teórico DEA foi discutida com os especialistas a fim de verificar quais delas estão mais alinhadas com o processo investigado e que fazem mais sentido dentro do contexto do público alvo. Inicialmente, as variáveis “entrada total de energia”, “energia renovável” e “energia não renovável” que fazem parte do modelo teórico, foram descartadas pelos especialistas pelo fato de não se ter conhecimento de produtores que trabalham com este tipo de insumos nas suas produções de soja.

O Quadro 8 apresenta as variáveis do modelo teórico validadas pelos especialistas sem a necessidade de alteração.

Quadro 8 – Variáveis do modelo teórico que não sofreram alteração

(continua)

Variável Unidade Literatura

Combustível Litros Nabavi-Peresaraei et al (2016); Mohammadi et al. (2013); Raucci et al (2015)

Sementes Quilogramas Nabavi-Peresaraei et al (2016); Mohammadi et al. (2013); Raucci et al (2015)

Área Hectares

Costanheira e Freire (2013), Alvim e Stup (2014), Stuker (2003 - AGN 4); Campos, Coelho e Gomes (2012).

Total de soja produzida

(conclusão)

Variável Unidade Literatura

Água para irrigação Litros Nabavi-Peresaraei et al (2016); Mohammadi et al. (2013)

Eletricidade utilizada Quilowatt- hora

Mohammadi et al. (2013); Raucci et al. (2015); Campos, Coelho e Gomes (2012).

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quanto às variáveis “água para irrigação” (em litros) e “eletricidade” (em KWh), estas foram mantidas na coleta caso fosse possível acessar produtores que trabalham com irrigação em suas propriedades.

Com relação às demais variáveis, o Quadro 9 apresenta as definições de acordo com a literatura e as proposições e sugestões dos especialistas.

Quadro 9 – Variáveis adequadas conforme validação de especialistas.

(continua) Variável

(unidade) Proposição Literatura

Trabalho humano

(horas)

Esta variável foi formulada com base nas quatro principais etapas da produção da soja, sendo elas o plantio, a pulverização, a colheita e o transporte. Para a sua definição, foram coletados o número de dias trabalhados em cada uma destas etapas e quantas horas, em média, um homem trabalha durante um dia no período de produção. Além disso, foram coletadas informações referentes a mão de obra utilizada para produção da soja, sendo ela fixa ou temporária.

Nabavi-Peresaraei et al (2016); Mohammadi et al. (2013) / Alvim e Stup (2014); Stuker (2003); Fertilizantes (kg/hectare)

Nesta variável, foram sintetizadas cinco variáveis do modelo teórico, sendo elas o “nitrogênio”, “fosfato”, “potássio”, “adubo” e “calcário”. Isto se deu pelo fato de que todas estas variáveis agem como fertilizantes e podem ser coletadas em uma mesma unidade de medida.

Nabavi-Peresaraei et al (2016); Mohammadi et al. (2013); Raucci et al (2015); Campos, Coelho e Gomes (2012). Agroquímicos (litros/hectare)

Nesta variável, foram sintetizados (através da quantidade total da utilizada) os quatro principais insumos que representam a ação dos agroquímicos, sendo de fácil acesso para o produtor rural a ser analisado. São eles: os herbicidas, inseticidas, fungicidas e dessecantes. Nabavi-Peresaraei et al (2016); Raucci et al. (2015); Campos, Coelho e Gomes (2012). Número de tratores (CV)

Para esta variável, foi verificado quantos tratores são utilizados para a produção da soja e qual a potência em CV. Assim, somou-se para obter uma potência total em CV que cada produtor utilizou.

Nabavi-Peresaraei et al (2016); Mohammadi et al. (2013) / Alvim e Stup (2014); Stuker (2003)

(conclusão) Variável

(unidade) Proposição Literatura

Caminhões (capacidade)

Para esta variável, foi verificado quantos caminhões foram utilizados para a produção da soja e qual a sua capacidade em toneladas. Assim, somou-se para obter uma capacidade total em toneladas que cada produtor utilizou para o transporte.

Nabavi-Peresaraei et al (2016); Mohammadi et al. (2013) / Alvim e Stup (2014); Stuker (2003) Colheitadeiras (pés de corte)

Para esta variável, foi verificado quantas colheitadeiras foram utilizadas para a colheita da soja e quantos "pés de corte" possuía cada uma delas. Assim, somou-se para obter uma o total de "pés de corte utilizados na colheita.

Nabavi-Peresaraei et al (2016); Mohammadi et al. (2013) / Alvim e Stup (2014); Stuker (2003) Plantadeiras (linhas)

Para esta variável foi verificado quantas plantadeiras foram utilizadas para realizar o plantio da soja e quantas "linhas" possuía cada uma delas. Assim somou-se para obter uma o total de "linhas" utilizadas no plantio.

Nabavi-Peresaraei et al (2016); Mohammadi et al. (2013) / Alvim e Stup (2014); Stuker (2003) Pulverizadores (metros e capacidade)

Para esta variável, foi verificado quantos pulverizadores foram utilizadas para realizar a pulverização,o da soja e quantos metros possuía cada um deles. Assim, somou-se para obter uma o total de metros utilizados na pulverização.

Nabavi-Peresaraei et al (2016); Mohammadi et al. (2013) / Alvim e Stup (2014); Stuker (2003) Índice pluviométrico médio (em mm)

Esta variável foi inclusa com o objetivo de controlar os níveis precipitação pluviométrica na produção da soja e foi definida através de uma média dos índices de chuvas nos meses que vão desde o plantio até a colheita da cultura da soja no RS, sendo de outubro de 2016 até maio de 2017, de acordo com o calendário agrícola. Inicialmente, buscou-se esta informação de acordo com cada produtor para realizar uma melhor mensuração. No entanto, poucos foram os que realizavam este tipo de controle em sua propriedade. Assim, aqueles que não apresentaram os dados, o índice foi mensurado pela média da localidade em que cada propriedade se encontra.

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Fonte: Elaborado pelo autor.

Quanto ao maquinário utilizado na produção de 2016/2017, é importante ressaltar que, inicialmente, trabalhava-se com a ideia de coletar esta variável em número de hora/máquina utilizada na produção da soja. Não obstante, de acordo com os especialistas, este é um valor de difícil mensuração para os produtores. Assim, buscando trazer para o modelo a tecnologia utilizada no campo pelos produtores, esta variável desmembrou-se nas 5 outras variáveis demonstradas no Quadro 8 referentes ao maquinário.

A Tabela 6 apresenta um total de 13 variáveis do modelo DEA, selecionadas a partir da revisão da literatura, validação e discussão com os especialistas:

Tabela 6 – Variáveis do modelo DEA após validação

Nome Unidade Código

INPUTS

Trabalho Horas 1_TRAB_H

Trator CV 2_TRAT_CV

Caminhão TON 3_CAMI_TON

Colheitadeira Pés de corte 4_COLHEIT_PE

Plantadeira Linhas 5_PLANT_LINHAS

Pulverizador Metros e Litros 6_PULVER_M

Combustível Litros 7_COMBUST_L

Fertilizantes KG 8_FERTILIZ_KG

Agroquímicos Litros 9_AGROQ_L

Sementes KG 10_SEMENTES_KG

Índice Pluviométrico mm 11_PLUV_MM

Área total de produção da soja

Hectares 12_AREA_HA

OUTPUT Total de soja produzido Sacas OUT1_SOJA_SACAS

Fonte: Elaborada pelo autor.