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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.6. Validação e Confiabilidade

No que concerne às questões de validação e confiabilidade dos dados da pesquisa, esta foi uma preocupação que permeou todo o período de coleta de dados, tendo sempre como objetivo garantir que o resultado final alcançado neste estudo fosse o mais próximo possível da realidade investigada.

A validade, na abordagem qualitativa, é a capacidade de alcançar os objetivos pelos métodos adotados de forma fidedigna e a confiabilidade trata sobre garantir que outro pesquisador poderá realizar uma investigação semelhante e alcançar resultados aproximados (PAIVA JÚNIOR; LEÃO; MELLO, 2011). Assim, considerando estes dois pontos como pontos norteadores para a obtenção dos dados na pesquisa qualitativa, foram utilizados nesta tese procedimentos com base em alguns critérios de qualidade, tanto nas Etapas 3 e 4, quanto na Etapa 5 da pesquisa, conforme apresentados no Quadro 21.

Quadro 21 – Critérios de validade e confiabilidade na pesquisa qualitativa

Critério Validade Confiabilidade

Triangulação X X

Reflexividade X

Construção do Corpus de Pesquisa X X

Descrição clara, rica e detalhada X X

Surpresa X

Feedback dos informantes (validação comunicativa) X X Fonte: Adaptado de Paiva Júnior, Leão e Mello (2011)

A triangulação dos dados, partindo-se da premissa que a realidade é multidimensional e dinâmica (MERRIAM, 1998), suscita o uso de múltiplas fontes de dados para confrontar achados, que podem apresentar-se de forma divergente, sob determinado aspecto, e precisam de nova validação. Desta forma, a triangulação consiste mais em uma alternativa para a validação, a qual amplia o espaço, a profundidade e a coerência nas condutas metodológicas (FLICK, 2009). Nas Etapas 3 e 4, a triangulação foi realizada através do confrontamento das informações obtidas nos questionários e nas entrevistas mas também a consultas no currículo Lattes dos pesquisadores, a fim de confirmar sua atuação como especialistas em inovação social no presente. Já na Etapa 5, a triangulação foi verificada em diferentes métodos de coleta de dados primários (entrevistas e observação não-participante) e secundários (documentos internos, publicações nas páginas oficiais da internet, artigos relacionados aos casos, entre outros).

A reflexividade diz respeito ao antes e depois do acontecimento, gerando uma transformação no pesquisador, uma vez que vai mudando sua forma de pensar e refletir sobre os dados, o problema de pesquisa e possíveis incongruências ao longo do estudo (PAIVA JÙNIOR; LEÃO; MELLO, 2011). Nas Etapas 3, 4 e 5, esta característica de reflexividade foi bastante perceptível na pesquisa, pela sua orientação na Teoria Adaptativa que, inerentemente, induz a uma reflexão permanente sobre os dados provenientes da teoria e do campo, promovendo ajustes no material e modificando os quadros anteriores.

A construção do corpus de pesquisa para este estudo foi delimitado nas Etapas 3, 4 e 5. Conforme explicitado anteriormente, nas Etapas 3 e 4 foram selecionados dois grupos representativos de especialistas, conforme a sua produção acadêmica e experiência na área. Estas características são atribuídas tanto ao grupo participante da Rodada 1, de características seniores, como ao grupo participante da Rodada 2, com os atributos de um grupo de formação júnior. Já na Etapa 5, para as amostras de entrevistados em cada caso foi adotado o critério de saturação das respostas das entrevistas – quando não surgem mais relatos inusitados (MERRIAM, 1998).

A descrição clara, rica e detalhada das Etapas 3, 4 e 5 seguiu os preceitos estabelecidos para a pesquisa qualitativa, em que a descrição densa dos participantes e do contexto do estudo apresenta-se como sua característica principal. Essa prática é denominada transferibilidade e desempenha função semelhante à da validade interna e externa na pesquisa quantitativa (PAIVA JÙNIOR; LEÃO; MELLO, 2011). Assim, foram registrados todos os detalhes possíveis associados às entrevistas nas Etapas 3, 4 e 5, bem como um diário de campo na Etapa 5, em que a pesquisadora registrou todos os pontos de atenção para os casos estudados, bem como anotações de caráter trivial, que ajudaram a compor o cenário de cada caso.

O elemento surpresa esteve presente nas Etapas 3, 4 e 5 e tem uma importância para a tradição da pesquisa qualitativa no tocante à descoberta de evidências inspiradoras que possam conduzir a novas formas de pensamento sobre determinado tema e também quanto à mudança de mentalidade já cristalizada em torno do fenômeno (PAIVA JÚNIOR; LEÃO; MELLO, 2011). Pela inspiração na Teoria Adaptativa, o elemento surpresa fez parte de toda a condução da pesquisa deste tipo, de forma a alimentar os constructos existentes com novas fontes de informação oriundas da pesquisa de campo.

O feedback dos informantes, também chamado de validação comunicativa, é o ato de validar a comunicação dos informantes por eles mesmos. No caso da pesquisa, as ratificações das entrevistas foram realizadas pela pesquisadora, que revisou todas as transcrições dos áudios e deixou estes documentos à disposição dos entrevistados, para livre acesso se assim o desejassem.

A partir de todas as considerações sobre o caminho metodológico trilhado na pesquisa (Quadro 12), apresentam-se no próximo capítulo as discussões sobre os resultados obtidos nas Etapas 3, 4 e 5, que validaram o Modelo Teórico da Expansão de Iniciativas de IS em sua versão final.

4 RESULTADOS

O processo de apresentação e discussão dos resultados aconteceu por meio da aplicação dos procedimentos metodológicos definidos para a realização deste estudo, o que incluiu a validação dos indicadores para o Modelo Teórico de Expansão de Iniciativas de IS nas Etapas 3 e 4, etapas sequenciais de consulta a especialistas em IS, e na Etapa 5, com a discussão do modelo proposto ao final da Etapa 4 em dois estudos de casos de iniciativas de IS em diferentes etapas de seus percursos de expansão. Estas análises seguiram o fio condutor que orienta a Teoria Adaptativa, em que os dados do campo puderam promover ajustes no modelo teórico em todas as etapas da tese.

4.1. Resultados da Etapa 3 - Consulta a Especialistas na