• Nenhum resultado encontrado

4.2 Propens˜ ao a vender

4.2.1 Regress˜ ao log´ıstica

4.2.1.1 Validade do modelo e dos regressores

R2na regress˜ao log´ıstica

Para determinar a capacidade de explica¸c˜ao de um modelo de regress˜ao linear ´e comum utilizar o R2. Por´em, o R2 ao deve ser

utilizado quando a vari´avel dependente ´e bin´aria, pois este procedi- mento gera res´ıduos padronizados muito elevados, conforme explica

Ryan (2009).

Portanto, para o caso de uma regress˜ao log´ıstica, com a va- ri´avel dependente bin´aria, existem diversas alternativas de pseudo-R2,

como ´e o caso do McFaddens’s pseudo-R2, dispon´ıvel no pacote “pscl”

da linguagem R, de Simon Jackman. Estes modelos envolvem a compa- ra¸c˜ao do log da m´axima verossimilhan¸ca para o modelo ajustado, com o log da m´axima verossimilhan¸ca de um modelo restrito, sem vari´aveis explicativas.

64 Cap´ıtulo 4. M´etodos para mensurar o efeito disposi¸c˜ao

A interpreta¸c˜ao do pseudo-R2 ´e semelhante `a do R2convenci- onal. No entanto, n˜ao se espera que o pseudo-R2 possua um valor t˜ao grande quanto a medida convencional. O c´alculo do McFadden pseudo-

R2 ´e descrito em detalhes emDomencich e McFadden(1996).

Teste de Wald

Ryan (2009) explica que o teste de Wald (W ) para modelos de regress˜ao log´ıstica ´e similar `a estat´ıstica t usada para verificar a significˆancia de coeficientes individuais em modelos de regress˜ao linear.

W n˜ao segue uma distribui¸c˜ao t, mas ´e assintoticamente normalmente distribu´ıda.

Likelihood ratio test - teste LR

O teste LR, conformeRyan(2009), ´e uma alternativa superior ao teste de Wald. Quando utilizado para regressores individuais, o teste LR ´e a diferen¸ca entre o desvio sem o regressor no modelo e o desvio com o regressor no modelo. Se o teste LR for aplicado para o modelo como um todo, ent˜ao o teste ser´a a diferen¸ca entre o desvio de um modelo restrito (utilizando apenas a constante) e o modelo completo.

Parte III

67

5 PRIMEIRO ENSAIO: ESTUDO EXPERIMENTAL 5.1 Introdu¸c˜ao

Este cap´ıtulo apresenta um ensaio experimental cujo objetivo ´

e analisar o comportamento dos participantes em decis˜oes de investi- mentos por meio da propens˜ao desses individuos a realizar vendas. A amostra contempla tanto estudantes universit´arios quanto investidores experientes. Acredita-se que estudar em mais detalhes, em um ambiente experimental controlado, como a propens˜ao a vender um ativo varia em fun¸c˜ao dos retornos auferidos pelos investidores permite a realiza¸c˜ao de inferˆencias mais robustas a respeito das causas do efeito disposi¸c˜ao.

Como observado,Harrison e List(2004) classificam os experi- mentos em quatro tipos: (i) experimento convencional de laborat´orio; (ii) artefactual field experiment ; (iii) framed field experiment ; (iv) na-

tural field experiment. Esse ensaio se enquadra na op¸c˜ao de um framed

field experiment, uma vez que ´e tamb´em um artefactual field experiment, mas com um contexto do campo na tarefa e no conjunto de informa¸c˜oes utilizado pelos sujeitos. Neste ensaio, por exemplo, foi utilizada uma in- terface que simula um homebroker, ferramenta comum no dia a dia dos investidores. Esse tipo de experimento – framed field experiment – n˜ao utiliza uma base de sujeitos (subject pool ) padronizada, como seria o caso se apenas estudantes de fases iniciais de determinado curso fossem utilizados nas sess˜oes experimentais.

Como tamb´em observado, nos ´ultimos anos, as pesquisas so- bre o efeito disposi¸c˜ao estiveram focadas na procura dos determinantes deste efeito, suas causas e mesmo de outras teorias comportamentais que o expliquem melhor. Entre estas pesquisas pode-se citar os traba- lhos deGrinblatt e Keloharju(2001),Barberis e Xiong(2009),Kaustia

(2010),Barberis e Xiong(2012), entre outros.

O presente ensaio insere-se nesta vertente, pois ir´a aplicar uma metodologia adaptada deGrinblatt e Keloharju(2001) eKaustia(2010), os quais estudaram o comportamento de venda de a¸c˜oes de investidores reais. Esse m´etodo de an´alise consiste num modelo de regress˜ao log´ıstica que busca estimar empiricamente a probabilidade de ocorrˆencia de uma venda, levando em conta o retorno obtido em uma opera¸c˜ao financeira em dado momento. Em outras palavras, esse estudo est´a interessado na an´alise da propens˜ao a vender de cada indiv´ıduo. A vari´avel dependente do modelo ´e a decis˜ao de vender contra a decis˜ao de reter um ativo

68 Cap´ıtulo 5. Primeiro ensaio: estudo experimental

em carteira, expressa de forma bin´aria. As vari´aveis independentes s˜ao indicadores, tamb´em bin´arios, para ganhos e perdas ao longo de diversos intervalos de retorno. As regress˜oes tamb´em contemplam um conjunto de vari´aveis de controle.

Um dos pontos positivos em utilizar uma abordagem experi- mental consiste na possibilidade de controlar o ambiente, reduzindo a quantidade de vari´aveis que podem influenciar o comportamento de um indiv´ıduo (FRIEDMAN; CASSAR,2004). Neste sentido,da Costa

Jr. et al. (2013) afirmam que testes do efeito disposi¸c˜ao em mercados

reais n˜ao podem ser conclusivos, pois nestes estudos as decis˜oes dos investidores s˜ao invi´aveis de controlar. Por esta raz˜ao, experimentos de laborat´orio possuem papel complementar em rela¸c˜ao `as pesquisas desenvolvidas com dados reais, uma vez que ´e poss´ıvel desenh´a-los de tal forma que o ´unico fator que influencia a tomada de decis˜oes seja a varia¸c˜ao nos pre¸cos dos ativos.

Espera-se que esta pesquisa contribua para melhor esclarecer os mecanismos subjacentes ao efeito disposi¸c˜ao, sejam eles vieses com- portamentais ou motiva¸c˜oes puramente racionais. O cap´ıtulo segue or- ganizado da seguinte forma: introdu¸c˜ao; materiais e m´etodos, que apre- senta o software e a interface a serem utilizados nos experimentos e discute a an´alise proposta; discuss˜ao de resultados; e considera¸c˜oes, as quais discutem as limita¸c˜oes e as principais contribui¸c˜oes do estudo proposto.