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A valorização da participação e do diálogo: a questão da diferença e da igualdade desvelada pelos alunos do noturno

No documento 2007OseiasSantosdeOliveira (páginas 90-93)

BUSCA DA IDENTIDADE

5.1 Bases da escola democrática: pais, alunos e professores gravitam sobre a temática da participação e do diálogo

5.1.1 A valorização da participação e do diálogo: a questão da diferença e da igualdade desvelada pelos alunos do noturno

Os alunos do noturno (AN)18, em sua maioria jovens trabalhadores, apresentam suas concepções sobre a participação no contexto escolar, explicitando que quando há responsabilidade pelo estudo e pela aprendizagem, os alunos estarão avançando na construção de uma prática participativa. A aprendizagem escolar é vista como oportunidade de ascensão, com perspectiva de trabalho e de melhor qualidade de vida. Entre os alunos há uma compreensão de que, quando participam das aulas, dos eventos e da organização da escola estarão desenvolvendo seus conhecimentos 3UHVWDQGR DWHQomR QR SURIHVVRU H QmR PDWDU DXOD H DSUHQGHQGR (AN1) Quando questionado sobre a implicação disso em sua vida, argumentam: DUUXPDU RXWURHPSUHJRWUDEDOKDU(AN1). Percebe-se aqui, a aplicação de um condicionante externo: o estudo como condição para a mudança de nível social.

De modo muito claro, torna-se visível a preocupação do jovem aluno com questões de ordem prática da vida. Em sua visão a escola pode contribuir para a mudança que os jovens esperam em relação ao seu futuro.

A questão do compromisso e do respeito fica evidente em diversas falas dos alunos do noturno. Ao seu modo, tentam definir sua concepção sobre participação explicitando que SDUWLFLSDUpDVVLPUHFXSHUDURWHPSRSHUGLGRSDUWLFLSDUGDV DXODVOHYDUDVpULRSRUTXHHXQmRHVWRXDTXLSDUDEULQFDUHQWmRQHPSDUD WLUDUVDUURGHQLQJXpPUHVSHLWDURVFROHJDV (AN1).

Os alunos posicionam-se, afirmando que participar é ajudar, colaborar, discutir idéias na escola. A definição de participação como FRRSHUDU FRP RV FROHJDV

18 Usa-se a indicação (AN, seguida por numeral cardinal) para indicar as falas dos alunos do noturno,

sendo que o número foi utilizado para que os sujeitos da pesquisa não fossem identificados, conforme consta no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Passo Fundo e assinado por cada um dos sujeitos participantes.

19 Na análise das discussões que ora se desenvolve opta-se, para destacar as falas dos atores educacionais

envolvidos nos Grupos Focais, pelo uso de fonte Comic Sans MS. Com tal procedimento, adotado deste ponto da dissertação em diante, busca-se facilitar a compreensão do leitor e oportunizar o desvelamento das diferentes opiniões emanadas dos diálogos e detalhadas pelo autor deste texto.

GLUHWRUHV H SURIHVVRUHV H FXLGDQGR GR HVSDoR GD HVFROD VDEHQGR VHXV OLPLWHV(AN2) permite a compreensão e reconhecimento do espaço da escola por parte dos alunos. Ao afirmar que participar é WHUUHVSRQVDELOLGDGHGHFXPSULURKRUiULR VHUUHVSRQViYHOFRPVHXPDWHULDOFRPPDWHULDOGDHVFRODQmRHVWUDJDU(AN6) os educandos entendem que já estão participando. Colaborar na conservação do prédio escolar, dos cuidados com os materiais coletivos disponíveis na escola é uma forma de participar.

A percepção do espaço, das vivências e das construções possíveis é fundamental para que o sujeito possa inserir-se e assim interferir democraticamente, posicionando-se e principalmente respeitando o outro. O censo de alteridade fica evidente quando menciona-se que participarpWHQWDUDMXGDUQDHVFROD2TXHVHLWHQWDUDMXGDUR RXWUR (AN3).

Uma das condições para o exercício democrático e cidadão é de que todos os indivíduos devem VHU WUDWDGRV FRPR LJXDLV VHP GLIHUHQoDV(AN4), e TXH D

HVFRODpROXJDUGHHVWDUVHPSUHFRQFHLWR(AN4). A igualdade pressupõe que todos os sujeitos têm um espaço para a exposição de suas idéias, e de valorização pelo diálogo.

Santos (2005, p 34-35) analisa a questão das desigualdades impostas pelo domínio da globalização social, especialmente num tempo em que as políticas de crescimento econômico estão pautadas na minimização de custos e de salários dos trabalhadores, e na liberalização do mercado de trabalho que promove a redução dos direitos liberais. O conceito de cidadão, nesta nova perspectiva reduz-se ao de consumidor, e as desigualdades se acentuam na medida em que estes consumidores são também produtores de grande parte dos produtos disponíveis do mercado, porém seu poder de compra é mínimo.

o critério de inclusão deixa de ser o direito para passar a ser a solvência. Os pobres são os insolventes (o que inclui os consumidores que ultrapassam os limites do sobreendividamento). Em relação a eles devem adoptar-se medidas de luta contra a pobreza, de preferência medidas compensatórias que minorem, mas não eliminem, a exclusão, já que esta é um efeito inevitável (e, por isso, justificado) do desenvolvimento assente no crescimento econômico e na competitividade a nível global (2005a, p. 35)

A participação e a inclusão podem ser melhoradas na escola a partir do diálogo e da convivência, sendo necessário o desenvolvimento de práticas que sensibilizem para o exercício comunicativo, de modo que a ação comunicativa desenvolvida com os pares e com os demais sujeitos educativos possa ser realizada VHP PDFKXFDUVHP DJUHGLU (AN5).

Em relação ao diálogo, como condição para se efetivar na prática a participação manifestam que RXYLQGR DV SHVVRDV SRGHPRV QRV HQWHQGHU PHOKRU DOpP GH HQWHQGHU R RXWUR SRGHUHPRV WDPEpP QRV HQWHQGHU QRV FRQKHFHU PHOKRU (AN2). O diálogo desempenha um papel relevante, quando propicia o entendimento e a aceitação do outro, enquanto sujeito, sem negar as suas próprias aspirações e suas concepções. A percepção de alteridade manifesta nesta fala demonstra que os alunos percebem que as diferenças de opiniões existem e que são importantes para que sejam alcançados objetivos coletivos na escola. É possível chegar-se a negociações, trocas e outras percepções através da ação comunicativa e fica evidente que SHOR GLiORJR D JHQWHSRGHFKHJDUQXPDFRUGRFRPRRXWUR(AN3).

A ação comunicativa é importante porque DWUDYpV GR GLiORJR D JHQWH FRQVHJXH DSUHQGHU YiULDV FRLVDV (AN4). O diálogo possibilita as aprendizagens e assim, professores e alunos terão condições de se comunicarem com mais eficácia e estabelecerem relações mais próximas, como destaca o mesmo aluno: DVVLP FRPR D JHQWHSRUH[HPSORVHQDHVFRODQmRVHFRQVHJXHHQWHQGHUDOJXPDFRLVDGDt DWUDYpVGRGLiORJRVHFRQVHJXHFRPSUHHQGHUPHOKRU(AN4).

O diálogo é um instrumento muito útil na resolução de conflitos decorrentes das ações dos grupos, pois, GLDORJDQGR TXDOTXHU WLSR GH SUREOHPD TXH WLYHU SDUD UHVROYHUILFDPDLVIiFLO(AN5).

5.1.2 Perspectivas dos adolescentes sobre participação e diálogo como condição para

No documento 2007OseiasSantosdeOliveira (páginas 90-93)

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