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As variáveis analisadas de acordo com a população investigada no estudo são apresentas no quadro 1.

Quadro 1 - Variáveis analisadas segundo população do estudo.

CATEGORIAS MPL VARIÁVEIS MPG Caracteristicas sociodemográficas  Faixa etária  Cor/raça  Nível educacional

 Renda individual e familiar

 Fonte de renda da família antes da prisão  Ocupação

 Programas de transferência de renda  Religião

 Estado civil  Filhos

 Experiência de morar na rua  Plano de saúde

 Faixa etária  Cor/raça

 Nível educacional

 Renda individual e familiar  Fonte de renda da família

antes da prisão  Participação em programas de transferência de renda  Religião  Estado civil  Filhos Perfil prisional

 Número de vezes que foi presa  Tempo de vida na prisão  Tipo de crime

 Estuda na prisão  Trabalha na prisão  Visitas

 Número de pessoas na cela  Visita íntima

 Gestação na prisão

 Experiência na cela de isolamento

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Características epidemiológicas

 Percepção do estado de saúde  Hipertensão arterial (HA)  Diabetes

 Hipercolesterolemia  Doença cardiovascular

 Acidente vascular cerebral (AVC)  Cancer

 Asma  Tabagismo  Etilismo

 Uso de drogas ilícitas  Sedentarismo  Alimentação

 Índice de massa corporal (IMC)  Tuberculose

 Hanseníase  HIV  Sífilis

 Hepatites virais

 Infecções sexualmente transmissíveis (IST)

 Conhecimento sobre HIV  Uso de preservativo  Violência

 Transtornos mentais comuns

 Percepção do estado de saúde

 Hipertensão arterial (HA)  Diabetes

 Hipercolesterolemia  Doença cardiovascular  Acidente vascular cerebral  Cancer

3.4.1 Variáveis relacionadas às doenças infectocontagiosas

 HIV: resultado positivo no teste rápido e/ou relatar fazer uso de terapia antirretroviral;  Sífilis e hepatites virais: resultado positivo no teste rápido;

 IST, tuberculose e hanseníase: autorelato;

 Conhecimento correto sobre transmissão do HIV: acertar aas cinco perguntas: O risco da transmissão do HIV ser reduzido se a pessoa tiver relações sexuais com apenas um parceiro não infectado que não tem outros parceiros ou parceiras? (Sim); Uma pessoa pode reduzir o risco de contrair o HIV, usando um preservativo cada vez que faz sexo? (Sim); Uma pessoa com aparência saudável pode estar infectado pelo vírus da AIDS? (Sim); Uma pessoa pode contrair o HIV a partir de picadas de mosquito? (Não); Uma pessoa pode ser infectada com IST/aids compartilhando talheres, copos ou refeições? (Não).

3.4.2 Variáveis relacionadas às doenças crônicas não-transmissíveis

 HA: pressão arterial sistólica ≥ 140mmHg e/ou referir uso de medicação para controle pressórico (SBC,2010);

 Diabetes: glicemia capilar > 200 e/ou referir uso de medicação para controle da glicemia (OLIVEIRA et al.,2017);

 Doenças cardiovascular, asma/bronquite asmática, AVC, câncer, hipercolesterolemia: autorelato;

 Fumante passivo: mulheres não fumantes que referem dividir a cela com fumantes;  Consumo de álcool: Foi estimado através do Alcohol Use Disorders Identification Test

(AUDIT) (BUSH et al.,1998), utilizado para a identificação dos diferentes padrões de consumo de álcool. O AUDIT é composto por 10 itens e avalia tanto o uso recente, como problemas relacionados ao consumo de álcool, além de sintomas de dependência. Os escores são traçados a partir das perguntas: Com que frequência (quantas vezes por semana) você consome bebidas alcoólicas?; Quantas doses de álcool você consome num dia normal?; Com que frequência (quantas vezes por semana) você consome cinco ou mais doses em uma única ocasião?; Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você achou que não conseguiria parar de beber, uma vez tendo começado?; Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você não conseguiu fazer o que era esperado de você por causa do álcool?; Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você

precisou beber pela manhã para poder se sentir bem ao longo do dia, após ter bebido bastante no dia anterior?; Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você se sentiu culpado ou com remorso após ter bebido?; Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você foi incapaz de lembrar o que aconteceu devido à bebida?; Você já causou ferimentos ou prejuízos a você mesmo ou a outra pessoa após ter bebido?; Alguém ou algum parente, amigo ou médico, já se preocupou com o fato de você beber ou sugeriu que você parasse?. A classificação foi feita baseada na escala: 0 a 7 pontos = Consumo de baixo risco ou abstêmios; 8 a 15 pontos = Consumo de risco; 16 a 19 pontos = Uso nocivo ou consumo de alto risco; 20 ou mais pontos (máximo = 40 pontos) = provável dependência.

 Sedentarismo: tempo de atividade física semanal foi < 150 minutos e/ou tempo de assistir televisão foi >= 3 horas/DIA. Este dado foi baseado no Vigitel Brasil (2007) (MONTEIRO et al.,2007);

 Alimentação não saudável: Quando os hábitos alimentares da entrevistada não incluíam consumo regular de feijão e/ou verdura e/ou frutas. Este dado foi baseado no Vigitel Brasil (2007) (MONTEIRO et al.,2007);

 IMC: Foi determinado através das medidas de peso em kg e a altura em metro através da relação IMC=peso/altura2. O IMC foi estratificado em: Normal ou baixo peso (< 25), sobrepeso (> 25 e < 30) e obeso (>= 30) (OMS,2000).

3.4.3 Variáveis relacionadas à violência

As variáveis sobre violência foram coletadas mediante perguntas que definiam as tipologias de violência caracterizadas na Lei n. 11.340/04, que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher (BRASIL,2006). Embora a lei n. 11.340/04 se aplique apenas ao ambiente doméstico e familiar, suas tipologias também foram utilizadas para determinar os tipos de violência ocorridos em ambiente prisional.

Foram utilizadas as tipologias: moral, psicológica, física e sexual. A violência patrimonial, também citada na lei, não foi abordada neste estudo.

Segundo o dispositivo, configura-se como violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão que lhe traga morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, desde que baseada no gênero, ou seja, situação de vulnerabilidade e opressão da mulher (BRASIL, 2006; HERMANN, 2007). Ressalta-se a universalidade do postulado dentro do gênero feminino e determina que nenhuma mulher deve

ser excluída dos direitos enumerados, não importando renda, cultura, nível educacional, orientação sexual, idade e religião (HERMANN,2007).

Conforme a lei n. 11.340/06 e a interpretação de Hermann (2008), são cinco as formas de violência contra a mulher:

a) física: quando o agressor ofende a integridade ou a saúde corporal da mulher – foi classificada nesta pesquisa mediante a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), capítulo “Agressões” (X85-Y09) (OMS,1994);

b) psicológica: quando o agressor causa dano emocional e diminuição da autoestima que vise prejudicar e perturbar o pleno desenvolvimento ou degradar ou controlar ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;

c) sexual: quando o agressor constrange a mulher a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; induza a comercialização ou a utilização, de qualquer modo, da sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force a matrimônio, gravidez, aborto ou prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;

d) moral: quando o agressor ofende a honra da mulher (calúnia, difamação ou injúria). A violência física foi classificada em leve (tapa no rosto, empurrões, beliscões ou puxões de cabelos de propósito); grave (esbofeteada, espancada, queimada ou tentativa de enforcamento). Severa (ferida de propósito com faca, outro objeto perfurocortante, revólver ou outra arma de fogo, além de outros objetos que causaram ferimento) (HERMANN,2007).

A violência psicológica consiste em condutas que provoquem danos ao equilíbrio psicológico emocional da mulher vítima, privando-a de autoestima e autodeterminação. É ofensiva mediante ameaças, insultos, ironias, chantagens, vigilância contínua, perseguição, depreciação, isolamento social forçado, entre outras formas. Implica lenta e contínua destruição da identidade da vítima (HERMANN,2007)

No tocante à violência sexual, é considerada conduta violenta não apenas aquela que obriga à prática ou à participação ativa em relação sexual não desejada, mas a que constrange a vítima em presenciar qualquer tipo de relação entre terceiros (HERMANN,2007).

A violência moral implica a desmoralização da mulher vítima, confundindo-se e entrelaçando-se com a violência psicológica. Ocorre sempre que é atribuída à mulher conduta de calúnia, difamação ou injúria. As três denominações estão tipificadas, respectivamente, nos art. 138, 139 e 140 do Código Penal. Por calúnia define a lei penal a imputação falsa de crime; por difamação, a falsa atribuição, diante de terceiros, de atos e condutas desonrosas e vergonhosas; injúria é ofensa ou insulto proferido contra a vítima, pessoalmente (BRASIL,1940; HERMANN,2007).

3.4.4 Variáveis relacionadas à saúde mental

 Transtornos mentais comuns (TMC): A prevalência de TMC foi estimada através do

Self-Reporting Questionnaire-20 (SRQ-20) (SANTOS et al., 2010). O instrumento é composto por 20 questões, sendo as 4 primeiras relacionadas a sintomas físicos e outras 16 sobre sintomas psicoemocionais. A aplicação do SRQ-20 permite a detecção precoce de sinais e sintomas de comprometimento da saúde mental, que incluem fadiga, insônia, irritabilidade, além de aspectos subclínicos. Por se tratar de um instrumento de rastrea- mento, a determinação do ponto de corte para a detecção dos casos é fundamental para a garantia da sensibilidade e especificidade. Neste estudo, adotou-se o escore mínimo de 7 respostas afirmativas do SRQ-20, em conformidade com as orientações estabelecidas para mulheres (OMS,2002).

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