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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Variáveis

3.1.3 Variável explicativa

A variável indicadora de centralidade (CENT) partiu da classificação em níveis hierárquicos5 dos centros urbanos brasileiros, tomando como base a Teoria dos Lugares Centrais (TLC) de Christaller (1966). Sendo assim, a frequência da demanda implica padrões de localização diferenciados de bens e serviços. Produtos de consumo frequente podem ser oferecidos por centros acessíveis a uma população próxima que têm mercado mínimo e alcance espacial reduzido. Por outro lado, bens e serviços de uso mais específicos, têm mercado máximo e alcance espacial maior, e tendem a localizar-se em um menor número de centros urbanos, de hierarquia mais elevada (IBGE, 2008).

Nessa perspectiva, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir da teoria dos lugares centrais, classificou as cidades brasileiras de acordo com o seu nível de hierarquia regional, em termos de oferta de bens e serviços, em cinco níveis: Os de nível 1, são denominados de grande metrópole nacional (1A), metrópole nacional (1B) e metrópole (1C). Os de nível 2 são as capitais regionais, divididas em três grupos de influência; 2A, 2B e 2C. Os de nível 3 são os Centros sub-regionais, classificados em dois grupos, 3A e 3B. Os de nível 4, são os centros de zona que se subdividem em 4A e 4B.

Por outro lado, os municípios não enquadrados em algum dos níveis anteriores, é considerado como sendo um centro local, recebendo a classificação de nível 5 (IBGE, 2008). Logo, esses municípios são abordados como não detentores de centralidade, haja vista que os bens e serviços desses municípios se limitarem ao consumo interno, ou seja, não ultrapassam os seus limites territoriais.

Além disso, os níveis, bem como os grupos pertencentes a cada nível dessa classificação, adotam uma hierarquia decrescente de influência, ou seja, quanto maior o nível ou o grupo de um município, maior é a sua influência exercida sobre os demais municípios. Vale salientar que o nível 5 não tem centralidade, conforme indicado anteriormente. A classificação6 detalhada encontra-se no apêndice B e de forma resumida no quadro 4.

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Acesse o documento IBGE/REGIC 2007 para ter conhecimento da metodologia completa de classificação da centralidade dos centros urbanos brasileiros, bem como de todos os municípios brasileiros e suas respectivas classificações de centralidade.

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A hierarquia dos centros urbanos assim identificados levou em conta a classificação dos centros de gestão do território, a intensidade de relacionamentos e a dimensão da região de influência de cada centro, bem como as diferenciações regionais. De fato, diferenças nos valores obtidos para centros em diferentes regiões não necessariamente implicam distanciamento na hierarquia, pois a avaliação do papel dos centros dá-se em função desua posição em seu próprio espaço. Assim, centros localizados em regiões menos densamente ocupadas, em termos demográficos ou econômicos, ainda que apresentem indicativos de centralidade mais fracos do que os de centros localizados em outras regiões, podem assumir o mesmo nível na hierarquia. (IBGE, 2008).

Quadro 4 – Classificação hierárquica dos centros urbanos brasileiros.

Código Denominação Quantidade

1A grande metrópole nacional 1

1B metrópole nacional 2 1C metrópole 9 2A capitais regionais 11 2B capitais regionais 20 2C capitais regionais 39 3A Centros sub-regionais 85 3B Centros sub-regionais 79 4A centros de zona 192 4B centros de zona 364 5 centro local 4472 Fonte: IBGE/REGIC, 2007.

Como resultado dessa ordenação, o Brasil contém 12 metrópoles, que caracterizam-se por seu grande porte e por fortes relacionamentos entre si, além de, em geral, possuírem extensa área de influência direta. Dentre estas, está a grande metrópole nacional de São Paulo, o maior conjunto urbano do País, com 19,5 milhões de habitantes, em 2007, e alocado no primeiro nível da gestão territorial. Em seguida vêm as metrópoles nacionais do Rio de Janeiro e Brasília, com população de 11,8 milhões e 3,2 milhões em 2007, respectivamente, que também estão no primeiro nível da gestão territorial. E, logo após, vêm as metropóles de Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre, com população variando de 1,6 (Manaus) a 5,1 milhões (Belo Horizonte).

No Nordeste, por sus vez, localizam-se as metrópoles de Fortaleza, Recife e Salvador, que constituem o segundo nível da gestão territorial. As demais capitais são consideradas como capitais regionais que têm capacidade de gestão no nível imediatamente inferior ao das metrópoles, têm área de influência de âmbito regional, sendo referidas como destino, para um conjunto de atividades, por grande número de municípios.

O Rio Grande do Norte é composto por regiões de influência menos densas, porém importantes para o contexto estadual, como as cidades de Natal e Mossoró, que são consideradas como capitais regionais, tendo Natal o poder de influência mais elevado ao suportar demandas por bens e serviços de maior complexidade para todo o estado. O apêndice A apresenta a relação de todos os municípios brasileiros que apresentam algum nível de centralidade.

Logo, o quadro 4 apresenta que, no Brasil, existem 802 municípios com algum nível de centralidade, resultado do somatório das quantidades dos códigos 1A até 4B. Nesse sentido, os

municípios que integram o grupo com algum nível de centralidade vai desde uma grande metrópole nacional como Rio de Janeiro e São Paulo, que possuem extensa área de influência, até centros de zona, como é o caso de Currais Novos e Santa Cruz, municípios do RN, que se limitam a influenciar apenas os municípios vizinhos mais próximos.

Por conseguinte, a variável de centralidade (CENT) merece atenção especial, pois está relacionada diretamente aos objetivos dessa pesquisa. Ela é uma variável indicadora e foi construída para, tomando como base a escala do IBGE, assumir o valor “0” quando o município foi classificado como centro local e “1”, caso o município tenha obtido um nível de centralidade maior. No quadro 4, pode-se observar a classificação e a quantidade de municípios por tipo de centralidade.

O mapa 1 expõe uma ideia de como os municípios de influência brasileiros estão alocados no espaço territorial nacional.

Mapa 1 – Regiões de influência dos lugares centrais, Brasil.

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