• Nenhum resultado encontrado

2.6 Implantação do Novo Plano Diretor de Fortaleza 2009

2.6.4 Legislação Municipal para Drenagem Urbana e Vegetação Urbana

2.6.4.3 Vegetação

A vegetação urbana é um importante referencial para a qualidade de vida da população residente em um município e fundamental para a sustentabilidade das cidades ao garantir a redução dos efeitos negativos da urbanização sobre a qualidade do micro clima, qualidade do ar, proteção dos recursos hídricos, manutenção da capacidade natural de

drenagem entre outros benefícios. Por todos esses motivos a política urbana não pode negligenciar tal tema como parte fundamental no controle urbano.

O PDPFOR trouxe a questão da vegetação urbana como integrante primordial para garantia de uma cidade ecologicamente equilibrada e assim um ambiente mais salubre a sua população. A abordagem sugerida no PDPFOR para a vegetação urbana para a cidade decorre da integração da vegetação ao cenário urbano com a valorização e ampliação de áreas livres verdes, públicas e particulares.

A integração da vegetação ao cenário urbano no PDPFOR ocorre a partir de duas ações específicas: a proteção das áreas existentes e valorização de novas áreas. A proteção das áreas existentes no PDPFOR está alicerçada no reconhecimento da necessidade e, como tal, implantação de uma postura de valorização da gestão e adequação das áreas verdes da cidade. Essa postura é vinculada a capacidade do plano diretor de nortear os projetos e posturas dos projetos de ocupação e uso do solo no município.

Um importante avanço para gestão da vegetação urbana no PDPFOR é a vinculação da necessidade de não apenas manter o atual cenário, mas ser enfático na recuperação das áreas degradadas. De acordo com PDPFOR a proteção das áreas verdes é integrada as diretrizes para o meio ambiente que devem ser implantadas pelo município.

Art. 9º - São diretrizes da política de meio ambiente: I - preservação, conservação, recuperação e uso sustentável dos ecossistemas e recursos naturais; II - ampliação, conservação, fiscalização, monitoramento, manejo e gestão democrática dos sistemas ambientais, das áreas verdes, das unidades de conservação e dos espaços públicos; (...) V - estabelecimento de medidas de controle da qualidade socioambiental com vistas à compensação, à proteção e ao disciplinamento do uso dos recursos naturais disponíveis;

Art. 13 - O uso, preservação e conservação da biodiversidade objetiva implementar e ampliar as unidades de conservação no Município, compatibilizando-as com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC);

Art. 14 – (...) II - elaborar programas de recuperação das áreas degradadas e a recomposição da vegetação através de manejo florestal utilizando espécies nativas e frutíferas; III - estabelecer Comitê Gestor e elaborar plano de manejo para as unidades de conservação com ampla participação popular; (...) IV - elaborar um sistema de gestão das unidades de conservação integrado com os 3 (três) entes federativos;

Art. 20 - São ações estratégicas para o sistema de áreas verdes: I - promover o adequado tratamento da vegetação enquanto elemento integrador na composição da paisagem urbana; II - a gestão compartilhada com a sociedade civil e iniciativa privada das áreas verdes públicas significativas; III - a disciplina das áreas verdes particulares significativas pelo sistema de áreas verdes dentro do Sistema Municipal de Meio Ambiente, vinculando-as às ações da municipalidade destinadas a assegurar sua preservação e seu uso; IV - a manutenção e ampliação da

arborização de vias públicas, criando faixas verdes que conectem praças, parques ou áreas verdes; VI - o disciplinamento do uso, nas praças e nos parques municipais, das atividades culturais e esportivas, bem como dos usos de interesse comercial e turístico, compatibilizando- os ao caráter público desses espaços; VII – estabelecer programas de recuperação das áreas verdes, principalmente daquelas localizadas no entorno das nascentes e dos recursos hídricos; VIII - implantar programa de arborização nas escolas públicas, postos de saúde, creches e hospitais municipais – FORTALEZA (2009b);

O PDPFOR com a introdução do gerenciamento integrado da vegetação incluindo a população e os demais entes federativos (União e Estado) permitiu um grande avanço na proteção da vegetação urbana ao nomear os entes responsáveis pela gestão desse recurso e assim evitando a prática de negligenciar obrigações ao repassá-la, pois todos são responsáveis perante a proteção aos recursos naturais. Por outro lado, essa integração permite que exista a sinergia necessária entre os órgãos envolvidos com os recursos ambientais, garantindo a formação de projetos alinhados aos interesses do município no desenvolvimento da cidade, independente do tipo de autorização necessária aos projetos.

A segunda vertente de ação do PDPFOR para a gestão da vegetação urbana é a valorização de novas áreas verdes a partir de uma política de destinação prioritária de novas terras. Com a utilização dos instrumentos de política urbana trazidos pelo Estatuto das Cidades, o poder público ganhou maior dinamismo para o controle urbano tornando-se mais eficaz e rápido balizar a ocupação das cidades, não mais de acordo com interesse privado e sim de acordo com interesse público, com a atribuição da função social aos imóveis urbanos. Outra importante política é a aplicação da valorização das áreas de uso público que devem ser preservadas nos loteamentos. Essas áreas têm as funções de fornecer terras públicas para instalação de infraestrutura e equipamentos públicos, incluindo áreas para praças e jardins.

Art. 7 - (...) IV - destinação prioritária para o assentamento da população de baixa renda, para a implantação de áreas verdes e para a instalação de equipamentos coletivos dos bens públicos dominiais não utilizados; V - implantação e conservação de praças e equipamentos sociais; (...) FORTALEZA (2009b).

A aplicação do PDPFOR como instrumento para a política urbana enaltece a formação de áreas verdes, mas com a formação de unidades representativas, com atribuições ecológicas e sustentáveis para a cidade:

Art. 14 – São ações estratégicas para o uso, preservação e conservação da biodiversidade: I – criar unidades de proteção integral e de uso sustentável nas áreas de abrangência dos sistemas ambientais frágeis, mediamente frágeis e de significativa relevância ambiental, compatibilizando-as com a Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação (SNUC); (...)V - criar corredores ecológicos nos principais rios e riachos das bacias do Cocó, do Pacoti, do Maranguapinho/Ceará e da Vertente Marítima; (...) VII – criar unidades de conservação no remanescente de cerrado (bairro Cidade dos Funcionários), na mata da Praia Mansa (Cais do Porto) e nas dunas móveis da Praia do Futuro; VIII – promover a criação da unidade de conservação do riacho Alagadiço em todo o seu percurso, no trecho compreendido entre a lagoa da Agronomia e a sua foz; IX - realizar o inventário da flora e da fauna das unidades de conservação;

art. 19 (...) IX - estabelecer parceria entre os setores público e privado, por meio de convênios, incentivos fiscais e tributários, para a implantação e manutenção de áreas verdes e espaços ajardinados ou arborizados, atendendo a critérios técnicos estabelecidos pelo Município para o uso e a preservação dessas áreas; XII - o Município deverá proceder, por meio de lei específica, à delimitação de suas faixas de preservação nas áreas urbanas situadas no âmbito de seu território, observando as diretrizes contidas no parágrafo único do art. 2º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965; XIII - implantar parques urbanos; XIV - elaborar e implementar o plano municipal de arborização- FORTALEZA (2009b);

Além da formação e manutenção de áreas importantes como parques, praças, jardins e unidades de conservação o PDPFOR se alinha a uma política de valorização da utilização do espaço construído nas cidades, cada vez mais urbanizadas e descaracterizadas de natureza, para integração paisagística de vegetação. Para reverter tal quadro, a integração dos projetos viários é importante fonte de área para projetos paisagísticos e no artigo 19 do sistema de áreas verdes ele apresenta como solução a manutenção e ampliação da arborização de vias públicas, criando faixas verdes que conectem praças, parques ou áreas verdes. Essa é uma importante fonte de área para vegetação já que a cidade se torna cada vez mais esparsa e os cidadãos passam, em alguns casos, horas em trânsito.