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2.7 Leis complementares ao Planejamento Urbano

2.7.1 Código de Obras e Posturas

2.7.1.2 Vegetação no Código de Obras e Posturas

De acordo com Código de Obras e Posturas do Município de Fortaleza no art. 573 a arborização é considerada como elemento de bem estar público e, assim, sujeita às limitações administrativas para permanente preservação, a vegetação de porte arbóreo existente no Município de Fortaleza, nos termos e de acordo com o art. 3º, alínea “h”, combinado com o art. 7º da Lei Federal nº 4771, de 15 de setembro de 1965 (Código Florestal). Assim, se declara a importância e a onipotência no controle do poder municipal sobre a vegetação independente de sua presença em área pública e particular.

Por outro lado, não apenas o município de torna responsável, pelo contrário, ao município se reserva o poder de criação de projetos e políticas, porém a execução e a conservação são compartilhadas entre poder municipal e munícipe de acordo com art. 574 do

COP. A abordagem que o Código de Obras e Posturas toma para a vegetação urbana é de ser um manual para as posturas urbanas de arborização. No COP pode se extrair dois grandes cenários para a implantação das posturas: primeiro é a gestão para a manutenção da vegetação arbórea em áreas particulares e públicas, e a segunda se refere a gestão da implantação de novas árvores.

O primeiro cenário se refere aos deveres de todos de garantir que a vegetação arbórea tenha suas propriedades garantidas com um conjunto de regras estabelecidas pelo município que evitem a remoção, poda ou sacrifício da vegetação sem consentimento do município, na forma de autorização do órgão responsável.

Como atribuição exclusiva da Prefeitura, podar, cortar, derrubar ou sacrificar as árvores de arborização pública, foi estabelecido no COP multa para os infratores que cortar ou sacrificar árvores. De acordo com o artigo 578 nos seus parágrafos ficou instituído:

• Quando se tornar absolutamente imprescindível, poderá ser solicitada pelo interessado a remoção, ou o sacrifício de árvores, mediante o pagamento das despesas relativas ao corte e ao replantio;

• A solicitação a que se refere o item anterior deverá ser acompanhada de justificativa, que será criteriosamente analisada pelo Departamento competente da Prefeitura; • A fim de não ser desfigurada a arborização do logradouro, tais remoções importarão

no imediato plantio da mesma ou de novas árvores, em ponto cujo afastamento seja o menor possível da antiga posição.

Fica evidenciado que a política defendida no Código de Obras e Posturas de Fortaleza busca impedir a redução das árvores a partir de uma política de controle rígido na redução e, caso ocorra, recomposição florística de forma imediatista. Infelizmente, a falta de controle e pessoal inviabilizou tal projeto não podendo ser observado a aplicação generalizada dessa política preventiva. No entanto, o que se observa é aplicação repreensiva e punitiva da Prefeitura ao identificar, por denúncia ou através de suas equipes, das infrações.

A proteção preventiva da vegetação arbórea pública também é garantida com a prática da valorização da vegetação em detrimento dos interesses particulares nos seguintes caos:

• São proibidas quaisquer obras, serviços ou atividades em logradouros públicos que venham a prejudicar a vegetação existente;

• Os tapumes e andaimes das construções deverão ser providos de proteção de arborização sempre que isso for exigido pelo órgão municipal competente;

• Nas árvores das vias públicas não poderão ser amarrados ou fixados fios, nem colocados anúncios, cartazes ou publicações de qualquer espécie.

Para as áreas particulares em Fortaleza o corte arbóreo, em terrenos particulares dependerá do fornecimento de licença especial, pelo órgão municipal competente de acordo com o artigo 588 sendo exigido para a liberação dessa atividade:

• Para o fornecimento da licença especial de que trata o “caput” deste artigo, o proprietário deverá apresentar requerimento, ao órgão competente da Prefeitura, justificando a iniciativa, fazendo acompanhar o pedido de duas vias de planta ou croquis, demonstrando a localização da árvore que pretende abater;

• A árvore sacrificada deverá ser substituída, pelo plantio, no lote onde foi abatida, de duas outras, de preferência de espécie recomendada pelo órgão municipal competente ou, se o plantio não for possível, a substituição se fará com o fornecimento de mudas ao Horto Municipal, na forma desta Lei;

• A substituição deverá anteceder num prazo superior a 30 (trinta) dias à data concedida para o abate do vegetal no alvará de licença da prefeitura, devendo as árvores substitutas medirem no mínimo 1,50 (hum metro e cinqüenta centímetros) de altura; • No caso de existirem árvores localizadas em terrenos a edificar, cujo corte seja por

esse motivo indispensável, as exigências contidas no parágrafo primeiro deste artigo, deverão ser satisfeitas antes da concessão do alvará de construção;

• Quando da vistoria final da obra para o fornecimento do “habite-se”, deverá ser comprovada a substituição de que trata o parágrafo segundo deste artigo.

O segundo cenário se refere às posturas de implantação de novas árvores nos logradouros públicos e as em áreas privadas. A implantação de vegetação em área pública pode ser realizada por particulares e pelo poder público desde que obedecidas exigências legais e as regras estabelecidas pelo órgão responsável.

Como parte da política de arborização a prefeitura e recuperação da área verde da cidade, a implantação de projetos nas vias recebeu especial atenção sendo obrigatórios projetos:

• Quanto as vias tiverem largura igual ou superior a 13,00m (treze metros) – exceção feita à zonas de ocupação consolidadas (Centro da Cidade), que será projeto específico de arborização – com passeios de largura não inferior a 2,00m (dois metros) e já tiverem sido pavimentadas e apresentarem, definitivamente assentadas, as guias do calçamento;

• Nos canteiros centrais dos logradouros, desde que apresentem dimensões satisfatórias para receber arborização. Nos passeios e canteiros centrais será a pavimentação interrompida de modo a deixar espaços livres que permitam inscrever um círculo de diâmetro igual a 0,70m (setenta centímetros). A distância mínima entre o espaço a que se refere o parágrafo anterior e a aresta externa dos meios-fios será de 0,40m (quarenta centímetros).

Não será permitido o plantio de árvores ou qualquer outra vegetação que por sua natureza possa dificultar o trânsito ou a conservação das vias públicas de acordo com o artigo 576 do COP.

Por outro lado, a implantação em áreas particulares demanda muito mais atenção e controle para evitar que o interesse particular se sobrepuje o interesse público que é a garantia do direito difuso de uma cidade ambientalmente equilibrada, obrigando a todos o dever de manter as áreas verdes mínimas de acordo com a lei (quadro 16). Assim, o COP determinou um conjunto de regras práticas para estabelecer quando o número de árvores que deverá ser mantido de acordo com a função e área das edificações.

QUADRO 16 – Plantio de árvores em terrenos a serem edificados

PLANTIO DE ÁRVORES EM TERRENOS A SEREM EDIFICADOS

Tipo

Área ou fração da construção igual ou superior

Relação árvore/área

Residencial ou misto 150m2 1 muda

Não residencial com exclusão daquelas destinadas ao Comércio Varejista em Geral, Comércio Atacadista, Serviço Especial, Equipamento Diversificado, Equipamento Especial, Indústria de Médio Índice Poluidor e Indústria de Alto Índice Poluidor

80m2 1 muda

Comércio Varejista em Geral, Comércio Atacadista, Serviço Especial, Equipamento Diversificado, Equipamento Especial, Indústria de Médio Índice Poluidor e Indústria de Alto Índice Poluidor

60m2 1 muda

Fonte: FORTALEZA, 1981.

Contudo a legislação se torna maleável ao permitir uma redução do número obrigatório de árvores, o que infelizmente, viabiliza a ocupação maior do solo e muitas vezes a impermeabilização e a descaracterização da proteção e função das áreas verdes em área particular. O artigo 585 do COP garante que é possível haver compensação para a redução do número de árvores nos projetos desde que doados em dobro o número remanescente ao horto municipal. As mudas de árvores deverão corresponder a essências florestais nativas, a critério do Departamento competente, devendo medir pelo menos 1,50m (hum metro e cinqüenta centímetros) de altura.

Art. 585 – Respeitado um mínimo de 20% (vinte por cento) do total exigido, conforme o caso, para o plantio no lote respectivo, poderá o restante ser substituído pelo fornecimento, em dobro, de mudas de árvore ao Horto Municipal.

§ 1º - O disposto no “caput” deste artigo não se aplica às residências unifamiliares, para as quais deverá ser plantado, no lote respectivo, o percentual exigido nesta Lei. FORTALEZA (1981);

Nas áreas muito adensadas da cidade como lotes situados na Zona Central, nos Pólos e Corredores de Adensamento e Corredores de Atividades, não sendo possível o plantio mínimo de 20% (vinte por cento) previsto, será obrigatório o fornecimento em dobro, ao Horto Municipal, do total de mudas exigido. Infelizmente é necessário reconhecer que em alguns casos se tornam extremamente onerosos e tecnicamente inviáveis a manutenção de áreas verdes, principalmente, em regiões onde o valor do m2 pode alcançar até milhares de reais.

Por outro lado, cabe a Prefeitura garantir áreas públicas com a função de reserva compensatória para áreas mais adensadas, o que não é possível observar hoje na cidade de

Fortaleza devido ao descontrole na ocupação da cidade e a falta de capacidade de manutenção das áreas já estabelecidas. A cidade de Fortaleza não possui mais áreas que possam ser consideradas como rurais, assim o crescimento da cidade ocorre basicamente com a ocupação de áreas loteadas ou com projetos já estabelecidos.

Nos planos de arborização em projetos de parcelamento do solo o COP reitera a função do Poder Público como protagonista da manutenção das áreas verdes da cidade. Independente das normas e legislações complementares é necessário que os projetos de parcelamento ou arruamento do solo disponibilizem o detalhamento do projeto de arborização que deve ser avaliado previamente e confirmado na aprovação final. Esses projetos deverão de acordo com o artigo 591 do COP constar de plana indicativa do arruamento ou loteamento, a ser submetido ao órgão municipal competente, a localização e o tipo de vegetação de porte arbóreo existente. Para cada árvore cujo sacrifício seja inevitável ao Projeto, deverá ser substituída pelo plantio de outra, de preferência da espécie recomendada pelo órgão competente da Prefeitura.

Todos os projetos de parcelamento do solo devem garantir a manutenção do percentual de 15% (quinze por cento) do solo a ser doado à Municipalidade para áreas livres (Parques, Praças e Jardins) deverá ser localizado de modo a aproveitar ao máximo as plantas de porte arbóreo existentes na área. Para a aprovação de projetos de arruamento ou loteamentos é exigido que possuam planos de arborização que garantam a manutenção de pelo menos 20 (vinte) mudas por hectare, considerando a área total a ser parcelada, nos logradouros públicos de espécies que obedeçam as recomendações do órgão competente da prefeitura.