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Via auditiva central

No documento Estudo biomecânico do ouvido médio (páginas 77-80)

Anatomia e fisiologia do ouvido

6) Anti-tragus: proeminência oposta ao tragus, na região inferior do anti-hélix e ocupa a parte posterior e inferior da concha.

2.5 Sistema nervoso auditivo

2.5.1 Via auditiva central

O nervo auditivo é constituído por fibras nervosas aferentes e eferentes. Quanto à condução dos impulsos nervosos, os neurónios aferentes (sensoriais) transmitem impulsos do órgão de Corti para o cérebro e os eferentes (motores) trazem a informação do córtex cerebral para o órgão de Corti. As fibras individuais que o constituem estão organizadas de acordo com a frequência a que são mais sensíveis.

O nervo auditivo tem origem em três segmentos do ouvido interno: cóclea, vestíbulo e canais semicirculares. As fibras que provêm da cóclea atravessam o gânglio de Corti e formam o nervo coclear. Após atravessarem o nervo coclear, os estímulos são transmitidos aos centros auditivos do tronco encefálico e córtex cerebral, onde são processados.

As fibras do vestíbulo e das ampolas dos canais semicirculares, atravessam o gânglio de Scarpa e formam o nervo vestibular. Estes dois nervos unem-se dentro do canal auditivo interno, formando o nervo auditivo, ou cocleo-vestibular, e entram na cavidade craniana sobre o plano lateral do bulbo, dividindo-se em dois feixes: raiz anterior, que representa o nervo vestibular e raiz posterior que é a continuação do nervo coclear. A raiz anterior está situada atrás da raiz coclear (o vestíbulo é posterior em relação à cóclea), mas cruza-a para se colocar em frente a ela. As fibras que constituem a raiz vestibular passam por um espaço que separa o corpo restiforme da raiz inferior do trigémeo e dividem-se em dois grupos: ramos ascendentes e ramos descendentes. Os ramos ascendentes terminam nos núcleos de substância cinzenta (núcleo dorsal externo, núcleo dorsal interno e núcleo de Bechterew) abaixo do quarto ventrículo [7]. Os ramos descendentes chegam sobre o lado interno do corpo restiforme, constituindo a raiz inferior do nervo auditivo. As fibras desta raiz terminam numa colónia de células nervosas juntando-se ao núcleo de Burdach.

As fibras que constituem a raiz coclear separam-se da raiz vestibular, atingindo a face externa do corpo restiforme, dividindo-se em duas partes: uma antero-interior, que constitui o núcleo anterior do auditivo e uma postero-externa que constitui o tubérculo acústico lateral.

Os sinais nervosos levados pelo nervo auditivo ao cérebro têm informação quanto às frequências que compõem o som. Somente 14 mil células receptoras geram as 32 mil fibras nervosas que deixam a cóclea e seguem em direcção ao cérebro.

Os centros auditivos do tronco encefálico relacionam-se com a localização da direcção dos sons e com a produção reflexa de movimentos rápidos da cabeça, dos olhos e de todo o corpo, em resposta a estímulos auditivos.

O sistema auditivo selecciona a informação relevante para o indivíduo, quer quanto ao tempo de entrada da informação, quer quanto à intensidade do som.

Através das fibras nervosas aferentes, os impulsos nervosos saem da cóclea (gânglio espiral de Corti) em direcção aos núcleos cocleares dorsal e ventral (Figura 2.24). Aqui surge a primeira sinapse [17], [18]. Cada núcleo coclear, situado no tronco cerebral, na parte inferior da protuberância, tem uma forma de feijão (Figura 2.23). Cada núcleo coclear tem três divisões: um núcleo antero-ventral, um núcleo postero-ventral e o núcleo coclear dorsal. As fibras que enervam o ápice da cóclea (e que transmitem as baixas frequências) terminam nas camadas superficiais dos núcleos cocleares, ao passo que as que enervam a base (altas frequências) terminam na profundidade dos núcleos cocleares [19].

Figura 2.23: Núcleos cocleares e suas fibras aferentes [19].

Os axónios emitidos pelo núcleo coclear (segundo neurónio da via auditiva) têm dois destinos possíveis: a maioria das fibras cruza para o lado oposto, através do corpo trapezóide para alcançar o núcleo olivar superior contralateral. No entanto, algumas fibras não cruzam para o lado oposto, dirigindo-se para o núcleo olivar superior ipsilateral (Figura 2.24). A existência destas duas vias permite dar suporte à capacidade para detectar a origem do som.

É a partir do cruzamento desta informação, tendo em conta o tempo de ocorrência, que se gera o

altas frequências baixas frequências

Núcleo coclear antero-ventral Núcleo coclear dorsal Núcleo coclear postero-ventral

conceito de localização do som no espaço exterior. Quando uma fonte sonora está mais próxima de um ouvido, o outro recebe o som com um intensidade ligeiramente mais fraca, podendo esta diferença ser detectada por células especializadas.

Através do lemnisco lateral, as fibras de ambos os lados atingem o colículo inferior, que recebe a maioria, senão todas as fibras ascendentes dos centros auditivos baixos (Figura 2.24). O colículo inferior é o ponto de junção sináptica para, praticamente, todas as fibras da via auditiva e tem também um papel importante na localização dos sons, na vigília auditiva (solicitando a formulação reticulada ascendente) e na orientação da cabeça e dos olhos, suscitadas por ruídos.

Córtex auditivo

Figura 2.24: Via auditiva central. Núcleo coclear

dorsal e ventral

Núcleo coclear dorsal e ventral Corpo trapezóide

Gânglio espiral de Corti Núcleo olivar superior Núcleo olivar superior

Colículo inferior

Lemnisco lateral Lemnisco lateral

Colículo inferior

Comisura de Probst

Corpo Geniculado interno Corpo Geniculado interno

Gânglio espiral de Corti

Do colículo inferior, a via dirige-se para o corpo geniculado interno ipsilateral e contralateral, onde ocorre, novamente, a junção sináptica de todas as fibras (Figura 2.24).

Através da radiação auditiva, a via atinge o córtex cerebral, localizado no lobo temporal. No entanto, as fibras nervosas podem tomar muitos trajectos possíveis [17].

Quando o estímulo é binaural, de cada núcleo coclear partem ligações para cada oliva superior, tanto ipsi como contralateral. Existem três locais no tronco onde ocorrem cruzamentos entre os dois lados (Figura 2.24): no corpo trapezóide, na comissura de Probst (entre os dois núcleos do lemnisco lateral) e na comissura colicular inferior (entre os dois colículos inferiores) [18].

No documento Estudo biomecânico do ouvido médio (páginas 77-80)

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