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As observações feitas por viajantes que estiveram no Novo Mundo foram essenciais para a construção da ideia de raça. Pierre Barrère, nascido em Perpignan, em 1690, foi um médico e denominado naturalista francês que, em 1722, mudou-se para a América e estabeleceu residência em Caiena. Formado em medicina, exerceu a função em sua cidade até por volta da data em que viajou. Sua estadia no mundo colonial foi tão enriquecedora que, ao voltar a Europa, tornou-se professor de botânica e exerceu a medicina no hospital de Perpignan, na região dos Perineus.

Pouco se sabe a respeito das razões que levaram o médico a migrar para Caiena. Contudo, suas observações e trabalho de campo na América o levaram a publicar, em 1745, uma grande obra que dividia as aves conhecidas no mundo, considerando para tanto a forma do bico e dos pés. Todavia, tal publicação foi rapidamente esquecida, sobretudo por conta da obra de Buffon, que seria publicada alguns anos mais tarde, e cuja proeminência recebida eclipsou outros autores nessas temáticas. Seja como for, a partir das experiências que colheu na Guiana, o naturalista pode publicar diversos livros, dentre eles o Nouvelle relation de la France équinoxiale, contenant

la description des côtes de la Guiane, de l’île de Cayenne, lê commerce de cette colonie, les divers changements arrivés dans ce pays, et les moeurs et coutumes des différents peuples sauvages qui l’habitent... As observações anatômicas feitas pelo médico viajante foram

fundamentais para ele chegar a algumas conclusões a respeito da diversidade humana.

Sobre a razão da coloração da pele do negro e a explicação para a diferença do cabelo, ele acreditava que o ambiente não era o suficiente para modificar as características físicas do ser humano; percebendo, através das dissecações de cadáveres feitas no Novo Mundo, que a degeneração a qual os africanos haviam sido submetidos era irreversível, o que os tornavam, então, em raças diferentes. Sempre fugindo dos pressupostos religiosos para tecer suas considerações, o viajante se debruçava sobre a anatomia e a hipótese das vesículas que espalhavam a coloração escurecida pela pele. Barrère não somente observava as diferenças físicas

visíveis nos africanos, mas também se preocupava com a influência dos negros na população da Guiana.22

Ao analisar a religião praticada pelos indígenas de Caiena, o viajante se chocava com a falta de devoção aos preceitos cristãos, de modo a nos deixar informações sobre contatos feitos com um padre catequizador que, a mais de trinta anos, buscava transformar os nativos em verdadeiros cristãos, mas era uma missão cada vez mais complicada. Chamava a atenção de Barrère o fato dos indígenas nem sequer terem o nome de um deus fixo que pudessem pronunciar. Quanto ao comportamento do indígena diante dos viajantes, o autor destacava que “Les Indiens, en general, parlant peu, sur tout en présence des étrangers, devant lesquels ils sont, pour ainsi dire, d’une modestie affectée. Il n’en est pas de même des Négres, qui sont des jaseurs impitoyables. Ces deux nations sont d’une humeur bien différente, quoique les Négres Créols naissent sous le même ciel que les Indiens”.23

Uma informação importante pode ser vista nessa última citação, ou seja, apesar de negros americanos e indígenas nascerem debaixo do mesmo céu, eram nações que guardavam especificidades bem grandes. Portanto, o viajante hesitava entre considerar ou não os descendentes de africanos nascidos na América como americanos. Ao fim, existia algo de específico entre os dois povos, segundo as observações feitas por Barrère.

A viagem de Barrère pode ser considerada como uma viagem científica, pois durante os anos em que esteve na América, o viajante cuidou para que informações detalhadas a respeito da fauna, flora e dos seres humanos fossem recolhidas. A lógica da observação e da implementação das dissecações de corpos humanos fizeram com que o autor chegasse à conclusão da bile escurecida, que percorria pelos corpos dos negros, como responsável por conferir a coloração preta à pele dos africanos. Sua estada no Novo Mundo foi fundamental para que apresentasse,

22 BARRÈRE, Pierre. Nouvelle relation de la France équinoxiale, contenant la description des côtes de la Guiane,

de l’île de Cayenne, lê commerce de cette colonie, les divers changements arrivés dans ce pays, et les moeurs et coutumes des différents peuples sauvages qui l’habitent, 1743, p. 126. Sobre a população da Guiana: “Les habitans

de Cayenne sont fort affables, libéraux, & reçoivent les Etrangers avec tous les agrémens possibles. Quoiqu’ils parlent tous François, à peine leurs enfans sçavent-ils deux mots de cette langue. Leur jargon tient beaucoup du Négre, sur tout par la maniere de prononcer. Les Négresses, à qui on est obligé de confier l’éducation des enfans, ont introduit une infinité de mots de leur pays. On peut cependant dire que le langage Creol de Cayenne est moins ridicule que celui des Isles. Les Créoles aussi sont mieux faites qu’ailleurs: elles n’ont pas le teint jaune ou pâle, comme celles de la Martinique & de St Domingo. Elles ont naturellement beaucoup d’esprit, qui se fait remarquer sur tout en celles qui ont été élevées en France”.

23 BARRÈRE, Pierre. Nouvelle relation de la France équinoxiale, contenant la description des côtes de la Guiane,

de l’île de Cayenne, lê commerce de cette colonie, les divers changements arrivés dans ce pays, et les moeurs et coutumes des différents peuples sauvages qui l’habitent, 1743, p. 126.

anos mais tarde, sua dissertação sobre a causa física da coloração dos negros e do endurecimento do cabelo, bem como os motivos de serem um povo degenerado.

O jesuíta Joseph-François Lafitau, em 1711, enviava petição a Michelangelo Tamburini, Superior Geral da Companhia de Jesus, em Roma, solicitando autorização para se juntar às missões na Nova França, em território americano. Lafitau nasceu em Bordeaux, em 1681, e era filho de um grande mercador de vinhos e também bancário. Ele e o irmão seguiram a carreira religiosa, contudo, o mais novo tornou-se Bispo de Sisteron e mantinha relações estreitas com o papado romano, defendendo a todo tempo a atividade literária de Lafitau e trabalhando para que as suas obras fossem publicadas. As condições da família de Lafitau proporcionaram seu primeiro contato com nativos de outras terras, pois eles possuíam acesso, devido às atividades comerciais que desenvolviam, a diferentes livros e a possibilidade de contato com outras culturas e línguas.

Em Boudeaux, à época, existia um festival, tradicional, que exibia cativos trazidos do Novo Mundo para a população. Pode ser que dessa proximidade, ainda quando era bem jovem, é que tenha surgido a curiosidade de Lafitau pelos americanos. De fato, o prematuro contato com imagens e a literatura sobre outros povos, que chegava ao porto onde sua família possuía negócios comerciais, deve ser considerado como ponto forte na forma como Lafitau encararia a diversidade humana ao chegar à América. Embarcado por conta própria, apenas com a autorização de Roma, as observações feitas por ele, em Quebec, sobre os indígenas, nos levam a crer que não houve de sua parte nenhum espanto ao se deparar com a diversidade humana e os costumes na América. Ao fim, foi mais um homem das ciências no Novo Mundo do que, efetivamente, um missionário.

Na verdade, a grande observação que Lafitau fez dos indígenas na América do Norte o possibilitou escrever em defesa dos nativos e de seus costumes, buscando em fontes antigas e estudos anteriores, elementos que pudessem relacionar os povos da América com nações da Antiguidade. Certamente se observa nos relatos do viajante cientista uma sistemática tentativa de conceder dignidade ao indígena, negando que os homens nativos do Novo Mundo só possuíam aparência humana na parte externa do corpo. Foram quase seis anos nas terras da Nova França e um contato de observador minucioso com os povos e seus modos. O conhecimento adquirido ao longo da vida, especialmente por conta das leituras das obras dos primeiros homens que chegaram à América, quando da descoberta e da implantação da colonização, fez com que

Lafitau não desprezasse o que já havia sido publicado sobre as novas terras. No entanto, apresentou informações que contradiziam em muito a forma como os nativos eram detratados por diversas obras.

Os biógrafos de Lafitau o caracterizam como o pai da antropologia cultural e da etnologia. Sua obra, decerto, foi rapidamente levada ao público letrado, especialmente por conta das relações de poder que seu irmão, Bispo na França, possuía com diversas instâncias, inclusive a Cúria romana. O retorno de Lafitau à Europa, em 1717, era em nome da missão canadense que o autorizava a pedir permissão para transplantar a aldeia dos iroqueses para uma área mais fértil. Não voltou à América, a despeito do pedido missionário local, em particular devido ao grau de conhecimento que Lafitau possuía sobre a língua e os costumes dos indígenas.

E se Lafitau desconsiderava os caracteres físicos como atributos mais importantes na classificação do homem americano, seu conterrâneo Pierre Louis Moreau de Maupertuis, ao dissertar sobre a coloração da pele e a razão da existência dos negros brancos na África e na América, destacava que o ideal de raça era o composto por homens de coloração de pele branca. Maupertuis nasceu em 1698, na Bretanha, oriundo de uma família rica e com boa posição social. Sua primeira educação foi feita em casa, sendo transferido, na adolescência, para uma das mais importantes escolas de Paris. Foi militar e serviu no exército de Luís XV, chegando ao posto de Capitão. Desenvolveu grande interesse pela matemática, tanto que visitou Londres um ano antes da morte de Isaac Newton e foi eleito membro da Royal Society, muito embora, anteriormente, já fizesse parte da Academia de Ciências da França.

Com o aumento da curiosidade do governo francês pelo Novo Mundo ou pelas terras ainda não exploradas, em 1736, foram lançadas duas expedições ao mar, uma para o Peru e outra para a Lapônia, Maupertuis foi indicado como comandante da última. Sua experiência com a matemática o levaria, acreditava o governo, a fazer medições mais precisas de longitude. Ao retornar à França, se tornou famoso por suas pesquisas científicas e acabou sendo recomendado por François Marie Arouet – mais conhecido como Voltaire –, para ser presidente da Academia de Ciências de Frederico – O Grande –, em Berlim.

Curiosamente, tempos depois, Voltaire se voltaria furiosamente contra Maupertuis, depois de 20 anos de amizade e proteção, por conta de um episódio até o dia de hoje mal elucidado. Conta-se que Maupertuis teria apresentado uma teoria e um conceito que trazia novidades para a ciência, contudo, um ex-aluno o teria acusado de plágio, declarando possuir uma carta de Leibniz

que, anos antes, já havia trabalhado aquela teoria. Claro que o filósofo viajante solicitou que tais provas fossem apresentadas contra ele, entretanto, sua posição como diretor de uma instituição científica acabara sendo comprometida e sua imagem “arranhada”. Os constantes ataques de Voltaire contra o ex-amigo, foram suficientes para levar Maupertuis à desgraça, tendo sua obra relegada ao segundo plano. Na lógica do Antigo Regime, onde mais valia o que se falava a respeito do indivíduo do que aquilo que ele apresentava sobre si, não foi difícil que o defensor de uma raça pura com coloração de pele branca caísse em esquecimento.

A importância da obra de Maupertuis deve ser ressaltada por conta da sua rejeição da explicação vitalista e também espiritual para o mecanismo da hereditariedade, argumentando que a hereditariedade biparental contava com a contribuição tanto do material genético do pai quanto da mãe. As pesquisas que fez quando assumiu a Academia de Ciência de Berlim foram essenciais para se observar a herança dos traços físicos passados aos filhos; eles poderiam ser transmitidos tanto pelo pai quanto pela mãe, no entanto, tais heranças visíveis, ou seja, os caracteres físicos, poderiam se modificar ao longo do tempo, se fossem mantidas relações com pessoas da mesma família, sem deixar a intromissão de outros sangues chegar ao tronco inicial.

Ao fim, a defesa de Maupertuis era que, seguindo essa lógica, poderia se chegar a uma sociedade de seres humanos somente brancos. Embora não tenha estado na América, a teoria do cientista é aplicada, claramente, por viajantes que estiveram no Novo Mundo. Ao que parece, José de Gumilla colocava tal hipótese em relevo, pois em seu livro de 1731 defendia que se a união de indivíduos indígenas ou mulatos com homens brancos se perpetuasse, em algumas gerações redundaria numa família de pessoas brancas. Claro que a obra mais proeminente de Maupertuis sobre tal assunto é de 1745, portanto, inviabilizando a leitura de Gumilla sobre o assunto. Mas, Maupertuis, anteriormente, já discutira tal tema. E a proposição de Gumilla, no seu contato com os indígenas na América espanhola, pode só ter aparecido na segunda edição de sua obra, publicada, exatamente, em 1745. O ideal de raça para o viajante cientista Maupertuis era a de cor branca, trabalhando à exaustão com a possibilidade de reversão dos caracteres físicos, em fins do século XVII, em favor da raça original, a de pele clara. Ou seja, na obra do autor, os traços do racismo, ainda que não respaldados pela lógica da imutabilidade. Portanto, a importância da coloração da pele sendo indicada como fator determinante na classificação da humanidade.

De fato, em fins do século XVII, outro viajante francês que esteve em distintas partes do mundo, ressaltava a importância da cor da pele para a subdivisão da humanidade em grupos. François Bernier nasceu, em 1620, na cidade de Joué, e morreu em Paris, em setembro de 1688. Perdeu seu pai quando tinha apenas quatro anos de idade e, por isso, junto com suas irmãs, ficou sob os cuidados de um tio paterno que era um prelado responsável pela pia batismal, em Chanzeaux, região do Pays de la Loire.

Ainda jovem se aproximou de dois benfeitores, na verdade dois magistrados, sendo um deles Intendente da Provença, que o apresentou ao filósofo Gassendi, reitor da Catedral de Digne, que havia travado um embate com a doutrina aristotélica, introduzindo Epicuro nos quadros da universidade. Por volta de 1642, Gassendi ensinava filosofia e admitia vários seguidores em seus cursos, dentre eles, François Bernier. Esse seguia todos os cursos do seu mestre e, contrariando o desejo do seu tio de que ele fosse para a Igreja, acabou se entregando ao mundo da filosofia e, portanto, fazendo suas primeiras viagens pela Europa, entre 1647 e 1650. Passando pela Polônia, Alemanha, Itália e tanto outros lugares, o viajante, enfim, começou a ser conhecido nos meios letrados.

O desejo de fazer uma longa expedição para regiões mais longínquas foi adiado por conta da saúde fragilizada de seu mestre Gassendi. Assim, em 1652, François Bernier se tornou doutor pela faculdade de Montpellier e acabou por travar uma guerra filosófica com o professor da realeza, matemático e astrólogo, Jean-Baptiste Morin de Villefranche. Esse criticava os livros de Gassendi e até chegou a prever sua morte. Bernier, na defesa do seu mestre, reprovava o professor real e tais críticas levaram Morin, protegido do ministro Mazarino, a solicitar a excomunhão de Bernier e também sua prisão. Gassendi, vendo que tais querelas poderiam arruinar a vida de Bernier, o solicitou que “baixasse” as armas.

A morte de Gassendi, que, para muitos estudiosos, foi presenciada por Bernier, também foi o que faltava para que o discípulo, finalmente, colocasse em prática sua tão sonhada viagem. Era a hora de partir. Na verdade, a França, sem seu protetor, já não era tão segura. Em 1656, embarcou para o Oriente. Visitou a Palestina, passou mais de um ano no Egito, onde, desgraçadamente, ficou doente com a peste. Então, foi para a Etiópia, ou seja, para a Abissínia, no interior da África. Mas recebeu informações de que tal empreitada seria perigosa e, dessa forma, rumou em direção à costa da Índia e até às fronteiras do império Mongol. As relações

estabelecidas por Bernier naquela região o levaram a ser colocado como médico auxiliar na corte do imperador. Na Índia ficou por 8 anos, depois ainda passou pela Pérsia e pela Turquia.

Retornou à França, em 1669, doze anos após sua partida. Foi acolhido por M. de Merveilles que o protegeu por ter sido o discípulo amado de Gassendi. Enfim, seus escritos a respeito da sua viagem chegaram à Corte e, sob os auspícios de Luís XIV e seu Ministro das Memórias, teve sua obra publicada. Os relatos de viagem traziam informações importantes sobre a Índia, a administração, os costumes, a religião, a ciência e a filosofia. Sua obra teve importante divulgação, sendo traduzida para o inglês, imediatamente, rendendo ao filósofo o apelido de Bernier-Mongol. Anos mais tarde, Voltaire ainda o nomeava dessa forma.

Após 1672, Bernier se ausentou dos projetos de viagens e dedicou-se, exclusivamente, à literatura, à ciência e à filosofia. Alguns amigos de longa data morreram. Mas ele teceu outras amizades que lhe seriam primordiais para a divulgação de seu trabalho. De todo modo, acabou se dedicando mais ao mundo literário e aos salões do período, fazendo parte das reuniões semanais de vários salões liderados por senhoras conhecidas na França. Tornou-se colaborador de distintas revistas literárias e acadêmicas que, dia após dia, apareciam no país.

Depois de 1674, ele se dedicou à publicação de obras deixadas por Gassendi e, também, à análise desse conjunto escrito pelo filósofo libertino. Esteve na Inglaterra e se tornou cada vez mais conhecido. Era membro da Academia de Belas Letras de Angers, desde a sua fundação. Com vasta obra, alguns consideram que a mais questionável foi a publicada, anonimamente, no

Journal de Sçavans, de 1684. O artigo representa a primeira tentativa de dividir a humanidade em

raças, considerando, sobretudo, a cor da pele dos indivíduos. Não demorou muito para que o jornal deixasse transparecer a autoria do escrito.

O historiador Pierre H. Boulle aponta a importância desse artigo de François Bernier e se surpreende que os pesquisadores sobre as origens do moderno pensamento racial na França destaquem somente o século XVIII e seus letrados, como Buffon e Boulainvilliers, como grandes responsáveis pelo desenvolvimento das teorias raciais. Assim, Boulle acentua a importância de Bernier, sobretudo por conta da sua ocupação e suas viagens por diferentes partes do Oriente e da Europa. Mas, se o artigo publicado por Bernier no Journal de Sçavans sobre raças diferentes tem importância, devemos entender, o que significava raça naquele período.24

24 BOULLE, Pierre H. François Bernier and the origins of the modern concept of race. In: PEABODY, Sue;

STOVALL, Tyler Edward (orgs.). The color of liberty: histories of race in France. Duke University Press, 2003, p. 16.

Para Pierre Boulle, três influências foram essenciais para o desenvolvimento das ideias de François Bernier: a primeira e decisiva foi seu contato, ainda bem jovem, com os filósofos libertinos; também foi importante o seu treinamento como médico e, além disso, suas viagens. Claro que o contexto letrado, nos anos de 1670 e 1680, dos quais ele fazia parte e que foi levado aos ciclos aristocráticos parisienses quando retornou do Oriente, tiveram papel importante para a feitura do seu trabalho, por mais que não devamos exagerar sobre a amplitude desse mundo das letras, numa sociedade composta de maioria analfabeta.

Assim, “as a young man, Bernier had obtained a privileged position within libertine cicles, that group on intellectuals who, in the first half of seventeenth century, contested orthodox thinking”.25 Além disso, a formação médica de Bernier se deu na universidade de Montpellier, que estava sob o comando de pensadores adeptos do movimento libertino, que recusavam sistematicamente toda autoridade baseada na teologia. Montpellier foi a primeira faculdade a modificar o tradicional currículo, incluindo o pensamento de homens não clássicos como

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