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O que você acha que Ismael deveria ter feito quando se deu o fato? E Taiane? Por quê ? Explique com detalhes sua resposta.

PARTE II – DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

PLANO DE INVESTIGAÇÃO

10. O que você acha que Ismael deveria ter feito quando se deu o fato? E Taiane? Por quê ? Explique com detalhes sua resposta.

A partir das respostas a cada uma das perguntas realizadas, pudemos elaborar modelos da representação que os (as) participantes têm da discriminação racial. Não encontramos respostas favoráveis à prática da discriminação racial, mas pudemos perceber que para alguns, tal atitude pode ser considerada apenas uma brincadeira que não deva ser levada a sério.

Tal visão é bastante comum no âmbito escolar quanto às práticas da discriminação racial. Tais procedimentos, muitas vezes, nem são consideradas ações que visem a discriminação, mas simples brincadeiras sem intenções nocivas. Entretanto, esta é mais uma razão da relevância de tal trabalho, pois independentemente da intenção daquele que discrimina, os efeitos causados no sujeito discriminado são prejudiciais e educadores (as) precisam estar preparados (as) para as necessárias intervenções.

A cada situação, tivemos a preocupação de oferecer a oportunidade de cada participante expressar-se a partir de seus pensamentos, sentimentos e ações. Tal proposta advém dos princípios presentes no próprio referencial teórico. Já foi explicitado que a Teoria dos Modelos Organizadores do Pensamento pressupõe a valorização do indivíduo em sua totalidade e, caso tivéssemos optado por questões que suscitassem respostas que recorressem ao aspecto do “dever”, não encontraríamos a riqueza de possibilidades de análises porque tenderíamos a uma padronização das respostas, visto que talvez os (as) participantes buscassem responder de acordo com o que se espera a partir do que se considera moralmente correto e não ao que realmente ocorre diante do conflito.

A Teoria dos Modelos Organizadores nos possibilitou a construção do problema de investigação no decorrer do processo e o que suscitou maior inquietação centralizou- se nas últimas questões de cada situação que propunha justamente que cada indivíduo apresentasse uma estratégia para resolver o conflito apresentado. Por esta razão, a nossa investigação centrou-se na perspectiva da ação, buscando, posteriormente, atrelar-se aos sentimentos presentes e às possíveis relações entre os dois aspectos.3

5.4. Procedimentos para a coleta de informações

Primeiramente realizamos um estudo-piloto com um grupo de estudantes do 8º ano da escola estadual para que fizéssemos possíveis correções no instrumento utilizado.

3 Optamos por considerar apenas os sentimentos na relação com as propostas de ações por verificarmos a proximidade entre as respostas referentes aos sentimentos e aos pensamentos, não nos oferecendo dados significativos para tal análise.

A coleta dos elementos foi realizada em maio de 2009 na escola municipal e nos meses de junho e setembro de 2009 na escola estadual. A coleta na escola estadual foi realizada em dois dias devido ao processo experimentado na escola municipal, demonstrando a dificuldade em administrar a entrega de cada questão a muitos alunos de uma só vez. Por esta razão resolvemos dividir o grupo. Na escola municipal, realizamos em dois momentos no mesmo dia: dividimos em grupos de 30 participantes numa mesma sala. Já na escola estadual, realizamos também em dois momentos no mesmo dia, grupos de 15 estudantes e, posteriormente em mais dois grupos de 15 cada. A distância considerável entre os meses em que a coleta foi realizada na escola estadual deve-se ao fato de que precisávamos respeitar o calendário escolar cujo recesso foi prorrogado por causa dos casos alarmantes da gripe A e, na volta, os docentes tiveram dificuldades em cederem suas aulas porque se encontravam atrasados na aplicação de seus conteúdos.

A coleta dos elementos nas duas escolas foi realizada pela própria pesquisadora, na sala de aula, na presença dos professores (as). Cada participante respondia as questões por escrito e individualmente.

Antes de iniciarmos a coleta propriamente dita, explicamos às (aos) estudantes que se tratava de uma pesquisa e que estavam sendo convidados a colaborar, não sendo, portanto, obrigados a participar. Os (As) participantes apresentaram disposição em contribuir e foram, em seguida, orientados sobre como deveriam proceder. Explicamos que seria de extrema importância que fossem o mais detalhista possível em suas respostas e que respondessem de acordo com suas próprias opiniões. Foram avisados (as) de que não precisariam se identificar com seus próprios nomes, podendo colocar suas iniciais ou pseudônimos, além de indicar a escola em que estudavam, bem como sua idade e sexo.

As situações e as perguntas foram entregues a cada estudante conforme iam respondendo a anterior para que não tivessem acesso às perguntas seguintes, nem mesmo às seguintes situações. Todos e todas se mostraram bastante interessados (as) na exposição de suas opiniões e apenas duas respostas foram deixadas em branco por estudantes diferentes, ambos da escola estadual.

Após a coleta, todas as respostas foram digitadas e organizadas em tabelas divididas por situações facilitando a visualização das representações de cada participante.

5.5. Procedimentos para análise dos elementos

Seguindo os pressupostos da Teoria dos Modelos Organizadores do Pensamento, nossa análise iniciou-se pela busca de elementos abstraídos e retidos como significativos para cada participante, os significados por eles atribuídos a cada um desses elementos, bem como as relações e/ou implicações estabelecidas entre eles.

Optamos por iniciar o levantamento a partir da última questão de cada situação que exigia que o (a) participante apresentasse possíveis maneiras de se resolver o conflito, ou seja, a questão que evidenciava a ação. Diante de tal escolha, percebemos a riqueza de informações que se apresentavam para nossas análises, encontramos algumas regularidades que nos possibilitaram unir determinadas respostas e irregularidades entre grupos de respostas que nos possibilitaram extrair modelos.

CAPÍTULO VI