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2.1 Xadrez

2.1.2 O Xadrez no Contexto Escolar

2.1.2 O Xadrez no Contexto Escolar

A popularização do xadrez permitiu que ele pudesse ser visto por outro prisma, de forma que os benefícios que os jogadores obtinham ao praticá-lo pudessem ser transportados para o ambiente escolar. No contexto escolar, o xadrez pode vir a ser um importante elemento pedagógico, porém poucos professores conhecem o potencial que ele pode trazer. O xadrez pode ser utilizado em diversas disciplinas (Artes, Educação Física, Física, Informática, Geografia, História, Ética, Matemática etc) para contribuir com o aprendizado dos estudantes. Nas Artes, podem ser utilizados materiais recicláveis para confecção de peças, pintura etc. Na Educação Física como atividade recreativa, lúdica etc. Na disciplina de Física os estudantes podem trabalhar com conceito de circuitos para criação de relógios de xadrez, entre outros. Em Informática, o estudante pode aprender a jogar por meio de computadores, disputar torneios virtuais etc. Na Geografia, pode ser feito um estudo dos locais onde o xadrez é praticado. Na História, podem estudadas as suas origens culturais, aspectos políticos e sociais. Na Ética, o respeito ao próximo.

Nota-se que o Xadrez é mais comumente associado à disciplina de Educação Física, isso talvez deva-se ao fato de que ele é geralmente visto mais como um esporte, negligenciando o seu caráter pedagógico multidisciplinar.

O xadrez pode ser usado como um grande aliado dos educadores no processo de ensino-aprendizagem, não apenas na Educação Física, mas em outras disciplinas como Matemática, Geografia e Arte, servindo assim, como um instrumento pedagógico que pode ser usado nesse processo multidisciplinar de ensino (CHAIDA e OLIVEIRA, 2017, n.p).

A Matemática é uma das áreas que podem ser mais trabalhadas, pois alguns conteúdos curriculares têm uma relação bem próxima com o xadrez. Questões relacionadas ao tabuleiro, o plano cartesiano, movimentos de peças, notação algébrica, perímetro e área, operações com números racionais, entre outros.

O xadrez também pode contribuir no desenvolvimento da Inteligência Lógico Matemática, que é a habilidade para explorar relações, categorias e padrões, através da manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar de forma controlada; é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los. (GARDNER, 1994, pg. 117).

É interessante notar que, apesar de apontarem para as habilidades matemáticas, percebe-se, como já mencionado, que a grande maioria da aplicação do uso do xadrez na escola é na disciplina de Educação Física, principalmente sendo tratado como esporte de rendimento, ou seja, o objetivo é preparar os estudantes para a competição. Muitas vezes, também é praticado apenas como atividade recreativa. No entanto, é na Matemática que o xadrez pode encontrar o seu lugar como ferramenta pedagógica para trabalhar uma gama expressiva de conteúdos do currículo escolar. No capítulo IV, serão apresentadas algumas iniciativas da inserção do jogo em escolas no Brasil, embora ele ainda não seja amplamente utilizado de forma pedagógica.em todo o território nacional.

Pode-se notar que alguns países já reconhecem a importância pedagógica do xadrez, visto que decidiram inseri-lo como parte integrante da grade regular ou como disciplina optativa. O xadrez é utilizado como ferramenta pedagógica na forma de projetos ou de disciplinas extracurriculares em países como Rússia, França,

Inglaterra, Argentina, Cuba, Espanha, México e Venezuela, com o intuito de ajudar a melhorar o desempenho dos alunos dentro e fora da sala de aula (Sá, 2005).

O GM Garry Kasparov (2012), considerado por muitos como o maior enxadrista da história, afirmou em entrevista à Prefeitura de São Paulo que “existem casos pelo mundo todo que estão provando sem deixar nenhuma dúvida que, uma vez que se insere uma pequena quantia de xadrez no sistema educacional, ajuda as crianças a melhorarem no aprendizado, na atitude, na disciplina e também no desempenho acadêmico”. No xadrez, cada lance requer uma análise do posicionamento e de possíveis movimentos futuros, isso exercita o cérebro por meio do raciocínio-lógico e da concentração o que, de certa forma, contrasta também com o que Zambon afirma:

Jogar xadrez na escola oferece aos alunos inúmeras possibilidades de crescimento pessoal e de exploração de diferentes habilidades e atitudes. Segundo estudiosos, o xadrez desenvolve habilidades cognitivas, tais como: atenção, memória, raciocínio lógico, inteligência, imaginação, concentração, estimula a autoestima e a criatividade. Com o exercício dessas habilidades, o aluno tende a melhorar seu desempenho na escola. Além disso, o jogo favorece a socialização (ZAMBON, 2010, p.3.)

Isso demonstra que, ensinando pelo xadrez, diversos benefícios podem ser conquistados. Além dos citados anteriormente, pode-se destacar mais alguns, como por exemplo: estimulação da criatividade, capacidade para análise e reconhecimento de padrões, gestão do tempo, tomada de decisão, exercício da paciência entre outros. O pedagogo suíço Charles Partos (1978), afirma que o xadrez desenvolve: a atenção e a concentração; o julgamento e o planejamento; a imaginação e a antecipação; a memória; a vontade de vencer, a paciência e o autocontrole; o espírito de decisão e a coragem; a lógica matemática, o raciocínio analítico e sintético; a criatividade; a inteligência; a organização metódica do estudo e do interesse pelas línguas estrangeiras.

É fundamental notar que as contribuições mencionadas do xadrez no contexto escolar conversam com as habilidades e competências previstas na BNCC (2018), como por exemplo:

Planejar e utilizar estratégias para solucionar os desafios técnicos e táticos, tanto nos esportes de marca, precisão, invasão e técnico-combinatórios como as modalidades esportivas escolhidas para praticar de forma específica

Propor e produzir alternativas para experimentação dos esportes não disponíveis e/ou acessíveis na comunidade e das demais práticas corporais tematizadas na escola.

Verificar locais disponíveis na comunidade para a prática de esportes e das demais práticas corporais tematizadas na escola, propondo e produzindo alternativas para utilizá-los no tempo livre.

No entanto, é imperioso que a utilização do xadrez no contexto escolar seja sempre pensada com antecedência, pois o sucesso de sua aplicação depende desse planejamento. É importante também ter os objetivos claros ao se propor o xadrez nas escolas, pois deve-se pensar no caráter pedagógico e não somente competitivo do jogo a fim de que este possa contribuir na transformação positiva dos sujeitos.

CAPÍTULO III - O XADREZ NO CONTEXTO ACADÊMICO

Fonte: freepik.com

Diante das contribuições do xadrez escolar, surgiu o interesse de se realizar um levantamento para investigar se há registros do uso do jogo como ferramenta pedagógica em pesquisas acadêmicas. A metodologia utilizada para fazer a coleta de dados nesta etapa será a bibliometria, que, conforme Araújo (2006), consiste em uma técnica quantitativa e estatística de medição dos índices de produção e disseminação do conhecimento científico “[...] tal como procede a demografia ao recensear a população” (FONSECA, 1986, p. 10). Para tanto, foram escolhidos 2 bancos de dados, sendo um deles o Portal de Periódicos da CAPES e o outro, o Catálogo de Teses e Dissertações também da CAPES. Para esta análise, foram selecionadas as publicações entre os anos de 2015 e 2020.

A CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) é uma fundação que pertence ao MEC (Ministério da Educação). Ela é responsável pela coordenação dos programas na modalidade de pós-graduação stricto-sensu, ou seja, mestrado (acadêmico e profissional) e doutorado. Entre as atividades desempenhadas pela CAPES estão:

· avaliação da pós-graduação stricto sensu; · acesso e divulgação da produção científica;

· investimentos na formação de recursos humanos de alto nível, no país e exterior;

· promoção da cooperação científica internacional;

· indução e fomento da formação inicial e continuada de professores para a educação básica nos formatos presencial e a distância.

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