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Figura 4.7 – Conjunto filtrante de óleo Fonte: Aquashield (2003)

B) Intervenção técnica

4.2.3.4 Nova Zelândia

A Nova Zelândia é outro país que possui tradição no uso de SAAP. Conforme Simmons et al. (2001), a água de chuva é amplamente aceita como uma fonte de abastecimento segura e abundante de água potável em pequenas comunidades, assim como em pequenas propriedades rurais. Conforme o Annual Review of the

Microbiological Quality of Drinking-water in New Zealand (BALL, 2002), 23% das

estações de tratamento de água são específicas para água de chuva, apesar de que, se em números absolutos é significativo, em termos de população assistida (0,5%) é um número pequeno. Isto é até previsível, dado que os SAAP normalmente atendem um número pequeno de pessoas, por ser uma instalação individual (numa única edificação). A Tabela 4.15 apresenta o levantamento realizado.

Tabela 4.15 – Distribuição das fontes de abastecimento na Nova Zelândia Água superficial Água subterrânea Água de chuva Faixa da

população

Qtde % Pop % PT Qtde % Pop % PT Qtde % Pop % PT

< 500 441 30 27 863 57 52 473 19 29 500-999 49 48 48 56 54 54 1 1 1 1.000-4.999 75 48 46 93 54 57 0 0 0 5.000-19.999 38 52 58 32 56 49 0 0 0 20.000-49.999 12 40 43 19 71 68 0 0 0 50.000-99.999 7 46 47 8 54 53 0 0 0 > 100.000 6 73 60 4 27 40 0 0 0 Total (1) 628 59 31 1.075 44 53 474 0,5 23

Nota: Os valores percentuais referem-se aos percentuais de plantas de tratamento de água ou de população naquela faixa de população atendida.

(1) Os percentuais podem ser maiores que 100% porque em algumas plantas de tratamento convergem águas de mais de um tipo de fonte de abastecimento.

Revisão da literatura – A qualidade da água pluvial para o uso nas edificações_____________

Em relação à qualidade da água, possui legislação específica (NOVA ZELÂNDIA, 2000). Ela se aplica para qualquer água a ser fornecida para consumo humano, independente de sua origem, tratamento, sistema de distribuição, se pública ou privada ou de sua destinação (residencial ou comercial). A legislação lista os valores máximos permitidos de contaminantes físicos, químicos, radiológicos e microbiológicos da água potável, assim como define o programa de monitoramento e o sistema de gerenciamento e informação.

Define que fonte de abastecimento de água potável para uma comunidade é aquela que atende mais de 25 usuários por mais de 60 dias. Desta forma, os SAAP se encontram abrangidos por esta legislação, apesar de que recomendações específicas para o abastecimento individual não são apontadas dada a grande variedade de circunstâncias que as envolvem. Mesmo assim, procura se adequar para contemplar tanto os grandes como os pequenos sistemas de abastecimento de água.

Primordialmente adota como critério primário de qualidade o controle sobre os fatores microbiológicos em função dos riscos associados serem potencialmente mais acentuados e de disseminação muito rápida, prejudicando fortemente a saúde humana. Os contaminantes químicos por serem prejudiciais a médio e longo prazo classificam-se secundariamente na escala de prioridades. Contudo, aqueles que são prejudiciais devido ao seu caráter cumulativo como metais pesados e substâncias cancerígenas são objetos de especial atenção.

Em sua edição revisada de 2000, a preocupação com os aspectos bacteriológicos está claramente afirmada, principalmente em função das alterações em relação à edição anterior (1995), assumindo a mudança do indicador coliforme fecal pela presença especifica de E. coli como indicador da presença de bactérias patogênicas do tipo fecal, usado como indicador de qualidade microbiológica. Adicionalmente, restringe ainda mais os valores referência para turbidez, de modo que seja minimizada a ocorrência de protozoários (como Giardia e Cryptosporidium).

Os valores-referência estabelecidos na legislação de água potável representam a concentração máxima permitida, baseada no conhecimento disponível, que não coloca em risco a saúde do usuário ao longo de toda a sua vida. Em quase a sua totalidade, baseia-se nos valores e padrões da OMS (OMS, 1996), diferenciando-se em alguns casos por causa das particularidades locais e acrescentando ainda algumas substâncias não relacionadas no documento supracitado.

Revisão da literatura – A qualidade da água pluvial para o uso nas edificações_____________

Dentro da estratégia de gerenciamento da qualidade da água, a Nova Zelândia possui legislação específica relativa à qualidade dos corpos d’água. A norma

Microbiological Water Quality Guidelines for Marine and Freshwater Recreational

Áreas (2003) e que substituiu a edição anterior (RECREATIONAL WATER QUALITY

GUIDELINES, NEW ZEALAND MINISTRY FOR THE ENVIRONMENT, 1999) insere- se no contexto da Australian National Water Quality Management Strategy, que é o programa para o uso sustentável dos recursos hídricos da Austrália e Nova Zelândia. Este programa é conduzido por um conselho interministerial composto pelo Agriculture

and Resources Management Council of Australia and New Zealand (ARMCANZ) e o

Australian and New Zealand Environment and Conservation Council (ANZECC).

Integra ainda o programa o Australian National Health and Medical Research Council (NHMRC), com a função de desenvolver as políticas e estratégias relativas à saúde pública.

Estas normas não têm caráter obrigatório, por causa da incerteza associada à sua aplicação e das pesquisas elaboradas em ecossistemas não totalmente similares. Portanto, não possui força de lei, e sim, de referência para os gestores da água. Alguns valores-referência podem ser adequados para ecossistemas marinhos, mas podem não ser apropriados para o uso recreacional humano.

A norma para qualidade da água para uso recreacional objetiva gerenciar e monitorar as características físicas, químicas e microbiológicas visando determinar a sua adequação ao uso recreacional, sendo amplamente fundamentada nas recomendações da OMS.

Evoluindo de uma simples análise de valores-referência para indicadores de coliformes fecais, parte para uma análise qualitativa de risco, combinando a avaliação contínua da medição direta dos indicadores microbiológicos do tipo fecal com a inspeção sanitária dos locais a serem analisados. Esta combinação fornece o Grau de Adequação ao Uso Recreacional, que descreve as condições gerais do local a qualquer tempo, baseado no risco e nos indicadores microbiológicos. É justamente a proposta da OMS, avaliando de forma mais ampla e abrangente a qualidade da água para usos recreacionais.

4.2.3.5 Canadá

Em relação à qualidade da água potável, o Canadá modificou sua postura em relação ao gerenciamento da qualidade da água. Passou do monitoramento de conformidade da qualidade para a abordagem de múltiplas barreiras (multi-barrier

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aproach). Esta forma de gerenciamento procura estabelecer múltiplas barreiras que possam garantir que agentes patogênicos e contaminantes químicos não alcancem os sistemas de abastecimento. Sua norma Guidelines for Canadian Drinking Water

Quality (1992) determina os padrões a serem atingidos, estabelecendo procedimentos, critérios e referências de qualidade. Elaborado pelos diversos níveis de poderes (federal, provincial e territorial), subsidia as ações de gerenciamento da qualidade da água potável, resguardando-se a autonomia e jurisdição de cada um dos envolvidos, reconhecendo que é de interesse de todas as partes garantirem a confiança da população na água disponibilizada pelos sistemas públicos. Dentro da alçada de cada poder, cabe a cada uma delas determinar as normas legais que garantam o cumprimento das recomendações das disposições gerais e específicas contidas no documento.

Considera que os parâmetros principais a serem avaliados são aqueles relacionados com a qualidade microbiológica da água potável, minimizando-se assim o risco de organismos causadores de doenças na água disponibilizada. Ressalta ainda a importância do monitoramento da turbidez, pois está intimamente ligada a qualidade microbiológica. Os aspectos estéticos da água (cor, odor e sabor) são relevantes, pois são parâmetros que influenciam a aceitação da mesma pelos usuários, independentemente dos riscos que eventuais contaminantes presentes possam oferecer.

Já para as águas recreacionais, considera que elas devam ser suficientemente livres de contaminações microbiológicas, físicas e químicas, para garantir o menor risco (desprezível) para a saúde e segurança do usuário (CANADÁ,1992). Este risco deve ser avaliado por vários fatores, mas principalmente por:

• avaliação do meio ambiente; • evide

• evidência epidemiológica;

• presença de agentes patogênicos e; • indicadores limites de organismos nocivos.

Recomenda que um indicador de organismos microbiológicos deva ser adotado pelas autoridades locais em conjunto com laboratórios de cada município ou província. Para tanto, sugere que organismo como enterococci, Escherichia coli, ou

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coliformes fecais devem ser usados para o estabelecimento de rotinas de monitoramento para as águas de uso recreacionais. Portanto, é um procedimento quantitativo e qualitativo similar ao adotado no Brasil.