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A Política de Habitação em Juiz de Fora

No documento josé augusto ribeiro toledo (páginas 82-86)

O município de Juiz de Fora foi contemplado com recursos do Banco Mundial por meio do Programa Habitar Brasil BID – HBB, para ações de intervenções em áreas Sub-

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normais, visando dotar estas ocupações em condições de habitabilidade. Estas ações são por meio de obras de infra-estrutura, sociais e titulação com entrega de documento de posse.

Também faz parte deste programa o desenvolvimento institucional do município, visando uma melhor aplicação de recursos financeiros nas áreas sociais, que certamente terão melhor resultado por meio de políticas públicas mais eficientes. Dessa forma, foi dado início aos trabalhos de Formulação da Política de Habitação de Juiz de Fora, com a contratação do Centro de Pesquisas Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora – CPS / UFJF e atualmente estes trabalhos encontram-se na fase de diagnóstico da situação habitacional no município.

Uma das partes dos trabalhos de elaboração desta política diz respeito à capacitação e mobilização da sociedade e isto tem sido viabilizado através do Conselho Municipal de Habitação que vem discutindo sistematicamente os assuntos pertinentes a este produto. Vale lembrar o artigo publicado no Jornal Tribuna de Minas, deste município, na edição do dia 18/10/2006, onde o presidente deste conselho explicita a importância da formulação e implementação da política de habitação, conforme transcrito a seguir:

“Política de habitação

José Augusto Ribeiro Toledo

Presidente do Conselho Municipal de Habitação

A Prefeitura de Juiz de Fora firmou contrato com o Centro de Pesquisas Sociais da UFJF, com o objetivo de formular a política municipal de habitação de nosso município. Mas para que serve isto? Nos últimos 30 anos, temos observado uma proposta de desenvolvimento desigual em nossa sociedade, com uma má distribuição de renda, riqueza e oportunidades, fazendo com que uma pequena parcela tenha acesso à produção de bens e serviços, enquanto que outra grande parcela é forçada a sobreviver com o restante.

No caso de acesso à terra urbana, o que temos visto são inúmeras ocupações de terrenos de maneira desordenada sendo a sua maioria em locais impróprios para construção, pelo fato de o mercado imobiliário formalizado não ter este tipo de produto e tão pouco o poder público não ter estrutura para atender a esta grande demanda. Como solução, o que temos visto são ações de regularização fundiária para dotar estas ocupações com infra-estrutura, invertendo o processo com a adoção da seguinte prática: deixa-se ocupar, pois não se tem o que ofertar, conforme é dever do estado, e, após, tenta-se regularizar oferecendo serviços em forma de favor (política do “beija mão”). Desta forma, não se estranha o fato de algumas ocupações em nossa cidade terem o nome de Vila Mello Reis, Vila Tarcísio e Vila Bichane.

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A política de habitação tem o propósito de zerar o déficit habitacional, mas principalmente deverá conter instrumentos de acesso à terra urbana à população de baixa renda, seja pelo mercado imobiliário em forma de parcerias com o poder público ou até de maneira subsidiada. Para isto os municípios brasileiros já contam com a Lei nº 10.257 de 10/07/2001, mais conhecida como “Estatuto das Cidades”, que tem como objetivo maior o cumprimento da função social da propriedade urbana.

Tornar uma ocupação irregular em condições de habitabilidade com obras de infra- estrutura tem custado muito mais caro do que a implantação de maneira correta de um empreendimento popular, exatamente pelo fato de essas áreas demandarem obras de contenção de encostas, demolição e construção de moradias, recuperação ambiental, etc.

Os trabalhos para formulação desta política já foram iniciados e temos a certeza do compromisso da administração pública com a formatação final em forma de lei municipal aprovada pela Câmara de Vereadores. Pedimos a Deus que todos os envolvidos estejam iluminados nas proposições apresentadas e nas tomadas de decisões, para que esta lei possa acontecer e atender com dignidade humana realmente aqueles que mais precisam.”

8 PROPOSTAS DE PROJETOS PARA PRODUÇÃO HABITACIONAL

Conforme verificado nos capítulos aqui abordados, a questão da provisão de moradias para a população carente está ligada diretamente à falta de políticas que incentivam a produção habitacional, seja pelo poder público ou pela iniciativa privada. Para haver um incremento na produção atual, vários padrões adotados até o momento deverão ser revistos, levando sempre em consideração a condição socioeconômica do público que se pretende alcançar.

O poder público tem que se conscientizar que o atendimento à grande demanda reprimida só será efetivada com parcerias constantes com a iniciativa privada. Para isto, são fundamentais que as legislações urbanas e tributárias sejam revistas visando propiciar um incremento na produção atual, atraindo inclusive empreendedores que só não operam neste mercado devido às restrições legais.

É claro que no atendimento à população mais vulnerabilizada, a intervenção do estado deve ser de maneira protecionista, inclusive com mecanismos de subsídios para promover o acesso mais imediato à moradia. Neste caso, os recursos financeiros deverão estar sempre sistematizados e disponibilizados de forma automática, devendo dispor de legislações especificas para este fim.

Como forma de otimizar a produção de moradias populares no município de Juiz de Fora, são apresentados a seguir os projetos de Loteamento de Interesse Social, Habitação de Interesse Social e Isenção de Impostos Municipais. Estes projetos, se aplicados, causarão reflexos positivos na habitação, lembrando que o combate efetivo para decréscimo do Déficit Habitacional só trará resultados mais satisfatórios por meio de uma Política Habitacional que envolva toda a sociedade, articulada com as demais políticas públicas e que contemple os avanços previstos na Lei do Estatuto das Cidades e as especificidades de cada região.

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No documento josé augusto ribeiro toledo (páginas 82-86)

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