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A Unijuí e seu Plano de Desenvolvimento Institucional

PARTE III A LEITURA DOS VÁRIOS OLHARES

1. A Unijuí e seu Plano de Desenvolvimento Institucional

A referência a opção por ser uma Universidade comunitária, pública não-estatal, revela a natureza da Universidade, que não se constitui nem como Instituição estatal e nem como Instituição privada. Ao contrário, reivindica as virtudes das entidades públicas e afasta os particularismos do ser privado. Por isso, afirma-se como uma Universidade auto-gestionária, não obstante reger-se pelo direito privado, que tem destinação pública de seu patrimônio.

Esta vocação pública não significa fazer uma opção pela reprodução de estruturas voltadas para si própria e por eventuais corporativismos internos. Ao contrário, preocupa-se com a efetividade de suas ações e com a integração com a comunidade. Isto materializa-se através da opção pela formação de profissionais comprometidos com o seu tempo e pela participação no processo de desenvolvimento da região. Estes são os compromissos mais importantes da Unijuí.

Esta capacidade de conciliação da Unijuí está fortemente presente no Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI – e, portanto, o PDI é muito mais do que uma mera formalidade. Para a Unijuí, o PDI é um instrumento fundamental de realização de seu Projeto Pedagógico Institucional e de cumprimento dos objetivos da Fundação Mantenedora: integração, educação e desenvolvimento da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

2 VICE-REITORIA DE GRADUAÇÃO: AUTO-AVALIAÇÃO

Antonia Carvalho Bussmann Vice-Reitora de Graduação da Unijuí Para o ensino de Graduação na Unijuí, 2005 foi um ano marcante. Muitas foram as mudanças. A nova gestão trouxe desafios e propostas de novos caminhos. O debate institucional foi intenso e acalorado. Os resultados foram extremamente positivos e projetam novos desafios e novas perspectivas para os próximos anos.

No primeiro ano da gestão 2005/2007 foram retomadas as questões pedagógicas e administrativas expressas nas normatizações institucionais e realizadas as adequações ao que se depreende necessário e oportuno, tendo em vista necessidades apontadas pelos novos rumos desejados.

Novas Políticas para o Ensino de Graduação na Unijuí

A Vice-Reitoria de Graduação, pela revisão e reformulação de normatizações institucionais buscou propor e implementar novas políticas para a oferta de Cursos de Graduação na perspectiva primeira da qualificação e inovação pedagógica e de atender aos anseios da comunidade regional e estadual. Aliado a esses objetivos, buscou também atender as necessidades institucionais no sentido de criar novas alternativas para manter e ampliar o número de acadêmicos adscritos aos cursos de graduação da Unijuí.

Para tanto, foram propostos e/ou implementados e formalizados: o Programa Maturidade Valorizada, o Programa de Formação de Professores na Modalidade a Distância, o Núcleo Comum das Licenciaturas, o Núcleo Comum dos Cursos da Área da Saúde, o Núcleo Comum das Engenharias e a reestruturação da oferta da Formação Humanística.

Nos cursos de Licenciatura os esforços foram mobilizados, também, para o entendimento e cumprimento das Reso- luções CNE CP 01 e 02/2002 que “Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educa- ção Básica, em nível superior, curso de licenciatura de graduação plena e, “Institui a duração e carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da Educação Básica em nível superior”, respec- tivamente.

Avaliação da Avaliação

Tendo em vista a importância e a necessidade de se repensar constantemente a avaliação do ensino-aprendizagem, e de se considerar a pesquisa como princípio articulador da avaliação, aproximando a realidade à produção do conhecimento como princípio de formação, a Vice-Reitoria de Graduação, com apoio do Labest – Laboratório de Estatística, desencadeou em 2005 o processo de avaliação do sistema de avaliação de ensino-aprendizagem da Unijuí.

O instrumento de pesquisa foi elaborado e aplicado de forma a atender a seus dois públicos de interesse, quais sejam, o corpo docente e o corpo discente institucional. O suporte utilizado para a realização da pesquisa foi a internet, tendo sido encaminhada aos professores e alunos por e-mail. O referido instrumento de pesquisa foi elaborado pela Vice- Reitoria de Graduação em conjunto com o LABEST – Laboratório de Estatística, contando com o auxílio do NPD – Núcleo de Processamento de Dados, para a sua operacionalização. Os resultados serão sistematizados e avaliados em 2006, quando serão socializados com a comunidade acadêmica para interação e discussões, tendo em vista encaminhamentos ao Conse- lho Universitário.

Proposição e Implantação do Programa de Formação de Professores na Modalidade de Educação a Distância A implantação do Programa de Formação de Professores na Unijuí vem consolidar uma experiência de mais de 25 anos de formação de professores em calendário de oferta diferenciado, amplamente reconhecido pela comunidade estadual e nacional como cursos em Regime Especial.

O contexto em que se inseria esta modalidade de oferta das licenciaturas na Unijui, seja de ordem pedagógica, econômico-financeira ou legal, apontou, para esta Vice-Reitoria, a necessidade de avançarmos coletivamente para uma nova perspectiva pedagógica. Para tanto, os Colegiados de Coordenação de Cursos foram desafiados a amadurecerem a idéia da oferta das Licenciaturas na modalidade de Ensino a Distância.

Outro fato gerador desse desafio foi a obtenção do credenciamento da Unijuí para oferta de cursos de graduação na modalidade a distância, a partir do reconhecimento do curso de Sociologia. (Portaria MEC 4.418 de 30/12/2004)

Assim, a Vice-Reitoria apostou no fato de que a Universidade tem como função primeira produzir conhecimentos novos de forma sistematizada, reunindo os elementos que geram o movimento de compreensão sobre o emprego de novas tecnologias que, ao se disseminarem pela e na sociedade, levam a novas experiências e a novas formas de relação de um homem com o outro, com o conhecimento e com o processo de ensino-aprendizagem. Este é mais um desafio posto à universidade e que se manifesta na modalidade de educação a distância (adaptado de Cadernos Unijuí, Série Educação a Distância na Unijuí: potencialidades e desafios, 2004, p.11).

Entendemos que, para a implementação efetiva da modalidade de educação a distância “são utilizados diferentes tempos e lugares para a aprendizagem acontecer; utilizam-se recursos tecnológicos e informativos para que o aluno possa exercer sua autonomia no trabalho de leitura, reflexão e comunicação, possibilitando-lhe planejar sua disponibilidade de tempo para estudo, desenvolver capacidades de gerir o seu próprio processo educativo e romper com a relação de depen- dência da presença constante do professor. Esta relação é mediada por um conjunto de meios impressos e eletrônicos, colocando o aluno como centro da ação pedagógica, possibilitando-lhe o desenvolvimento de competências para a pesqui- sa e para a auto-reflexão crítica. (Cadernos Unijui, Série Educação a Distância na Unijuí: potencialidades e desafios, 2004, p.11)

Aceito o desafio, foram aprovados os Projetos Político-Pedagógicos de 10 Cursos de Licenciatura na modalidade de Educação a Distância, para oferta em processo seletivo diferenciado, com início previsto para janeiro de 2006.

Fortalecimento do Núcleo de Educação a Distância visando a capacitação do corpo docente para esta modalidade de ensino

O credenciamento da Unijuí para oferecer cursos de graduação a distância, e a implementação de um Programa de Formação de Professores na modalidade EaD, também trouxeram consigo o grande desafio de capacitar o corpo docente institucional e a necessidade de fomentar uma cultura de EaD na Universidade.

Tendo essa perspectiva no horizonte, foi implementado o Programa Interno de Formação para o uso de Tecnologia na Educação, o Professor.Edu, estruturado sob a forma de módulos independentes, escolhidos de acordo com a necessida- de e/ou preferência de cada professor. Os referidos módulos abordam os mais diversos temas relacionados à EaD, a saber:

Noções básicas (sobre o computador e a Internet); Educação a distância: teorias e legislação; Confecção de apresentações e páginas pessoais; O rádio como ferramenta para a educação; Ambientes e comunidades virtuais de aprendizagem;

Linguagens em vídeo e a videoconferência como instrumentalização na educação e material impresso para EaD.

No segundo semestre de 2005 foram oferecidos os três últimos módulos, elencados acima, aos professores dos cursos de Artes Visuais, Filosofia, Física, Geografia, História, Letras, Matemática, Pedagogia, Química e Sociologia.

O Professor.edu foi criado para oferecer a oportunidade de formação continuada aos docentes da Unijuí, servindo de suporte para as iniciativas dos mesmos não apenas no Programa de Formação de Professores, mas também como uma forma de fomentar novas iniciativas que utilizem essa modalidade didática, seja ela na graduação ou na pós-graduação.

Além disso, a constituição de novo espaço físico para o Núcleo de Educação a Distância, na Vice-Reitoria, possibi- litará uma melhor visibilidade e também entrosamento entre as ações executadas pelo Núcleo e as políticas e estratégias elaboradas pela Vice-Reitoria de Graduação.

Proposição e Implementação do Núcleo Comum das Licenciaturas

Outra grande aposta da Vice-Reitoria de Graduação no que diz respeito aos cursos de Licenciatura na Unijuí foi o debate em torno da necessidade, já há muito tempo, percebida e problematizada nos fóruns institucionais da caracterização de um perfil do licenciado formado pela Unijuí.

Novamente o contexto de mudanças apontava para a oportunidade e a necessidade desse debate, tendo em vista a premência do atendimento às Resoluções do CNE CP 01 e 02/2002, as quais levariam as Coordenações a proporem mudan- ças nos projetos político-pedagógicos dos cursos de Licenciatura.

Proposto também este desafio, os debates, culminaram na definição de um Núcleo Comum das Licenciaturas, que tem como objetivos:

– oportunizar a discussão teórico-prática, fundante da formação do professor, sob forma de componentes curriculares específicos;

– viabilizar a inter-relação pedagógica e o encontro dialógico entre os licenciados ainda na fase de sua formação.

O Núcleo Comum das Licenciaturas é constituído pelos seguintes componentes curriculares: Políticas, Estrutura e Gestão da Educação Básica; Psicologia e Educação; Didática ; Cultura, Currículo e Escola e Educação Especial.

Este Núcleo é constituído também por eventos semestrais, que objetivam oportunizar a reflexão de temáticas ligadas aos componentes curriculares que o compõem e a temas contemporâneos que complementem a formação docente. Dentre as diversas temáticas a serem debatidas nos eventos destacamos:

- ética docente;

- avanços da ciência e tecnologia;

- novas abordagens pedagógicas;

- preservação do meio ambiente;

- o perfil do aluno e do professor frente às novas tecnologias de informação e comunicação;

- leitura da imagem.

O Núcleo foi aprovado pelo Conselho Universitário e está em implantação.

Proposição e Implementação do Núcleo Comum dos Cursos da Área da Saúde e formalização do Núcleo Comum das Engenharias

Também foram organizados o Núcleo Comum dos Cursos da Área da Saúde e o Núcleo Comum das Engenharias, ambos constituídos na perspectiva de uma ação pedagógica interdisciplinar, essencial na formação de profissionais quali- ficados e de cidadãos aptos a atuarem de forma coletiva e participativa na sociedade.

O Núcleo Comum dos Cursos da Área da Saúde é constituído por componentes curriculares comuns aos Cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Nutrição. O Núcleo Comum das Engenharias é integrado por componentes curriculares comuns aos Cursos de Graduação em Engenharia Civil, Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica.

Formalizados junto ao Conselho Universitário foram aprovados e estão em implantação.

Reformulação dos Projetos Político-Pedagógicos dos Cursos de Graduação da Unijuí

Este processo foi desencadeado para atendimento às Resoluções CNE CP 01 e 02/2002 e CONSU 21/2005 (que reorganizou a Formação Humanística na Unijuí), Consu 28/2005 (que estabelece normas sobre os cursos Superiores de Tecnologia); Consu 29/2005 (que regulamenta o Núcleo Comum das Licenciaturas). Na oportunidade, a maioria dos Colegiados de Cursos propôs outras alterações decorrentes do contínuo processo de avaliação dos cursos buscando a qualificação de suas propostas pedagógicas.

Foram reestruturados os projetos político-pedagógicos dos 33 cursos de graduação, que se desmembram em 48 opções de formação superior para a oferta presencial. Na modalidade a distância foram implementados 10 cursos com 12 opções de formação superior.

Em 2005, a Vice-Reitoria de Graduação procedeu ainda:

v orientação e acompanhamento dos processos de reconhecimento e renovação de reconhecimento dos Cursos de Graduação. Os cursos que receberam visitas das comissões do INEP/MEC foram os seguintes:

- Engenharia Elétrica - Campus Ijuí - Fisioterapia - Campus Ijuí

- Serviço Social - Campus Santa Rosa e Ijuí - Química Licenciatura - Campus Ijuí e Santa Rosa

- Química Bacharelado – Campus Ijuí

- Licenciatura em Computação - Campus Santa Rosa - Filosofia - Bacharelado - Campus Ijuí

- Letras – habilitação Língua Espanhola e Respectivas Literaturas- Campus Santa Rosa - Pedagogia – habilitação Pedagogo da Educação Especial - Campus Ijuí

- Ciências Biológicas Licenciatura - Campus Ijuí e Santa Rosa - Ciências Biológicas Bacharelado - Campus Ijuí

v orientação e acompanhamento da prova do Enade – Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes do ensino superior. Participaram desta avaliação 15 cursos da Unijuí: Ciências Biológicas; Engenharia Civil; Engenharia Elétrica;

Engenharia Mecânica; Filosofia; Física; Geografia; História; Informática – Sistemas de Informação; Letras; Matemáti- ca; Pedagogia; Química; Química Industrial de Alimentos e Sociologia. A prova foi realizada no dia 6 de novembro de 2005;

v aplicação de instrumento de pesquisa para caracterização e projeções acerca dos Estágios e Práticas Profissionais visando a implementação de uma Coordenação dessas atividades, a partir de março de 2006;

v revisão da constituição do Calendário Acadêmico, tendo sido eliminadas as então denominadas semanas amarelas destinadas à realização de atividades do Regime Regular e aulas presenciais do Regime Especial e implementado o calendário para a oferta de cursos na modalidade de Educação a Distância. A Jornada de Pesquisa e o Seminário de Iniciação Científica tiveram seu turno alterado para o diurno visando a manutenção das atividades letivas no turno da noite;

v coordenação do Grupo de Trabalho Ofertas da Graduação para acompanhamento dos processos de Oferta de Compo- nentes Curriculares e Matrículas, em sintonia com as Coordenações dos Colegiados dos Cursos de Graduação.

Neste final do primeiro ano de nova gestão na instituição, especialmente no ensino de graduação, avalia-se positi- vamente os resultados alcançados, uma vez que são fruto de um longo e árduo trabalho participativo e da dedicação de muitos colaboradores desta instituição com base nas novas políticas e novos rumos projetados pela equipe da VRG e da Reitoria.

Ainda há muitos desafios e muito trabalho para projetarmos esta Universidade na perspectiva de sua qualificação constante legando para os filhos desta região do Estado uma instituição comunitária, pública não estatal, consolidada econômica e politicamente, mas, especialmente, como um referencial para o ensino de graduação no Estado e no País.

3 UNIJUÍ: UMA INSTITUIÇÃO AJUSTANDO-SE EM UM SETOR EM TRANSFORMAÇÃO

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Prof.Martinho Luís Kelm Vice Reitor de Administração Diversas são as abordagens sob as quais se comentar a atual situação econômica e financeira da Unijuí. Uma destas é analisar suas conseqüências, tal como o grau de endividamento, a capacidade de geração de superávit primário ou os custos da dívida, para mencionar alguns. Outro viés de análise é investigar as causas deste quadro, como a estrutura de custos, preços ou a evolução da demanda. Acredito que, embora importantes, estes pontos têm sido bastante discutidos e se constituem em fatores aparentes de uma questão mais profunda que é o papel que a universidade exerce na sociedade contemporânea e as transformações percebidas pelo setor nos últimos anos.

O ciclo de ajustes efetuados na Unijuí é fundamental, pois somos atingidos diretamente, seja como professores ou demais colaboradores, seja como região, que interage com a Instituição. Apesar desses aspectos nos deixarem mais susce- tíveis aos possíveis desdobramentos da crise, esta não é um evento isolado e, tratado desse modo, provavelmente ensejará encaminhamentos paliativos que não irão considerar sua essência.

Para uma análise mais geral das transformações e percepções sobre a universidade na sociedade, uma crítica esclarecedora é efetuada por Boaventura de Souza Santos que identifica uma crise de hegemonia do papel da universidade, seja com relação à cultura, seja enquanto geradora de conhecimento voltado a um grupo social específico; uma crise de legitimidade; e uma crise institucional.

1 Texto publicado na Revista Informação nº 71 abril 2006, p. 14 – 15 – SINPRO NOROESTE

No que concerne à crise de hegemonia, um aspecto parcial do problema, mas que nos tem afetado bastante refere-se a um tipo específico de conhecimento, qual seja, aquele direcionado ao aperfeiçoamento ou melhoria da produtividade do setor empresarial. Neste setor, as características competitivas dos agentes econômicos, que operam em um mercado seg- mentado, marcado pela diferenciação nos produtos e pela redução drástica de seu ciclo de vida, nos dá a sensação de que a dinâmica de decisão e ação da universidade está em um compasso demasiadamente lento frente às expectativas do setor empresarial. Nesta conformação competitiva, uma dificuldade da universidade deve-se ao fato de que, muitas vezes, a socialização do conhecimento produzido ocorre somente do lado da universidade para a empresa e poucas vezes com fluxo recíproco. O temor da massificação de produtos e tecnologias com outros agentes acaba provocando problemas de falta de cumulatividade na geração daqueles conhecimentos. Outro aspecto refere-se à dificuldade do setor empresarial, principal- mente na região de atuação da Unijuí, em compartilhar o financiamento da pesquisa para geração de novas tecnologias, fato que está ligado à questão anterior, mas que também carrega uma concepção assistencialista nas relações universidade/

empresa que, na ausência de recursos do Estado, tornam-se insustentáveis, gerando uma crise de expectativas quanto à ação da universidade.

Talvez nesta relação o importante seja esclarecer nossas reais competências e possibilidades e, a partir delas, buscar níveis superiores de excelência, não criando expectativas genéricas insustentáveis que só nos desgastam junto a estes agentes econômicos.

A hegemonia da universidade tem sido também questionada em uma de suas funções básicas. A extensão, que foi um marco de afirmação e comprometimento da Unijuí na região, tem hoje, na própria sociedade, alternativas autônomas e bastante efetivas, oriundas, muitas vezes, de nossa própria intervenção, o que é bastante positivo. Neste aspecto, nosso sucesso define também nossa obsolescência, fato que nos obriga a reinventarmos, permanentemente, nossa dimensão comunitária não assistencialista, mas auto-sustentável.

Ainda nesta análise mais geral, uma transformação refere-se à fragilização da capacidade da universidade em cons- tituir-se, efetivamente, em um elemento de mobilidade social para nossos egressos. Os níveis mínimos de formação do mercado de trabalho tornaram-se bastante elevados, seja em função do avanço tecnológico, seja por uma disponibilidade maior de quadros qualificados. Com isto, o diferencial de renda obtido pelos profissionais, a partir da conclusão de um curso superior, levam a uma reavaliação da relação investimento/retorno e nossos preços são percebidos como elevados, permi- tindo que alternativas de ensino de qualidade questionáveis, mas com preços significativamente inferiores ao ensino clássico, possam ser consideradas. Nestas situações existe a expectativa de que a fragilidade do “serviço” recebido possa ser compensada por um esforço de superação pessoal do aluno, fato que muitas vezes não é observado, até por caracterís- ticas culturais distintas de uma sociedade anglo-saxônica.

Neste contexto, as mensalidades de instituições como a Unijuí passam a ser vistas como demasiadamente elevadas e pressões por aumento de benefícios, como bolsas ou redução do preço, passam a ser solicitadas de modo contundente.

Embora esforços neste sentido sejam recomendáveis, não se pode esquecer que, em uma organização comunitária na qual o superávit não tem como objetivo remunerar o capital investido, mas permitir a reprodução qualificada dos fatores de produção, preço é decorrência direta de custos e que se este último não for reduzido, seja por ajustes diretos, aperfeiçoa- mento nos processos do fazer universitário ou incremento no valor recebido e percebido por nossos públicos, a redução dos preços se constitui numa irresponsabilidade que, sem dúvida, comprometerá a sobrevivência da organização posto que a elasticidade da demanda requer ajustes desproporcionais à elevação do número de alunos no atual modo de atuação.

Um exemplo bastante simples deste paradoxo está na dificuldade cada vez maior que temos em formar turmas nos cursos de pós-graduação Lato-Sensu, não obstante nossos preços situarem-se abaixo de muitas outras ofertas da região.

Será que, em muitos casos, não transformamos estes cursos em commodities e sobrecarregamos o papel da “marca Unijuí”

na decisão de “compra”? O que temos de diferente e melhor se, afinal, muitos dos nossos professores também atuam em outras instituições?

O questionamento da hegemonia da universidade na geração de conhecimento e o resultado concreto das condi- ções sociais decorrentes da obtenção de um curso superior em nossa região, muito mais do que um sentimento de indigna- ção, deve nos levar a refletir se não é possível rever nosso fazer sem comprometer nossa qualidade. Entendo que a melhor forma de redução de custos para o aluno não seja cortar despesas, embora esta também deva ser considerada, mas sim elevando o valor percebido deste fazer. A valoração de nossos serviços começa por reconhecermos quais são as expecta- tivas com relação a estes e, ao que parece, uma formação profissional de excelência seja um dos elementos mais demanda- dos. Desta forma, esta valorização deve se dar, não somente nos aspectos substantivos da relação com nossos públicos, mas pela nossa capacidade em convencer ex ante e comprovar ex post de que fazemos a diferença nos aspectos materiais