Pós-Graduação (lato e stricto sensu)

A Pós-Graduação na Unijuí precede seu reconhecimento enquanto Universidade (1985), pois em 1975, há mais de 30 anos, a Fidene criava o Centro de Pós-Graduação com o objetivo principal de coordenar cursos de pós-graduação “lato sensu”, em nível de aperfeiçoamento e especialização para professores da Fidene, ou de outras instituições de ensino superior (MARQUES, 1984, 203). Naquela época foram realizados cursos de especialização nas áreas de Metodologia do Ensino Superior, Filosofia da Linguagem, Teoria Geral da Administração e Contabilidade Geral, Orientação Educacional, Planejamento Educacional, Supervisão Escolar, e um curso de aperfeiçoamento em Contabilidade.

Gradativamente e especialmente com a instalação da Universidade de Ijuí (Unijuí), coordenado pela Vice-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão, novos cursos e em novas áreas de conhecimento foram sendo ofertadas. Especial- mente na última década aprofundaram-se as reflexões, discussões e políticas de pós-graduação na universidade através da Avaliação Institucional, de Fóruns Integrados de Pós-Graduação e respectivos órgãos colegiados o que permitiu avançar na verticalização, inclusive ao nível de mestrado e expansão da oferta de aproximadamente 50 cursos de especialização contemplando as áreas do conhecimento de atuação da universidade e os campi regionais da Unijuí em diferentes modali- dades, como Acadêmicos (preocupação pedagógica) In company, Profissionais (MBA).

2.2.4.1 Lato sensu

A expansão e consolidação da pós-graduação em nível de especialização na Unijuí passam a ser efetiva com base na Resolução do Conselho Universitário de nº 07/2001 e especialmente a que veio substituir em 03 de outubro de 2003, de nº 10/

2003, também do Conselho Universitário, que regulamenta a organização e funcionamento dos cursos de pós-graduação lato sensu – especialização na Uniijuí, conforme a Resolução CNE/CES nº 1 de 3/3/2001 do Conselho Nacional de Educação e a par das políticas e decisões no sentido de tornar este nível de ensino cada vez mais consistente.

Reflexo destas decisões, a pós-graduação em nível de especialização consolidou-se e apresentou um incremento substancial o que pode ser constatado com base nos dados contidos no quadro 1, que condensa o número de cursos, alunos por semestre realizados nos últimos anos na Unijuí.

Quadro 1 – Cursos de Especialização, por ano, semestre e número de alunos.

Fonte: Base sistema IBM, abril de 2006.

Para viabilizar estas políticas e consolidar a pós-graduação foi implantada infra-estrutura de apoio com designação de prédios próprios e centralizando atendimento através de uma Secretaria Geral para atender especificamente a pós- graduação lato sensu.

Outro aspecto que é possível constatar é a inter-relação entre os níveis de ensino desde a graduação, pós-graduação lato e stricto sensu perpassados pelos programas, projetos e linhas de pesquisa e inclusive pelos programas de extensão.

Esta realidade embasada nos documentos, Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), políticas, regulamentos, relatórios, diagnósticos e nos memoriais descritivos preparados para instruir o processo de Avaliação Institucional é possível sintetizar, a seguir, alguns pontos fortes que são potencialidades da pós-graduação lato sensu na Unijuí, bem como as fragilidades diagnosticadas.

Dentre as Potencialidades podem ser destacadas:

– Tradição de mais de 30 anos com a pós-graduação;

– Institucionalização das políticas e da gestão dos cursos de pós-graduação lato sensu;

– A existência de colegiados de curso;

– Busca de adequação do foco dos cursos às realidades que o público externo demanda;

– Quadro de docentes próprios qualificados com mestrado e doutorado;

– Infra-estrutura muito boa e especialmente designada para a pós-graduação;

– Crescente oferta de cursos lato-sensu pela Unijuí, diversificando áreas;

ANO SEMESTRE Nº DE CURSOS Nº ALUNOS

2000 Primeiro 07 196

2000 Segundo 09 190

2001 Primeiro 05 127

2001 Segundo 02 28

2002 Primeiro 19 569

2002 Segundo 05 115

2003 Primeiro 12 273

2003 Segundo 08 106

2004 Primeiro 10 190

2004 Segundo 10 249

2005 Primeiro 08 209

2005 Segundo 15 300

– Criação da Secretaria dos Cursos de Pós-graduação;

– Observância do limite de 360 horas de componentes curriculares conforme estabelecem as Resoluções do CONSU n. 10/

2003 e do CNE n. 01/2001;

– A existência de alternativas de preços, prazos e financiamentos.

As Fragilidades que têm sido diagnosticadas são objetos de estudo e preocupação nos cursos de especialização na Unijuí e têm as seguintes dimensões:

– Não existência de cadastro de egressos;

– Pouco tempo para divulgação da oferta de alguns cursos;

– Várias datas de inscrição e matrícula podem confundir as pessoas diante da oferta coletiva;

– Observa-se certa disputa entre cursos com um mesmo perfil de candidatos;

– Nas ofertas são freqüentes duas ou mais propostas de cursos similares, originadas de Departamentos diferentes;

– As repetidas ofertas quando não se concretizam em algumas áreas provocam desgaste e descrédito em alguns públicos;

– Novas instituições de ensino no mercado e o aumento da oferta pelos concorrentes tradicionais dividem a demanda limitada;

– Observa-se uma oferta desigual entre os campi;

– O mercado no que se refere a pós-graduação vêm se modificando aceleradamente – a competitividade está aumentando.

Observam-se algumas perspectivas e desafios a partir dos esforços nas diferentes áreas, Departamentos e Vice- Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão na explicitação e implementação de políticas e ações na Pós-Graduação ao nível de especialização, voltadas às demandas em todas as áreas de atuação da Universidade.

Quadro do Lato Sensu

Re sultados a lcançados Ações programa das Ações

realizadas Fr agilidades P articipação em

r euniões dos c olegiados dos programas de Pós- graduação.

No me morial de alguns departamentos apa rece a discussã o.

– Oferta desigual entre os campi;

– Ofertas conc omita ntes de cursos com públic os potencialme nte semelhantes;

– Competiçã o inter na, com alguns cur sos (similares) disputando o mesmo

ca ndidato;

– Divulgação e inscriçõe s e m períodos de fé rias/ recesso dific ultam o planejamento dos possíve is candidatos;

– Repe tidas ofertas que nã o se concretiza m em alguma s áreas podem promover desgaste em alguns públicos.

Reunião da VRPGPE e VRA, Chefes de Departamentos e Coordenadores de de Cur sos Lato Sensu.

Reflexões e referências sobre P ós- Gr aduação Lato Sensu.

– S urgime nto de novas IES no merca do;

– Calendário com pouco tempo para a divulgação;

– Não há um ca dastro de egressos da gradua ção para ma la-direta .

Acesso às

informações sobre o processo de r eor ganiz ação da P ós-graduaçã o Lato Sensu.

Reunião com a Coordenação ger al da Pós- gra duação Lato Sensu.

– O me rcado regional se modifica e aumenta aceleradamente a

competitividade.

2.2.4.2 Pós-Graduação Stricto Sensu

A Unijuí possui três cursos de Pós-Graduação Stricto Sensu, dois na área da avaliação multidisciplinar, o de Mode- lagem Matemática, que teve início em 1994, e o de Desenvolvimento, Gestão e Cidadania iniciado em 2002. Ambos obtive- ram, no último triênio de avaliação, o conceito três. O outro curso é o Mestrado em Educação nas Ciências, credenciado pela área de educação desde 1995 e que recebeu conceito quatro na última avaliação trianual. Os três são Programas de Pós- Graduação que possuem o mestrado acadêmico.

Com base em documentos da Capes, no período de avaliação: 2004/2006 – Acompanhamento 2005 Ano Base 2004, na Ficha de Avaliação do Programa pode-se verificar a avaliação nos diversos quesitos propostos. E a partir daí considerar a análise possível dentro do contexto da Unijuí.

Está definido no Plano de Desenvolvimento Institucional da Unijuí que a universidade deve criar o seu doutorado e a tendência é que este seja no Programa de Educação, área consolidada na instituição e que se apresenta com condições efetivas para tanto. A necessidade de criação do doutorado se expressa, em especial, pela demanda que se apresenta de um lado, e de outro a ampliação e aprofundamento cada vez maior na investigação que é realizada na área e interlocução com outras instituições através de pesquisa interinstitucional.

Vejamos a seguir, considerando cada quesito e a forma como foi avaliado, qual a possibilidade de análise crítica de nossa parte:

Proposta de programa: Nos mestrados “multidisciplinar”, há uma recorrência na avaliação de que é problemática a proposta, considerando área de concentração, estrutura curricular e efetividade de interdisciplinaridade. No curso de Mestrado em Educação nas Ciências a avaliação toca no aspecto das linhas de pesquisa e sua vinculação (pouca) com a área de concentração. E como problema, aponta-se a existência de número alto de doutores com menos de cinco anos, e do pequeno percentual de doutores em educação no corpo docente permanente. Em se tratando de Educação nas Ciências há necessidade, ao nosso entendimento, de ter clareza do que une a todos os docentes a partir de sua formação específica e das linhas de pesquisa. No Mestrado em Modelagem Matemática a interdisciplinaridade da proposta é reconhecida pela CA- PES. Na apreciação do Mestrado em Desenvolvimento, a comissão da CAPES aponta para a coerência da proposta em termos de vinculação, área de concentração, linhas de pesquisa e estrutura curricular. Aponta também para uma interdisciplinaridade mais “efetiva”.

Corpo Docente – A atenção às exigências e recomendações feitas pela comissão de avaliação, segundo o que está nas fichas foram de um modo geral atendidos. Como problemas são apontados a baixa produtividade, o fraco intercâmbio, o número de docentes com menos de cinco anos de titulação. Como pontos fortes destacam-se a interação com os cursos de graduação. Nota-se que esta integração com os estudantes da graduação, com bolsistas de Iniciação Científica e professores mestres, estimula a formação de uma rede que permite dar conta dos processos acadêmicos e da socialização das pesquisas.

Atividades de Pesquisa – Este é um quesito que se apresenta problemático nos três mestrados, seja pela falta de consistência de pesquisa como grupo, seja pela dificuldade de fazer a interdisciplinaridade, e também pela precariedade na vinculação com as linhas de pesquisa e programas. Foi ressaltada a atenção dada pelos cursos, às recomendações que já apresentam maiores articulações e coerência no que se refere à pesquisa. Esta é sem dúvida uma questão crucial na universidade, uma vez que são escassos os recursos que se recebe para a pesquisa e como uma instituição comunitária, esta passa a ser financiada pelos estudantes, em especial os da graduação. Isto encarece os cursos e limita o avanço da pesquisa. De parte dos docentes, na instituição, a crítica é a necessidade de envolvimento com uma diversidade de tarefas, em especial, reuniões burocráticas, excessiva carga horária na graduação, o que impede a dedicação maior.

Atividades de Formação – Nos dois mestrados multidisciplinares foram evidenciadas as modificações introduzidas na Estrutura Curricular, o que deve beneficiar a maior interação entre os alunos, e acentuar a vinculação entre disciplinas e linhas de pesquisa. No caso do Mestrado em Desenvolvimento, Gestão e Cidadania foi ressaltado que as modificações introduzidas apontam para sinergizar a interdisciplinariedade. No da educação é ressaltado a adequação da estrutura curricular com a proposta de programa, mas foi considerado excessivo o número de disciplinas oferecidas. E a orientação está desigualmente distribuída entre os docentes. Entende-se que isso está a exigir um repensar pedagógico para os encaminhamentos adequados.

Corpo Discente – Neste quesito há de um modo geral avaliação positiva, seja na relação docente/discente na produção das dissertações, o não abandono, e a produção científica.

Dissertações – O número de defesas está bom nos três cursos dentro ou acima da média. Na Modelagem Matemática e na Educação que já tem maior número de defesas concluídas e aprovadas, ocorre uma má distribuição das dissertações por linhas de pesquisa e ressaltam a diversidade de temas que refletem as linhas de pesquisa. No caso do Mestrado em Desenvolvimento, Gestão e Cidadania a comissão de avaliação da CAPES ressalta o excelente resultado neste quesito.

Produção Intelectual – Há a constatação de uma evolução significativa nesta questão; embora sejam apontados problemas, tais como: produção baixa, mal distribuída entre os docentes do programa, concentração em veículos locais;

muitos resumos em Anais. A restrição de recursos para a pesquisa e a produção científica, na forma de tempos docentes, atrelada à pós-graduação Stricto Sensu é problemática, na medida em que inverte a lógica que deveria fazer este nível de ensino emergir de uma sólida base de pesquisa institucionalizada. Se fosse o inverso, o mestrado como resultado da atuação do grupo de pesquisa e da produção científica, haveria mais coerência e consistência, pois os mestrados seriam o resultado do trabalho intelectual de um grupo de professores envolvidos com pesquisas e com vinculação com outras instituições.

Isto permitiria a interligação das pesquisas, dissertações, disciplinas e orientações com vínculos estreitos às linhas de pesquisa de programas. Merece destaque a atenção que a Vice-Reitoria de Pós-Graduação Pesquisa e Extensão vem dando ao problema, no sentido de superar as deficiências, existentes. O Papdocência, os Editais para Pesquisadores, o incremento nas relações internacionais, os Seminários de Iniciação Científica em sua 13ª edição e a 10ª Jornada de Pesquisa, e a Jornada de Extensão em sua 6ª edição, denominados, neste ano de 2005, “Ciência, Inovação e Criatividade”, são exemplos deste esforço. A recomendação dos avaliadores é de que deve ser ampliada a quantidade e a qualidade das publicações em periódicos, que todos os docentes tenham produção qualificada, e que sejam buscados veículos de publicação bem conceituados na “Qualis”, nacional e internacional, e não apenas locais.

A atenção pela instituição que vem sendo dada a estes programas, nos leva a crer que o caminho está claro, os professores envolvidos percebem o seu papel e a necessidade de trabalhar no sentido de qualificar cada um dos programas.

Mas um paradoxo merece atenção e cuidado. Os mestrados da Unijuí por suas características de interdisciplinaridade estão recebendo todos os doutores que querem trabalhar na Pós-Graduação, e tem sentido o seu interesse. No entanto, ao receber a todos, cada um com seu projeto e seu tema de pesquisa, sem ter o cuidado e atenção para buscar os caminhos de sua inserção a partir dos interesses institucionais do programa. Ocorre que muitas vezes tem prevalecido o interesse singulari- zado do docente, que quer usar o mestrado para dar conta de desenvolver as suas pesquisas. Isto tem causado problemas, expressos na dificuldade de vincular linhas de pesquisa com projetos de investigação, com as dissertações, com as discipli- nas e com a produção. É sem dúvida um impasse que precisamos resolver, e que poderia ser encaminhado através da definição institucional de uma política de pesquisa, em que estejam claras as linhas que interessam para a universidade e, particularizadamente, para cada Programa de Pós-Graduação. É fundamental considerar o contexto em que está inserida a universidade, de um lado a academia com as suas exigências e de outro o compromisso social com a região em que se insere e com a qual tem uma história de pensar junto com a comunidade os seus problemas e planejar o seu futuro.

Os programas de Pós-Graduação (atuais mestrados) contextualizados e sintonizados na universidade permitem consolidar internamente a pesquisa e estabelecer as regras para ingresso e permanência dos docentes no referido Programa, o que por seu lado permite criar uma dinâmica de avaliação constante dos docentes. Esta é fundamental para a garantia da realização dos objetivos da universidade e representa a contrapartida docente.

Isto tudo faz parte de uma política de pesquisa e pós-graduação que vem sendo discutida e implementada na Unijuí, e que merece toda a atenção, uma vez que significa a garantia de nosso status de universidade.

Quadro da Pós-Graduação Stricto Sensu

2.3 A responsabilidade social da instituição, considerada especialmente no que se refere à sua