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Avaliação preliminar dos indicadores ambientais na 1ª rodada

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3. Avaliação preliminar dos indicadores ambientais na 1ª rodada

Os especialistas sugeriram alterações no questionário Delphi enviado na 1ª rodada, como: melhoria da apresentação dos modelos, explicação mais detalhada e ampliação da escala.

Os especialistas em BIOCOM e em CULTEN, embora não tenham sugerido a inclusão de nenhum indicador específico, fizeram considerações importantes sobre a expansão de áreas para o plantio de dendê destinado à produção de biodiesel.

Destacaram que devem ser observados, por exemplo: (i) critério para escolha de áreas com potencial de expansão da cultura, as terras marginais de baixa produtividade;

(ii) possibilidade futura; (iii) relações entre clima e meio ambiente; (iv) atores sociais envolvidos na política de produção e uso de biocombustíveis e (v) produção orgânica sustentável do biodiesel.

De acordo com o especialista em CULTEN, participante da consulta Delphi, a produção orgânica, caso mantenha os níveis de produtividade próximos aos obtidos com o cultivo convencional no futuro, traria benefícios para a biodiversidade como um todo, uma vez que o uso excessivo de adubos sintéticos causa danos ao solo e consequentes impactos adversos, todos com componentes ambientais do ecossistema.

Outro conjunto de especialistas opta por mensurar a biodiversidade de forma indireta, conforme propõe Weidema & Lindeijer (2001) e Michelsen (2008), levando em consideração além da diversidade/riqueza de espécies, valores intrínsecos como: (i) a escassez e a vulnerabilidade do ecossistema e (ii) as condições para a manutenção da biodiversidade.

4.4. 2ª rodada da consulta Delphi

A 2ª rodada da consulta Delphi seguiu os mesmos procedimentos adotados na rodada anterior: os questionários foram enviados aos respondentes via e-mail ou entregues pessoalmente.

Juntamente com o novo questionário, foram enviados aos especialistas participantes os resultados da 1ª rodada, possibilitando que cada participante tivesse acesso ao conjunto de resultados obtidos e pudesse reavaliar sua opinião a partir da comparação com a opinião dos demais profissionais consultados. O apêndice E apresenta um modelo da documentação enviada aos especialistas na 2ª rodada.

Para esta etapa, foram incluídos 04 (quatro) novos indicadores sugeridos pelos especialistas na rodada anterior, além dos cinco já apresentados. Os questionários foram enviados aos mesmos profissionais que responderam à 1ª, tendo tido o retorno de doze questionários.

O Quadro 4, apresenta os 9 (nove) modelos de impactos de uso da terra enviados aos especialistas na 2ª rodada da consulta Delphi.

Uma terceira rodada de aplicação da consulta Delphi poderia ter acontecido, mas em virtude do tempo disponível para a concretização deste estudo, não foi possível a realização, o que possivelmente poderia avançar ou não na direção de uma convergência de opiniões entre as posições dos especialistas, na escolha do modelo mais adequado para avaliar a perda de biodiversidade no contexto da ACV de biocombustíveis.

Para avaliar se houve mudança de opinião por parte dos especialistas, após a apresentação dos resultados da 1ª rodada, aplicou-se o teste dos sinais, a partir da subtração dos dados da segunda variável dos dados da primeira, nesse caso da pontuação na 2ª e 1ª rodada respectivamente, os sinais das diferenças foram registrados tendo sido ignorados os pares com valores iguais (Apêndice F).

Quadro 4. Modelos de avaliação de impacto do uso da terra da 2ª rodada Delphi

Código Indicadores de Biodiversidade Propostos por:

I1 Diversidade de espécies de plantas vasculares Lindeijer (2000) I2 A riqueza de espécies (SR), a escassez inerente do ecossistema

(ES), a vulnerabilidade dos ecossistemas (EV) – utilizados para avaliar a qualidade da terra em termos de biodiversidade (Qbiodiversidade).

Weidema &

Lindeijer (2001)

I3 Proporção de espécies de aves e mamíferos que estão ameaçadas ou em perigo de extinção

Schenck (2006) I4 Riqueza de Espécies (SR), escassez do ecossistema (ES) e

condições para manutenção da biodiversidade (CMB).

Michelsen (2008) I5 Riqueza de espécies de plantas vasculares por área ocupada e

transformada

Schmidt, 2008 I6 Efeitos potenciais sobre um conjunto de espécies (SPEP) Köllner, (2003) I7 Indicadores com base na complexidade estrutural dos

ecossistemas.

Faria (2010) I8 Riqueza de espécies x escassez do ecossistema x vulnerabilidade

do ecossistema (Adaptado de Weidema, Lindeijer (2001)).

Sambuichi (2010).

I9 Indicador com base em parâmetros de espécies e ecossistemas Souza (2010) Fonte: Dados da pesquisa

Após a realização do teste dos sinais (apêndice F) aceitou-se a hipótese nula, tendo sido constatado que não houve mudança significativa de opinião dos especialistas entre as duas rodadas.

Por outro lado, considerando as opiniões dos especialistas por área e as especificidades e complexidade envolvidas na avaliação da biodiversidade, é pouco provável que se pudesse alcançar uma mudança significativa na direção de uma convergência de opiniões das quatro áreas de conhecimento propostas neste estudo.

A Figura 8 apresenta os resultados da 1ª e 2ª rodadas, a qual permite comparar as diferenças entre as convergências e divergências das opiniões dos especialistas na escolha do melhor modelo.

Figura 8. Comparação do IAN entre a 1ª (A) e a 2ª rodada (B) o – para os indicadores de biodiversidade por área de conhecimento.

Embora numa análise superficial dos resultados apontados nas figuras 8 (A e B), seja possível observar as diferenças do conjunto das opiniões dos especialistas entre a 1ª e a 2ª rodadas, indicado pelo valor do IAN em cada uma das rodadas, o teste estatístico não apontou a convergência de opiniões entre as duas rodadas (Apêndice F). Analisando porém, área por área, nota-se que os resultados não possuem um comportamento homogêneo.

Como resultado, observa-se que não houve mudança significativa entre os resultados da 1ª e 2ª rodadas para os especialistas em ACIVID (. Com a inserção de novos indicadores observou-se que o IAN do I2 variou de 70 a 80% não tendo, nenhum indicador, obtido a preferência dos especialistas.

Os especialistas em CULTEN apresentaram uma variação na resposta, se comparados o IAN da 1ª com o da 2ª rodada. Observou-se que houve alteração nas respostas, enquanto na 1ª rodada o I5 foi o indicador favorecido, na 2ª rodada os especialistas optaram pelo I4, com IAN acima de 80%.

Tanto na 1ª quanto na 2ª rodada não foi constatada nenhuma preferência por um indicador em especial, entre os especialistas em BIOCOM. Não foi constatada também, nenhuma mudança significativa da opinião dos especialistas entre as duas rodadas, com exceção do I2, o qual o IAN variou de 80% na 1ª para 67% na 2ª rodada.

Os especialistas em ECOBIO não apontaram preferência por nenhum indicador em especial, mas observa-se que o IAN variou para todos os indicadores de uma rodada para outra, não tendo sido uma variação significativa, exceto para o I2 que passou de 73% para 67%. Para os especialistas em ECOBIO houve uma convergência para a escolha do I7, com IAN próximo de 70%.

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I1 I2 I3 I4 I5

ACIVID CULTEN BIOCOM ECOBIO Todas as áreas

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I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

ACIVID CULTEN BIOCOM ECOBIO Todas as àreas

B

Por fim, quanto ao IAN dos indicadores para todas as áreas, observa-se que não houve mudanças entre as duas rodadas. Na 1ª rodada o IAN variou entre 60% para o I1 até ~70 % para o I5 e na 2ª rodada 60 e 57%, respectivamente, para I1 e I5.

Figura 9. Comparação da aplicabilidade (índice de Aplicabilidade – IAN) média dos indicadores de biodiversidade da área de ACIVID para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi.

Quando se compara o IAN das áreas entre a 1ª e a 2ª rodadas, observa-se que para os especialistas em ACIVID não houve mudança de opinião para os I3, I4 e I5, enquanto para o I1

e I2 pode ser observado um ligeiro aumento no valor do IAN calculado para a 2ª rodada.

Enquanto na 1ª rodada o I1 foi ligeiramente favorecido com IAN acima de 70%, na 2ª rodada o I6 foi o indicador que alcançou a maior pontuação, com IAN acima de 80% (Figura 9Figura 9).

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I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9

I Rodada II Rodada

Figura 10. Comparação da aplicabilidade (Índice de Aplicabilidade – IAN) média dos indicadores de biodiversidade da área de CULTEN para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi

Os especialistas em CULTEN mudaram de opinião na 2ª rodada, tendo sido observado que o indicador I5, favorecido na 1ª rodada,com IAN próximo de 90%, foi preterido pelos indicadores I4 e I8, com IAN acima de 80% (Figura 10).

Figura 11. Comparação da aplicabilidade média (índice de Aplicabilidade – IAN) dos indicadores de biodiversidade da área de BIOCOM para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi.

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Os especialistas em BIOCOM mantiveram a média de pontuação para I1, I3 e I4, tendo reduzido a pontuação para os indicadores I2 e I5. Observa-se que, enquanto na 1ª rodada o I2

foi o indicador favorecido, com IAN próximo de 80%, na 2ª rodada seu IAN foi reduzido para menos de 70%. Os indicadores I3 e I4 foram os que receberam a maior pontuação na 2ª rodada (Figura 11).

Figura 12. Comparação da aplicabilidade média (índice de Aplicabilidade – IAN) dos indicadores de biodiversidade da área de ECOBIO para a 1ª e 2ª rodadas do Delphi.

Dentre todas as áreas avaliadas, a dos especialistas em ECOBIO foi a que mais alterou sua pontuação na 2ª rodada (Figura 12). O IAN, para todos os cinco indicadores utilizados na 1ª rodada, foi reduzido. Enquanto na 1ª rodada o I1 foi o indicador favorecido, com IAN acima de 70%, na 2ª rodada os especialistas em ACIVID apontaram o I7, como sendo o indicador mais favorável, com IAN acima de 70% (Figura 13)

Vale ressaltar que embora alguns estudos considerem importante incorporar o conceito de espécies–chave na escolha dos indicadores de biodiversidade, tanto pelo papel que exercem no funcionamento dos ecossistemas, como por atuarem como indicadores da degradação da qualidade do habitat natural, os especialistas em ECOBIO optaram por

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favorecer na escolha, grupos taxonômicos que possuem dados de qualidade em escala global, como o grupo das plantas vasculares.

Essa escolha pelo modelo ideal tem sido apontada na literatura como uma das principais dificuldades, conforme destacam TREWEEK, 2006; SCHENCK, 2006;

GARDNER et al. 2009, confirmada pelos especialistas das áreas ECOBIO e ACIVID, em se incorporar aspectos referentes à diversidade genética, de habitats ou de ecossistemas.

Ao comparar o resultado da média de todas as áreas na 1ª e 2ª rodadas, observa-se que não houve alteração no sentido de convergência de opiniões entre os especialistas, para favorecer um modelo ou um indicador específico.

Observa-se, porém, que o I8 obteve um IAN levemente superior aos demais indicadores na avaliação dos especialistas, porém sem diferença estatisticamente significativa.

Figura 13. Comparação entre a avaliação da aplicabilidade (índice de Aplicabilidade – IAN) dos indicadores de biodiversidade com a média de todas as áreas na 1ª e 2ª rodadas.

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