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2.3 ANÁLISE DA POLÍTICA NACIONAL E DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

2.3.1 Conceituação de resíduos sólidos e sua classificação

A definição de resíduos sólidos de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), no seu art. 3, inc. XVI, assim como no art. 1° da Resolução n° 5/93 do CONAMA e na NBR N° 10.004/04 é:

Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:[...]

[...]XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível;

Art. 1º Para os efeitos desta Resolução definem-se: I - Resíduos Sólidos: conforme a NBR nº 10.004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - "Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível".62

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) distingue resíduos de rejeitos, onde resíduo é todo material em que há o seu reaproveitamento em outro processo produtivo como

62 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. CONAMA. Resolução CONAMA nº 5/93. Disponível em:

http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=130. Acesso em: 19 jul. 2022.

por exemplo, na reciclagem. Já os rejeito é o material que não se reutilizaria, reciclaria ou compostaria, devendo somente esses ser destinados aos aterros sanitários, com base no art. 3°, XV, da Lei n° 12.305/10.

[...]XV - rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada;

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em seu art. 13, aponta a classificação desses materiais categorizando-as em duas classes de acordo com a origem e a periculosidade.

Art. 13. Para os efeitos desta Lei, os resíduos sólidos têm a seguinte classificação:

I - quanto à origem:

a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências urbanas;

b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;

c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”; (grifo nosso) d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”;

e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”;

f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações industriais;

g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS;

h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis;

i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades;

j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira;

k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios;

II - quanto à periculosidade:

a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica;

b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea “a”.

Parágrafo único. Respeitado o disposto no art. 20, os resíduos referidos na alínea

“d” do inciso I do caput, se caracterizados como não perigosos, podem, em razão de sua natureza, composição ou volume, ser equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal.

Quanto à função dos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde classificam-se os resíduos sólidos, por meio de normas e Resoluções existentes. No CONAMA destaca-se a Resolução n° 5/93 a qual é aplicada aos resíduos gerados em portos, aeroportos, terminais ferroviários, rodoviários e também aos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) destaca a ABNT NBR n° 10.004/04, que apresenta outra classificação de resíduos sólidos e também os divide em duas classes, sendo elas: perigosos e não perigosos.

Para isso, diferenciam-se as suas propriedades como, por exemplo, a inflamabilidade, a corrosividade, a reatividade, a toxicidade e a patogenecidade, dando ênfase em tabular diversos resíduos perigosos em seus anexos. A ABNT NBR n° 10.005/04 e ABNT NBR n°

10.006/04 dispõe sobre procedimentos de obtenção de extrato lixiviado e solubilizado de resíduos sólidos. A ABNT NBR n° 10.007/04 traz a forma de coleta de resíduos por amostragem para sua identificação no meio ambiente.63

Visto que este estudo objetiva realizar a análise dos resíduos sólidos urbanos, compreendendo estes como não perigosos, resultantes de atividades domésticas domiciliares e de limpeza urbana, previsto no art. 3, inc. XIX da Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei n° 12.305/10. A Política Nacional de Saneamento básico descreve as atividades de serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos, conforme a alínea “c” do inciso I do caput do art. 3º e art. 7 da Lei n° 11.445/07.

[...]XIX - serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos:

conjunto de atividades previstas no art. 7º da Lei nº 11.445, de 2007.

Art. 3º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se:[...]

[...] I - saneamento básico: conjunto de serviços públicos, infraestruturas e instalações operacionais de:

[...] c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: constituídos pelas atividades e pela disponibilização e manutenção de infraestruturas e instalações operacionais de coleta, varrição manual e mecanizada, asseio e conservação urbana, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos domiciliares e dos resíduos de limpeza urbana; e

Art. 7o Para os efeitos desta Lei, o serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos é composto pelas seguintes atividades:

I - de coleta, de transbordo e de transporte dos resíduos relacionados na alínea “c”

do inciso I do caput do art. 3º desta Lei; (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) II - de triagem, para fins de reutilização ou reciclagem, de tratamento, inclusive por compostagem, e de destinação final dos resíduos relacionados na alínea “c” do inciso I do caput do art. 3º desta Lei; e (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) III - de varrição de logradouros públicos, de limpeza de dispositivos de drenagem de águas pluviais, de limpeza de córregos e outros serviços, tais como poda, capina, 63 BARTHOLOMEU, Daniela Bacchi (org.); FILHO, José Vicente Caixeta (org.). Logística Ambiental de Resíduos Sólidos. São Paulo: Atlas, 2011, p. 21.

raspagem e roçada, e de outros eventuais serviços de limpeza urbana, bem como de coleta, de acondicionamento e de destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos provenientes dessas atividades. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020)

É realizada a gestão das coletas de lixo urbano municipais por empresas especializadas sob responsabilidade do poder executivo municipal. Em alguns municípios não há pré-seleção ou separação de materiais (orgânicos e inorgânicos) no recolhimento do lixo, ficando a cargo de políticas e iniciativas públicas locais a criação de cooperativas de reciclagem para a separação prévia de materiais e também para sua correta destinação, devendo ir para os aterros sanitários apenas o que for classificado como rejeitos. Nesse sentido, a Lei n°

14.528/14, em seu art. 10, determina ainda a responsabilidade municipal pela gestão dos seus resíduos sólidos, sem prejuízo da fiscalização de órgãos estaduais e federais competentes.