2. Articulação obrigatória e pactuada
2.2. Aspectos relevantes
2.2.1. Diretrizes obrigatórias para a gestão
O objetivo de qualidade da meta, que inclui classe e parâmetros se- lecionados, funciona com o um verdadeiro elo entre os instrumentos de planejamento e gestão públicos e privados multisetorial e multinível e o saneamento pois os limites definidos pelo conjunto de parâmetros in- termediários e final são os objetivos comuns que devem ser perseguidos e respeitados por todos os demais instrumentos, articulando a gestão, visando ao mesmo objetivo: a garantia da qualidade e quantidade da água para atender aos usos (Tabela 1 a seguir).
E as diretrizes obrigatórias das metas, que garantem a perseguição dos parâmetros definidos pelo enquadramento, equivalem a um verdadeiro manual de integração da gestão das águas, fundamentais ao cumpri- mento do enquadramento e funcionamento do ciclo da gestão das águas (Figura 1). Nesse ciclo de gestão, o monitoramento, que também observa as diretrizes, é de fundamental importância ao fornecer as informações necessárias para o acompanhamento e perseguição das metas por todos os gestores e prestadores de serviços.
As diretrizes (desdobramento das realizações físicas e atividades de gestão em unidades de medidas), ao se tornarem obrigatórias com a aprovação do enquadramento, estabelecem obrigação para os diferentes
instrumentos45 se articularem e/ou se integrarem para a efetivação das metas de qualidade das águas:
Instrumento e Política Articulação com
o Enquadramento Previsão Legal
Sistema de Informação de Recursos Hídricos Política de Recursos Hídricos
Reúne, dá consistência e divulga dados e informações de qualidade e quantidade de água para as me- tas. As metas definem diretrizes para os procedimentos do Sistema de Informação.
Arts. 25 a 27, da Lei nº 9.433/1997
Planos de Recursos Hídricos Política de Recursos Hídricos
São conteúdos do Plano, as metas e as medidas, programas e projetos necessários para seu alcance, in- cluindo o Programa de Efetivação do Enquadramento.
Art. 7º, IV e V, da Lei nº 9.433/1997
Art. 3º da Res. CNRH nº 91/2008
Outorga de uso dos Recursos Hídricos
Política de Recursos Hídricos
A outorga visa assegurar o controle qualitativo e quantitativo dos usos da água e garantir os usos múlti- plos definidos pela meta.
As metas intermediárias e finais definem diretrizes obrigatórias para outorga, incluindo limites progressivos para cada parâmetro de qualidade de água e condições de uso.
Art. 11 e 13, da Lei nº 9.433/1997 Art. 9º da Res. CNRH nº 91/2008 Arts. 1º e 2º, da Res. CNRH nº 65/2006
Cobrança pelo uso d’água
Política de Recursos Hídricos As metas intermediárias e finais definem diretrizes para a cobrança e para os investimentos de seus recursos.
Art. 19 a 22, da Lei nº 9.433/1997 Art. 38, § 3º, da Res. Conama nº 357/2005
Art. 22 da Res. Conama 396/2008 Unidades de Conservação e
Zoneamento
Política de Recursos Hídricos e de Meio Ambiente
As metas definem diretrizes obri- gatórias para o zoneamento e áre- as sujeitas à restrição de uso para a proteção dos recursos hídricos.
Art. 7º, X da Lei nº 9.433/1997 Art. 4º, VIII, da Lei nº 9.985/2000 Art. 14, II, do Decreto nº 4.297/2002 Área de Preservação Permanen-
te e Reserva Legal Política Ambiental
As metas definem diretrizes obri- gatórias para a conservação e recuperação de áreas de preser- vação permanente e reserva legal, incluindo limites à intervenção e supressão de vegetação nas áreas de preservação e critérios para a localização da Reserva Legal.
Arts. 4º, § 5º, 6º, II, 8º, 14, I, e 61A, § 17, todos da Lei nº 12.651/2012
45 Ver definição de alguns instrumentos de gestão em Glossário e notas dos Tópicos anteriores do Manual.
Instrumento e Política Articulação com
o Enquadramento Previsão Legal
Planos Diretores Municipais/
ordenação e controle do uso do solo
Política de Recursos Hídricos e Política Urbana
As metas e Programas de Efetiva- ção definem objetivos de qualidade e diretrizes obrigatórias para os Planos Diretores Municipais vi- sando à proteção, recuperação e conservação dos recursos hídricos.
Arts. 2º, IV e VI, “g”, da Lei nº 10.257/2001
Programa Produtor de Água Política Ambiental
As metas definem objetivos e diretrizes que podem fomentar, direcionar a implementação e ope- ração dos programas produtor de água em áreas prioritárias tendo em vista a garantia da qualidade e quantidade das águas por meio de pagamento por serviços ambien- tais. Nesse sentido, os programas produtores de água podem ser in- cluídos como programas dos Pla- nos de Bacia para atingir as metas propostas.
Art. 7º, V da Lei nº 9.433/1997
Plano de Saneamento
Política de Saneamento As metas definem diretrizes obri- gatórias para o plano de sanea- mento, captação de água para abastecimento e para a qualidade dos efluentes das estações de tratamento atingirem progressi- vamente o enquadramento.
Art. 44 da Lei nº 11.445/2007 Art. 4º da Res. Conama nº 357/2005
Seção III da Res. Conama nº 430/2011
Plano de Segurança da Água (PSA)
Política de Saneamento
O responsável pelo sistema ou so- lução alternativa coletiva de abas- tecimento de água para consumo humano deve manter avaliação sistemática do sistema ou solução alternativa coletiva de abasteci- mento de água, sob a perspectiva dos riscos à saúde, conforme os princípios dos Planos de Segurança da Água (PSA) recomendados pela Organização Mundial de Saúde. O PSA deve considerar as metas de qualidade das águas destinadas ao abastecimento e pode, inclusive, exigir que as metas sejam mais restritivas para a prevenção dos riscos e/ou recomendar diretrizes específicas ao enquadramento.
Art. 13, IV “e”da Portaria MS nº 2.914/2011
Guia para a Qualidade das Águas de Abastecimento da Organi- zação Mundial da Saúde, 4. ed.
2011: Recomendações – Plano de Segurança da Água.
Instrumento e Política Articulação com
o Enquadramento Previsão Legal
Plano de Defesa Civil Política de Defesa Civil
Os Planos de Defesa Civil devem considerar as metas de qualida- de das águas na identificação dos riscos de desastres na bacia e a definição de ações gover- namentais. E as metas devem incorporar diretrizes dos Planos de Defesa Civil para prevenção e gestão dos riscos de desas- tres, quando estas forem mais restritivas.
Arts. 3º, 4º, 5º e 6º da Lei Federal nº 12.608/2012
Art. 4º, VI, da Resolução CNRH nº 91/2008
Licença Ambiental
Política Ambiental As metas e os padrões de lança- mento definem diretrizes obriga- tórias para as licenças ambientais de empreendimentos na bacia, incluindo avaliação de viabilida- de de instalação e operação do empreendimento e lançamento de efluentes. As metas também definem diretrizes obrigatórias para os Planos Ambientais de Con- servação e Uso dos Reservatórios Artificiais exigidos no âmbito do licenciamento para as empresas de abastecimento.
Art. 9º, IV, da Lei nº 6938/1981 Res. Conama nº 430/2011 e nº 357/1997
Arts. 2º, II, e 4º da Res. Conama nº 302/2002 Art. 5º da Lei nº 12.651/2012
Compensação Ambiental
Política Ambiental As metas preveem diretrizes obri- gatórias que devem ser conside- radas na definição das Unidades de Conservação da Bacia a serem criadas ou beneficiadas com re- cursos oriundos de compensação ambiental.
Art. 36 da Lei nº 9.985/2000 Art. 9 da Resolução Conama nº 371/2006
Compliance
Política de Gestão Privada e Pública
As diretrizes obrigatórias das me- tas devem ser consideradas pelas instituições públicas e privadas ao verificar, adequar e monitorar via compliance, a conformidade os usos e atividades com a legisla- ção e princípios fundamentais na gestão das águas.
Art. 6º, III da Lei nº 13.334/2016 Lei nº 12.846/2013
Normas ABNT
Política de Gestão Privada e Pública
A observância das diretrizes das metas de qualidade de água devem ser requisitos para a obtenção de certificados de cumprimento das normas ISO e ABNT. Essas normas podem também exigir parâmetros e diretrizes mais restritivas em re- lação às metas.
Normas ABNT Normas ISO
Tabela 1 – Articulação dos instrumentos com o enquadramento
Ao definir atividades e medidas de gestão obrigatórias, o enquadra- mento torna-se instrumento-chave para cumprir as diretrizes gerais de ação da Política das Águas, as quais incluem: gestão associada dos aspectos de qualidade e quantidade das águas, integração da gestão ambiental e de recursos hídricos e articulação com os setores de usuários e plane- jamento regional, estadual e nacional e gestão do uso do solo. E, ao ser definido em função da realidade dos usos atuais e futuros e impactos de cada bacia, cumpre com a diretriz de se adequar às diversidades físicas, bióticas, econômicas e sociais (art. 3º da Lei nº 9.433/1997).
2.2.2. Diretrizes Obrigatórias para o Sistema de Informação e