• Nenhum resultado encontrado

2.1 Política de inovação no Brasil

2.1.3 Dispositivos de apoio à inovação

Considerando o cenário de políticas de estímulo à atividade de P,D&I para o setor produtivo brasileiro, foram criados diversos dispositivos de suporte à inovação, tais como incentivos fiscais, subvenções, financiamentos e capacitação de recursos humanos (ABGI, 2019). Conforme representado na Figura 4, abaixo, os mecanismos de apoio são classificados em apoio indireto e direto:

Figura 4 - Mecanismos de Apoio às Escolas de inovadores e Centros de excelências e referências em inovação

Fonte: ABGI Brasil (2019).

O Apoio Indireto refere-se aos incentivos fiscais, com o objetivo de diminuição da carga tributária sobre as atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), cita-se como exemplo a Lei do Bem. O Apoio Direto refere-se aos benefícios fiscais decorrentes de financiamentos e empréstimos realizados pelos operadores públicos, esses financiamentos podem ser segregados em reembolsáveis, não reembolsáveis e recursos humanos para P,D&I (ABGI, 2019).

De acordo com Meirelles (2008, p.136), os financiamentos não reembolsável e reembolsável são:

Financiamento não reembolsável – Apoio financeiro concedido a instituições públicas ou organizações privadas sem fins lucrativos destina-se à realização de projeto de pesquisa científica ou tecnológica ou de inovação e, também, realização de estudos ou de eventos e seminários voltados ao intercâmbio de conhecimento entre pesquisadores.

Financiamento reembolsável – Crédito concedido a instituições que demonstrem capacidade de pagamento e condições para desenvolver projetos de P, D&I. Os prazos de carência e amortização, assim como os encargos financeiros, variam de acordo com a modalidade de financiamento, as características do projeto e da instituição tomadora do crédito.

Destacam-se, no quadro abaixo, alguns tipos de mecanismos de fomento à inovação tecnológica, suas características e descrição.

Quadro 1- Tipos de Mecanismos de Apoio à Inovação Tecnologia e sua Descrição Característica Mecanismos de

Apoio à Inovação Descrição

Apoio Indireto

Lei do Bem

A Lei nº. 11.196/ 2005, por meio de seu Decreto nº. 5.798/ 06 dispõe, sobre os incentivos fiscais que as pessoas jurídicas podem usufruir de forma automática, desde que realizem pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica.

Lei da Informática

A Lei nº. 8.248/ 1991 dispõe sobre os incentivos fiscais para as atividades de pesquisa no setor de informática, com o objetivo de redução do imposto sobre produtos industrializados (IPI) para aquisição de bens e serviços de informática e automação, com a contrapartida de investimentos em atividades de P, D& I.

INOVAR-AUTO

A Lei nº. 12.715/ 12 (regulamentada pelo Decreto nº. 7.819/ 12) diz respeito ao novo regime tributário para a indústria automobilística nacional, com o objetivo de estimular o investimento das empresas em P&

D, Engenharia, Tecnologia Industrial Básica e capacitação de fornecedores.

Apoio Direto - Recursos não reembolsáveis

Subvenção Econômica

Lançado em agosto de 2006, o programa Subvenção Econômica da FINEP permite a aplicação de recursos públicos não reembolsáveis diretamente em empresas brasileiras que desenvolvam projetos de inovação, estratégicos para o país, compartilhando os custos e os riscos inerentes a tais atividades. O programa ocorre por meio de chamadas públicas, nas quais são especificados os temas/ áreas apoiadas, o valor mínimo da subvenção, os critérios de pontuação dos projetos e as exigências de investimento de recursos (contrapartida) por parte das empresas.

PIPE–FAPESP - Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas

Programa criado em 1997, destina-se apoiar a execução de pesquisa científica e/ou tecnológica em micro, pequenas e médias empresas no Estado de São Paulo. Tem como objetivos: 1. Apoiar a pesquisa em ciência e tecnologia como instrumento para promover a inovação tecnológica e o desenvolvimento empresarial, com o objetivo de aumentar a competitividade das pequenas empresas; 2. Incrementar a contribuição da pesquisa para o desenvolvimento econômico e social; 3. Induzir o aumento do investimento privado em pesquisa tecnológica; 4. Possibilitar que as empresas se associem a pesquisadores do ambiente acadêmico em projetos de pesquisa visando à inovação tecnológica; 5. Contribuir para a formação e o desenvolvimento de núcleos de desenvolvimento tecnológico nas empresas e para a ampliação das oportunidades de emprego de pesquisadores no mercado.

PITE-FAPESP - Parceria para Inovação Tecnológica

O Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE) destina-se a financiar projetos de pesquisa em instituições acadêmicas ou institutos de pesquisa, desenvolvidos em cooperação com pesquisadores de centros de pesquisa de empresas localizadas no Brasil ou no exterior e co-financiados por estas. O Programa tem como objetivo intensificar o relacionamento entre universidades/institutos de pesquisa e empresas, por meio da realização de projetos de pesquisa cooperativos e co-financiados.

Funtec

Outra possibilidade de obtenção de recursos não reembolsáveis é o Fundo Tecnológico (BNDES Funtec). Neste fundo são disponibilizados recursos para projetos realizados por instituições tecnológicas em parcerias com empresas que exerçam atividade econômica diretamente ligada ao escopo do projeto. O BNDES, neste caso, apoia até 90% do valor total do projeto e a empresa financia a partir de 10% do mesmo. O Funtec funciona em fluxo contínuo e possui em média três reuniões anuais para análise dos projetos.

Apoio Direto - Recursos reembolsáveis

Finep 30 Dias

Em operação desde o dia 3 de setembro de 2013, o Finep 30 Dias já pode ser considerado um novo modelo na política de apoio financeiro a projetos de inovação no Brasil. A nova metodologia tem por objetivo principal desburocratizar o acesso ao crédito, realizando a análise de projetos encaminhados por empresas no prazo máximo de um mês. O antigo Inova Brasil da Finep tinha um longo prazo para aprovação do projeto e avaliação de garantias antes da contratação. Com o Finep 30 dias esse prazo caiu para 90 dias (aprovação e avaliação), o que permite às empresas executarem projetos que visem competitividade imediata. O novo modelo consiste em uma metodologia com padrão internacional que visa simplificar os processos, aumentar a transparência, rapidez e a qualidade dos pareceres concedidos pelos analistas da Financiadora. Todo o processo é realizado online, no qual as empresas precisam preencher apenas dois formulários destinados a avaliar a empresa, suas características tecnológicas, informações financeiras e seu Plano Estratégico de Inovação.

BNDES Inovação

Apoia o crescimento da competitividade por meio de investimentos em inovação compreendidos na estratégia de negócios da empresa, sendo contempladas ações tanto de capacitação para inovar quanto as inovações potencialmente disruptivas ou incrementais de produtos, processos e/ ou marketing. A participação máxima do BNDES é de até 90% dos itens financiáveis, e o valor mínimo do financiamento é de R $ 1 milhão, sendo o apoio desta linha realizado diretamente com o BNDES.

Recursos Humanos

Programa Rhae

Este Programa do CNPq tem como objetivo selecionar propostas para apoio financeiro a projetos que visem contribuir significativamente para o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação no país, por meio da inserção de mestres ou doutores em empresas privadas.

Ciência Sem Fronteiras Este programa governamental busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência, tecnologia e inovação com o intercâmbio internacional de estudantes, professores e pesquisadores.

Inova Talentos

Este programa do IEL em parceria com o CNPq visa ampliar o número de profissionais qualificados em atividades de inovação no setor empresarial brasileiro. Para participar, as empresas e institutos privados de pesquisa e desenvolvimento devem apresentar um projeto de inovação no qual o profissional selecionado terá uma contribuição relevante. Neste programa, os profissionais selecionados terão a oportunidade de vivenciar o ambiente empresarial, e receberão capacitações que visam o desenvolvimento de competências comportamentais, gerenciais e técnicas para atuarem em atividades de inovação.

Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Garcia (2014, p. 22)

Como apresentado, inúmeros são os mecanismos e possibilidades que o governo tem propiciado para estimular o investimento privado em inovação tecnológica. Todavia, esses estímulos somente têm razão se forem aplicados corretamente e de forma perene pelo setor produtivo nacional, com o objetivo de que o capital público-privado em P,D&I e a criação de conhecimento sejam efetivas para o aumento da competitividade do Brasil frente à concorrência internacional. Para essa finalidade, é imprescindível o empenho dos agentes do SNI – Sistema Nacional de Inovação em P,D&I no desenvolvimento de produtos e processos.