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3. METODOLOGIA: OS CAMINHOS DA PESQUISA

3.2 INSTRUMENTOS UTILIZADOS

3.2.5 Entrevista

A entrevista representa um importante meio de coleta de dados para a investigação social, assim, segundo Marconi e Lakatos (2007, p.197) a entrevista é

“um encontro entre duas pessoas, afim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional”. Isso evidencia características que demonstram que a entrevista é um meio riquíssimo para adquirir informações, principalmente por se tratar de um método no qual há o contato com outras pessoas, permitindo que a partir disso, temas previamente selecionados possam ser dialogados e outros assuntos considerados pertinentes possam surgir. Neste ponto, ao tratar sobre a importância da entrevista, Brito Júnior e Feres Júnior (2011, p. 241) apontam que:

A versatilidade e o valor da aplicação desta técnica tornam-se evidentes por ser aplicada em muitas disciplinas sociais científicas e também na pesquisa social comercial. Psicólogos, sociólogos, pedagogos, assistentes sociais e praticamente todos os outros profissionais que tratam de problemas humanos utilizam desta técnica não só para coletar dados, mas também para diagnósticos e orientação. Pela flexibilidade que a entrevista possui, muitos autores defendem que parte importante do desenvolvimento das ciências sociais, nas últimas décadas, se deve à sua aplicação (BRITO JÚNIOR e FERES JÚNIOR, 2011, p. 241).

Esta constatação evidencia o fato de que a utilização da técnica de entrevistas foi uma das responsáveis pelo grande desenvolvimento das ciências sociais nos últimos anos, sobretudo por possuir versatilidade e por poder ser usada em diversas áreas do conhecimento, constituindo-se assim, como um importante meio de coleta de dados nos mais diferentes âmbitos a serem investigados. Dessa forma, ao utilizar esse instrumento é preciso que as perguntas a serem realizadas sejam construídas

73 com base em critérios que busquem abordar questões fundamentais da temática em questão, evitando assim, que elementos relevantes fiquem sem ser tratados no decorrer da entrevista.

Nessa direção, percebe-se que essa técnica exige uma relação de interação entre os participantes, de modo que é fundamental saber ouvir e saber ser ouvido para que haja uma maior compreensão das perguntas e das respostas mencionadas. Isso demonstra que durante a entrevista há uma constante influência entre quem pergunta e quem responde, visto que podem haver diferentes interpretações acerca de uma mesma informação, pois diversos fatores influenciam no diálogo, inclusive a entonação utilizada. Com isso, é importante evidenciar também que existem diferentes tipos de entrevista, dentre eles, destacam-se a entrevista estruturada, a não estruturada e a semiestruturada. Ambas possuem maneiras próprias de pesquisa e se distinguem em algumas características especificas.

A entrevista estruturada caracteriza-se pelo fato de que todas as perguntas a serem realizadas devem ser previamente estabelecidas e, no momento do diálogo, não há uma abertura a novas questões, pois o roteiro elaborado deve ser seguido rigidamente. No entanto, sabemos que durante a conversa novos aspectos podem surgir e, consequentemente, novas indagações também. Dessa maneira, pelo fato de não haver a possibilidade de novas questões serem constituídas ao longo da entrevista, corre-se o risco de que a temática seja tratada de forma superficial e de que certas nuances fiquem de fora. Contudo, cabe ainda salientar os benefícios trazidos por essa técnica, logo, é exatamente nesse sentido que Brito Júnior e Feres Júnior (2011, p. 240) reiteram que:

Algumas das principais vantagens em se utilizar a entrevista estruturada, estão na sua rapidez e no fato de não exigirem exaustiva preparação dos pesquisadores, o que implica em custos relativamente baixos. Outra vantagem é possibilitar a análise estatística dos dados, já que as respostas obtidas são padronizadas, mas isto ocasiona em contrapartida, na não possibilidade de análise dos dados com uma maior profundidade. (BRITO JÚNIOR e FERES JÚNIOR, 2011, p.

240).

Por outro lado, na entrevista não estruturada, também chamada de entrevista aberta, não é definida previamente nenhuma pergunta, pois todas elas devem ser desenvolvidas a partir do diálogo entre o entrevistador e o entrevistado, de modo que a conversa não é guiada por um roteiro de perguntas. Dessa forma, conforme

74 conceitua Mattos (2005, p. 823), “a entrevista não estruturada é aquela em que é deixado ao entrevistado decidir-se pela forma de construir a resposta”. Isso evidencia a existência de uma certa espontaneamente nas perguntas e nas respostas mencionadas. Logo, embora seu uso seja importante por possibilitar uma maior liberdade e flexibilidade nos rumos do diálogo, corre-se o risco de que elementos chave sobre o fenômeno em estudo fiquem de fora da entrevista, fato que demonstra a importância de haver um direcionamento nos questionamentos feitos para que aspectos importantes não sejam negligenciados.

Em contrapartida, a entrevista semiestruturada permite uma maior versatilidade na temática trabalhada, pois caracteriza-se como um tipo de entrevista na qual as perguntas principais são estabelecidas previamente, como se fossem uma estrutura organizacional dos elementos a serem tratados, mas que não são a totalidade, de modo que ao longo da conversa novas questões podem ser trazidas. Isso se constitui como uma característica fundamental da entrevista semiestruturada: a possibilidade de desenvolver novas perguntas a partir do diálogo que esteja sendo desenvolvido.

Sendo assim, de acordo com Manzini (2004, p. 6):

A partir de um roteiro com perguntas bem elaboradas, a possibilidade de acertar nas intervenções pode aumentar. Um roteiro bem elaborado não significa que o entrevistador deva tornar-se refém das perguntas elaboradas antecipadamente à coleta, principalmente porque uma das características da entrevista semi-estruturada é a possibilidade de fazer outras perguntas na tentativa de compreender a informação que está sendo dada ou mesmo a possibilidade de indagar sobre questões momentâneas à entrevista, que parecem ter relevância para aquilo que está sendo estudado (MANZINI, 2004, p. 6).

Diante do exposto, temos aqui elementos que demonstram as vantagens que a entrevista semiestruturada possui, pois possibilita a construção de um roteiro inicial, no qual são estabelecidas questões fundamentais à temática a ser pesquisada, mas que, para além disso, há a possibilidade de que novos questionamentos sejam desenvolvidos durante o diálogo, permitindo assim, um maior aprofundamento acerca do tema. Frente a isso, vale ressaltar que a as entrevistas realizadas ao longo desta pesquisa foram conduzidas de maneira semiestruturada, por possibilitar um diálogo mais contextualizado, completo e aprofundado nas questões dos fenômenos estudados. Posto isso, tais entrevistas foram feitas com professores que fazem parte do contexto do Curso de Educação do Campo e que estiveram presentes no processo

75 de construção do PPC, possibilitando assim, conhecer diversos aspectos acerca do desenvolvimento do curso.

No documento universidade federal do recôncavo da bahia (páginas 72-75)