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Jogos em disciplinas sobre patrimônio histórico no curso de Arquitetura e Urbanismo

O ENSINO DO PATRIMÔNIO CULTURAL POR MEIO DE JOGOS NA GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

2.2 Jogos em disciplinas sobre patrimônio histórico no curso de Arquitetura e Urbanismo

O curso de Arquitetura e Urbanismo tem como objetivo formar profissionais para trabalhar com projetos, planejamento, construção e organização de espaços internos e externos, elaborados de acordo com necessidades sociais atendendo à ao conforto, forma e função. A grade curricular, portanto, abrange disciplinas tanto do campo técnico quanto do social. O conteúdo voltado ao patrimônio histórico normalmente ofertado após o meio do curso, pois tem como pré-requisito conhecimentos em história, materiais e sistemas construtivos. A seguir, mostra-se as universidades públicas nas capitais nordestinas que abordam a EP em sua grade curricular juntamente com o semestre em que são ofertadas (Figura 4).

Figura 4. Quadro das disciplinas voltadas à patrimônio histórico.

Instituição Disciplina Semestre

UEMA Técnias retrospectivas 7º

UFPI Técnicas retrospectivas 8º

UFC Patrimônio cultural edificado 8º

UFRN Preservação e técnicas tetrospectivas 7º

UFPB Fundamentos para intervenções em áreas históricas 5º

UFPE Técnica retrospectiva 7º

UFAL Teoria e técnica do restauro 7º

UFS Técnicas retrospectivas 7º

UFBA Técnicas retrospectivas 6º

Fonte: A autora, 2021.

Para fins deste trabalho serão apresentados os resultados do desenvolvimento de jogos pelos alunos nos semestres 2018.1 e 2019.2 da disciplina Teorias e técnicas retrospectivas do Centro Universitário Paraíso, ministrada pela autora. Além de abordar teoria e história do restauro, legislação voltada ao patrimônio e da sua relação com a sustentabilidade, a ementa prevê conteúdo de preservação do patrimônio arquitetônico cultural, onde a EP é apresentada.

II CONGRESSO DE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL

A turma foi dividida em equipes e cada uma ficou com um tema para ser abordado através de qualquer tipo de jogo: natureza, arte e cultura, arquitetura religiosa, habitação e mobilidade urbana. Cada jogo deveria apresentar um manual de instruções e responder os seguintes tópicos: tema, objetivo geral, objetivos específicos, enredos, recursos, níveis/desafio, pontuação. No dia da apresentação, cada equipe explicava seu jogo para o restante da turma. Além dos demais colegas de sala, estava presente uma banca composta por quatro professores da instituição, conforme figuras a seguir.

Figura 5 e 6. Apresentação do jogo e banca jogando-o.

Fonte: A autora, 2018.

Figura 7 e 8. Apresentação do jogo e banca jogando-o.

Fonte: A autora, 2018.

As equipes tanto se inspiraram em jogos existentes quanto desenvolveram os seus próprios. Também utilizaram materiais ofertados no mercado, como dados, pinos, assim como confeccionaram esses outros acessórios. A qualidade da confecção do jogo físico também foi avaliada e os alunos apresentaram ótimos protótipos.

Figura 9. Roleta confeccionada pela equipe.

II CONGRESSO DE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL Fonte: A autora, 2019.

A banca convocada era composta por um professor do curso de Arquitetura e Urbanismo e três de outros cursos da instituição. Enquanto o professor do curso contribuiu com avaliações sobre a aplicação dos assuntos da disciplina ao jogo, os demais julgaram se aquela abordagem era compreensível a qualquer público.

Figura 10. Dominó formado por imagens e texto, ambos de fácil leitura e compreensão.

Fonte: A autora, 2019.

As turmas apresentaram resultados além dos esperados. Desenvolveram bem os jogos graficamente, demonstrando conhecimentos adquiridos ao longo do curso, como também aplicaram o conteúdo da disciplina nos temas que lhes foram propostos. A banca jogou brevemente cada um para compreender o funcionamento de cada jogo, que eram bastante diferentes entre si.

O principal aprendizado se deu por conta da motivação dos alunos ao desenvolver um produto em que foram aplicados os conhecimentos das aulas expositivas ministradas previamente. Portanto, o objetivo de trazer a EP para fins práticos foi alcançado com sucesso no ensino superior. A instituição voltou a desenvolver jogos relacionados ao patrimônio cultural no grupo de pesquisa e extensão Memórias Cariri, coordenado pela autora e por mais duas professoras do curso de Arquitetura e Urbanismo. Os trabalhos desenvolvidos serão apresentados no próximo Seminário de Iniciação Científica, previsto para setembro de 2021.

3CONSIDERAÇÕESFINAIS

Os jogos desenvolvidos pelos alunos nos semestres de 2018.2 e 2019.1 não foram divulgados para a comunidade. Por isso, pensou-se em desenvolver outros jogos no grupo de pesquisa e extensão já mencionado: dessa forma, a população terá acesso e será possível avaliar melhor o desempenho desse tipo

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de trabalho. Estima-se divulgá-los por meio de ação conjunta11 com museus e órgãos de preservação do patrimônio histórico local.

O estudo de caso apresentado mostrou que é possível desenvolver jogos educativos tão envolventes quanto os de apenas entretenimento. Notou-se também que há aumento considerável do envolvimento dos alunos quanto à retenção da informação diante dos conteúdos acadêmicos. Logo, a EP é favorecida com a extensão universitária, pois são jogos desenvolvidos pela academia e que chegam na comunidade com material de qualidade gráfica e a acompanhamento do(s) docente(s) em todo o processo.

A preservação do patrimônio histórico precisa urgente de ações como esta pois a degradação do patrimônio histórico no Brasil não é problema recente. Jogos e outras atividades lúdicas se mostram eficientes estratégias para aproximar a população do discurso dos órgãos de proteção patrimonial. A linguagem acessível do jogo facilita este entendimento e contribui para a tomada de consciência da população em relação à sua história.

É necessário ainda ultrapassar os limites do ensino acadêmico e aproximá-lo da sociedade.

Novamente os jogos permitem essa quebra de barreiras. Cabe ao docente facilitar esse encontro e assim demonstrar que o engajamento dos alunos por meio de atividades diferenciadas tem bastante a acrescentar não só aos alunos, mas também à toda comunidade.

4REFERÊNCIAS

CAMPOS, C. C. V.; OSHIMA, R. M. S.; QUIRINO, T. M. F. O Uso de Jogos no Ensino Superior Como Estratégia Pedagógica. Disponível em <encurtador.com.br/axFW5>. Acesso em 4 abr. 2021.

CARRIÓN, Fernando. El centro historico como objeto de deseo. Pontificia Universidad Católica de Chile Santiago, Chile. EURE, vol. XXXI, núm. 93, agosto, 2005.

CHOAY, Françoise. Alegoria do Patrimônio. São Paulo: UNESP, 2006.

CRUZ, D. M.; GONÇALVES, B. S.; TEIXEIRA, J. D. Um modelo de roteiro de game educativo com base no design de narrativa. In BLIKSTEIN, P.; MEIRA, L. orgs. Ludicidade, jogos digitais e gameficação na aprendizagem. Porto Alegre: Penso, 2020.

Educação patrimonial. Histórico, conceitos e processos. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional: IPHAN, 2014.

FUENTES, María Teresa Martínez. Evolução do jogo ao longo do ciclo vital. In MURCIA, Juan Antonio Moreno. Aprendizagem através do jogo. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 29 - 44.

LIMA, Marcos R. Ornelas de. Lições dos games para se pensar a reconstrução do espaço escolar ou como Super Mario pode dialogar com Paulo Freire. In BLIKSTEIN, P.; MEIRA, L. orgs. Ludicidade, jogos digitais e gameficação na aprendizagem. Porto Alegre: Penso, 2020.

MACEDO, L. de; PASSOS, N. C.; PETTY, A. L. S. Aprender com jogos e situações-problema. Porto Alegre: Artmed, 2007.

MACEDO, L. de; PASSOS, N. C.; PETTY, A. L. S. Os jogos e o lúdico na aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed, 2007.

ORTIZ, Jesús Paredes. A aproximação teórica à realidade do jogo. In MURCIA, Juan Antonio Moreno.

Aprendizagem através do jogo. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 9 28.

ROSSI, C. M. S. Educação Patrimonial e História da Educação: contribuições para a formação de professores.

Horizontes, v. 35, n. 1, p. 113-120, 1 maio 2017.

11 Até a elaboração e submissão deste trabalho, atividades escolares, culturais e de entretenimento estão suspensas por tempo indeterminado devido à pandemia causada pelo vírus da Covid-19.

II CONGRESSO DE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL

II CONGRESSO DE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL

UMA PROPOSTA PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL MUNDIAL ATRAVÉS DA CRIAÇÃO DE UM TRIBUNAL DE CONTAS INTERNACIONAL PARTINDO DA ANÁLISE DE DIREITOS HUMANOS:

QUESTÕES ABERTAS E EM CONSTRUÇÃO NA VISÃO DE PAULO CÉSAR CARBONARI

LOPATIUK, Carlos1.

Doutor em Ciencias Empresariais - UMSA-AR; Doutorando em Ciências Sociais pela UEPG; Doutorando em Direito pela UNL-PT, professor Efetivo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Formado em Direito, Ciências Contábies e Administração Pública. Servidor Efetivo do Tribunal de Contas do Paraná, atualmente no Tribunal de Justiça do Paraná. carloslopatiuk@yahoo.com.br

"[...] a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntai: Por quem os sinos dobram; eles dobram por vós" John Donne

“Por vezes o direito invade o mundo da vida sem nem sempre ter sido chamado. Já os Direitos Humanos são universais e antes de um direito é obrigação de todos defendê-lo tal qual a vida”

Carlos Lopatiuk

RESUMO

O presente trabalho tras uma proposta para o desenvolvimento social mundial atraves da analise da viabilidade de criação de um Tribunal de Contas Internacional com ênfase no combate à corrupção e o controle social diante dos direitos fundamentais, tendo como amostra a área de saúde, através de uma estrutura equiparada do Tribunal Penal Internacional. Pesquis os direitos humanos a partir da perspectiva ético-filosófica, indicando as questões fundamentais e abrindo espaço para que ocorra a construção de um debate a partir da perspectiva de Paulo César Carbonari, relacionado à proposta e aborda principalmente a problemática da crise do sujeito, conceito de vitimização e aspectos ético-filosóficos. Discorre sobre a compreensão de sujeito de direitos a partir da construção entre liberdade e igualdade, bem como aborda a educação como um direito de interação e mediação histórica. Na visão de Carbonari de que direitos humanos vai além da declaração de vontade do sujeito, definindo Direitos Humanos como vontades objetivas e satisfação das necessidades humanas, conclui-se que o texto tratado no resumo tem relação com o objeto proposto, justamente, da viabilidade de criação do Tribunal de Contas Internacional apresentar dentro de suas competências a possibilidade de resolver questões frente à temática dos Direitos Humanos, na preservação dos direitos, bem como nas questões relativas às contas e corrupção, auxiliando na defesa e outras de ordem transnacionais.

Palavras-chave: Crise do sujeito, ético-filosófico, sujeito de direitos, educação.

ABSTRACT:

The present work brings a proposal for the world social development through the analysis of the feasibility of creating an International Court of Auditors with an emphasis on combating corruption and social control in the face of fundamental rights, taking as a sample the health area, through a equivalent structure of the International Criminal Court. Research human rights from an ethical-philosophical perspective, indicating the fundamental issues and opening space for the construction of a debate from the perspective of Paulo César Carbonari, related to the proposal and mainly addresses the issue of the crisis of the subject, concept victimization and ethical-philosophical aspects. It discusses the subject's understanding of rights from the construction between freedom and equality, as well as addressing education as a right of interaction and historical mediation. In Carbonari's view that human rights goes beyond the subject's declaration of will, defining Human Rights as objective wills and the satisfaction of human needs, it is concluded that the text treated in the abstract is related to the proposed object, precisely, of the viability of creation of the International Court of Auditors to present within its competences the possibility of resolving issues regarding the issue of Human Rights, in the preservation of rights, as well as in matters relating to accounts and corruption, assisting in defense and other transnational issues.

Keywords: Crisis of the subject, ethical-philosophical, subject of rights, education.

II CONGRESSO DE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL INTRODUÇÃO

O presente trabalho parte da premissa de que há na contemporaneidade uma crise do sujeito, a qual implica diretamente na perspectiva dos Direitos Humanos, sob a noção de sujeito que foi construído em cima da ideia de individuo, pois aponta para a separação de abstrações contidas nessa noção e da possibilidade de se construir uma nova subjetividade. Tal problemática se divide em vitimização, como experiência inviabilizadora do sujeito de direitos, e nos aspectos ético-filosóficos, que oferecem subsídio para a compreensão.

O artigo objetiva apresentar uma proposta para o desenvolvimento social mundial por meio da analise da viabilidade de criação de um Tribunal de Contas Internacional com ênfase no combate à corrupção e o controle social diante dos direitos fundamentais, tendo como amostra a área de saúde, através de uma estrutura equiparada do Tribunal Penal Internacional e da sua relação com o conceito de cidadania e políticas públicas.

Busca-se discorrer sobre marca fundamental da subjetividade, formatadora do ser sujeito de direitos, e a compreensão da percepção de que a construção dos sujeitos se dá na tensão entre liberdade e igualdade. Ademais, fundamenta-se a particularidade do sujeito no fato de cada sujeito estar inserido em uma situação concreta, com experiências e vivências próprias. Contudo, para o desenvolvimento dos sujeitos de direitos exige-se a humanização do humano na sociedade, no ambiente natural e cultural, na tentativa de utilizar no processo educativo os conteúdos da compreensão de subjetividade.

Além disso, discorre-se sobre o objeto da pesquisa que trata da analise da à viabilidade da criação de um Tribunal de Contas Internacional inspirado no Tribunal Penal Internacional e em Tribunais de Contas Nacionais, analisando sua relação com Direitos Humanos, bem como a aproximação com conceitos postos por Paulo César Carbonari em seu texto Sujeito de direitos humanos: questões abertas e em construção.

O objetivo geral do presente trabalho é a compreensão dos direitos humanos a partir da perspectiva ético-filosófica de Paulo César Carbonari, indicar as questões fundamentais e abrir espaço para que ocorra a construção de um debate.

Em relação aos objetivos específicos, busca abordar principalmente a problemática da crise do sujeito, vitimização e aspectos ético-filosóficos, além de contrastar os resultados obtidos da pesquisa a respeito de direitos humanos e sua relação com o objeto da pesquisa, da viabilidade de criação de um Tribunal de Contas Internacional (TCI).

METODOLOGIA

Ao abordar o MÉTODO E TÉCNICAS DE PESQUISA, no que se diz aos métodos para aproximação do objeto da pesquisa, busca compreender os aspectos de um TCI através da existência de outros tribunais internacionais e o tribunal de contas nacional. O método a ser utilizado na pesquisa é o Indutivo, a partir do texto base citado, para a compreensão da problemática abordada. Quanto à técnica de pesquisa será a pesquisa bibliográfica. Quanto à natureza dos dados é a documental, e em especial a pesquisa bibliográfica amparada no texto de Paulo César Carbonari, Sujeito de direitos humanos: questões abertas e em construção.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

ESFORÇO TEORICO DE APROXIMAÇÃO DA PROPOSTA COM O AUTOR AUTOR PAULO CESAR CARNARI

Partindo da proposta de contribuição para o desenvolvimento social por meio da análise da possibilidade da criação de um Tribunal de Contas Internacional com ênfase no combate à corrupção na saúde através de uma estrutura equiparada a do Tribunal Penal Internacional.

O TCI será um Organismo internacional que agregam em si ações de vários países sob um objetivo ou bem comum.

Como esforço teórico de aproximação, considera-se que os Direitos Humanos são Direitos Universais e, portanto, um assunto de interesse internacional, o qual se conceitua

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conforme a definição da ONU - Organização das Nações Unidas, a qual o descreve: “Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição.”.

Ainda, relevante constar que para a ONU “os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre e muitos outros. Todos merecem estes direitos, sem discriminação”.

Verifica-se que o assunto ultrapassa os interesses de países e atinge questões transnacionais e assim podem e devem se enquadrar nos objetos e áreas de abrangências do Tribunal de Contas internacional, principalmente ao tratar de questões financeiras relativas a contas, além de corrupção e controle social, entre países, ou quando estejam sendo tolhidos e usurpados entre as nações.

É certo que os Direitos Humanos são universais, abrangem todas as pessoas e não apenas a uma determinada entidade ou país. Assim, devem ser defendidos por organizações nacionais e internacionais, públicas e privadas. Ante este contexto, surge o Tribunal de Contas Internacional como uma organização internacional que pode também ter atuação dedicada a auxiliar na defesa e preservação dos direitos humanos.

Todavia, um importante fundamento para inclusão dos Direitos Humanos nas atribuições do Tribunal de Contas Internacional, seja o Art. 15.º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão que pontua:

“Art. 15.º A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração;”.

A visão de Carbonari é de que direitos humanos vão além da declaração de vontade do sujeito, mas são vontades objetivas e satisfação das necessidades humanas. Assim, a relação com o objeto proposto está no fato de, justamente, a viabilidade de criação do Tribunal de Contas Internacional ter dentro de suas competências resolver questões frente à temática dos Direitos Humanos, bem como nas questões relativas às contas e corrupção, auxiliando na defesa e preservação dos direitos.

APORTE TEÓRICO NECESSÁRIO PARA ANALISE DA VIABILIDADE DE CRIAÇÃO DE UM TCI (CATEGORIAS/CONCEITOS CENTRAIS)

Para melhor compreensão da temática e hipótese propostas, é imprescindível a conceitualização de termos fundamentais relacionados à cidadania e políticas públicas.

CIDADANIA

A cidadania é idealizada para o cidadão, já que por definição é a prática de direitos e deveres do sujeito diante da sociedade e está relacionada a construção democrática do país. Em termos jurídicos, cidadão são aqueles que possuem direitos e deveres dentro de um Estado. Destarte, o conceito de cidadania pode se dar como o direito que o cidadão tem de exercer seus direitos. Na obra "A nova razão do mundo:

ensaios sobre a sociedade neoliberal" Dartot e Laval (2016) definem cidadania como uma mobilização permanente de indivíduos que devem se engajar com empresas e associações para a produção de bens locais. A ação publica deve visar, acima de tudo, à instauração de condições favoráveis à ação dos indivíduos, orientação que tende a dissolver o Estado no conjunto dos produtores de “bens público”.

Para tais autores o Estado, no que diz respeito às suas responsabilidades, deve ir além de apenas assegurar a proteção social. Ele deve assumir um papel mais amplo, e também mais flexível, de regulador, auxiliando na criação de uma esfera pública eficiente e bens públicos satisfatórios. Através do questionamento prático de direitos até então relacionados a cidadania, tal como direito de proteção social, que foi historicamente estabelecido como consequência lógica da democracia política. (DARDOT; LAVAL, 2016)

Assim, a corrosão progressiva dos direitos sociais do cidadão não afeta apenas a chamada cidania social, mas também abre caminho para uma contestação generalizada dos fundamentos da cidadania, na medida em que história tornou esses fundamentos solidários uns com os outros. Com isso, ela leva a uma nova fase da história das sociedades ocidentais. (DARTOT; LAVRAL, 2016)

Já Maria Helena Diniz (2005) compreende que cidadania é englobada pela seara da Ciência Política, e descreve o termo como sendo a qualidade ou Estado de cidadão, vinculo político que gera deveres e direitos políticos ao ligado ao Estado. É a qualidade de cidadão relativa ao exercício das prerrogativas políticas outorgadas pela Constituição Federal através do Estado democrático.

II CONGRESSO DE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL POLÍTICAS PÚBLICAS

Não existe apenas uma definição para a interpretação do conceito de políticas públicas: ao longo das décadas, esse conceito foi sendo ressignificado. A definição instituída por Thomas Dye (1984) é sempre citada como aceitável quanto ao que seria uma política pública: “o que o governo escolhe fazer ou não fazer”.

Para Agum, Riscado e Menezes (2015), isso demonstra que a posição do governo de “não se fazer nada”

mediante um dado problema, pode ser considerado uma maneira de produzir políticas públicas.

Política pública pode ser resumida como o campo do conhecimento que busca colocar o governo e ação e analisar essa ação, talvez propondo mudanças às referidas ações. A formulação dessas ações constitui-se no estagio no qual os governos democráticos traduzem seus propósitos para produção de resultados ou mudanças no mundo real (AGUM; RISCADO; MENEZES, 2015).

O Estado, como determinador das ações que devem ser tomadas em cada momento de seus governos, naturalmente tem papel crucial na proposta de formulação de políticas públicas necessárias para efetivar os propósitos de efetivação dos direitos de proteção social.

RELAÇÃO DO TCI COM CONCEITOS DE CIDADANIA E POLITICAS PUBLICAS

No objeto surge a hipótese do TCI que trata de questões transnacionais sobre corrupção, cidadania e direitos fundamentais, baseado nos princípios do Tribunal Penal Internacional e no exemplo de Tribunal de Contas nacional, que passa a analisar e busca resolver situações nas quais houve corrupção, bem como crimes que atinjam os direitos fundamentais garantidos ao cidadão.

Isso está relacionado justamente ao fato de que a cidadania, enquanto mobilização ativa do próprio cidadão, tem como função o exercício de seus direitos e deveres assim como a garantia dos direitos fundamentais reservados na lei, bem como o acesso à saúde pública de qualidade, apesar do cenário de pandemia ao qual o mundo passa.

As Políticas Públicas estão diretamente relacionadas ao planejamento do setor público, bem como na qualidade deste planejamento e sua efetivação, ligada a qualidade de vida. Geralmente são conjuntos de programas, ações e decisões tomadas pelos governos com a participação direta ou indireta de entes públicos ou privados. Todavia, busca assegurar determinado direito de cidadania para vários grupos na sociedade ou determinado segmento.

No contexto excepcional da pandemia, a aplicação das Políticas Públicas é essencial e definidora do resultado social pretendido, pois os países precisam tomar medidas urgentes para que o mínimo de pessoas venha a ser infectada. No entanto, ante a evidente corrupção e desvios evidentes é necessário que haja um órgão vigilante, tal como o TCI, para que as ações tomadas pelos países, no caso de serem ilícitas, não se encontrem em paraísos fiscais. Para Schelp (2020), há medidas que, numa situação ordinária, seriam autoritárias, mas numa pandemia são necessárias. No entanto, é preciso estar vigilante para que elas não extrapolem o que a urgência exige e se tornem instrumentos pessoais de poder.

O TCI, nesse sentido, serviria como garantidor desses direitos em meio à crise sanitária, melhorando os aspectos da análise e combate dos casos de corrupção e crimes que atravessem os direitos fundamentais do cidadão. Assim, o objeto em analise tem relação direta com o conceito de cidadania e políticas públicas visto que engloba aspectos de política pública estatal tanto no que diz respeito ao controle da atividade do Estado quanto pela necessidade de políticas públicas capazes de dirimir os naturais entraves que surgem entre a relação de garantia dos direitos fundamentais, principalmente aos ligados à saúde pública e assim garantindo a aplicação dos direitos fundamentais garantidos ao cidadão englobando o conceito de cidadania.

DISCUSSÃO

PROBLEMÁTICA: A CRISE DO SUJEITO

Há presente hoje na contemporaneidade uma crise do sujeito, diretamente afetada na perspectiva dos Direitos Humanos, pois, sob a noção de sujeito que foi construído em cima da ideia de individuo, aponta para a separação de abstrações contidas nessa noção e da possibilidade de se construir uma nova subjetividade. A problemática tem vitimização como experiência inviabilizadora do sujeito de direitos, e nos aspectos ético-filosóficos, que oferecem subsídio para a compreensão.

“Vítima é aquele ser que está numa situação na qual é inviabilizada a possibilidade de produção e reprodução de sua vida material, de sua corporeidade, de sua