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A carta do leitor no ensino da escrita argumentativa: um estudo à luz da retórica de Aristóteles, Cícero e Quintiliano / Bruno José Aragão Pereira

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Academic year: 2023

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A carta do leitor no ensino da escrita argumentativa: um estudo à luz da retórica de Aristóteles, Cícero e Quintiliano / Bruno José Aragão Pereira. CARTA DO LEITOR NO ENSINO DA ESCRITA ARGUMENTATIVA Um estudo à luz da retórica de Aristóteles, Cícero e Quintiliano.

A inventio

Fazer perguntas a si mesmo sobre um texto faz com que o leitor retorne ao texto para encontrar nele respostas (...) Quais hipóteses o autor está tentando provar. Portanto, durante a inventio, o orador – nesta obra o leitor que escreveu a carta – deve levar em conta não apenas o caráter “lógico” do argumento, mas também o seu caráter “ético” e “patético”.

A dispositio

Diferentemente desta última, o primeiro destaca a egressio ou a digressio, mas como uma “parte móvel”, de “existência facultativa” em contraste com as outras quatro, que chama de “partes fixas”. A partir desses autores clássicos pode-se comprovar que a produção do discurso - a partir da etapa de investigação da causa e inventariação das evidências - se apresenta como inventio e que parece incluir o que atualmente se entende como. Porém, para Ferreira (2010, p. a rigor, não há caráter cronológico das etapas elencadas” e “na verdade, inventio e dispositio se fundem: são processos operacionais criados simultaneamente e diferentes classes gramaticais exercem influência sobre cada uma delas”. .

Mas como há neste trabalho a preocupação de descrever tais etapas operativas, não apenas de analisá-las, mas de tentar aplicá-las na prática de redação das cartas argumentativas do leitor, ambas as operações não podem ser seguidas somente depois de ocorrerem uma à outra. outro, e ao mesmo tempo, mas em sentidos diferentes ao longo da produção do discurso: in inventio, de “dentro para fora”, e in dispositio, do “começo ao fim”. É por isso que, imediatamente a seguir, este pensador latino recomenda "cautela" ao orador, se quiser usar as partes do discurso tal como são produzidas, que o seu uso seja ditado apenas pelas próprias circunstâncias, e por nada mais. Na base da divisão do discurso em partes, que na forma escrita são chamadas de parágrafos, está a adaptação às reações esperadas do ouvinte ou leitor.

No entanto, em um esforço para reunir os dois pensamentos acima - o primeiro sobre o argumento principal e o segundo sobre as partes do discurso como.

O elocutio

Ou ainda, nas palavras de Reboul (2004), “não importa quais argumentos ele organize, a disposição é um argumento em si”, pois é por meio dela que “o locutor conduz o público a seguir os caminhos e passos que ele escolheu”. , conduzindo-o ao objetivo que propôs” (p.60). Contudo, a ordem não será a mesma apresentada na dispositio, mas sim de acordo com a inventio, enquanto ainda forem “pensamentos” de seus autores, ou seja, enquanto ainda não forem mais do que “matéria-prima para raciocínios, fatos, um 'tema'' (BARTHES, 2001, p.49). Portanto, serão apresentadas a seguir as etapas previstas na disposição, de acordo com a ordem em que, neste trabalho, ocorrerá o processo de pesquisa e inventário pertinente à invenção.

A confirmação

É muito bom saber que existe um membro da Igreja Católica que é publicamente a favor da descriminalização do aborto e da liberdade de consciência. Para completar esse terrível cenário, setores da nossa sociedade, como aqueles ligados às linhas católica e protestante, ainda pressionam o governo para que o assunto nem seja discutido no Congresso. Estou convencido de que a descriminalização do aborto, combinada com uma educação sexual de qualidade e a distribuição de contraceptivos, é uma boa estratégia para prevenir gravidezes indesejadas.

Na carta acima, a afirmação que representa o ponto principal que o autor defende pode ser representada pela seguinte afirmação: “a indiferença das autoridades governamentais ao caso da saúde pública, que implica a criminalização do aborto, e as pressões de setores da sociedade associada à vertente católica e protestante não discutir o assunto no Congresso é um absurdo. As razões do autor que apoiam a afirmação acima são: “porque vivemos num país secular onde os cidadãos deveriam ser capazes de separar os assuntos religiosos dos assuntos do Estado”; Isso é. Há também outras razões, menos explícitas: “porque acabaria a exigência de abortos clandestinos, que colocam em risco a vida de muitas mulheres”; Isso é.

Antes que seus leitores acusem o autor da carta de ser “pró-aborto” (ou mesmo “pró-morte”) por defender a descriminalização do aborto, ela antevê potenciais ataques e declara: “Não venho defender o aborto porque estou não a favor da prática.

A narração

Porém, esses argumentos, ou formas externas do argumento, (..) não têm lugar aqui na narração, mas no corpo da Prova (QUINTILIANO, 1836, p.182). Após esta etapa, o público está suficientemente preparado para a exposição dos argumentos, segundo Aristóteles, Cícero e Quintiliano. Quando iniciamos um processo argumentativo visando a persuasão, não devemos propor imediatamente a nossa tese principal, a ideia que queremos “vender” ao nosso público.

Pois bem, a medida justa significa dizer tudo o que serve para esclarecer o caso ou que cria credibilidade quanto à ocorrência de um fato que representa dano ou injustiça - enfim, teve o significado que lhe atribuímos (ARISTÓTELES, 2011, p. 260). Quando se trata de uma carta de leitor, o autor geralmente deve considerar a extensão da narrativa, bem como outras fases, para evitar que sua carta seja editada pela revista a que se dirige. Além disso, uma narrativa longa pode entediar o leitor ou até mesmo confundi-lo sobre o que o autor da carta pretende com tudo isso, enfraquecendo o seu “potencial persuasivo”.

Quando se trata de narrativa, pode-se pensar que mesmo sendo verdadeira, é importante que ela seja “palatável” para o público (aqui o termo “ao gosto do cliente” é bem-vindo).

O exórdio

Francamente, o exórdio é opcional e tem apenas a função de anunciar o que será abordado no discurso, em quantas partes (partitio) e em que ordem. O motivo da carta abaixo, que condena o trabalho escravo, pode ser considerado justo para todo o público da revista. Nesse sentido, basta-lhes articular a causa e em que ordem ela será apresentada, se ampliada, nesta primeira etapa do discurso (primeira etapa da leitura; mas em terceiro lugar, na ordem de produção, de acordo com o hipótese defendida neste trabalho).

Sou da época em que nós, jornalistas, podíamos encher a boca e proclamar que praticávamos o comércio de homens livres, mesmo no meio da escuridão que se abateu sobre a imprensa. A partir da figura do adversário, o público torna-se solidário na medida em que este desperta ódio, indignação e desprezo: "porque, assim como eu quero merecer mais o favor do juiz do que do adversário, é menos ruim que eles merecem menos ódio que ele” (QUINTILIANO, 1836, p.147). O Brasil pode fazer parte do G-20, mas continua sendo um constrangimento em termos de distribuição de renda e de valores políticos, nos quais a corrupção e o atrevimento são ativos orgulhosamente exibidos.

A partir da própria figura do auditório, o orador ganha sua benevolência ao enumerar as ocasiões em que a participação do auditório foi decisiva em assuntos correlatos, onde os integrantes agiram com coragem, sabedoria, mansidão ou grandeza.

O epílogo

Nesse sentido, o que foi apresentado na primeira parte deste trabalho como elementos da retórica clássica – que foram novamente recomendados para a produção de gêneros discursivos persuasivos da antiguidade, e que são aqui relembrados como proposta para a produção da carta do leitor – compomos agora um conjunto de categorias para a análise retórica da produção dos estudantes participantes desta pesquisa. Segundo este autor, identificar a “exigência da retórica necessária do momento” situa a análise e garante que a análise seja contextualizada (ibid., p.300). Com base nas três “estases” ou gêneros da retórica clássica, ele ajuda a classificar um discurso argumentativo de acordo com as características que definem o primeiro.

Utilizar as cinco operações da retórica clássica, começando pelo argumento como elemento central do discurso argumentativo; Isso é. Se é possível reconhecer o uso de elementos da retórica clássica nas cartas daqueles que não estão familiarizados com a técnica aqui descrita, parece não menos possível reconhecer o uso desses elementos nas cartas dos autores para os quais foram formalmente apresentados. . Numa reunião inicial com doze estudantes de pós-graduação, foi anunciado que o trabalho se basearia na recordação de elementos da retórica clássica e na utilização desses elementos durante oito semanas para contribuir para a sua prática de escrita argumentativa.

No segundo encontro foram tratadas as operações da retórica clássica com ênfase nas três primeiras, inventio, dispositio e elocutio.

Análise das cartas do leitor

Comentários sobre as cartas da aluna ―A‖

Comentários sobre as cartas da aluna ―B‖

Comentários sobre as cartas da aluna ―C‖

Público A carta parece querer agradar a todos os brasileiros e reprovar uma auto-zombaria, mas que o escritor atribui apenas a uma parte da elite brasileira. A carta parece ser dirigida a um público formado pela “maioria dos brasileiros”, que discorda da afirmação. oportunismo de uma minoria gozando de vantagens. A carta parece atrair um público ansioso por ver o descomissionamento. instituições que infringem a liberdade individual por causa de seus preceitos e dogmas, conforme vistos pela Igreja.

A carta parece apelar a um público (do qual o autor faz parte) formado por eleitores brasileiros esclarecidos e bem informados que, apesar dos repetidos casos de corrupção, permanecem otimistas quanto ao estabelecimento da justiça. Não tem destinatário específico). A carta contém apenas uma comparação dos efeitos das leis da FIFA dentro e fora do Brasil, seus efeitos sobre a maioria dos brasileiros, seguido por um. Estilo Uso da 1ª pessoa do singular e da 1ª pessoa do plural que coloca a autora na vanguarda da discussão e a inclui na mesma discussão que os leitores.

Uso da 3ª pessoa, na parte da carta correspondente ao “bloco demonstrativo” e uso da 1ª pessoa do plural, no final, quando o redator assume um “tom”.

Comentários sobre as cartas da aluna ―D‖

Comentários gerais

A autoavaliação acima permite apontar que a aluna “D” tinha uma concepção equivocada sobre o gênero da carta do leitor, pelo que a via como opinativa, mas “sem grandes pretensões” quanto à capacidade de persuasão dos leitores. Outra conclusão que se pode tirar desta investigação é que a diferença significativa entre argumentação e persuasão parece aumentar à medida que os alunos se familiarizam com os elementos retóricos invocados. Conforme pôde ser observado nesta pesquisa, o que é capaz de tornar um texto argumentativo persuasivo ou mais persuasivo é o uso consciente de elementos resgatados da retórica clássica.

A partir da figura do adversário, o público torna-se benevolente na medida em que desperta ódio, indignação e desprezo no adversário - "pois assim como quero ganhar mais simpatia do juiz do que o adversário, então é menos ruim que ele mereça menos ódio que ele” (QUINTILIANO, 1836, p. 147). Aquelas baseadas em ações são divididas em 3 tipos: fábulas, histórias e argumentos. para Cícero, esse gênero se afasta dos “assuntos civis”. No entanto, Aristóteles menciona uma passagem em que Esopo utiliza a famosa fábula “A Raposa e o Ouriço”) em defesa de um político acusado de corrupção. a) CONTOS DE FADAS: contêm ações que não são verdadeiras nem críveis. b) HISTÓRIAS: são fatos. Quem confia em personagens deve ter “festividade na fala, humores diferentes, situações diferentes”.

Por fim, a argumentação mais completa e completa é aquela que se divide em cinco partes: afirmação, razão, confirmação da razão, enfeites e compleição.

Imagem

Figura 1 – Carta 1 ―Complexo de vira-lata‖ / aluna ―A‖                             Figura 2 – Carta 2 ―Leis da FIFA‖ / aluna ―A‖
Figura 3 – Carta 3 ―O Frei e o aborto‖ / aluna ―A‖             Figura 4 – Carta 4 ―O crime compensa‖ / aluna ―A‖

Referências

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Ainda dentro da perspectiva de analisar uma base comum curricular, nacional, para um país diverso e tomado por desigualdades regionais, principalmente na área educacional, como é