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(1)AS POLÍTICAS AFIRMATIVAS NO CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA DO CAMPUS ARAGUATINS DO INSTITUTO FEDERAL DO TOCANTINS

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AS POLÍTICAS AFIRMATIVAS NO CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA DO CAMPUS ARAGUATINS DO INSTITUTO FEDERAL DO TOCANTINS.

Kaio Cesar Pinheiro da Silva ¹, Rafael Dias Veloso², Marcos Ferreira dos Santos Milhomem³, Paulo Hernandes Gonçalves da Silva4.

1, 2 e 3 Estudantes de Técnico em Agropecuária – IFTO – Campus Araguatins - E-mail¹: kaioacout@hotmail.com; E-mail²:

rafaeliftodias@hotmail.com; E-mail3: marcosferreiraifto@gmail.com

4 Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional/Professor do IFTO. E-mail4: paulohg@ifto.edu.br

Resumo: Esta pesquisa abordou as ações afirmativas no ensino técnico profissionalizante integrado ao ensino médio, à luz do entendimento da Lei 12.711, de 29 de agosto de 2012. Apresentou-se um estudo de caso no curso Técnico em Agropecuária no Campus Araguatins do Instituto Federal do Tocantins. Quanto à metodologia, adotou-se a revisão bibliográfica com base nos conhecimento de Brock e Schwartzman (2005), Bezerra (2012), Bordieu (1998), Oliver (2013), e também a pesquisa documental referente ao processo seletivo para ingressos dos estudantes no ano 2013. Evidenciaram-se os resultados quantitativos e também a discussão das políticas afirmativas de inclusão ao ensino.

Palavras–chave: ações afirmativas, curso técnico em Agropecuária, inclusão.

1. INTRODUÇÃO

A movimentação da sociedade por uma educação inclusiva vem ocorrendo ao longo de décadas no Brasil. Trata-se de uma ação política, cultural, social e pedagógica, que se desencadeia em defesa de todos os estudantes, para que juntos possam aprender e participar, sem nenhum tipo de discriminação no processo de ensino e aprendizagem (BRASIL, 2007).

Para Bourdieu (1998), as ações afirmativas são dispositivos que se fortalecem por meio das políticas públicas, com o objetivo de reverter uma situação de discriminação e exclusão de determinados grupos, frente a outros que de maneira voluntária ou involuntária os colocam em situação de opressão. Trata-se, por conseguinte, de ações formais ou informais da esfera pública ou privada.

A maior discussão atual diz respeito aos dispositivos existentes na Lei 12.711, de 29 de agosto de 2012, que trata das políticas afirmativas nas instituições federais de ensino. Por isso, esta pesquisa se justifica pela análise e questionamento da existência de educação inclusiva nos Institutos Federais, com ênfase específica no Campus Araguatins do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO). Por isso, a problemática abordada neste artigo diz respeito às ações afirmativas de acesso ao ensino que estão sendo adotadas no curso técnico em Agropecuária.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Esta pesquisa se encaminha para a revisão de literatura e também para a análise dos documentos institucionais sobre ações afirmativas, localizados no Departamento de Desenvolvimento Educacional (DDE) do Campus Araguatins do Instituto Federal do Tocantins, referentes ao seletivo para o ano letivo de 2013.

Os pressupostos de Caldas (1986) sobre os métodos a serem utilizadas nesta pesquisa orientaram para a promoção de leitura de livros e de artigos considerados relevantes na área científica, principalmente no tocante às políticas afirmativas de inclusão ao processo educacional. Por isso, para uma adequada revisão de literatura é necessária uma pesquisa bibliográfica que seja considerada o

ISSN 2179-5649 IV JICE©2013

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mais compreensiva possível, bem como os pressupostos de escritores sobre o assunto, tais como:

Brock e Schwartzman (2005), Bezerra (2012), Oliver (2013), Ferreira (2012) e Richardson (1999).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No aspecto educacional, além das escolas da rede estadual e municipal de ensino, tem-se o Campus Araguatins do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins, antiga Escola Agrotécnica Federal de Araguatins (EAFA), ao qual servirá como espaço para a pesquisa deste artigo. Sobre e economia de Araguatins, SOUZA (2009, p. 44) estabelece: “A economia do município baseia-se principalmente na pecuária e na agricultura de subsistência. O extrativismo vegetal ainda é praticado por um pequeno número de famílias, especialmente a extração do coco babaçu”.

De acordo com IFTO (2009), o Campus Araguatins tem como filosofia promover o ensino de qualidade, preparando cidadãos competentes e empreendedores, possuidores de valores éticos e políticos capazes de identificar problemas e necessidades, tanto tecnológicos quanto sociais do meio em que vive e contribuírem com sua formação para a transformação dessa realidade.

Enfatize-se que com base no artigo 6º da Constituição Federal vigente (BRASIL, 1988), que garante a todo cidadão brasileiro, os direitos sociais aos quais fazem parte o acesso à Educação, Saúde, trabalho, alimentação, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, bem como assistência aos desamparados. Entende-se que o desenvolvimento social é gerado a partir do exercício de tais direito de forma igualitária, tal igualdade é sustentada no Princípio da Isonomia, apresentado no artigo 5º da constituição vigente (BEZERRA, 2012).

Nesta perspectiva, a Tabela 1 apresenta as políticas afirmativas ofertadas pelo Campus Araguatins do IFTO, especificamente para o curso técnico em Agropecuária integrado ao ensino médio, à luz das prerrogativas da Lei 12.711, de 29 de agosto de 2012:

Tabela 1 – Vagas ofertadas para o curso Técnico em Agropecuária

Política Vagas Exigência

1 Ampla concorrência 80 Qualquer candidato

2 Até 1,5 salários – autodeclarando preto, pardos

e indígenas 40 Ser de escola pública

3 Até 1,5 salários – outras etnias 10 Ser de escola pública 4 Mais de 1,5 salários – autodeclarando preto,

pardos e indígenas 40 Ser de escola pública

5 Mais de 1,5 salários – outras etnias 10 Ser de escola pública

6 Quilombola 5 Fundação Palmares

7 Assentado 5 INCRA

8 Indígena 5 FUNAI

9 Necessidades especais 5 Laudo médico

(Fonte: Departamento de Desenvolvimento Educacional - 2013)

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As ações afirmativas são formas de políticas públicas que objetivam transcender as ações do Estado na promoção do bem-estar e da cidadania para garantir igualdade de oportunidades e tratamento entre as pessoas e a mobilização dos setores culturais com intenção de ampliar as ações de inclusão social. A formação profissional, segundo Brock e Schwartzman (2005), também deve estar embasada com ideais de políticas afirmativas, como no caso específico do curso técnico em agropecuária.

Para que entenda a tabela 1, dentre os vários conceitos de ações afirmativas, merece destaque aquele estabelecido por Andrews (1997, p. 137) ao afirmar que se trata de uma “intervenção estatal para promover o aumento da presença negra - ou feminina, ou de outras minorias étnicas - na educação, no emprego, e nas outras esferas da vida pública”.

Logo, a tabela 1 evidencia a preocupação do Campus Araguatins em ofertar vagas no curso Técnico em Agropecuária conforme estabelecem os preceitos da Lei 12.711/2012, dividindo suas vagas em 09 (nove) políticas afirmativas relacionadas à raça, condição financeira, autodeclaração de raça, ampla concorrência e necessidades especiais.

Esclareça-se que a proposta de cotas elaborada foi feita com base no critério da autodeclaração para o candidato concorrer às políticas afirmativas, no tocante às etnias de pretos, pardos e indígenas, e assim, qualquer candidato que se considerasse negro na sociedade poderia inscrever-se pelas cotas, devendo os candidatos estarem dispostos a assumir o ônus social de serem identificados como preto, pardo ou indígena. Os argumentos adotados pela Lei 12.711/2012 são baseados nas estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, levando em consideração as situações de rendimento de até 1,5 salários mínimos per capita ou mais de 1,5 salários mínimos per capita (IBGE, 2011).

Por sua vez, para as políticas de afirmativa de quilombola, assentado de reforma agrária, indígena e necessidades específicas, faz-se necessária a apresentação dos seguintes documentos respectivamente, certidão da Fundação Palmares, certidão do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), certidão da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e laudo médico.

A implantação da política afirmativa é vista como uma medida necessária, uma vez que permitirá aos afrodescendentes e aos excluídos economicamente a ocuparem um espaço que durante muito tempo foi considerado elitizado. Ressalte-se inclusive que além do acesso a questão de permanência é um motivo sério de preocupação que deve ser urgentemente tratado pelos gestores, uma vez que a o Plano Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) também precisa ser pensado juntamente com as políticas de acesso.

6. CONCLUSÕES

A Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) evidencia que os governos devem adotar o princípio de educação inclusiva em forma de lei ou de política, matriculando todas as crianças em escolas regulares, com possibilidade não só do acesso, mas também de permanência e conclusão dos estudos. Portanto, as instituições públicas, como no caso dos institutos federais, oriundos da rede federal de ensino profissionalizante, buscaram ações afirmativas por meio de cotas étnico-raciais e cotas sociais, o que representa um movimento de mudanças nas dinâmicas de organização e gestão de uma parte dessas instituições, visando à democratização de suas políticas, especificamente àquelas relativas ao acesso, consoante ao pensamento de Caldas (2012).

A aprovação do Projeto de Lei 180/2008 (que se tornou a Lei 12.711/2012) remete a um passo importante para a democratização das políticas de acesso para a educação superior e profissionalizante pública e de qualidade, conforme se observou nas divisões das vagas propostas ao curso Técnico em Agropecuária do Campus Araguatins do Instituto Federal do Tocantins.

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Como forma conclusiva a este artigo, considere-se que a aprovação da supracitada lei (com a inclusão de critérios raciais e sociais) foi um relevante marco na trajetória da luta pela diminuição das atuais diferenças na sociedade brasileira entre brancos e negros (oriundo do sistema escravagista), que são marcados pelas condições de opressão e dominação.

Por isso, os dados apresentados na Tabela 1 demonstram a preocupação da instituição em permitir o acesso e a permanência dos estudantes ao ensino profissionalizante no curso técnico em agropecuária integrado ao ensino médio, para o abrandamento das desigualdades sociais, na promoção da equidade, e principalmente, nas transformações sociais.

REFERÊNCIAS

1. BEZERRA, M.I.S. O princípio da isonomia no sistema de cotas para ingresso as universidades federais. Anais da Universidade Federal do Ceará (Campus Cariri) do IV Encontro Universitário da UFC. Juazeiro do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 2012.

2. BOURDIEU, Pierre. Escritos da Educação. 9. ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 1998.

3. BRASIL. República Federativa do. Constituição Federal de 1988. Disponível em:

www.presidencia.gov.br. Acesso em 24 de junho de 2013.

4. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2007.

5. ______. República Federativa do. Lei nº 11.298/2008. Lei dos Institutos Federais. Disponível em www.presidencia.gov.br. Acesso em 03 de julho de 2013.

6. BROCK, C; SCHWARTZMAN, S. Os desafios da educação no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.

7. CALDAS, L. Superando as desigualdades. Revista Fórum e Cadernos do Pensamento Crítico Latino-Americano. São Paulo, Editora Flacso, 2012.

8. CALDAS, M.A.E. Estudos de revisão de literatura: fundamentação e estratégia metodológica. São Paulo: Hucitec, 1986.

9. FERREIRA, R. A polêmica das cotas nas instituições federais de ensino. Revista Fórum e Cadernos do Pensamento Crítico Latino-Americano. São Paulo, Editora Flacso, 2012.

10. FIGUEIREDO, N. Da importância dos artigos de revisão da literatura. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 23, n. 1/4, p. 131-135, jan./dez. 1990.

11. IFTO. Processo nº 23000.052192/2009-81 do Projeto Político Pedagógico do Curso Técnico em Agropecuária. Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Tocantins.

Araguatins, 2009.

12. OLIVER, A. C. Ações afirmativas, relações raciais e política de cotas nas universidades:

Uma comparação entre os Estados Unidos e o Brasil. Disponível em:

http://revistaseletronicas.pucrs.br Acesso em 03 de abril de 2012.

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13. RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1999

14. SOUZA, I.F. Análise do distanciamento entre a Escola Agrotécnica Federal de Araguatins e os assentamentos do Bico do Papagaio. Dissertação de Mestrado – Educação Agrícola, UFRRJ, Rio de Janeiro, Abril de 2009.

15. UNESCO, Declaração de Salamanca. 1994. Disponível em www.portal.mec.gov.br/seesp.

Acesso em 15 de julho de 2013.

Referências

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