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E ainda, a superação, quando de fato estão interessados no problema, mostrando que é possível, através de atividades diferenciadas, mudar a perspectiva de ensino de matemática por parte dos alunos

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Academic year: 2023

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Metodologias para o ensino de Matemática na Educação Básica: debates para compreender e intervir

UMA PERSPECTIVA DA MARATONA DE MATEMÁTICA: DESCRIÇÕES E REFLEXÕES

Vitor Bortolotti Ribeiro¹, Sandra Aparecida Fraga da Silva²

¹Instituto Federal do Espírito Santo, bortolotti.vitor@gmail.com

2Instituto Federal do Espírito Santo, sandrafraga7@gmail.com

Resumo: Este trabalho objetiva apresentar um relato de experiência da Maratona de Matemática, segundo a perspectiva de uma Escola Estadual do ES evidenciando o envolvimento dos alunos e o interesse pela matemática. A maratona foi uma atividade desenvolvida no contexto do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID pelo subprojeto Matemática, envolvendo todas as escolas parceiras. A maratona já vem sendo realizada no PIBID há 3 anos, porém, na escola investigada foi a primeira vez. Consiste em uma competição entre turmas do ensino básico, competindo, num primeiro momento, internamente em suas escolas e, em seguida, com todas as escolas participantes na instituição federal de ensino superior. A maratona surpreendeu pela capacidade de chamar a atenção dos alunos e despertar grande entusiasmo e engajamento com algo relacionado à matemática. E ainda, a superação, quando de fato estão interessados no problema, mostrando que é possível, através de atividades diferenciadas, mudar a perspectiva de ensino de matemática por parte dos alunos.

Palavras-chave: maratona. Pibid. jogos matemáticos.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta o desenvolvimento da atividade Maratona de Matemática, desenvolvida por bolsistas de iniciação à docência, relatada a partir da perspectiva de uma Escola Estadual do ES, no contexto do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID.

O PIBID é um programa financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Este trabalho está inserido no subprojeto Matemática, que ocorre em parceria com a Secretaria Estadual de Educação do Estado do Espírito Santo – SEDU-ES.

Durante uma reunião de planejamento do PIBID, foi proposto pelos coordenadores a realização da Terceira edição da Maratona de Matemática. A atividade já havia sido feita em anos anteriores em outras escolas parceiras do subprojeto, e em todas foram obtidos resultados extremamente positivos. Na escola aqui relatada, a mesma foi realizada pela primeira vez.

A motivação de realizar a atividade, além dos bons resultados obtidos nas edições anteriores, foi a oportunidade de abordar a matemática de forma diferente, afim de conseguir atrair a atenção e o interesse dos alunos. Além disso, a atividade foi pensada de modo a trabalhar o raciocínio e atenção dos alunos, em detrimento da memorização de fórmulas e procedimentos.

Desse modo, objetivamos nesse artigo relatar o desenvolvimento da maratona de matemática, bem como as reflexões feitas sobre a atividade, a partir da perspectiva da Escola Estadual onde a mesma foi realizada.

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REFERENCIAL TEÓRICO

O uso de jogos e atividades diferenciadas no ensino de matemática foi o principal motivador da realização da atividade. O jogo estimula o raciocínio dos alunos, estímulo este ligado principalmente ao espírito de competição. A vontade de ganhar, aliado a necessidade do trabalho em grupo, faz com que os alunos se envolvam com a atividade e incentivem uns aos outros, superando suas barreiras. Grando (2000 p. 24) ressalta que:

Ao analisarmos os atributos e/ou características do jogo que pudessem justificar sua inserção em situações de ensino, evidencia-se que este representa uma atividade lúdica, que envolve o desejo e o interesse do jogador pela própria ação do jogo, e mais, envolve a competição e o desafio que motivam o jogador a conhecer seus limites e suas possibilidades de superação de tais limites, na busca da vitória, adquirindo confiança e coragem para se arriscar.

Nossa proposta com a maratona perpassa esta ideia, visto que buscamos explorar o espírito de competição, por exemplo, ao exibir a pontuação parcial de cada turma no final de cada dia num placar. Ainda, ao exigir que a competição fosse realizada somente entre turma, objetivamos incentivar o trabalho em grupo, forçando os alunos a interagirem e chegarem a um senso comum.

Além da competição natural num ambiente com jogo, defendemos que qualquer intervenção desta natureza também precisa incentivar aprendizagens tanto na matemática como em outras áreas. Na visão de Smole, Diniz e Milani (2007), a utilização de jogos no ensino de matemática é um recurso que favorece o desenvolvimento da linguagem, do raciocínio e da interação entre alunos, visto que durante um jogo, cada jogador tem a possibilidade de acompanhar o trabalho dos outros, defender seus pontos de vista, além de ser crítico e confiante em si mesmo.

DESENVOLVIMENTO

A preparação da maratona se iniciou bem antes da atividade em si. Durante a reunião de planejamento foi formada uma comissão organizadora, formada por um bolsista de cada escola participante - a qual fiz parte, representando a escola em que atuo -, com o intuito de ter uma maior padronização e organização em todas as escolas. A comissão deveria organizar os detalhes como, data da atividade, regras de funcionamento e elaboração das provas e questões a serem utilizadas.

A Maratona foi dividida, de forma geral, em duas etapas. A primeira etapa a ser realizada em cada escola separadamente, porém com a mesma dinâmica, e a segunda etapa na instituição federal de ensino superior.

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Na primeira etapa, foi realizada uma disputa entre as dez turmas da própria escola. Durante três dias seguidos os alunos realizaram provas raciocínio logico-matemático em suas salas num período de 20 minutos e, no quarto dia, as turmas classificadas passavam pra final, realizada num local comum da escola, no nosso caso, na quadra de esportes.

As provas foram elaboradas procurando valorizar o raciocínio lógico dos alunos, e não o domínio de conteúdos específicos, mesmo porque, estavam competindo turmas de anos diferentes, o que poderia beneficiar uma em detrimento de outra. Como exemplo de questão temos a indicada a seguir:

Questão 1: Escreva a ordem em que nasceram os irmãos (todos nasceram em datas diferentes), sabendo-se que: Isabel não é a mais velha; Cecília não é a mais nova; Isabel é mais velha que Cecília; Arilson é mais velho que Sebastião e Carlos;

Carlos é mais velho que Cecília e mais moço que Isabel.

Em cada um dos três primeiros dias as provas resolvidas apresentavam 4 questões do padrão acima citado. Durante toda a competição, a disputa foi realizada sempre turma contra turma.

Cada turma respondia uma única prova e obtia uma única pontuação. Precisamos em diferentes momentos reforçar essa interação necessária com a turma, visto que alguns alunos queriam responder individualmente. E esse não era o objetivo da maratona. Conseguimos que eles entendessem essa proposta e notamos que eles começaram a se envolver, conforme pode ser observado na figura 1.

Figura 1 – Alunos do 3º ano realizando a prova.

Fonte: Acervo pessoal.

Ao final de cada prova, corrigíamos e colocávamos a pontuação parcial das turmas num placar fixado no pátio da escola (fig. 2), o que estimulava ainda mais a competição.

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Figura 2 – Placar fixado no mural da escola

Fonte: Acervo pessoal.

O desenvolvimento dessa etapa foi a que mais impressionou durante a maratona. Primeiramente, por ser uma prova, esperava que os alunos não se importassem tanto, ou tivessem algum receio em fazer. Entretanto, a maioria das turmas teve um grande envolvimento com a atividade durante realização das provas. Desde o início, deixamos claro que os alunos teriam liberdade para resolverem a prova como preferissem - não sendo permitido somente o uso de calculadoras e celulares – o que fez com que cada turma criasse um estilo de organização diferente. Algumas se dividiram em grupos para cada um resolver uma questão, algumas resolviam todos juntos, e uma turma até utilizou o quadro para anotar as respostas já encontradas, entre outros.

Mas, principalmente, surpreendeu o fator superação. Antes de iniciar a maratona, já havíamos elaborado as três provas escritas, com nível crescente de dificuldade. Porém, depois de iniciada a aplicação, tivemos de refazer as provas, aumentando o nível de dificuldade, visto a facilidade que os alunos tiveram para resolver a primeira. Ainda assim, nos primeiros dois dias, todas as turmas terminaram a prova antes do tempo disponível. Isso mostra a capacidade de superação dos alunos quanto a resolução de problemas, quando estão realmente interessados.

Evidentemente, também houve duas turmas que não se envolveram com a atividade e somente alguns alunos resolviam a prova sozinhos. Essa turma em específico, se classificou para a final na escola, porém nessa etapa eliminada, visto que foi necessário a participação de toda a turma, que desde o início já não possuíam um espirito de união. Em uma outra turma, inclusive, sequer resolveram a prova do último dia.

No final do terceiro dia, após feita a classificação, somente as quatro primeiras turmas, 3M2, 2M1,

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competição “Torta na cara”. Os alunos representantes das turmas finalistas deveriam responder questões de lógica, quem acertava dava uma “tortada” na cara de quem errou (fig. 3). As turmas se enfrentavam em um chaveamento definindo por sorteio, até chegar a uma turma campeã.

Figura 3 – Final da primeira etapa na escola

Fonte: Acervo pessoal.

Visivelmente foi a parte em que os alunos mais preferiram. Quase todos os alunos quiseram participar. Na escola citada, pedimos que cada turma escolhesse um professor representante, que também participou da competição iniciando a disputa. Cabe ressaltar que todas as turmas assistiram a prova final.

É importante ressaltar o apoio da escola nesse processo. Desde o início, da apresentação do pré- projeto à realização da atividade, a professora supervisora, a coordenação da escola e os outros professores deram total apoio. Tanto para a mudança no horário das aulas (redução de 5 minutos em todas as aulas durante os três dias) para aplicação das provas tanto para, principalmente, a realização da final, onde nos foi cedido a quadra, equipamento de som, entre outros.

A segunda etapa da maratona ocorreu no Instituto de Educação Superior, de forma semelhante a final primeira etapa nas escolas. Participaram as turmas vencedoras de cada escola participante.

Porém, na final, dividimos a competição entre turmas do Ensino Médio, no período da manhã, no qual tivemos três escolas participantes, e Ensino Fundamental, no período da tarde, com duas escolas.

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Nesse dia, as turmas tiveram liberação das aulas e foram para a Instituição de ensino superior num ônibus também cedido pela escola, ressaltando o apoio da instituição também para a realização dessa atividade. Além disso, após a maratona, foi colocada pela coordenação uma faixa entrada da escola, parabenizando a turma representante pela participação e empenho na maratona, ainda que não tivessem sido os ganhadores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O aprendizado proporcionado pela execução da maratona é o da possibilidade de superação dos alunos. Tínhamos uma perspectiva de desempenho dos alunos, baseada na observação de sala de aula, notas de provas, entre outros. Essa perspectiva, porém, se viu completamente equivocada, uma vez que quando interessados, estimulados, os alunos superam seus limites. Na realização das provas, não cabia a resposta “não sei fazer”. Eles deviam encontrar uma forma de chegar à resposta, o que aponta que a proposta realizada foi entendida pelos alunos como um cenário de resolução de problemas, visto que eles não sabiam como fazer de imediato.

Evidentemente, temos consciência de que a elaboração e execução de uma atividade como essa demanda bastante tempo dos organizadores, algo que os professores, com suas cargas horárias e obrigações de sala de aula, dificilmente conseguiriam realizar sem o auxílio dos bolsistas. Ainda assim, atividades como a descrita mostram, acima de tudo, como é possível, através de atividades diferenciadas, mudar a perspectiva de ensino de matemática parte dos alunos.

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo financiamento do projeto de iniciação à docência PIBID, que possibilitou a realização dessa atividade, entre outras durante o programa.

Ao Instituto de Educação Superior, pela disponibilização do espaço para a realização da atividade.

À professora supervisora, bem como a equipe da escola, pelo total apoio dado à realização da atividade.

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REFERÊNCIAS

GRANDO, R. C.A, O Conhecimento Matemático e o Uso dos Jogos na Sala de Aula. Campinas SP, 2000. Tese de Doutorado. Faculdade de Educação, UNICAMP.

SMOLE, K.S.; DINIZ, M.I.; MILANI, E. Jogos de matemática do 6° ao 9° ano. Cadernos do Mathema.

Porto Alegre: Artmed 2007.

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