Universidade, Serviço Social e ditaduras cívico-militares na Argentina:
1965-1975.
Beatriz Paes Dias Fernandes; Prof. Dr. José Fernando Siqueira da Silva (orientador). Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Franca, Serviço Social, bibipaes@live.com, PIBIC.
Palavras Chave: Argentina, universidade, serviço social.
Introdução
Primeiro vista como uma forma de integração da sociedade e depois como uma oportunidade de ascensão social e econômica, a educação, de todos os níveis, constituiu-se como peça fundamental na história argentina. Já no início do século XX, tem-se um dos principais acontecimentos a ela relacionados: a Reforma Universitária, ocorrida em 1918, que consolidou o ensino laico, livre e gratuito, além de promover a autonomia das universidades.
Todavia, com diversos golpes militares, as conquistas de 1918 se tornaram cada vez mais instáveis e um clima paradoxal fora instaurado no país. Até 1966, as universidades formaram grandes
“ilhas democráticas”, tornando-se um espaço de resistência e militância. Em relação ao Serviço Social, foi nessa época, em 1965, influenciado pelos acontecimentos mundiais, que se iniciou a aproximação com o marxismo, ainda que superficial, no chamado “Movimento de Reconceituação” latino-americano. No entanto, com os golpes de 1966 e 1976, liderados, respectivamente, pelo General Onganía e pela Junta de Comandantes, os avanços conquistados dão lugar ao retrocesso e tudo que se havia construído nas universidades e, consequentemente no Serviço Social argentino, é interrompido drasticamente devido às perseguições, aos assassinatos, aos exílios, aos desaparecimentos e às censuras da época. Isso porque os militares, sob o discurso anticomunista, viam nas universidades seu principal alvo. Consideravam-na como sendo um espaço subversivo, porém deixando explícito que, na verdade, seu maior inimigo era o pensamento crítico e fariam de tudo para detê-lo.
Objetivo
Analisar o momento histórico, político e social argentino, compreendido entre 1965 e 1975 e marcado por ditaduras cívico-militares, que impactou diretamente no que estava sendo desenvolvido nas universidades da época, particularmente no Serviço Social.
Material e Métodos
A metodologia desse estudo se baseia na bibliografia levantada sobre o tema, além do contato direto com assistentes sociais argentinos e universidades argentinas durante a ida ao país, em maio de 2019.
Resultados e Discussão
Diante da pesquisa realizada vem sendo possível constatar as particularidades na Argentina em relação à educação e ao Serviço Social.
Enquanto os golpes cívico-militares cercearam a liberdade e a criatividade, as retomadas democráticas ofereceram o oposto, deixando como principal herança o ensino livre e gratuito, além de proporcionarem movimentos gigantescos, como a Reforma Universitária, o Cordobazo, o Rosariazo, e no âmbito do Serviço Social, o próprio Movimento de Reconceituação.
Conclusões
Calejados pelos diversos golpes militares no país, os argentinos adquiriram como marcas a resistência e a militância, que se refletiram nas universidades. Embora o ataque tenha sido brutal, enquanto foi possível, professores, alunos e assistentes sociais continuaram a discutir e a ampliar o pensamento crítico, mesmo que fora dos muros acadêmicos. Assim, durante as reaberturas democráticas, grandes movimentos foram levantados, influenciando o Serviço Social e as universidades argentinas até os dias atuais.
Agradecimentos
Agradecimentos à equipe da pesquisa “Serviço Social e América Latina: tendências teóricas atuais”, financiada pela FAPESP, que a aluna compõe como bolsista PIBIC.
LENIN, Vladimir Ilitch. O Imperialismo: Fase superior do capitalismo. 4 ed. São Paulo: Centauro, 2008.
MOLJO, Carina Berta. Trabajadores sociales em la historia: una perspectiva transformadora. Buenos Aires: Espacio Editorial, 2005.
ROMERO, Luis Alberto. História contemporânea da Argentina.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
XXXI Congresso de Iniciação Científica