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Planejamento - 3. ed.

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(1)

CA D E R NOS D E A D M I N 1ST R A

ç

Ã

O P Ú B LI C A -

33

PEDRO MUNOZ AMATO

PLANEJAMENTO

Tradução. adaptação e prefácio de BENEDICTO SILVA

3: Edição

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

SERViÇO DE PUBLlCAÇOES

(2)

Direitos reservados da Fundação Getúlio Vargas

Praia de Botafogo, 186 - Rio de Janeiro - GB - ZC-02 - BrClsil l' edição

2' edição 3" edição

julho de 1955 maio de 1962 agôsto de 1966

@ Copyright da Fundação Ge-túlio Vargas

(3)

APRESENTAÇÃO

A

1:

EDiÇÃO

Desneces~;irio apresentar o autor dêste Caderno aos leitores

b~'asileiros, pois já conhecem o ProL PEDRO :\lcr'ioz A~L-\TO através

da leitura da lnlroduçüo ú Teoria Geral dr Administraçüo

Pú-bli(({, monografia publicada ne'ita série sob o n" ~3. Falemos, l;()is. do seu trJ.balho.

O presente e~tudo é um dos capítulos da obra editada em c;,panhol. ~ob o título Introdlll'riiÍn (l la Adlllillislrarión Pública. '"

Como informamos na apresentação do Caderno 1l~ 23 J tal liuo,

traduzido em português pelo signat;írio desta apresentação, está sendo publicado por partes, a fim de aumentar mais ràpidamente a bibliografia especializada, de que carecem os leitores brasilei-ros para ter acesso aos elementos de estudo e consulta em

ma-téria de administração pública,

~o complexo mundo moderno, em que ao administrador cumpre construir, o planejamento constitui tarefa das mais difí-ceis e importantes, Se realizada sem orientação definida,

flu-tuante ao ,abor de condições extremamente variáveis, a ação ;Hhnini,trati\'a puh'eri/a m ret ursos e reservas da emprêsa, não

,]tinge o grau de sazonamento e efetiYidade que a de"c caracterizar. ;\dmini,trar não consiste simplesmente na execução de tarefas imediat3s, não relacionadas entre si. Cumpre delineá-las com base em estudos e pesquisas que lhes justifiquem o

obje-i') Publicada em portugl!~, sob o título "Introdução à Administr2ção Pú-~Jica" corco yolume -: dil séri2 "Bibl:o:cca de Ad.r::i::Jlstfa-;;lo P:':blica", PC-L-1 Fundação Getúlio V 2rgas.

1

I

(4)

,'I CADERl\OS DE ADl\Il:\"ISTRAÇ.~O PéBLICA

tivo e as coloquem como partes integrantes - sucessivas e sim ul-t,lneas - de um conjunto lógico de atividades.

Problemas de ordem vária e complexa perturbam constan-temente a ação do administrador, que não os poderá enfrentar nem se manter numa linha definida de ação, caso não os haja pressentido, intuitiva ou dedutivamente, seja através da capa-cidade prospeti\"a, seja através da pesquisa metódica. Êste o ;:specto do planejamento que PEDRO ~Ic;\oz A:\1.\1"o focaliza na

presente monografia: - planejamento como uma das fases impor-tantes do proce;so administrativo, planejamento que se antecipa

;l{) futuro, preparando·o.

Os princípios essenciais do planejamento; os problemas per-tinentes de organização e métodos, para cuja ;olução se torna indispensável a participação de todos os nheis e setores da admi-nistração; a utilidade, localização e organização do órgão cen-tral ele planejamento; o contrôle dos planejadores - são ontros tantos ahpectos do problema, aqui analisados.

A tarefa de planejar é árdua e exige o domínio de l1lnue-rosas t<-'cllicas, através das quais se alcance o exato conhecimento e a justa interpretação dos fatos, bem como a ordenação das diversas e multiformes partes integrantes do plano. Para desem-penhar bem essa tarefa, cumpre formar deliberadamente pes-soal especializado - m05tra-o :\h"NOZ .\:\I.\TO nestas p,íginas.

Sem temor de equívoco, sentimo-nos à vontade para afir-mar que o autor reuniu num estudo sucinto tóclas as informa-ções básicas essenciais e conseguiu dar ao leitor uma nítida idéia de conjunto sôbre o tema tratado e sôbre a grande importrll1cia de que o planejamento se re\"este na atualidade.

(5)

,

INDICE

Apresentação ... V

- O PLANEJAMENTO COl\IO UM DOS PROCESSOS

PRINCIPAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ... 3

II - OS PRINCIPIOS ESSENCIAIS DO PLANEJAMENTO ., 13 A - O princípio da inerência ... 13

B - O principio de universalidade ... 15

C O princípio de unidade ... 19

D - O princípio de previsão ... 21

!lI - PROBLEMAS DE ORGANIZAÇÃO E MÉTODOS ... 25

A - Participação de todos os níveís e setores da administração 25 B - Os órgãos de planejam~nto ... 29

C - O caráter consultivo dos órgãos de planejamento ... 34

D - A utilidade das repartições centrais de planejamento .... 38

E A localização do órgão central de planejamento ... 39

F - A estrutura interna do órgão central de planejamento '" 45 1. Direção colegiada ou unipessoal ... 45

2. A organização do secretariado ... 50

G - O contrõle dos planejadores ... 53

IV - PESSOAL PARA O PLANEJAMENTO ... 5i

A - A rdação do substantivo e do processual ... 57

B - Os requisitos do planejamento central ... 59

C - Outros requisitos gerais ... 60

(6)
(7)

I -

o

PLANEJAMENTO COMO UM DOS PROCESSOS

PRINCIPAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

] i definimos a função ele planejar como a progrn maçüo do Irnbnll,o. 1 É a formulação ,i,tcm;ítica de um conjunto de dccisôes, de"idamente integra-do, que expre,sa os propósi-tos de lima emprêsa e condi-<iona os meios para alcançá-los. C m plano comi,te na de-finição ,lc objetivos, na orde-nação de recursos materiais e hum;mos, na determinação de mét odm e formas de

organiza-~:lO, no estabelecimento de me-dida, de tempo, quantidacle e qualidade, na localização e,pe-,ial de atividades e outras

e,-PC( ificaçôes necessárias para ca·

nali/ar racionalmente a

condu-ta de lIma pessoa ou de um pupo.

.\s,im como um indídduo pode traçar, sisterrràticamente, o próprio rumo de ação, pen-sando antes de agir, ao invés de se deixar conduzir pelos hA-bi tos, pelo subconsciente, peb ignorância Oll por qualqucr

impulso irracional, assim tam-bém é facultado a uma entida-de administrativa planejar o respectivo trabalho.

Planejar é, logicamente, o re-quisito prinürio e mais ele-mentar da admini5tração. Con-,is te na ordenação sistemática (la conduta para a consecução

1) Ver Caderno n° 23 desta série. Introd!1ção à Teoria Geral de

(8)

CADER:'\:OS DE AD:\fI:>iISTRAÇ.:\O PéBLICA

de determinados propósitos. Se nJo intervier um mínimo razo;í,cl de deliberação, que as oriente, as ações não merecem

o qualificativo de administra-tivas. O processo de progra-mar é parte neces~;íria da fun-çJo administrativa. ~

2) Vejamos os seguintes textos, que adotam definições serr.elhantes à que perfilhamos no presente ensaio:

"0 planejamento consiste na aplicação sistemática. continua e pro~pectiva da melhor inreligência disponível aos programas de tra-balho pera solução de problemas comuns no terreno público... A

Report on National Planning and Public Works (National Resources

Boaru. l' de dezembro de 1934), págs. 83-84.

"O planejamento ê um dos processos mais simples e naturais do espírito - processo por meio do qual os homens, que pensam, deter-minam e logram seus objetivos... Em administração, o planejamento (' gerência são uma e a mesma coisa. É evidente que o planejamento n;;o pode ser eficaz se o separarmos da g~rência." Harold D. Smith.

The llIanagement of your Government (McGraw-Hill Book Co ..

Nova York, 1945), págs. 15, 19 e 21.

"Para o êxito de sua adr'Jínistração e contrôle. tôda emprêsa co-plexa requer a t'xistência de planos cuidadosamente elaborados a hm de predi:er suas operaçôes futuras com a maio:- exatidão possí-vel. .. Para que a administração seja eficiente. necessitam-se planos definidos e que abranjam tôdas as suas atividades. Planos a longo e a curto prazo... para o desenvolvimento ordenado de tooas as faci-lidades e serviços públicos em harmonia com oS valôres econômicos c sociais". Donald C. Stone, Thc Managcment of Municipal Pubi:c

Works (Public Administration Service, Chicago, 1939), pág. 63.

(9)

PL~:-;EJAMENTO

5

Embora lôda essa explicação po,sa parecer supérflua, a ver-dade é que o planejamento conlinua sendo um dos aspec-tos mais descuidados do

traba-lho administrativo. Sabemos que os sintomas freqüentes da patologia administrativa são, entre outros: a falta de clare-za sôbre os propósitos

princi-"Em sua forma mais simples, o planejamento é o que os fran-ceses chamam prévoyance - previsão do futuro. Aplica-se tanto aos indivíduos como aos grupos. tais ~omo às famílias. às instituições so-Ci<!IS. aos negócios e aos governos .

"Geralmente inclui as cinco etapas seguintes: investigação e análise para a inteligência do problema; determinação dos objetivo.>; definição de soluções alternativas; formulação de decisões. incluindo normas de ação; e a execução do plano, no que diz respeito a probl~

mas. como sejam os de organização. programação do trabalho e mé-todos. O planejamento é a antitese da improvisação, é a previsão sis-temática. aliada à retrospecção coretiva; é um conceito dinãmico que comporta decisão e ação.

"Em seu aspecto mais simples. o planejamento também é univer-sal, porque o aplicam todos os indivíduos e grupos com diferentes graus de intenção consciente. Onde quer que haja administração. ha-verá também plane1amento - ao qual se terá que dar atenção tanto maior quanto maior fôr o número de problemas e fatõres". Marsball E. Dimock. Bllsiness and Govemment (Holt [, Co .. Nova York. 1953, 2' ed. rev.). pág. 735.

"O planejamento cooperativo de caráter democrático e constitu-cional pode ser definido como a orientação e coordenação das atiú-dades de uma comunidade mediante um programa geral. especialmen-te no que se refere à utilização dos recursos econômicos. de acôrdo com as preferências dessa comunidade. tal como se express:Jm na cons-tituição e nos organismos representativos. Sempre que seja possivel. tal

programa geral deverá descrever em têrmos quantitativos as várias medidas que se requerem para dirigir a produção e distribuição duran-te o prazo projetado - de quatro anos. por exemplo." Carl

J.

Friedrich.

Constitutiona[ Govemment and Democracy (Ginn & Co.. Baston,

1950). pág. 492.

Exceto as citações de Dimock e Friedrich, as demais encon-tram-se rCl,nidas em Jobn D. ~vlillet. Thc Proct"ss and OrganizatioFl of

GOlJ.:::rmn.~nt Planning (Columbia Univers:ty. Nova York. 1947), págs.

(10)

6 CADER:\'OS DE AD~lINISTRAÇÃO P(;BLICA

pais; a rotina, que faz perder o rumo, subordinando os fins primordiais às técnicas de mé-todo; e o afobamento, que ca-racteriza a urgência implacá\"el da prática e incapacita os ad-ministradores para o estudo e a meditação_

Como prova de que Os prin-cípios do Flanejamento ainda nãô têm maior vigência práti-ca, podemos assinalar o fato de ser muito recente, em adminis-tração pública, o interêsse em sistematizá-lo. Em seu tratado de 1927, lVILLOUGHBY não con-siderava o planejamento uma das principais funções da

ad-ministração, senão uma sIm-ples fase da gestão financeira, um aspecto do processo orça-mentário a curto prazo. 3

A tendência para elaborar planos globais a longo prazo e criar instituições com tal fim é uma aquisição dos últimos YÍnte anos. O ímpeto inicial verificou-se em 1928, na União Soviética, com o Primeiro Pla-no Qüinqüenal. A partir da Segunda Guerra ~Iundial, a prática estendeu-se por quase tôda a Europa e também por alguns países de outros conti-tinentes, -I deixando de ser pa-trimônio exclusivo dos regimes

3) W. F. WilIoughby, PrincipIes of Public Administration (The Johus

Hopkins Press, Baltimore, 1927), pág. 429.

4) Embora a Comissão de Planificação Estatal (Gosplan) da Rússia te-nha sido criada em 1921, foi somente a partir de 1928 que, com o Primeiro Plano Qüinqüenal, se inidou o planejamento geral a longo prazo. Os seguintes países, entre outros, têm planos gerais a longo prazo, desde a data indicada em cada caso: Pôrto Rico, desde o

Primeiro Plano Financeiro de Seis Anos de 1944-50; a

Grã-Breta-nha desde o White Paper on Employment de 1944, mas principalmen-te desde o Econamic Survey de 1947 (Crnd. 7046); a França, desde

o Plano Monnet de 1946 para o período de 1947-50; a Holanda,

des-de o Pcimeiro Memocandum sôbre o Plano Econômico Central de

1916, e o Orçamento Nacional de 1947: a Noruega. desde o

(11)

PL\:\E]A:\!E:'oiTO

7

comunistas para lograr aceita-tação nos sistemas de Glpita-lismo atenuauo. Touavia, ain-da há muitas juriseli~'ões sem planejamento sistemático a longo prazo. Esta é a situação na maioria elos gO\"ernos

lati-no-anrericanos, apesar de já es-tar auquirindo 1/lo111cnlul/l a

tendência posi tiY<l. 5

Mesmo em goyernos muito progressistas encontram-se fa-lhas capitais no empenho de sistematizar O processo do

pla-nejamento. ~os Estados Uni-dos, por exemplo, não existe um organismo central que co-ordene a fornmlação de

pro-gramas a todo o

longo prazo, para goyêrno federal o

5)

6)

Plano Econômico Nacional de 1946-49; a Tcheco-Eslováquia. desde o Plano de Dois Anos de 1946; a Hungria. desde o Plano de Três Anos

de 1947; a Bulgária. desde o Plano de 1947-49; a Iugoslávia. desde o

Plano de Cinco Anos. de 1947, a Argentina, desde o Plano de

Go-vêrno de 1947-51: As Filipinas. desde o Plano de 1949-53, a tndia,

desde o Primeiro Plano de Cinco Anos de 1951-1956.

Corno exemplo da tendência - sem entrar em considerações sôbre a continuidade e qualidade de seus resultados - pode citar-se a criação, na Boliviól, da Comissão Nacional de Coordenação e Planejamento. em 1953; na Colômbia da Direção Nacional de Planejamento Econô-mico e Fiscal. com antecedentes no Conselho Nacional de Planeja-mento e na Repartição de PlanejaPlaneja-mento de 1951. bem corno no Con-selho Nacional Econômico de 1931, reorganizado em 1940; em Pôr-to Rico. da Junta ae PlanejamenPôr-to em 1942; no Chile. do Conselho de Economia Nacional em 1931, da Corporaç~o de Fomento da Pro-dução em 1939 e do Ministêrio da Economia Nacional em 1942: no México, do Conselho Nacional de Economia em 1941 e da Comissão Federal de Planejamento, organismo consultivo da Secretaria da Eco-nomia Nacional, em 1942.

(12)

8 CADERXOS DE ADMIXISTRAÇÃO Pl;BLICA

::\Iuitos dos países que institu-cionalizaram o planejamento central carecem de yerdadeiros programas de ação, pois seus planos gerais não passam de especulações analíticas das ten-dências

ocorre, Brasil. 7

econômicas. por exemplo,

Assim no

Em geral, o planejamento governamental a longo prazo encontra·se na etapa inicial de sistematização e, embora pro-meta tornar-se uma das con-tribuições mais valiosas da dis-ciplina da administração pú-blica, necessita, ainda, em tôcla

a parte, de culti \'0 intenso. É

verdade que as possibilidades de racionalizar, em qualquer

emprêsa administrativa, se acham limitadas por diversos fatôres. A deliberação

sistemá-tica sôbre os programas do go-vêrno muitas vêzes é afetada por tendências deterministas da evolução social, pela

situa-ção política, por pressões de grupos, por condições pessoais

e outras influências estranhas

ao contrôle dos planejadores.

:\ão deixa de ser sempre uma

tarefa difícil.

Independente-Harris, Economic Pla1lJling: The Plans of Fourleen Countries wuh

Analyses of the Plans (Knopf. Nova York, 1949), págs. 98-157;

J.

D. Millet, The Process and Organi;;ation of Governmcnt planning

(Columbia University Press, Nova York, 1947).

7) Conselho Nacional de Economia, Exposição Geral da Situação Eco-nômica do Brasil. 1952 (Rio de Janeiro. 1953). Se bem que o

Con-selho Nacional de Economia tenha sido criado ... para estudar a vida econômica do país e sugerir às autoridades competentes as me-didas que considere necessárias" (Constituição de 1946, art. 205, seção 2), tem-se limitado a fazer estudos analíticos sem propor planos de ação. A ausência de verdadeira planificação central foi reconhecida recentemente nas deliberações sôbre os projetos de reorganização ad-ministrativa. O Presidente Getúlio Vargas resumiu o consensus geral

(13)

PL\.:\EJAME;>;TO 9

li,e,,'e (~c't~, limitações e di

fi-u;lr.1:~(].,'s p:'tlicas, é cyidente

! 1 til? a ~ tal cf;l:j

d~~"':"Cl-=l ob(:c!ccer

a clministratiyas a nlanns orien-1

: .'(lore" e <jllC a formdaçilo de

'-, lS pL'nos deye alcançar o :"a ior gLllI posshel de racio-!)aJidaue,

E, ao hhr aqui do plane-j;mrento como um dos proces-.os funcbmentais da

adminis-tração pública, cumpre, antes de mais, preH~llirlllo-nos contra a possibilidade de certas

diyer-gências no uso elo têrmo.

o

risco d:: confus:lo é

gran-(;,~. O conceito de j)!([!lé'ja:ncll-t () el!co'ltra-~e no próprio

âma-,~2"() d:) d·~·b:1te político de nos'):!

~ l,:oU s!,bre o grau de

parti-(iF~<.":í() que c;be ao gO':érno na direção elOi processos sociais.

É natmal, pois, que a pala\Ta

haja aJquiriclo cli"ersos mati-7es sem;tllticos· e seu uso se

Fe,le a interpretações errô-neas.

Consideremos por um mo-mento a '."er~jo de que plane-j:u é controlar ou dirigir, por

8) o pl<::,:ejamento pode ser definido como a sc!cçC\o consciente e deliber2da de prioridades econômicas por 2lauma autoridade pública ... i' :..:?:~'2 (u:~ J:-X[:) n:~'f"_-·.-_·:tldc pr!bLct~ Si,~~!~:Lca t:n: E:'t~:do. l!P.l GO"~7~r:1o

(com polícia e fõrças armadas para impor SU2S deci"ões. se

necessá-rio I t cu qualquer outro org2nismo cri8do pelo E.st.:~o ou ao qual

seja dotado expressamente de certos direitos e funções". Barbara

\Vo-otan. Liberfad con l~laniticaci ___ ~n (~léxico: Fundo

c.('

CUlttL'(J E,:oI1ônü~

ca, 1946\, ,·á~c, ~:'_15. 'cac:'.::ão de E-cede·', Und2c Planning (Uni-versity of North Carolina. Chapel Hill. 1945).

"O planejamento pode ser definido como a orientação das ativi-d2.CêS eCOnÔITIlCilS por um organisn:o ela comu;]idade. mediante um p~ojeto {iU(' cc~::-r;?va. em t~r!:1()S qual:Lltivos e qua:::1t:tat~vos. os pro ...

cessos de produção que devam ser realizados em det2rminado perío-do de tempo. Para alcançar o objetivo principal perío-do planej3mento, os

proc~ssos devem ser selecionados e projetados de tal modo que

as-segurem o emprêgo total dos recursos disponíveis e 20 mesmo tem-po evitem atitudes contraditôrias. possibilitando UI!! ritmo estável de progresso". Carl Landauer. Teoría de la Plani[icación Econômica

(14)

10 CADER;-.(OS DE ADMINISTRAÇÃO P(;BLICA

intermédio do goyêmo, a con-duta dos cidadãos de acôrdo com um plano. É esta inter-pretação que arremessa o têr-mo à arena onde se discutem os graus e formas desejáyeis de inten'enção gOl:ernamental.

Os socialistas democráticos também fayorecem um alto grau de direção, regulamenta-ção e estímulo dos processo~

econômicos, insistindo em que tal participação do goyêmo deve basear-se nos métodos ele representação e responsabilida-de democráticos e deter-se diante das liberdades mais ca-ras da tradição ocidental. Ape-sar das diferenças, a idéia de planejamento admite, em am-Os comunistas, por exemplo,

preconizam o grau máximo de contrôle goyemamental sôbre a economia e outros aspectos da yida, pelo menos na etapa da ditadura' do proletariado.

Theory of National &onomic Planning (University of California Press Berkeley, 1944).

"O planejamento deve, em grande parte, a sua popularidade ao fato de que todos nós desejamos resolver nossos problemas comuns com a maior racionalidade e previsão possíveis. Não é assim, po-rém, que os derensores entusiastas da sociedade planejada empregam atualmente o têrmo, nem é só nesta forma que devemos planejar se quisermos que a distribuição das riquezas se ajuste a certo padrão particular. De acôrdo com os planejadores modernos e segundo seus propósitos. não seria suficiente traçar a mais permanente e racional das organizações, para que dentro dela as diversas pessoas pudessem atuar de acôrdo com seus planos individuais. Bste plano liberal, dizem êles, não é de forma alguma um plano - e muito menos um plano delineado para comprazer a opiniões particulares sôbre quem deve ter çertas coisas. O que os nossos planejadores pretendem é a dire-ção central de tôda a atividade econômica segundo um plano único, que determine como se dirigirão conscientemente os recursos da so-ciedade para servir a certos propósitos particulares de um modo defi-nido." Friedrich A. Hayek, The Road to Serfdom (Chicago: Univer-sity of Chicago Press, 1944), págs. 34-35.

(15)

PLANEJAMENTO

11

bas as pm:ções, a tese de que ao goyêrno compete, em alto grau, a responsabilidade de orientar e coordenar a vida da sociedade.

É com base nessa concepção que um grupo muito respeitá-,"el, defensor dos postulados do liberalismo, repele a idéia de planejamento. Alheio aos interêsses criados e ao conser-yantismo fanático, êste grupo apresenta fortes argumentos em favor do bem-estar geral e tam-bém de formas eqüitativas de distribuição econômica; porém o faz em oposição ao interven-cionismo governamental, por considerá-lo antiprodutivo, na medida em que perturba o

sis-tema econômico da liberdade de trocas, e perigoso, no que

se refere às liberdades dos

ci-dadãos. Apontam como sinais de alarma os excessos da Ale-manha nazista, da Itália fas-cista e da Rússia comunista.

É natural, pois, que na opinião pública de muitos países a simples menção da palavra planejamento cause suspeita.

r\. luz dêste significado do têrmo, tão sujeito a controyér-sia, emerge a posição que ado-tamos no presente trabalho; a função de formular sistemàti-camente os programas de

go-vêrno não se identifica necessà-riamente com nenhum tipo particular de ideologia políti-ca, nem com determinadas for-mas e graus de contrôle gover-namental. Essa concepção é yaliosa pelas seguintes razões:

não comportando, portanto, uma idéia constante e uniforme... Pode definir-se plano como um série de leis bem concatenadas, distintas

quanto à substância. porém coordenadas entre si. para serem complemen-tadas nos seus pormenores por outras séries de disposith'os e ordens, elaboradas por funcionários designados para êsse fim, os quais devem estar subordmados

as

normas estabelecidas nos estatutos e. além disso, sujeitos à revisão legislativa ou judicial. ou a ambas." Herman Finer.

(16)

12 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. S~Jienta a importância da 3. Destaca a necessidade de prngrannç:to racional como entrelaçar as decisões num con-partei:1dispcnsáyel da

admi-nistração.

2. Indica a necessidade d2 incluir todos 03 elementos de

juízo, todos os aspectds do pro-blema, de modo que a progra-maçf:.o seja global e cada parte possa calibrar-se com referên-cia à significação do todo, sen-do, portantO, indispcnsá\'el o planej::Elen:o integral de tôdas as u ti"idades de go"êrno.

junto bem integrado, não S0

no que se refere ao programa de cada subdivisão do goyêr-no, como também a todo o pro-grama governamental, conside-rado globalmente.

(17)

11 -

OS PRINCíPIOS ESSENCIAIS DO PLANEJAMENTO

Cumpre-nos analisar detida-mente as características

essen-CIaIS do planejamento _ Só

;!ssim poderemos fixar as bases para os problemas relacionados com a organivç:io e metodiza-ção de suas funções.

A - O PRI:-\CfPIO DA IKERÊl',CIA

O planejamento é indispen-s;íyel em qualquer sistema de goyêrno. Já vimos que o pla-nejamento é parte integrante da administração e, em conse-qüência, de qualquer sistema de govêrno,

independentemen-te de seus objetivos particula-res _ Sabemos que a administra-ção não consiste na mera obe-diência automática a normas

predeterminadas, pelo que não se reduz - no sentido de cum-primentO mecânico ,\ simples execução de leis, regulamentos, ordens superiores ou esquemas de organização e métodos _ Ao contrário, é principalmente dis.-crição e tato - formulação de cleci:;ões, capacidade criadora,

YI • .'oir-faire -, por meio dos

quais cada administrador dá vida às normas, complemen-tando e concretizando as dire-trizes em face das situações

reais.

(18)

H

CADERl'i'OS DE AD~nNISTRAçÃO PÚBLICA

todos os níveis e setores. Não pode ser isolada da gestão administrativa, em organismos e processos separados, como al-guns supõem, nem é possível limitá-la aos mais altos esca-lões da hierarquia. Tampouco se trata de traçar um plano, em detenninado momento, e logo supor que se haja suspen-dido o proce,sso de planejar.

Segue-se também que ne-nhum govêrno, sejam quais fo-rem suas normas relativas ao contrôle que deve exercer sô-bre os cidadãos, pode prescin-dir de planejamento, se dese-ja iluminar conscientemente a sua rota, lograr eficiência na aplicação de meios para con-seguir seus fins e prever as conseqüências de seus atos. Assim, um sistema de laissez" faire baseado num alto grau de liberdade individual supõe que o govêrno, limitando-se ao mínimô indispensável de con-trôle sôbre as atividades

priva-das, planeje cuidadosamente seu programa, de modo que não perturbe o funcionamento do mercado livre, nem seus atos contradigam em outros sentidos a filosofia fundamen-tal que o orienta.

Tôda sociedade politicamen-te organizada concentra, por definição, certo grau de poder no govêrno, que deve ser exer-cido com previsão de seus fei-tos na vida dos cidadãos e com deliberação racional sôbre seus propósitos. A ausência desta deliberação consciente mu~tas

vêzes produz efeitos destruti-vos, como sejam: contrôles mais intensos que os desejados; desordem que impossibilita, em vez de facilitar, o exercício da liberdade; falta de oportu-nidade para que o povo adote decisões sôbre o que deseja.

(19)

pla-nejar suas atividades, desde que pretenda, bem entendido, realizar coerentemente os seus propósitos. São muitos Os go-Hrnos adeptos do laissez-faire

que, ou por negligência, têm deixado corroer-se a essência vital do mercado livre, penui-tindo o desenvohimento de pd.ticas monopolísticas e ou-tras contradições do mesmo gênero; ou por ação positiva e deliberada, de suposta orien-tação individualista, têm aju-dado a concentrar o poder eco-nômico de maneira que para-lisam as fôrças equilibradoras do sistema de preços.

Por outro lado, existem sis-temas de planejamento demo-crático que, por ausência de suficiente amplitude e clarivi-dência na formulação dos de-sígnios góycrnamentais, produ-zem resultados que ultrapas-sam o intento dos governan-tes. tstes efeitos imprevistos são, algumas vêzes, grandemen-te destrutivos, como ocorre, por

15

excffil;!o, no caso de medidas de fomento da industrializa-ção, propostas exclusivamente do ponto de vista econômico, sem considerar seu impacto sô-bre as atitudes, as preferências valorativas e, em geral, os pa-drões culturais da comunidade. Embora não se trate, nesse

ca-SO, de ausência total de

plane-jamento, acontece, no entanto, ser êste incompleto, por se li-mitar ao aspecto econômico e não incluir decisões conscientes sôbre os aspecws culturais.

Isto nos conduz ao segundo princípio essencial do planeja-mento: o da universalidade.

B - O PRINCíPIO DE UKIVERSALIDADE

(20)

16 CADER~OS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

imediatamente qualquer inten-to de programação. À revelia dos dados ou das decisões au-sentes, a parte articulada de um plano corre o risco de in-correr equÍvocos fatais.

o

exemplo do planejamento concentrado no aspecto eco-nômico, hoje em dia tão fre-qüente, mostra-nos (j valor e o alcance da ach"ertência. Se se tem de desem"olver um pro-grama de industrialização, não basta fazer cálculos em têrm05 ele capital necessário, de núme-ro de empregos precisos, de estatísticas sôbre o mercado de trabalho, elos gastos e outros

f:! tôres econômicos . Cumpre consider:tr, igu:tlmente, como aspectos do problema, os pos-síveis efeitos das novas form:ts de produção na migração, no crescimento de grandcs centros urbanos, no papel da mulher no lar, nas preferências entre o ócio e o trabalho, nas atitu-des de cooperação ou

compe-tição, na capacidade do traba-lhador para aprender as nOvas técnicas, nos problemas de or-ganização do trabalho, além de muitas outras repercussões de caráter psicológico e cultural.

(21)

diferen-PLANE]A:\IENTO 17

tes. Em tôda a parte se reco-nhece cada vez mais a impor-tância dos aspectos psicológi-cos, sociológicos e antropológi-cos da administração.

Constantemente se realizam experiências que vão esclare-cendo os efeitos que a vida em grandes centros urbanos, o tra-balho em fábricas de produção em massa, a cooperação em emprêsas coletivas e muitas ou-tras situaçu, s similares exercem sôbre a personalidade e a cul-tura. Assim se forj am novas formas de organização, méto-dos alternativos de trabalho e condições psicológicas mais hu-manas para o trabalhador. Quando um país decide indus-trializar-se, não tem que acei-tar os padrões econômicos mais tradicionais de outra situação cultural, senão os que melhor se adaptem às suas próprias condições.

Esta distinção elimina a per-plexidade de alguns

propugna-dores do planejamento, que re-pelem as acusações de totalita-rismo, sustentando que a sua função de assessoramento siste-mático na programação gover-namental se limita aos aspec-tos físicos e econômicos. Tal limitação só pode levá-los a confusões e contradições inex-plicáveis, pois qualquer medi-da gowrnamental no mencio-nado terreno repercute, inevi-tàwlmente, nos demais aspec-tos da vida. Não é possível conceber decisões governamen-tais sôbre a construção de

(22)

18 CADER:-\OS DE AD:\fINISTRAÇÃO PÚBLICA

estudo serve apenas para tor-nar unilateral a sua compreen-são dos problemas e levar a re-sultados que não se baseiam em decisões conscientes.

Vemos, pois, que um dos de-feitos mais freqüentes na prá-tica do planejamento é O de

li-mitar a programação sistemá-tica exclusivamente a certas fases do trabalho governamen-tal Em alguns casos, limita-se ao aspecto físico - regulamen-tando o uso da terra e das cons-truções - ou a certas regiões carecidas de desenvolvimento.

1'\ a maior parte das vêzes, não ultrapassa o âmbito econômico.

o

princípio da universalida-de le,'a-nos logicamente à con-clusão de que o govêrno deve incluir tôdas as suas atividades em um plano geral. Sem uma visão de conjunto, sem um pro-grama global, é impossível ca-librar devidamente as gestões particulares no que diz

respei-to à justificação, prioridade, tempo e outras questões. A~

normas mais específicas têm que derivar sua validade e efe-tividade das mais gerais.

Em cada setor da administra-ção pública surgem, inevitàYel-mente, perguntas fundamentais que se referem à relação de ca-da parte com o todo. Se não se formulam respostas a tais perguntas, a gestão particular fica desarticulada, sem orienta-ção básica. Tomemos como exemplos as decisões que, em dado momento, parecem ser indiscutíveis - digamos, as de-cisões tendentes a fomentar a educação em um país de ele-vada taxa de analfabetismo. Mesmo nesse caso, o tipo par-ticular de educação, as idéias e habitações que se hão de de-senvolver, o número de anos de estudo, são outros tantos aspectos que dependem do

cOnjunto de organização e

(23)

PL\~E J A~fDiTO 19

Advirta-se, entretanto, que ao advogarmos aqui o plane-jamento total, não quer isso dizer que estejamos preconi-zando o totalitarismo, pa troci-nando o contrôle pelo gO\êr-no de toclos os aspectos ela yi-da. Por isso, achamos necessá-rio especificar, no início dêste trabalho, o conceito de plane-jamento por nós adotado. A consideração de todos os aspec-tos - psicológicos, antropológi-cos, filosóficos, econômico,s, etc., na formulação sistemática do programa de govêrno não significa necessàriamente maior amplitude e intensidade· de contrôle governamental sôbre as atividades privadas.

c -

O PRINCíPIO DE UNIDADE

Emana da própria essência de um plano que suas partes estejam integradas no conj un-to. O requisito de unidade é essencial, pois na medida em

que não se cumpre, anula-se o planejamento. Em todos os planos de govêrno, incluindo os que apresentam maior for-malidade no processo de sua criação e na ordenação de suas decisões, é possÍ\'el encontrar inúmeras demonstrações de fal-ta de unidade. Às yêzes, tais planos constituem uma simples soma de quantidades de dinhei-ro, cujas relações mútuas não se descortinam claramente.

(24)

20

CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

particulares que possam pre-valecer em determinados luga-res e épocas, vamos mencionar aqui, a título de ilustração, al-gumas manifestações de falta de unidade no planejamento.

Em países que se encontram nas etapas iniciais de progra-mas de industrialização, é fácil de ver-se a desarticulação, a que nos referimos, nas contra-dições entre o sistema tributá-rio, de um lado, e as ajudas goyernamentais à iniciativa privada, ele outro. Além dos dilemas sempre presentes na impo'lçao de contribuições, causados pelos conflitos entre o propósito de maior eqüiela-de na distribuição elo patri-mônio coletivo e o de estinlU-lar a produtividade, \"Cmos ami úde contradições desneces-sárias. A incidência dos im-postos, desencorajando as eco-nomias e inwstimentos, não se adapta aos planos de fomento econômico. Similarmente, no que concerne a facilidades para

formação de capitais, as opor-tunidades de crédito revelam--se completamente inoperantes. As medidas para controlar cer-tos aspeccer-tos dos processos eco-nômicos - tais como o câm-bio, o comércio exterior, 05

pre-ços e os salários - freqüente-mente são tomadas à rewlia de suas relações com os esforço,> para desenvolver a industriali-zação.

Se escolhermos êstes exem-plos evidentes de desintegra-ção, sem nos referirmos a ou-tros mais complexos - a coor-denação do sistema educativo ou da evolução cultural com o.; programas de fomento eco-nômico - é porque, no terre-no da ecoterre-nomia, já se elabo· raram métodos de análise e aplicação, que nos permitem ver claramente a importância do princípio da unidade no planejamento.

(25)

univer-PL<\NE] Al\IENTO 21

sdlidacle - na medida cm q'-lC

um p r o g r a 111 a incompleto amputa as possibilid~:dcs l:C

relacionar as deci ,õcs com a parte ausente. ~las não dei:~a

de ter signifiGlç3.o própria, por-que pode haver programas muito inclusivos, mas sem a ele'. ida unidade.

D - O PRI.:\CíPIO

DE PR1:TIS.:\O

O conceito de jJ[allcjar cn-cerra em si a idéia de preL'ióiio.

Um plano é uma formulação racional e consciente de um conjunto de decisões p a r a orientar a ação futura. Distin-gue-se, assim, de mero ato im-pulsim ou das improvisações ad hoc, por mais sábias que estas possam vir a ser.

Para que o princípio de pre-yisão seja Yálido, deve fixar-se um prazo bem determinado, com subdivisões adaptadas à

realização dos objetivos. De

preferência, o período total elc-vc ser amFlo, paLl (pIe hZ1ja

lC; 'il"éilLc pe;specêiva cIo futu-lO c ~;-·:al os pa,sos sucessivos

1;c~'~,~;_1:1 >"::'f orienL1dos peL!.:>

tcn-cl~llCi;iS e objeti\os de maior

;:; ~c~ncc.

Emi](ú'a na prática se haja ob;·ervado a preferência pelo

pt2,'o ele cinco ou seis anos,

11;:0 <: pode estabelecer nenhu-n;:l I c~ra de validade geral. Os limites ele tempo devem ser

(26)

variabilida-22

CADER;-;OS DE AD:\II~ISTRAÇÃO P(;BLIC.~

de, é função precípua do sis-tema político interpretar o ru-mo da sociedade e orientar por forma correspondente a parti-cipação do goyêmo.

1\ essa ordem de idéias, é inaceitável o prazo orçamentá-rio de um ano, a que se limita o planejamento em muitos paí-ses. Independentemente das outras falhas que, do ponto de vista do planejamento, possam infiltrar-se em tais orçamentos, é evidente que um período tão curto não permite interpretar, tampouco orientar, as princi-pais tendências da evolução sa-cial. O orçamento anual deve ser uma etapa do planejamen. to a longo prazo. Mais espe-cífico em relação ao futuro imediato, o orçamento anual há de constituir o programa de trabalho do govêrno, expresso em têrmos financeiros; e para adquirir êsse caráter, deye afei-çoar-se à programação funda-mental de alcance mais longo.

Nada do que até aqui se disse autoriza a opinião - tão errônea e nociva - de que o planejamento consiste em

for-mular, em momentos determi-nados, programas de suficiente validade e obrigatoriedade pa-ra vigopa-rar, sem revisão, por tempo definido. Embora a

ta-refa planejadora deya ter um grau razoável de bom êxito em sua antecipação e orientação

do futuro, não se pode dispen-sar a obrigação de rever cons-tantemente o curso dos aconte-cimentos, a fim de que se fa-çam os necessários reajusta-mentos à luz das variantes im-previstas. O planejamento terá de ser um processo contínuo de

(27)

PL\:-\EJ ,\:\IE:-;TO

23

Em ;-ários países adota-se a

prática de formular um plano

de longa duração - cinco ou

seis anos -, o qual se reyê anualmente, acrescentando-se,

cada ;-ez, mais um ano de

pro-gramaç:io. Segundo êste

méto-do, na reyisão de 1954, por

exemplo, o plano de 1953-1958

com'erter-se-ia no de 1954-1959 e, embora conser;-ando na

me-dida do possível as linhas

mes.-tras do programa anterior, in-corporaria as necessárias

modi-ficações à luz das novas cir-cunstâncias.

(28)

111 - PROBLEMAS DE ORGANIZAÇÃO E MÉTODOS

A menos que tenhamos uma compreensão perfeita das carac· terísticas essenciais do planeja· mento, não poderemo~ chegar a soluções adequada~ para O'i

problemas de organizar e me· todi/ar seus processos.

A - P.-\R TICIPAÇÃO DE. TODOS OS ~íVEIS E SETORES D.-\

;\DMIXISTR.-\ÇAO

Em primeiro lugar, é C\idcn. te que a função de planejar de\e ser extensiva a todos os ní,·eis e setores da administra· ção. Já vimos que ela é parte inseparável do trZtbalho admi· nistrativo - é a deliberação racional e consciente para tra· çar o plano de ação - que não

de'·e estar ausente de nenhum ato de administração. Deve re· jeitar.se, portanto, a idéia de que planejar é tarefa exclusi\"a elos mais altos escalões da hie· rarquia.

(29)

2tJ C\DER:'\OS DE .\D:\lIXISTRAÇÁO PÚBLICA

de democracia capitalista. Logo de início, reconheceu-se na Rússia o princípio enunciado, criando-se uma rêde complexa de comunicações entre a Gos-plan - como organismo central - e as comissÕes das repúbli-cas, as regionais, as proyinciais, as de distrito, as das cidades e as departamentais, cheg;mdo até as diYisões menos importan-tes das unidades de produção.

:Êsse fato, fàcilmente compro-yá,-el pelos estatutos, relató-rios e outros documentos ofi-ciais da U. R. S. S., é realçado também por comentaristas im-parciais e escrupulosos que es-tudam o sistema soyiético sem defender seus postulados. Ve-jamos O que diz Alexander

Baykov em sua História da Economia Soviética, um dos es-tudos mais profundos e bem documen tados do sistema rusSO:

"Assim, pois, desde o início, o plano de Estado e o sistema de planejamento foram con~­

truídos de tal forma que com-binaram a administração cen-tralizada com órgãos descentr;t-lizados de planejamento ... ~

" ... Inclusi,·e em sua última etapa de desem'olyimentto, a rêde soviética, de órgão de pla-nejamento pode ser qualificada de plurali~ta. Com efeito,

ape-~ar da estrita hierarquia na organizcção estrutural, tanto a rêde de planejamento geral como a departamental... sfto, até certo ponto, descentraliza-das. .. A experiência mostrOll que o planejamento não é um mecanismo de relojoaria capaz :le funcionar automàticamente, lima yez estabelecida5 as suas relações e proporções, senão que se assemelha mais a um organismo yiyo e criador em

9) Alexander Baykov, Histocia de la Economia Soviética (Fundo de Cultura Econômica, México. 1948), tradução de The Development of

the Soviet Economic Systcm (Cambridge University Press. Londce",

(30)

1'1.-\:\1:J .-\:\IC\TO

que os órgão; de planejamento de\-em e"tar em contato COll~·

t:lI1te com todos os tecilIos

yi-\OS que constituem o sistema

da economia national". lO

Da ~i tuação russa podemos extrair lições úteis para os de-mais países. Se até na Rús~ia

Sm-iética a experiência fez pre-\alecer o princípio de partici-pação geral no planejamento, tanto mais \álido se torna o princípio nos sistema político-administrati\os em que a exi-gência de centralilação não é tão intensa. :;\ão obstante, neS-ses outros sistemas é comum a prática de se instituir exce~~i\ a centralização do poder executi·

\ 0 do go\êmo, apesar de se

basear a organização política no liberalismo e na democra·

ser capaz de desYÍtuar o cará-ter democrático do sistema po-lítico, representa, elo ponto de

YÍ~ta da eficiência, uma falha importante na fase ele formula-ção de programas, assim coma nos demais aspectos da admi-nistração pública.

Felizmente, o princípio da participação geral está ganhan· <lo terreno dia a dia, tanto nas generalizações teóricas,) 1 como nas recomendações específicas de reforma prática. Dentre as últimas, podemos assinalar três

~'xemplos recentes, ocorridos na . \mérica Latina: o relatório da Jlissão Cllrrie sôbre a reorga-nização do poder executivo do gO\'erno da Colômbia, 12 o do Serviço de Administração PÚ-blica sôbre o go\"êrno de El

(LI. Essa tendência, além de Sah'aclor 13 e o da Comissão de

10) lbid .• pág. 469.

11) Special Committee l)rJ Public Adminisfration Pl'oblems, op. cit., pjg.

29.

12) La Reorgani:::ación de la Rama EjcCtltiua dei Gobierno de Colomoia

(Bogotá. Imprenta Nacional. 1952\. pág. 30.

(31)

C.\DER:\"OS DE ~\I)~1!:\"IS1R:\ÇÃO l'l:BLlCA

Reorganização elo Poder Exe-cllli,'o do Goyêrno de Pôrto Rico, H

A participação de todos o~

colaboradores na formulação dos programas é necessiÍria pa-ra obter informação exata e específica sôbre as diferentes etapas do trabalho. A~~im

como numa emprêsa pani-cuIa r o planejamento centr,tl depende grandemente, no que diz re,peito às relações dos custos c lucros, das condições em que cada oper;lrio realiza sua operação especializada -moyimentos, tempo, mecaniza-ção, atitudes, ambiente físico e psicológico, relações com o sin-dicato, com a administração-, assim também no goyêrno é importantíssimo que o sistcm:t de informação e planejamento conte com a participação de todos os colaboradores.

Por outro lado, como ad-ministração é principalmen-te opcionalidade, cumprindo, lhe orientar a~ faculdades op-cionais para (lue se exerçam coordenadamente em busca da realização dos propó,itos co-muns, o melhor meio ,eriÍ man-ter os colaboradores bem intei-rados do programa. A êsse res peito, nada pode igualar-se em eficiência - nem as demom-trações de autoridade, nem m recursos de organização e mé-todo, nem a imposição de nor-mas - às condições subjetiya, de entendimentos, aceitação t'

lealdade, que se logram q uan-do touan-dos os membros ele um grupo de trabalhadores par-ticipam na formulação do pro. grama. Ainda que a contri-buição indiddual de alguns seja de pouca monta, em têr-mos de illterêsse, idéias e apro. yação é sempre fundamental o

14) Relatório da Comissão de Reorganização do Govêmo de Põrto Rico

(32)

PL\:\F,r-\:\fE:\TO

npirilo COleli\o que "C pode go\0rno c OU!r;iS do me~mo

gê-criar quando se utiliLa come- llero.

nientemente o método de eq i- j\; ão obstan te, os casos ex-J11uLn' a participação, (epcionais de centralização in-tf'n'ia violentam a tendência

É pos.,íye! que, em (crta,

lIr-(unsttlllcias, seja neccs'drio lIlll

alto grau de celltralilação, Quando se quer reorgani/ar e reorientar lima emplê.,a de

ponta a ponta, mediante a

de-~ignação de nO\a liderança, en-tão ü grau de direção centra!.

(om referência à participação

des(cntralizada, tem que ser

normal de qualquer trab;t1ho cooperatiyo, que é o no senti· do da participação ali\;! de todos os cobboradorl?s. ?\ ão

~e trata sómente da nece"icIa-de psicológica que cada pes'c):l tem de ser um elemento ,igni-licali\o de seu grupo, com

tô-cl<i~ a., alegrias que i,so COlH-porta. :\Ión de tal participa-maior. O mesmo pocle ocorrer ção ser reiyinclicada ine\ità-no, G1>05 de esubclecimento \cImente como questão de [;l'o, de emprêsas nO\:l5. Hú tam·

bém cenas decisões que somen-te podem tomar-se no próprio

centro da organizaÇio, porque requerem () grau corresponden· te de autoridade c a yj,ão elo conjunto. Exemplos: as deci-.,Ões referente, ;'1 coordenação

das diferentes subcli"isôes,

:1

uniformi(bdc de certos méto-elos, :IS diretrizes fundamentai" its relaç<ie~ com entidades do

\;t!e a pena e,timuL't-Lt, com,)

fator de eficiência e fonte ele respeito à dignidade e'isencial do ser hmllztl1o.

H - OS óRGAOS DE

PL.\~EJ.-\~IE~TO

Em determina(bs

(33)

30 C\DER:\'OS DE A/l~II:\ISTR.\Ç_\O PLBLIC.\

tantiyas se ocupem da {onnl!-lação dos programas, sem a ajuda de órgãos especialiladoj de planejamento, Assim ocor-re nos nh'eis mais baixo, (la

administração, onde a progra-mação é simples, Pode conce-ber-se também que, mesmo em nÍ\-eis relati,-anren te elevados, de administração mais comple-xa, os diretores e seus colabo-radores disponham de tempo suficien te e capacidade para orientar o processo de plane-jamento, por assim o permiti-rem a organização e o funcio-namento ela emprêsa,

Esta é uma sitlla~-ão normal, Além disso, confirma o princí-pio de que o planejamento é parte integrante da adminis-trilção, Torna-se patológicl guando o trabalho incessante não proporcione aOs funcioná-rios exeCllti,-os a oportunidade de examinar os programas e sua realização, Por isso, em to-do caso, com ou sem ajuch

es-pecializada, é imprescindhel que os administradores aten-tem devidamente para a fun-ção de planejar,

Quando a emprêsa é comple-xa e de grandes proporções, o~

administradores neccssi tam da ajuda de pessoas exclusi\amen-te dedicadas à tarefa de plane-jar, Estas têm a missão de oh-ter os dados exatos sôbre o

fUll-cionamento da emprêsa, anali-sar os resultados em compara-ção com os objeti \ OS, reyelar

as relações entre as diferentes etapas do trabalho, propor re-"isões dos programas e ajudar aos administradore, na progra-maçfío, por todos os meios cOn-,enientes,

(34)

PL\:-\EJA2\IE:-\TO 31

em relho, institucionalmente, a impon,lncia do planejamen-to. 1\ as emprêsas de grande complexidadc, tornam-se indis-pensáwis os órgãos ele plane-jamento, os quais, segundo as exigências de cada ca~o, che-gam a adquirir grandes pro-porções. Como regra geral, ne-nhum ministério 011

departa-mento de igual categoria pode prescindir de tais órgão~.

Cumpre indigitar aqui o êrro elementaríssimo de confiar a, tarefas ele plenejamento a pes-,oa5 que não disponham de tempo, nem da aj uda técnica para se dedicarem com·cnien-temente a e,t:1S funçôe,. Em rertos países, por exemplo, tem-se tentado organizar

con-~elhos de planejamento central p;lra a formulação do plano

geral do goyêrno (em alguns casos integrados por funcioná-rios gm·ernamentais de alta ca-tegoria; noutros casos, não sb-mente por funcion,írios, mas também por delegados classis-tas, como operários, titulares de profissões liberais, agricul-tores, industriais) sem os pro-,er, entretanto, dos sen·iços de um secretariado suficiente em número, capacidade e dedica-ção.

As experiências da Colômbia com o Conselho l\acional

Ew-nômico de 1940 e o Conselho

~ acionaI de Planejamento de 1951 demonstram claramente como um organismo de plane-jamento central não pode lo-grar bom êxito se não contar com ajuda técnica suticiente. 1~

15) Por fôrça do Decreto n' 1.15i, de 18 de junho de 1940. o Govêrno da Colômbia adotou um plano geral para o desenvolvimento econô-mico do pais. Para constituir um centro de consulta, planejamento c coordenação na realização de tal programa, o Decreto n' 1.438, de 18 d.~ julho de 1940. reorganizou o Conselho Econômico Nacional. que havia sido criado originàriamen~2 pela Lei nQ 23. de 1931,

(35)

C\DER:\OS DE c\!l\II:\hTR.-\Ç.\O PéBLIC\

::\ a Bolí\'ia, foi criada recente-mente uma Comissão Nacional de coordenação e Planejamen-to para "formular um plano de clesen\'ohimento da economia nacional", "coordenar o funcio-Jumento e os projetos, plano,

e programas" d<1S emidade, públicas e "erificar

"periódica-mente os progressos l'C'alindos na execução do plano geral e dos projetos específicos". 1';

Está integrada - como o

(OllSe-lho colombiano ele I ~}JO -

pC'-Público. Trabalho. Saúde e Bem-Estar Social: os gerentes do Bancc da República. da Caixa de Crédito Agricola. Industrial e MineIro e da Federação Nacional do Café; um representante de cada um dos seguintes grupos: Agricultura e Pecuária. Indústria. Comércio. Esta-belecimentos de Crédito e Seguros. Transporte e Serviços Públicos. Artes e Profissões. Consumidores. Trabalhadores Agrícolas. Traba-lhadores Industriais e Empregados Remunerildos. O mesmo decreto criou sete comitês permanentes do Conselho e comitês regionais para cada províncía e cada município. Economic Dcuelopment in Selectcd

Countries: Plans. Programmes and Agencies (Nações Unidas.

Depar-ta mente de Assuntos Econômicos. Nova York, 1950). II 82-83. A ineficiência dêste organismo culminou na recomendação da

lUis-siío Currie em favor do estabelecimento de uma RepartiçE;o ce

Plane-jamento de Recursos. com um único chefe. e dotada de pessoal técnico para assessorar o Presidente. Reorganização do Poder Executit'o do

Govêrno da Colômbia. Relatório de uma Missão dirigida por Lauch:in

Currie (Imprensa Nacional. Bogotá, 1952). páginas 30-33.

Como conseqüência dessa recomendação, criou-se a Rcpélrti.;i.o ck

Plan~jamento pelo Decreto-Lei n' 1.928. de 1951; por(m. ao in\':; de

ter um único chefe. o Decreto n' G. 389. do mesmo <1no, l's~abclcceu o Conselho Nacional de Planejamento - integrado por três membros - para dirigi-la. Apesar dessas reformas. em seu primeiro ~!atório

anual o Conselho ainda s~ queixava d~ que "a falta de suficiente pes-soal subalterno e a escassez de infomaç.ões estatísticas completas con-tribuíam para dificultar seus trabalhos". N.dntório Anual do Conselho

Nacional de Planejamento, Ano de 1952 (Imprensa Nacional.

Bogo-tá. 1953). pág. 37. Em 1953. suprimiu-~ o Conselho e criou-sE' er'l

seu lugar a Direção Nacíonal de Pbnej:1mento Econômico e Fiscz:l. com um diretor que é também o Secretário Econômico da Presid0".,L'.

(36)

los principais 11ll1ciollÚrio:i exe-cutiyos uo gOyêrno c por dele-gados de grupos funcionais. 1,

.\inda que se incluam também como assc,~ôres 18 os membro;

da ~Iis,ão Técnica das ~ações

L nidas, falta-lhe o secretaria-do, o pe,>soal técnico dedicado exclusiyamente ao trabalho de planejamento. Essa áeliciênl U

provà"elmente impedirá que :\ Comissão cumpra seus

obje-tiyos.

o

planejamento central de todo um goyêrno exige il1\es-tigações e interpretações muito complexas - sôbre a renda na-cional, as relaçôes econômiu~

com o exterior, Os ciclos

eco-nômicos, o sistema cducati\·o.

')0'

J:')

o~ padrões cuh urais, elC, etc.,

- e impõe a formulação de de-cisões dificílimas, o que, tudo junto, constitui tarefa de tal

,ulto que não se pode empreell-der sem a ajuda de um secrc-tariauo numeroso, com asses-sôres profissionalmente capazes e dedicados somente it função de planejar.

Q

uaneIo êsscs ser-,iços não são pro\Ídos, COlH()

110S casos mencionado'i, o JlLJi,

prodyel é que Os funcionárim executiym. transformados em planejadore" apenas façam de (onta que cumprem tão esnu-gadora respomabilidalle, dei-xando enlanguescer a sua tare-fa até que desapareça comple-tamente, ou que se arrisquem a adotar clecisõô sem base, o

11) Especificamente. õs me:nkos com direitc à pala"ra e él voto são o Presidente da RepúblicZl. 05 :'vlinistros. um vice-presidente executivo, os presidentes de várias corporZlções públicéls. dezessete diretores execu-tÍ\'os de outras repartições públicas. designadas no decreto. seis re-presentantes de outras tanl:âs entid"des industriais. sete rere-presentantes dos sindic<ltos que integram ZI Central Trabalhadora Boliviana e um de!eg"do da Federação Nacional de TnhZllhZldores Campesinos. Ibid.,

art. I~.

(37)

34

CADER);OS DE AD:\II);ISTRAÇÃO P(BLICA

que poderia ser ainda mais pre-judicial.

Em Pôrto Rico, depois de uma década de planejamento central, tendo..se desen\'oh'ido um corpo numeroso de técnicos a serviço da Junta de Planeja-mento, decidiu-se, ao proceder-se à reorganização do poder executi\'o em 1949-50, que ain-da era necessário ampliar és,es serviços profissionais de asses-soramento, criando-se, destarte, outra repartição de iIwe,tiga-ções econômicas dentro da or-ganização existente. 1[\

Atualmente j;í se está de'ien-yolvendo, a pOli co e pouco, um programa para criar órgão de planejamento nos ministérios e nas demais entid;;t!e, lli inci-pais do gon:rno.

c -

O CARATER CONSUL T1VO DOS óRGÃOS DE

PL Al'\" E

J

AJ\1ENTO

A experiência demomtra a grande cOl1\'eniência de colocar os órgãos de planejamento, sem auloridade própria para tomar decisões ou inten-ir em sua execução. Trata-se neste raso de uma função de ('s/ado.

maiOr (s/a!!), auxiliar das

ope-rações executi,'as. A vantagem dêsse tipo de organização é a de proporcionar aos assessôres oportunidade de dedicar tôcla a atenção ao processo ele pla-nejar, com a necess.íria sereni-dade e a cavaleiro elas pressõe, .tdministrati,'as .

. \ interpretação desta teoria, que supõe a possibilidade de

19) MensQ.<lc:7l do Got'crné;dor j Décima Sétima Assembléia Leyisl,ltit'a.

em sua Segunda Sessão Ordinária, sôbre o Projeto de Orçamento para

o Ano de 1950-51. pág. 11. Ver também: Marshall Dimock. Pedro Mu·

noz Arnato. Roberto de Jeus et aI.. La Reorgani=ación de la Rama Ejecutit'a (Escuela de Administración Pública, Universidad de Puerto

(38)

l'L\:\E]Al\IE:\TO

i~olar o planejamento dos pro-cessos executi"os, é errônea. Pelas razões j;í Yárias yêzes mencionadas, os consultores

ele-::\ão ob~tallle. freqüentemente tem deixado de h;l\'er o entro-samento adequado entre os téc-nicos e os líderes político-aclmi-\em manter-se em íntima liga- nistrath'os, entrmamento

ne-~ão com os administradores, atiY<lmlo a formulação dos

programas nOs processos cxe-cuti\os pelas yias normais tb administração. Quando não se logra e~ta espécie de conlato,

o trabalho elos planejadore, profi\sionais, por mais intemo e adequado que seja, IÜO

p;lS-~a de puro exercício

acadêmi-(O, sem tradLlzir-~e em

diretri-ies ae ação. Há mai~ ele dei ano" Yem-Se fazendo no

l\Iéxi-(O um magnífico trabalho de

coleta e intrepretação de da-do" com as séries e~taLÍsticas

torrespondente\ sôbre os pro-hlemas centrais da economia.

f: numeroso o pb~oal encarre-gado dêsse trabalho, 110 ~Iini~­

tério da Falenda e outras de-pendências do gon:rno; e a qualidade da produção re,ela a rapacidade de seus autores.

cessário para que as interpre-tações se cOlwertam em progn-llIas de ação.

De,'emos imistir, por outro lado. em que a tarefa elo) asses-sôres não consiste em ~ubsti­

tuir os diretores execlIli\os na responsabilidade de tOmar de-cisões, mas exatamente no exer-cício cle,sa re;,ponsabilidadc. :\aturalmenlc. na pr;ítica, a participação do ,Hlministrador e de seus conselheiros depende

da personalidade, do conheci-mento e ela capacidade de cada

11111 em relação ao outro. Em

qualquer caso, porém, sempre que o executi,o abdica de sua função de t0111;I1' decisões, o sis-tema administrativo se desin-tegra. 1\ a medida em que o chefe execL\liyo carecer de

(39)

pro-gralll;I, debilitar-se-;í sua efi-cienria como orientador e líder de ,em colaboradore, o

~a lufa-lufa do tlab;tlho exe-cutivo é poderosa a tendência a permitir que os assessôres su-plantem os diretores o Os pri-meiros deixam-se levar por en-tusiasmo em favor dos planm

que êles mesmos elaboramo E os segundo" acossados pela ur-gência do~ trabalhos quotidia-nos, em muitas ocasiões

prefe-rem renunciar à sua obriga'.'ão de pensar sôbre a oricniacio

<lo~ programas o

Algumas vêzes (Lí-'iC o seguin-te caso extremo: ao ill\ é, de assunrir diretamente a respon-,abiIidade pelo êxito ou

fraca,-50 dos planos, os diretores

exe-cutivos atribuem aos as~e!»ôres

de planejamento as wnseqiiên-das de suas recomendações o

Trata-se de uma gra,oe desYÍr-tuação elo papel de asscs,>ora-mento o Senoe para que as

pe,-soas, de quem se pode exiC;ir responsabilidade, se es( lllkm

atr<Ís de seus asse.ssôres, cuj.: função e autoridade são PULt-mente subsidiárias o Disso

re"lIl-ta inevitàYelmente a destruido

de enorme utilidade potC!l( ial

das funções cle assessora11lCI1 to.

Por ê,tes exemplos se ,ê que culLi\'ar de\idamente o papel

de assc~soramcnto,

pro,egen-<10-0 contra os perigos ;1~,in;l­

lados, não (' fácil tareLt. Sem

a compreensão cabal do filie de\a ~er o prore,so de plane-jamento, como parte inerente ao trabalho adnrinistrati\(), e sem grande escrupulosidadc na colaboração de aS'ies'ôres e exc-clIti\'os, não se pode mal1llo1 o

equilíbrio desejável o

Encarando o aSSlllltO pur O~l­

tro prisma, deparaose-nos o êrrú que consiste em sobrecarregar de funções executi,oas 0'

(40)

PI.\:\EJ.un::\"TO

37

(Un] i<lr a rcaliLação dos plano, por êles mesmos formulados, em yirtuele ela excepcional oporturiidade de preparação que tal situação implica, Se o

f uncionário passa lOtalmen te de sua função cODSulti"a a um cargo regular de

administra-~ão, a transferência não suscita o problema que queremos apontar, A ohjeção surge quan-elo mantém as funções ele

a,se,-~oramento e a elas acrescent;! outras de radter executi"o,

Em PÔrlo Rico, por exemplo, LOube à Junta Central de Pla-nejamento, por disposição de lei, a resposabilielade ele apli-car os regulamentos por ela formulados para o uso ele ter-ras e para a construção de edi-fícios, Êsse trab;' 1110 [oi dele-g;lUO, em grande parte, a cer-tas subdidsões do secretariado da Junta e assume as formas ele estudo de planos, concessão ele permis~õc" inspeções, au-diências, recursos e outros

tdl-mires, :\Lh aintLl a~',J:n condi-ciona, ineyità"elmente, a ati\"Í-dade de todo o organismo pla-nejador, incIusi"e a da própria Junta Central, que lhe dedica consider;Í\'el atenção e tempo, e tende a distraí-Ia da tarefa principal que é - o a~sessora­

mento relativo ao programa eronômico-"oci:ll de todo o go-,(:rno. Grande parte do pc~­ ~oal tem que ~e dedicar a apli-car os citadO) regulamentos, Essas funções exigem certo, t i-]los especiais de métodos, ele (;ldter quase-judicial, Susci-tam problemas de relações di-retas com o público, ao passo que a função de assessorar aconselha o anonimato, 1\0

(41)

38

CADER:-IOS DE AD~fI"ISTRAÇÃO pL-nuc-\

reorganização geral de 19-19- O planejamento 11;IS difercntcs 1950, criar nova repartição, a

fim de intensificar os sen'iços de assessoramento sôbre os as-pectos econômico-sociais, 20

D - A UTILID.\DE DAS REPARTIÇÕES CENTRAIS DE PLANE]A\IEC\'TO

Se, como temos visto, a

111-tegração de planos gerais para orientar globalmente todo o trabalho do gm'êrno é indis-pensá"el, imprescindí\'el tam-bém se' torna a existência de órgãos centrais que abranjam e unifiquem o processo de pla-nejamento,

Somente quando se conside-ra o tconside-rabalho do gm'êrno na sua totalidade é que se pode adquirir a perspectiya que dü sentido ao conjunto, estabele-cendo as prioridades e rela-ções e traçando o rumo da ges-tão governamental dentro da evolução dos processos sociais,

20) Sll.pra. pág, 33, nota 19,

~lIbdiyjsões, por sua inerente [ragmentariedade, carece de perspectiva integral, Eis por (lue é errônea a teoria tradi-cional de que basta somar êsses programas parciais, Por mai, ~ati~fatórios que sejam o conhecimento e a orientação ele cada parte, não pode o admi-nistrador captar a significação do todo, se não dispuser de meios de coordenação no cen-tro, As propostas dos milli~té­

riqs ou departamentos nece,-sàriamente se fazem dentro das limitações da especialização que corresponde a cada um, mas adquirem nong signific a-ções, quando o administrador as sopesa com as outras partes. . num esfôrço por harmonizar

todo o conjunto,

Essas correntes do planeja-mento convergem C0111 as que

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