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Proteinograma do líquido cefalorraqueano na lepra lepromatosa.

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Academic year: 2017

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PROTEINOGRAMA DO LÍQUIDO CEFALORRAQUEANO NA LEPRA

LEPROMATOSA

W I L S O N BROTTO * A . S P I N A - F R A N Ç A * *

Em trabalho anterior foram registradas alterações do proteinograma do líquido cefalorraqueano ( L C R ) de pacientes com lepra5

. As alterações en-contradas foram discretas e puderam ser relacionadas a certos aspectos clí-nicos e biológicos da doença. Entre as alterações descritas no proteinogra-ma do L C R salientam-se a ocorrência de aumento do teor de albumina em casos recentes da forma inespecífica da doença, o aumento do teor de β-globulina em pacientes com lepra tuberculóide e o de y-β-globulina em pacien-tes com lepra lepromatosa.

O aumento de y-globulina no L C R nos casos de lepra lepromatosa pa-recia secundário ao aumento dessa fração no sangue. Entretanto, o número de pacientes com essa forma da doença era pequeno, não permitindo maiores conclusões.

N o presente trabalho é analisado o proteinograma do L C R de maior série de pacientes com lepra lepromatosa para avaliar a freqüência e a in-tensidade com que ocorre o aumento do teor de y-globulina no L C R nessa forma clínica da doença e suas relações com o aumento dessa fração no sôro.

M A T E R I A L E M É T O D O S

O e s t u d o é b a s e a d o na a n á l i s e dos d a d o s r e f e r e n t e s a 45 p a c i e n t e s a c o m e t i d o s de l e p r a , t o d o s p o r t a d o r e s d a f o r m a l e p r o m a t o s a . A r e a ç ã o de M i t s u d a f o i n e g a t i v a e m t o d o s . E m 6 casos a p e s q u i s a de b a c i l o s á l c o o l - r e s i s t e n t e s f o i p o s i t i v a : e m 4 a p r e s e n ç a d e b a c i l o s f o i d e m o n s t r a d a e m l e s ã o c u t â n e a ( c a s o s 21, 22, 25 e 2 7 ) e, e m dois, na l e s ã o c u t â n e a e n o m u c o n a s a l ( c a s o s 24 e 2 9 ) . Q u a r e n t a p a c i e n t e s e r a m b r a n c o s , u m e r a p r ê t o ( c a s o 4 1 ) e 4 e r a m p a r d o s ( c a s o s 4, 16, 20 e 2 6 ) . O s e x o e a i d a d e dos p a c i e n t e s são r e f e r i d o s na t a b e l a 1, b e m c o m o o t e m p o de e v o l u -ç ã o d a d o e n -ç a .

P a r a c a d a c a s o f o i e s t u d a d o o p r o t e i n o g r a m a de u m a a m o s t r a de L C R c o l h i d a na c i s t e r n a m a g n a ( p u n ç ã o s u b o c c i p i t a l ) ; s e m a l t e r a ç õ e s q u a n t o a o a s p e c t o , c ô r e c i t o l o g i a ; as r e a ç õ e s de f i x a ç ã o do c o m p l e m e n t o p a r a sífilis e p a r a c i s t i c e r c o s e f o r a m n e g a t i v a s e m t ô d a s as a m o s t r a s . P a r a fins c o m p a r a t i v o s , f o i e s t u d a d o o p r o -t e i n o g r a m a do s ô r o s a n g ü í n e o ( s ô r o d e c a d a p a c i e n -t e p o r o c a s i ã o da c o l h e i -t a d o L C R .

(2)

A c o n c e n t r a ç ã o p r o t ê i c a t o t a l f o i d e t e r m i n a d a , no L C R , p e l o m é t o d o t u r b i d i -m é t r i c o do á c i d o t r i c l o r a c é t i c o e, no s ô r o , p e l o d o b i u r e t o . A s f r a ç õ e s p r o t ê i c a s f o r a m e s t u d a d a s , n o L C R e n o s ô r o , p o r e l e t r o f o r e s e e m p a p e l . A s t é c n i c a s e m -p r e g a d a s nas d e t e r m i n a ç õ e s f o r a m d e s c r i t a s a n t e r i o r m e n t e2

, b e m c o m o os v a l ô r e s n o r m a i s c o n s i d e r a d o s na i n t e r p r e t a ç ã o dos d a d o s o b t i d o s3

.

R E S U L T A D O S

(3)
(4)
(5)

Proteinograma do sôro — A a l t e r a ç ã o m a i s f r e q ü e n t e do p r o t e i n o g r a m a do s ô r o

foi r e p r e s e n t a d a p e l o a u m e n t o da c o n c e n t r a ç ã o de y - g l o b u l i n a (37 c a s o s ) . A s t a x a s d e s t a f r a ç ã o p r o t ê i c a e r a m a n o r m a i s e m 8 p a c i e n t e s ( c a s o s 9, 10, 15, 17, 18, 21, 31 e 3 9 ) . O a u m e n t o da c o n c e n t r a ç ã o d e 7 - g l o b u l i n a n o s ô r o era a c o m p a n h a d o da d i m i n u i ç ã o da t a x a d e a l b u m i n a e m d o i s p a c i e n t e s ( c a s o s 26 e 2 7 ) , de a u m e n t o das d e m a i s g l o b u l i n a s e m u m ( c a s o 1 9 ) , de a u m e n t o da c o n c e n t r a ç ã o da g l o b u l i n a

a1 e m 8 ( c a s o s 24, 25, 27, 28, 33, 43, 44 e 4 5 ) , da g l o b u l i n a a2 e m d o i s ( c a s o s 2 e 2 9 ) das g l o b u l i n a s a1 e β e m dois ( c a s o s 40 e 4 1 ) e da β-globulina e m 4 ( c a s o s 11, 32, 34 e 4 2 ) . E m dois p a c i e n t e s f o i v e r i f i c a d o a u m e n t o i s o l a d o d a g l o b u l i n a a1

( c a s o s 31 e 3 9 ) .

Proteinograma do LCR — A c o n c e n t r a ç ã o p r o t ê i c a t o t a l das a m o s t r a s e s t u d a

-d a s e r a n o r m a l e m 42 casos. N o s t r ê s r e s t a n t e s e s t a v a a u m e n t a -d a ( c a s o s 5, 6 e 3 2 ) ; os a u m e n t o s v e r i f i c a d o s e r a m d i s c r e t o s , sendo de 56 m g / 1 0 0 m l a m a i o r t a x a e n c o n t r a d a .

N o p e r f i l e l e t r o f o r é t i c o f o i v e r i f i c a d a a o c o r r ê n c i a d e a u m e n t o d o p e r c e n t u a l de 7 - g l o b u l i n a e m 14 p a c i e n t e s ( c a s o s 5, 6, 12, 14, 21, 24, 25, 26, 27, 32, 33, 35, 38 e 4 0 ) . N o s d e m a i s o p e r f i l e r a n o r m a l , c o m e x c e ç ã o d e dois casos; e m u m h a v i a d i s c r e t o a u m e n t o d o t e o r de a l b u m i n a ( c a s o 3 9 ) e, e m o u t r o , p e q u e n a d i m i n u i ç ã o de a1- g l o b u l i n a ( c a s o 3 ) .

O a u m e n t o r e f e r i d o p a r a o t e o r de y - g l o b u l i n a f o i d i s c r e t o na m a i o r i a dos casos; s ô m e n t e e m t r ê s u l t r a p a s s a v a o t e o r de 2 0 % ( c a s o s 21, 24 e 3 8 ) . O a u m e n t o do p e r c e n t u a l dessa g l o b u l i n a r e p r e s e n t a v a a única a l t e r a ç ã o do p e r f i l e l e t r o f o r é t i c o e m 7 casos; a c o m p a n h a v a - s e de d i m i n u i ç ã o do t e o r de a l b u m i n a nos d e m a i s ( c a s o s 12, 21, 24, 26, 27, 35 e 3 8 ) . E m u m d ê s t e s h a v i a t a m b é m d i m i n u i ç ã o do p e r c e n t u a l de β -globulina ( c a s o 2 4 ) . E m 13 p a c i e n t e s a f r a ç ã o p r é - a l b u m i n a se a c h a v a au-s e n t e ( c a au-s o au-s 4, 6, 10, 13, 25, 32, 34, 39, 40, 41, 42, 43 e 4 4 ) .

C O M E N T Á R I O S

Proteinograma do soro — Alterações nos teores globulínicos são

fre-qüentes no soro de pacientes com lepra5

. Em geral, as concentrações das diversas globulinas tendem a apresentar-se acima da média normal (quadro 1 ) . Essa tendência é mais pronunciada em relação às globulinas a e y. As

concentrações da última assumem freqüentemente níveis patológicos. Assim, em 37 dos casos estudados, foi verificado o aumento dessa fração protêica.

A tendência ao aumento das globulinas do soro leva a que, no perfil eletroforético, ocorra predomínio do percentual das globulinas sobre o de albumina.

Relação entre o proteinograma do LCR e o do soro — As alterações do

proteinograma do soro não costumam refletir-se no proteinograma do LCR. Assim, nos casos estudados o proteinograma do L C R era normal ou apre-sentava alterações discretas. Essa diferença de comportamento que ocorre na lepra acarreta modificações das relações normalmente observadas entre os percentuais das diferentes frações protêicas no L C R e no soro; em pu-blicação anterior5

foram analisadas as peculiaridades dessas relações na lepra. Na presente série de casos os achados são semelhantes (quadro 2 ) , caracterizando-se por tendência a ser maior que a normal a relação entre os teores de albumina e de jg-globulina e menor a das «-globulinas. Para a relação entre os percentuais de y-globulina não foi observada tendência definida: em 24 casos a relação era menor que 0,5 e em 21, maior, tendên-cia também observada anteriormente 5

(6)
(7)

A correlação entre a concentração protêica total do LCR e a do sangue é representada por valor não significativo (r = 0,27), para os 45 casos es-tudados.

Proteinograma do LCR — O aumento de y-globulina representou a

al-teração mais comum do perfil eletroforético do LCR, tendo ocorrido em cerca de um terço dos pacientes (14 casos). A ocorrência de aumento de y-globulina no L C R não guardava relação com a idade e o sexo dos pa-cientes nem com o tempo de evolução da doença, embora não tivesse sido observado entre os pacientes cuja doença evoluía por tempo menor ou igual a 5 anos.

O aumento do teor de y-globulina no LCR ocorreu de modo mais fre-qüente entre os pacientes com maiores taxas de proteínas totais no LCR. Assim, ocorreu apenas em 6 dos 33 casos cuja proteinorraquia total cor-respondia a valores iguais ou menores que 20 mg/100 ml e em 5 dos 9 casos em que se achava entre 21 e 30 mg/100 ml. Nos 3 casos em que a concentração protêica total estava aumentada foi verificado aumento do teor de y-globulina. As médias representativas dos perfis eletroforéticos para grupos estabelecidos de acordo com a taxa de proteínas totais da amostra, permitem ter idéia do mesmo fato (quadro 3 ) .

Há vários dados que levam a admitir que o aumento de y-globulina no L C R seja secundário ao aumento dessa globulina no soro .Entre eles destaca-se o fato de os aumentos verificados no teor dessa globulina terem sido discretos, não ultrapassando 20% na maioria dos pacientes (11 casos). Aumentos dessa ordem no teor de globulina no L C R são geralmente obser-vados como conseqüência de aumento dessa fração no sangue1

(8)

entre os pacientes em cujo soro foi observado aumento dessa fração

pro-têica (quadro 4 ) . Outro dado favorável à hipótese de o aumento do teor

de y-globulina no L C R ser secundário ao aumento dessa fração no soro é

representado pelo fato de a relação LCR/sôro do teor dessa globulina não

ter sofrido modificações na maioria dos 14 casos com aumento de

y-globu-lina no LCR. Assim os valores dessa relação eram normais (de 0,4 a 0,6)

em 7 casos e estavam levemente aumentados em 4 (0,61 a 0,75). Somente

nos 3 casos com aumento de y-globulina no LCR superior a 20% os

va-lores dessa relação eram maiores, oscilando ao redor da unidade.

R E S U M O E C O N C L U S Õ E S

Foi estudado o proteinograma do LCR e o do sôro de 45 pacientes com

lepra lepromatosa.

A alteração principal encontrada no proteinograma do L C R foi o

au-mento do teor de y-globulina, verificado em cêrca de um têrço dos

pacien-tes (14 casos). O aumento dessa globulina ocorreu de modo mais freqüente

nos casos com taxa de proteínas totais maior. O aumento de y-globulina

no L C R não guardava relações com o sexo ou a idade dos pacientes, nem

com o tempo de evolução, embora não tivesse sido registrado entre os casos

cuja doença evoluía há 5 anos ou menos.

A análise do material apresentado sugere que o aumento do teor de

y-globulina que pode ocorrer na lepra lepromatosa seja secundário ao

au-mento dessa globulina no sangue. Entre os dados favoráveis a essa

hipó-tese são apresentados os fatos de: os aumentos observados no teor dessa

fração terem sido discretos na maioria das vêzes (11 casos); de os

aumen-tos dessa globulina no L C R terem ocorrido na maioria das vêzes em casos

com aumento dessa globulina no sôro e o de terem ocorrido sem que se

(9)

S U M M A R Y

Cerebrospinal fluid proteins in leprosy. A study concerning to the lepromatous form of the disease.

The study is based on the observations concerning to 45 patients with leprcmatcus Jeprosy. The test of Mitsuda was negative in all of them. Alcohol-acid fast bacilli were found to be present in 6 cases in cutaneous lesions and/or in nasal cavity.

The study of the CSF proteins comprised the determination of the total protein content and the analysis of the proteins fractions, the latter by papel strip electrophoresis. For each patient it was studied one sample of CSF, collected from the cisterna magna and normal concerning to its physics and cytologic properties; complement fixation tests for syphilis and cysticercosis were negative in all samples. For comparison purposes other data were studied: 1. the total protein content of blood serum and its protein fractions, the latter by paper strip electrophoresis also; 2. the age of the patients; 3. the probable time of disease.

Results are presented in the table 2. The total concentration of CSF proteins was normal in 42 patients; it was slightly increased in three cases. Changes in electrophoretic pattern of CSF proteins were verified in several cases. The most frequent change was the increase of the y-globulin frac-tion (14 cases). Its occurrence in this form of the disease was related in a previous former study; the present data confirm such observation.

The data discussed in this study show that the increase in the CSF y-globulin is probably related to change in the protein pattern of blood serum. It seems to be secondary to the increase of the y-globulin fraction in the latter.

R E F E R Ê N C I A S

1. M A T I A R , H . ; S C H M I D T , C. — D e r E r h ö h u n g d e r G a m m a - g l o b u l i n i m L i q u o r . D e u t s c h e Z t s c h r . f. N e r v e n h . , 178:300-312 ( o u t u b r o ) 1958. 2. S P I N A - F R A N Ç A , A . — E l e t r o f o r e s e e m p a p e l das p r o t e í n a s d o l í q u i d o c e f a l o r r a q u e a n o : T é c n i c a . A r q . N e u r o - P s i q u i a t . , 16:236-242 ( s e t e m b r o ) 1958. 3. S P I N A - F R A N Ç A , A . — E l e t r o f o r e s e e m p a p e l das p r o t e í n a s d o l í q u i d o c e f a l o r r a q u e a n o : V a l ô r e s n o r m a i s . A r q . N e u r o P s i q u i a t . , 18:1928 ( m a r ç o ) 1960. 4. S P I N A F R A N Ç A , A . ; A M A R , I . — V a l ô r e s n o r -m a i s d a c o n c e n t r a ç ã o p r o t ê i c a do l í q u i d o c e f a l o r r a q u e a n o : v a r i a ç õ e s l i g a d a s a o l o c a l de c o l h e i t a d a a m o s t r a . A r q . N e u r o P s i q u i a t . , 19:220225 ( s e t e m b r o ) 1961. 5. S P I N A -F R A N Ç A , A . ; B R O T T O , W . — P r o t e i n o g r a m a d o l í q u i d o c e f a l o r r a q u e a n o na l e p r a . A r q . N e u r o - P s i q u i a t . , 20:279-288 ( d e z e m b r o ) 1962.

Referências

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