w w w . r b o . o r g . b r
Artigo
Original
Influência
do
corticoide
na
cicatrizac¸ão
do
manguito
rotador
de
ratos
–
Estudo
biomecânico
夽
Leonardo
Dau
∗,
Marcelo
Abagge,
Vagner
Messias
Fruehling,
Wilson
Sola
Junior,
José
Marcos
Lavrador
e
Luiz
Antônio
Munhoz
da
Cunha
UniversidadeFederaldoParaná,Curitiba,PR,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem17dejaneirode2013 Aceitoem15deoutubrode2013
On-lineem13demarçode2014
Palavras-chave:
Manguitorotador Corticoides Biomecânica Tendões
r
e
s
u
m
o
Objetivo:comparar a resistência da cicatrizac¸ão, com relac¸ão a tensão máxima, forc¸a máximaeforc¸aderuptura,dotendãoinfraespinhalderatossubmetidosainoculac¸ãode corticoidesapósalesãoeareparosexperimentais.
Métodos:foramsubmetidos60ratosWistaratenotomiadotendãoinfraespinhalesuturados. Previamenteàcirurgiaforamdivididosemgrupocontrole(C),inoculadoscomsoro,egrupo de estudo(E),inoculadoscomcorticoidessobreotendão.Apósoreparoosratosforam sacrificadosemgruposde10 indivíduosdogrupocontrolee10dogrupodeestudoem intervalosdeumasemana(C1eE1),trêssemanas(C3eE3)ecincosemanas(C5eE5).Os ratosforamdissecadoscomaseparac¸ãodotendãoinfraespinhaldoúmero.Aspec¸asde estudoforamsubmetidasatestedetrac¸ãoeavaliadas–tensãomáxima(kgf/cm2),forc¸a
máxima(kgf)eforc¸aderuptura(kgf)–ecomparandoosgruposdeestudocomosgrupos controle.
Resultados: dentreosratossacrificadoscomumasemanaobservamosmaiortensãomáxima dogrupoC1emcomparac¸ãocomogrupoE1.Asvariáveisforc¸amáxima(kgf)eforc¸ade rup-tura(kgf)nãodiferiramestatisticamenteentreosgrupospesquisados.Damesmaforma,nos ratossacrificadoscomtrêssemanasogrupoC3mostrouapenasresistênciamaiornatensão máximaemcomparac¸ãocomogrupoE3(p=0,007).Asdemaisvariáveisnãoapresentaram diferenc¸as.Nosratossacrificadoscomcincosemanas(C5eE5),nenhumdosparâmetros estudadosapresentoudiferenc¸asestatísticas.
Conclusão:ainoculac¸ãocomcorticoidesobreomanguitorotadorlevouadiminuic¸ãoda resistênciaatensãomáximadacicatrizpósreparocirúrgicoexperimentalemumaetrês semanasemcomparac¸ãocomosrespectivosgruposcontrole.Osdemaisparâmetrosnão tiveramdiferenc¸aentreosgruposdeestudoeosgruposcontrole.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.
夽
TrabalhorealizadonaClínicaCirúrgicadoHospitaldeClínicasdaUniversidadeFederaldoParaná,Curitiba,PR,Brasil. ∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:leonardodau@yahoo.com.br(L.Dau).
Influence
of
corticoids
on
healing
of
the
rotator
cuff
of
rats
-Biomechanical
study
Keywords:
Rotatorcuff Corticoids Biomechanics Tendons
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective: tocomparehealingstrengthoftheinfraspinatustendonofratswithcorticoid inoculation,regardingmaximumtension,maximumforceandruptureforce,afterinjury andexperimentalrepair.
Methods:60Wistarratsweresubjectedtotenotomyoftheinfraspinatustendon,whichwas thensutured.Beforethesurgery,theyweredividedintoacontrolgroup(C)inoculatedwith serumandastudygroup(S)inoculatedwithcorticoidsoverthetendon.Afterrepair,therats weresacrificedingroupsof10individualsinthecontrolgroupand10inthestudygroup atthetimesofoneweek(C1andS1),threeweeks(C3andS3)andfiveweeks(C5andS5). Theratsweredissected,separatingouttheinfraspinatustendonwiththehumerus.The studyspecimensweresubjectedtoatractiontest,withevaluationofthemaximumtension (kgf/cm2),maximumforce(kgf)andruptureforce(kgf),comparingthestudygroupwiththe
respectivecontrolgroups.
Results: amongtheratssacrificedoneweekaftertheprocedure,weobservedgreater maxi-mumtensioningroupC1thaningroupS1.Thevariablesofmaximum force(kgf)and ruptureforcedidnotdifferstatisticallybetweenthegroupsinvestigated.Inthesameway, amongtheratssacrificedthreeweeksaftertheprocedure,groupC3onlyshowedgreater maximumtensionthaningroupS3(p=0.007),andtheothervariablesdidnotpresent dif-ferences.Amongtheratssacrificedfiveweeksaftertheprocedure(C5andS5),noneofthe parametersstudiedpresentedstatisticaldifferences.
Conclusion: weconcludedthatcorticoiddiminishedtheresistancetomaximumtension inthegroupssacrificedoneandthreeweeksaftertheprocedure,incomparisonwiththe respectivecontrolgroups.Theotherparametersdidnotshowdifferencesbetweenthestudy andcontrolgroups.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Adoenc¸adomanguitorotadoréfrequentenapráticamédica. Elarepresentaumespectrodecondic¸õesquevariamdeum processo inflamatório dotendãoa umalesão completa do manguitorotador.1,2
Ainfiltrac¸ãosubacromialcomcorticoideéumaopc¸ãode tratamentonaslesõesdomanguitoempacientescombaixa demandafuncionaletambémcomorecursoterapêuticopara oalíviotemporáriodadorempacientesativos.1,3–5
Grey e Gotlieb6 estudaram os fatores prognósticos do reparodalesãodomanguitorotadoredemonstraramquetrês oumaisinfiltrac¸õespré-operatóriasde corticoidesestavam relacionadascomaumentonataxadefalhadoreparo.Assim comoWatson,7quedemonstrouquequantomaisfrequente ousodecorticosteroides,pioro resultado,particularmente apartir da quarta infiltrac¸ão,erecomendou cirurgiaantes daquartainfiltrac¸ão.Emoutraavaliac¸ão,Björkenheimetal.8 mostraramquedentreoscasosdefalhanoreparocirúrgicoda lesãodomanguitorotador,63%dospacientestiveramtrêsou maisinjec¸õesdecorticoides.Os37%restantestiverammenos deduasinjec¸ões.
Alémdisso,estudosexperimentaisemanimais demons-trarammudanc¸ashistológicasediminuic¸ãonaresistênciade tendõessubmetidosaexposic¸ãoaoscorticoides.9–15Háainda evidênciasde queouso decorticoide podealterara resis-tênciadoreparodetendões.16,17Ostrabalhosqueavaliaram
ainfluênciadecorticosteroidesnomanguitorotadorusaram tendõesderatoíntegrosoucomlesãoparcial.12–15
Estetrabalhosejustificapelanecessidadedeseobterem dadosobjetivosquepossamdeterminarseousode corticoi-despodecomprometeracicatrizac¸ãodoreparocirúrgicodo manguitorotador.
O objetivodesteestudofoi ode avaliararesistência da cicatrizac¸ãodotendãoinfraespinhalderatos sobinfluência decorticosteroidesemdiferentesperíodos(uma,trêsecinco semanasapósasutura).
Materiais
e
métodos
Oprojetofoisubmetidoàaprovac¸ãodocomitêdeéticaem pesquisaemanimaisdaUniversidadePositivo.
Foramusados60ratosfêmeasdaespécieRattusnorvegicus
linhagemWistar.Opesomédiodosratosfoide300geaidade médiadetrêsmeses.Osanimaisforammantidosemgaiolas coletivasnoBiotériodaUniversidadePositivocomlivreacesso aáguaerac¸ãocomercial.Durantetodooperíodoexperimental ascondic¸õesambientaisdeluz,temperatura,eumidadedas salasforamcontroladasempaineldigitalquemanteveo foto--períodode12horas,temperaturascomvariac¸ãoentre18◦C
e22◦Ceumidaderelativadoarem65%.
Figura1–Tendãoinfraespinhalseccionado.
acrômioeasfibrasdodeltoideforamdivulsionadas.Após iso-larotendão infraespinhal,seccionou-secom lâmina11 de bisturi,nosentidotransversal,aporc¸ãomédiadocorpodo tendão(fig.1).OtendãofoientãoreparadocompontosemU comfiomononylon5-0vascular(fig.2).
Osratosoperadosforamrandomizadosedistribuídosem doisgruposepareadosem30unidades:grupoC(controle),no qual,apósasuturatendinosa,inoculou-se,sobvisãodireta, 0,5mLdesoluc¸ãosalinafisiológica0,9%noespac¸o subacro-mial;egrupoE(estudo),noqual,damesmaforma,inoculou-se umaúnicadosedemetilprednisolonaa0,6mg/kg(0,5mlda soluc¸ãopreparada).OsgruposCeEforamentão subdividi-dosemtrêssubgruposdeacordocomotempoemqueforam eutanasiadosparacaptac¸ão:umasemana(gruposE1eC1);
Figura2–Tendãoinfraespinhalsuturado.
Tabela1–Subdivisãodosgruposcontrole(C)eestudo(E) deacordocomotempodeeutanásiadosratos
Grupo Inoculac¸ão Tempoatéeutanásia emsemanas
C1 Soro 1
E1 Corticoide
C3 Soro 3
E3 Corticoide
C5 Soro 5
E5 Corticoide
trêssemanas(gruposE3eC3);ecincosemanas(gruposE5e C5)(tabela1).
OpreparodecorticoideusadofoiDepo-Medrol®(acetatode metilprednisolona)emsoluc¸ãode80mg/2mL.Meiaampola (1mL)domedicamentofoidiluídaem100mLdesoluc¸ãosalina fisiológicaesetornouasoluc¸ão0,4mg/mL.
AeutanásiaparatodososratosfoifeitaemcâmaradeCO2. Uma vez eutanasiados, a dissecc¸ão foi feita imediata-mente,poracessocirúrgicoamplosobreoombrooperado.A clavículafoiressecadaeostendõeseosligamentos seccio-nados,comaseparac¸ãodoombrodorestantedocorpodo animal. Cada pec¸afoipreparadacom aseparac¸ãodo mús-culoinfraespinhaldorestantedaescápula.Apec¸adeteste constituía-seapenasdoinfraespinhal(músculoetendão pre-sosnasuainserc¸ãonoúmerodorato).
Cada pec¸adissecadafoienvolvidaemgazecomsoluc¸ão salinafisiológica0,9%eisoladaemfrascosindividuais devida-menteidentificadosecolocadaemfreezera20◦Cnegativos.18 Os tendõesforam retirados dofreezeremgrupos de 20 pec¸as paradescongelamento por12horas emtemperatura ambiente,antesdotestebiomecânico.15Umavez descongela-dos,cadaumtevesuaespessuramensuradacompaquímetro, noseupontocentral.Considerou-separamedic¸ãoaparteda secc¸ãotransversamaisfina.19Ocálculodaáreadotendãofoi obtidoparadeterminarovalordetensãomáxima dadoem kgf/cm2.
OaparelhoparatestebiomecânicousadofoiomodeloDL 500MF(Emic)comcéluladecargade50Newtonseforc¸ade trac¸ãoaxial.Oprogramadamáquinaforneciaosparâmetros tensãomáxima(kf/cm2),forc¸amáxima(kgf)eforc¸aderuptura (kgf)(fig.3).
Tabela2–Resultadosobtidoscomrelac¸ãoatensãomáxima,forc¸amáximaeforc¸aderupturacomsuasrespectivas médiasedesvio-padrãoparaosgruposC1eE1(umasemana)
Tensãomáxima(kgf/cm2) Forc¸amáxima(kgf) Forc¸aruptura(kgf)
C1 E1 C1 E1 C1 E1
Média(DP) 208,17(DP±113,84) 100,99(DP±73,28) 0,85(DP±0,25) 0,73(DP±0,41) 0,95(DP±0,15) 0,61(DP±0,39) Dif.estat. p=0,03 p>0,05 p>0,05
Nestegrupo.
Tabela3–Resultadosobtidoscomrelac¸ãoatensãomáxima,forc¸amáximaeforc¸aderupturacomsuasrespectivas médiasedesvio-padrãoparaosgruposC3eE3(trêssemanas)
Tensãomáxima(kgf/cm2) Forc¸amáxima(kgf) Forc¸aruptura(kgf)
C3 E3 C3 E3 C3 E3
Média(DP) 476,26(DP±157,85) 284,14(DP±112,41) 1,78(DP±0,32) 1,72(DP±0,33kgf) 1,63(DP±0,39) 1,38(DP±0,22) Dif.estat. p=0,007 p>0,05 p>0,05
Tabela4–Resultadosobtidoscomrelac¸ãoatensãomáxima,forc¸amáximaeforc¸aderupturacomsuasrespectivas médiasedesvio-padrãoparaosgruposC5eE5(cincosemanas)
Tensãomáxima(kgf/cm2) Forc¸amáxima(kgf) Forc¸aruptura(kgf)
C5 E5 C5 E5 C5 E5
Média(DP) 340,26(DP±118,78) 450,57(DP±219,47) 1,83(DP±0,7) 1,83(DP±0,61) 1,71(DP±0,77) 1,55(DP±0,77) Dif.estat. p>0,05 p>0,05 p>0,05
Figura3–Aparelhodetestedetrac¸ãoaxialcomcélulade cargade50N.
tensãomáxima (kf/cm2)deambosos preparosforam com-parados.
Resultados
Aamostraestudadacorrespondea57tendõesinfraespinhais deratos.Emtrêsratosnãofoipossívelobterem-seostendões pormorteprematura:umnogrupoC1,umnoC3eumnoE1.
Todosostendõesromperamnolocaldacicatriz.
Osresultadosdostestesbiomecânicosestãodispostosnas tabelas,subdivididasentreseus respectivosgrupos(tabelas 2,3e4).Adistribuic¸ãodosvaloresemgráficosBloxplotestá apresentadanasfigs.4–6.
1000
750
500
250
0
C1 E1 C3 E3 C5
Grupos
T
e
nsão máxima (kgf/cm
2)
E5
Figura4–Bloxplotdedistribuic¸ãodatensãomáximapelos grupos.
Nosgruposdeestudodeumasemana,observamosmaior tensãomáxima(p=0,03)nogrupoC1emcomparac¸ãocomo grupoE1.Asvariáveisforc¸amáxima(kgf)eforc¸aderuptura (kgf)nãodiferiramestatisticamenteentreosgrupos pesqui-sados.Damesmaforma,nosgruposdetrêssemanas,ogrupo C3 mostrou maior resistência apenas para tensão máxima (p=0,007)doqueogrupoE3.Asdemaisvariáveisnão apresen-taramdiferenc¸asentreosgrupos.NosgruposC5eE5,nenhum dosparâmetrosestudadosapresentoudiferenc¸asestatísticas.
Discussão
C1 E1 C3 E3 C5
Grupos
E5
Fo
rç
a máxima (kgf)
3
2
1
0
Figura5–Bloxplotdedistribuic¸ãodaforc¸amáximapelos grupos.
o rato está correndo o manguito passa sob o acrômio de formarepetida,oqueécomparávelcomoserhumanoem atividades com o membrosuperior em elevac¸ão acima de 90graus.21Alémdisso,otendãoinfraespinhaldoratoda espé-cieRattus norvegicusapresentasimilaridade anatômicacom otendãoinfraespinhalhumano,temmaiorcomprimentodo queosupraespinhal15eparaonossoexperimentofoi consi-deradocomocorpodeprovaideal.
Existemoutras formas detestar lesõestendinosas, mas optamospelotendãoinfraespinhalderatosWistarpor acre-ditarqueomodelodescritoporMykolyzketal.15seadaptava bemanossoestudo.Adiferenc¸afundamentalentreanossa propostaeadeleéaextensãodalesãoexperimental.Ele tes-touainfluênciadocorticoideemtendõesíntegrosesobrea cicatrizobtidaemumalesãodeaproximadamente50%da lar-guradotendão.Nóstestamosaac¸ãodocorticoidesobreuma lesãocompletasubmetidaareparocirúrgico.Ambosos estu-dostêmomesmoobjetivo,avaliaraac¸ãodocorticoidesobreo tendãoinfraespinhalderatos,porémemsituac¸õesdiferentes. Phelpsetal.10avaliaramaresistênciadostendõespatelares decoelhossubmetidosatrêsinfiltrac¸õessemanaise sacrifi-cadosdequatroa54diasapósaúltimainfiltrac¸ão.Elesnão
Fo
rç
a de rotur
a (kgf)
3
2
1
0
C1 E1 C3 E3 C5
Grupos
E5
Figura6–Bloxplotdedistribuic¸ãodaforc¸aderupturapelos grupos.
demonstraramdiferenc¸assignificativasentreogrupo inocu-lado comsoroeogrupoinoculadocom metilprednisolona. Emnossomodeloverificamosadiminuic¸ãonaresistênciada cicatrizemintervalosdeumasemanaetrêssemanasapóso contatodotendãocomocorticoide.Phelpsetal.10usaram ape-nastendõesíntegrosenãodescreveramtempo-padrãoparaa eutanásiaapósasinfiltrac¸ões.Emnossoestudoessas variá-veisforamcontroladas.
VogelreferidoporPaavolaetal.22referiuaumentonaforc¸a tênsildetendõesapósinoculac¸ões peritendinosasde corti-coide. Esse resultado é divergente do nosso e dos demais estudosdaliteratura,mas,porimpossibilidadedeseobtero trabalhooriginal,poucosesabesobreametodologia empre-gada.
A influência dos corticoides na cicatrizac¸ão de tendões jáfoiestudadapordiversosautores.Wrennetal.16 estuda-ram tendões extensores da patas de cão e demonstraram quealtasdosesdehidrocortisonaintramusculares(10mg/kg) diminuemem40%aresistênciadacicatrizprovocadaporuma lesãoexperimentaldepoisdetestescomtrêssemanasapóso reparocirúrgico. Elesafirmaram que,apesardadiminuic¸ão na forc¸ade ruptura, a resistência da cicatriz foi suficiente parafunc¸ãonormaldomembrodoanimal.Obtivemos resul-tadossimilarescomrelac¸ão àdiminuic¸ão daresistência da cicatrizcomumaetrêssemanasapósalesãoexperimental emtendõesinfraespinhaisderatos.Diferenc¸astécnicas,como ainjec¸ãolocalouintramuscular,parecemnãoterinfluência sobreoresultadofinal.
Gonzalez,17entretanto,aoavaliaralesãoexperimentalem tendõesdecão, suturadoseinoculadosno peritendãocom hidrocortisona, em dose única, método semelhante ao do nossoestudoeminfraespinhalderatoscom metilpredniso-lona,nãodemonstroudiferenc¸aestatísticanaresistênciada cicatrizapóstrêssemanasdoreparocirúrgico.Issopodeestar relacionadocomotipodocorticoideeomodeloanimal usa-dos.
microscópiosdostendõesenósaresistênciadacicatriz.Em estudosfuturosassociaremosaavaliac¸ãodamicroestrutura dostendões.
Ostendõesinfiltradoscom corticoideeobtidos deratos eutanasiados com uma semana após o reparo tinham diminuic¸ão significativa nos valores de tensão máxima (kgf/cm2)aosercomparadoscomoscontroles.Nessemesmo grupo, os parâmetros forc¸a máxima (kgf) e forc¸a de rup-tura(kgf)demonstraramtendênciaaseapresentartambém diminuídos,porémadiferenc¸anãofoisignificativa.Apenas Mikolyz et al.15 avaliaram a influência de corticoide sobre tendõesemperíodosprecocesdeumasemana.Emtendões parcialmentelesados,observaramdiferenc¸aapenasno que-sitoestressemáximo(MPa),semdiferenc¸anaforc¸amáxima (N)ounarigidez(N/mm).Apesardadiferenc¸aestruturalde ambasasséries,nossosresultados,emparte,seassemelham aosdeMikolyzetal.15
Mikolyzetal.,15emtendõestrêssemanasapósinfiltrac¸ão docorticoide,nãodemonstraramdiminuic¸ãonaresistência em nenhum dos parâmetros analisados. Nós, no presente estudo,observamosqueovalordetensãomáxima manteve--sediminuído emrelac¸ão aogrupocontrole nofim detrês semanas.
Aresistênciadostendõesinfraespinhaisanalisadosapós cincosemanasnãomostroudiferenc¸aaoseremcomparados aoscontroles,tantononossoestudoquantonode Mikolyz etal.15
Estetrabalhotemalimitac¸ãodeestudaraslesões tendino-saspuras,menosfrequentesnalesãodomanguitorotadordo quealesãotendão-osso.Outralimitac¸ãodotrabalhoéofato dequeasinfiltrac¸ões subacromiaisnãosãorotineiramente feitasnomomentodasutura,esimcomotratamentoprévio aoreparodotendão,oquerestringe,assim,oextrapolamento dosdadosparapráticaclínica.
Na avaliac¸ãoda literatura,entretanto, nãoencontramos trabalho similar ao presente estudo que avaliasse objeti-vamente a influência dos corticoides na cicatrizac¸ão do manguito pós-reparo. Ainda assim os trabalhos demons-trampioresresultadosclínicosnosmanguitosreparadoscom repetidas infiltrac¸ões. Consideramosque essa é umalinha deinvestigac¸ãoimportante deserseguida paraentendero porquêdopior resultado dosreparos domanguitorotador apósrepetidasinfiltrac¸ões.
Conclusão
Noperíododeumasemana etrêssemanas após sutura,o grupodeestudotevediminuic¸ãonatensãomáximadacicatriz emrelac¸ãoaogrupocontrole,massemdiferenc¸asnos que-sitosforc¸amáximaeforc¸aderuptura.Cincosemanasapós lesãoesutura,aresistênciadacicatrizsetornouequivalente emtodososparâmetrosnosgruposestudoecontrole.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
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