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FORMAÇÃO INICIAL E IDENTIDADE DOCENTE DE LICENCIANDOS EM EDUCAÇÃO DO CAMPO: um estudo no Vale do Paraíba Paulista

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

Andréa Cristina Oliveira Ferreira

A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO TRABALHO

PARA ADOLESCENTES TRABALHADORES

Taubaté

SP

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

Andréa Cristina Oliveira Ferreira

A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO TRABALHO

PARA ADOLESCENTES TRABALHADORES

Taubaté

SP

2014

Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre em Desenvolvimento Humano: Formação, Políticas e Práticas Sociais.

Área de concentração: Desenvolvimento Humano, Políticas Sociais e Formação.

Orientadora: Profª. Drª. Edna Maria Querido de Oliveira Chamon.

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ANDRÉA CRISTINA OLIVEIRA FERREIRA

A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO TRABALHO PARA ADOLESCENTES

TRABALHADORES

Data: ____________________________

Resultado: ________________________

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Edna Maria Querido de Oliveira Chamon – Universidade de Taubaté (UNITAU) Assinatura: ______________________________________

Profa. Dra. Marilda Prado Yamamoto – Universidade de Taubaté (UNITAU) Assinatura: ______________________________________

Profa. Dra. Denize Cristina de Oliveira – Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Assinatura: ______________________________________

Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre em Desenvolvimento Humano: Formação, Políticas e Práticas Sociais.

Área de concentração: Desenvolvimento Humano, Políticas Sociais e Formação. Orientadora: Profª. Drª. Edna Maria Querido de Oliveira Chamon.

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“Quando escrevo, sinto um alívio, a minha dor desaparece, a coragem volta. Mas pergunto-me: escreverei alguma vez coisa de importância? Virei a ser jornalista ou escritora? Espero que sim, espero-o de todo o meu coração! Ao escrever sei esclarecer tudo, os meus pensamentos, os meus ideais, as minhas fantasias.”

Anne Frank, a adolescente que não pode viver plenamente a

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Aos adolescentes aprendizes que me emocionaram com suas vidas e me sensibilizaram com os seus sonhos. Aos adolescentes trabalhadores que me possibilitaram realizar

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AGRADECIMENTOS

Antes de tudo, eu agradeço aos meus pais, Geraldo e Maria da Graça. Mais do que me dar a vida, eles me proporcionaram crescer com amor, carinho e com a compreensão da importância do estudo. Posso estar a centenas de quilômetros, mas, sem o apoio e carinho de vocês, eu não seria nada!

Agradeço às minhas irmãs Carla Letícia e Cinthia Heloísa pela vida compartilhada e pela compreensão das minhas inúmeras ausências.

Agradeço à minha amiga de toda a vida, Mariana Pimenta que torceu por mim, escutou minhas dúvidas e incentivou o meu sonho.

Agradeço à pessoa que me ensinou o amor pela pesquisa, professora Dra. Roseli Fernandes Lins Caldas, orientadora de iniciação científica e de trabalho de conclusão de curso na graduação, uma eterna e grande inspiração para mim.

Agradeço aos colegas da turma de 2012 e aos professores do mestrado

em Desenvolvimento Humano, pois, os conhecimentos adquiridos nas aulas e nos seminários não teriam sido possíveis sem vocês.

Agradeço à Sandra Regina dos Santos, minha companheira nessa jornada. Agradeço, com todo o meu coração, a amizade que você me dedicou desde o início. Com certeza, eu posso dizer que você é muito responsável por eu poder terminar o curso e a nossa amizade é o maior presente que o mestrado me proporcionou.

Agradeço à Simone Guimarães Braz, que além de companheira de mestrado também foi minha companheira de Procampo. Agradeço pela possibilidade de discutir ideias, caminhos e possibilidades de pesquisa. Agradeço o fato de termos compartilhado supervisões, dúvidas, angústias e felicidades.

Agradeço ao Paulo Afonso pelo ombro amigo, pelos conselhos sensatos e por você ter me dado força e carinho nos momentos difíceis. Você se tornou um grande amigo e estará sempre no meu coração.

Agradeço à professora Dra. Mariana Aranha José por ter sido a minha companhia nas viagens até Cunha e por me escutar falando do mestrado e da minha pesquisa durante o caminho. Agradeço também as indicações de leitura, o carinho, a preocupação e a amizade.

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no meu trabalho e por ter se colocado como uma parceira na minha primeira experiência como docente.

Agradeço aos alunos do Procampo pelo carinho que a mim destinaram desde o primeiro momento que eu entrei na sala de aula. Vocês são exemplos para mim e fizeram-me ter certeza que eu poderia ser uma professora universitária.

Agradeço à instituição pesquisada e, pessoalmente, à Cibele e ao Valter que organizaram os horários e os espaços físicos para que eu pudesse realizar a pesquisa. Além disso, agradeço às professoras da instituição que cederam espaços de suas aulas para que eu tivesse contato com os adolescentes.

Agradeço aos adolescentes pesquisados que prontamente se interessam em participar do estudo e que compartilharam comigo suas vidas, suas representações e alguns de seus sonhos.

Agradeço à Alessandra Calil, secretária do MDH, pela atenção, pela ajuda com as informações e com os processos burocráticos.

Agradeço à professora Dra. Alexandra Magna Rodrigues pela atenção e pelas contribuições na banca de qualificação.

Agradeço à professora Dra. Marilda Prado Yamamoto pelo cuidado ao analisar o exemplar da qualificação, preparando um material especial para mim.

Agradeço à professora Dra. Denize Cristina de Oliveira por sua participação na banca de defesa, por ter sido tão atenciosa em suas considerações e por me proporcionar mais reflexões sobre a realidade do adolescente trabalhador e sobre a Teoria das Representações Sociais.

Agradeço à professora Dra. Roseli Albino dos Santos por sua co-orientação e por sua compreensão demonstrada ao longo do mestrado.

Agradeço, em especial, à professora Dra. Edna Maria Querido de Oliveira Chamon por suas orientações, por seu carinho, por seu apoio, por ter compartilhado seus conhecimentos e por ter me possibilitado chegar ao fim do mestrado.

Por fim, mas, não menos importante, eu quero agradecer ao José Tadeu Coutinho, meu amor, meu amigo e meu companheiro de vida. Esse período foi difícil, mas, você sempre esteve ao meu lado, escutou as minhas angústias e incentivou a realização do meu sonho. Você sabe o quanto o mestrado é importante para mim e nunca se queixou das minhas ausências, do meu mau humor ou da minha euforia. Você me deu forças e sem você nada disso seria possível...

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RESUMO

O presente estudo tem como objetivo geral investigar as representações sociais do trabalho entre adolescentes trabalhadores inseridos em um programa de aprendizagem laboral na cidade de São José dos Campos/SP. Essa instituição oferece um projeto de apoio para a inserção de adolescentes no mercado de trabalho por meio de parcerias com empresas públicas e privadas, cuidando, assim, para que essa inserção laboral ocorra seguindo as exigências da Lei de Aprendizagem (nº 10.097/2000) e do Decreto Federal 5.598/2005. Para realizar a pesquisa, adotou-se como método o Estudo de Caso (YIN, 2001), considerando que essa instituição pesquisada constitui-se como um caso específico de apoio a adolescentes trabalhadores. Como instrumentos para a coleta de dados foram aplicados questionários e foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, além de ter sido utilizada a técnica de associações livres a partir de figuras com diferentes situações de trabalho, estudo e lazer. Participaram como sujeitos de pesquisa 280 adolescentes trabalhadores na etapa de aplicação de questionários e 23 adolescentes nas demais etapas de coleta de dados. A tabulação dos questionários foi realizada por meio do software SPHINX 5.0 e as questões foram agrupadas em quatro categorias: (1) Caracterização sociodemográfica; (2) Significado do trabalho; (3) Repercussões do trabalho na vida dos adolescentes e; (4) Relação trabalho X estudo. Para a análise dos dados obtidos com as entrevistas semi-estruturadas foi adotada a técnica de Análise de Conteúdo (BARDIN, 2007), também criando-se quatro categorias de análise: (1) Mudanças na vida do adolescente a partir do trabalho; (2) Motivos para o adolescente começar a trabalhar; (3)Trabalho ideal e; (4) Concepção do trabalho. Por fim, a análise dos resultados com as associações livres a partir de figuras foi realizada após a organização e as interpretações dos conteúdos obtidos dentro de três eixos que indicavam a temática das figuras apresentadas aos sujeitos de pesquisa, são eles: (1) trabalho; (2) estudo e; (3) família e lazer. Depois de realizadas as análises de cada instrumento, foi elaborada uma triangulação de métodos na qual as diferentes resultados encontrados com as técnicas de coletas de dados foram comparados e confrontados, possibilitando uma maior compreensão do fenômeno das representações sociais do trabalho para adolescentes trabalhadores. Assim, criaram-se três blocos de análise: (1) Significados do trabalho; (2) Repercussões do trabalho na vida dos adolescentes e; (3) Relação trabalho X estudo, que reuniram todos os dados obtidos com a pesquisa e possibilitou toda a discussão e análise do fenômeno das representações sociais do trabalho para adolescentes trabalhadores de acordo com as temáticas trazidas pelos sujeitos. Após todos o processo de análise, chegou-se que as representações sociais do trabalho para os adolescentes pesquisados relacionam-se à aquisição de responsabilidades e amadurecimento que contribuem para o reconhecimento deles diante da sociedade e para a formação de suas identidades. Além disso, a representação social do trabalho também está vinculada à aquisição de aprendizagens, experiências e de melhores oportunidades no mercado de trabalho. E, por fim, a representação social do trabalho vincula-se ao valor moral do Homem trabalhador que é tido como honesto, digno e batalhador. Por fim, ressalta-se que o trabalho na adolescência colocou-se como um caminho natural na vida desses adolescentes pesquisados, contudo, essa experiência é representada positivamente por estar vinculada a uma dimensão de aprendizagem com o trabalho.

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ABSTRACT

The aim of this study is to investigate the social representations of teen workers who are tied to an institution located in the city of São José dos Campos, in the Vale do Paraíba Paulista region. This institution provides support project for the insertion of teenagers in the labor market through partnerships with public and private companies, ensuring that job placement occurs following the requirements of the Learning Law (nº. 10.097 / 2000) and Federal Decree 5.598/2005. To conduct the research, was adopted the method of case study (YIN, 2001), considering that the research institution is constituted as a specific case of support for adolescent workers. As instruments for data collection were used questionnaires semi-structured interviews, besides free interpretations from pictures with different work situations, study and leisure. As research subjects, 280 teenagers participates in the questionnaires step and 23 adolescents in the qualitive steps. The tabulation of the questionnaires was performed using the SPHINX 5.0 software and later analyzes from the three dimensions of social representation were performed: information, representational field and attitudes (MOSCOVICI, 2012), creating three axes to organize discussions, beyond sociodemographics: "Meaning of work"; "Repercussions of work in the lives of teenagers" and; "Relationship Work X Study". To analyze the data obtained from the semi-structured interviews was adopted the technique of content analysis (BARDIN, 2007), creating four categories of analysis: "Changes in adolescent life from work"; "Reasons for the teenagers get to work"; "Dream Job" and; "Work design". Finally, the analysis of figures from the free associations was held after the organization of contents and interpretations obtained within the three thematic classes of the figures used in the research, ie, "work"; "Study" and; "Family and Leisure". After completing the analysis of each instrument, was created a triangulation of methods in which the different data collection techniques were compared and collated, enabling a greater understanding of the phenomenon of social representations of teen workers. Therefore, were created three blocks of analysis: "Meaning of work"; "Repercussions of work in the lives of teenagers" and; "Relationship Work X Study", which brought together all the data obtained from the research and analyzed and discussed the content according to the theme of it. After all this process of analysis, has come up that the social representations of work for teens surveyed were relate to the acquisition of responsibility and maturity that contribute to their recognition in society and to the formation of their identities. Moreover, the social representation of the work is also linked to the acquisition of learning, experience and best opportunities in the labor market. And finally, the social representation of the work is linked to the moral value of workers that are seen as honest and decent fighter. Finally, is necessary to emphasize that the work in adolescence stood as a natural way in the lives of adolescents surveyed, however, that experience is represented positively by being linked to a learning dimension to the work.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resultados das questões do questionário que investigavam o

trabalho informal 109

Tabela 2 - Resultados das questões likert que investigavam aspectos relacionados à aprendizagem e à preparação para o futuro dos

adolescentes pesquisados 127

Tabela 3 - Resultados das questões likert que investigavam se a experiência laboral incentivava a relação com outras pessoas 130

Tabela 4 - Resultados das questões likert que investigavam aspectos relacionados ao desenvolvimento dos adolescentes a partir da

experiência de trabalho 132

Tabela 5 - Resultados das questões likert que investigavam se o trabalho proporcionou melhores condições financeiras para os

adolescentes 136

Tabela 6 - Resultados das questões likert que investigavam a relação entre a experiência do trabalho e o afastamento dos adolescentes de

caminhos ilícitos 139

Tabela 7 - Resultados das questões likert que investigavam a organização das rotinas de trabalho e estudo e, a importância do estudo

diante do trabalho 148

Tabela 8 - Resultados das questões likert que investigavam o grau de importância que os adolescentes atribuíam ao estudo 148

Tabela 9 - Resultados das questões likert que investigavam a importância

do estudo para o futuro profissional 150

Tabela 10 - Resultados das questões likert que investigavam a importância do trabalho e do estudo para o futuro profissional 152

Tabela 11 - Número total de estudos encontrados a partir da pesquisa com o

descritor “adolescente trabalhador” na base de dados da CAPES,

por ano da defesa 176

Tabela 12 - Número de pesquisas de acordo com o tipo de programa de

pós-graduação, por ano 177

Tabela 13 - Número e frequência das áreas do conhecimento nos quais as

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Tabela 14 - Número de pesquisas que tem como objeto de estudo o trabalho

de adolescentes 179

Tabela 15 - Números de estudos de acordo com os sujeitos de pesquisa

investigados 180

Tabela 16 - Número e proporção de artigos, por anos de publicação, a partir

da pesquisa com o descritor “adolescência e trabalho” 181

Tabela 17 - Número e proporção das temáticas encontradas entre os artigos levantados a partir da pesquisa com o descritor “adolescência e

trabalho” 182

Tabela 18 - Número e proporção de artigos, por ano de publicação, a partir

da pesquisa como descritor “adolescente trabalhador” 183

Tabela 19 - Foco de pesquisa dos artigos que abordam a temática do

trabalho 184

Tabela 20 - População pesquisada pelos artigos que abordam a temática do

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema dos procedimentos para coleta de dados 72

Figura 2 - Distribuição dos adolescentes trabalhadores pesquisados por

gênero, São José dos Campos/SP, 2013 78

Figura 3 - Distribuição dos adolescentes trabalhadores pesquisados por

idade, São José dos Campos/SP, 2013 79

Figura 4 - Distribuição dos adolescentes trabalhadores pesquisados por

estado civil, São José dos Campos/SP, 2013 80

Figura 5 - Distribuição de adolescentes trabalhadores que possuem filhos,

São José dos Campos/SP, 2013 80

Figura 6 - Distribuição dos adolescentes trabalhadores pesquisados por número de filhos, São José dos Campos/SP, 2013 81

Figura 7 - Distribuição dos adolescentes trabalhadores pesquisados por

escolaridade, São José dos Campos/SP, 2013 81

Figura 8 - Relação entre a idade e a escolaridade dos adolescentes

trabalhadores pesquisados 82

Figura 9 - Distribuição dos adolescentes trabalhadores pesquisados por experiência prévia de trabalho, São José dos Campos/SP, 2013 83

Figura 10 - Distribuição dos adolescentes trabalhadores pesquisados de acordo com a idade que tiveram sua primeira experiência de

trabalho, São José dos Campos/SP, 2013 84

Figura 11 - Distribuição dos adolescentes trabalhadores pesquisados pelo número de pessoas que residem com eles, São José dos

Campos/SP, 2013 84

Figura 12 - Distribuição dos adolescentes trabalhadores pesquisados por número de cômodos em suas casas, São José dos Campos/SP,

2013 85

Figura 13 - Distribuição dos adolescentes trabalhadores pesquisados por número de pessoas que vivem com eles e que também

trabalham, São José dos Campos/SP, 2013 86

(13)

Figura 15 - Distribuição dos adolescentes trabalhadores pesquisados que recebem benefícios em seus trabalhos, São José dos Campos/SP, 2013

87

Figura 16 – Distribuição dos adolescentes trabalhadores pesquisados por

renda familiar, São José dos Campos/SP, 2013 87

Figura 17 - Indicadores encontrados na 1ª etapa da análise de conteúdo 89

Figura 18 - Indicadores relacionados com a categoria “Mudanças na vida do

adolescente a partir do trabalho” 90

Figura 19 - Indicadores relacionados com a categoria “Motivos para o adolescente começar a trabalhar” 91

Figura 20 - Indicadores relacionados com a categoria “Trabalho ideal” 91

Figura 21 - Indicadores relacionados com a categoria “Concepção de

trabalho” 92

Figura 22 - Modelo de triangulação de métodos a partir das análises dos

instrumentos de coleta de dados utilizados 94

Figura 23 - Categorias e eixos considerados no bloco de análise

“Significados do trabalho” 96

Figura 24 - Distribuição dos resultados acerca das características pessoais

dos adolescentes trabalhadores 97

Figura 25 - Distribuição das qualidades mais importantes para ser um bom

trabalhador 99

Figura 26 - Distribuição das definições do que é trabalhar para os

adolescentes trabalhadores pesquisados 111

Figura 27 - Distribuição do significado do trabalho para os adolescentes

trabalhadores pesquisados 118

Figura 28 - Categorias e eixo considerados no bloco de análise

“Repercussões dotrabalho na vida do adolescente” 124

Figura 29 - Distribuição das respostas acerca do que o trabalho acarreta

para os adolescentes 125

Figura 30 - Distribuição das respostas acerca do que o trabalho proporciona

para os adolescentes 143

Figura 31 - Categorias e eixo considerados no bloco de análise “Relação

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LISTA DE SIGLAS

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CEP - Comitê de Ética em Pesquisa

ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente

E.M. - Ensino Médio

E.S. - Ensino Superior

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MDH - Mestrado em Desenvolvimento Humano

OMS - Organização Mundial de Saúde

ONG - Organização Não Governamental

PIB - Produto Interno Bruto

PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

R.S. - Representações Sociais

SCIELO - Scientific Electronic Library Online

SEADE - Sistema Estadual de Análise de Dados

SIC - Segundo Informações Coletadas

S.M. - Salários mínimos

SOAPRO - Sociedade de Amparo e Promoção

UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância

UNITAU - Universidade de Taubaté

(15)

SUMÁRIO

1 Introdução 17

1.1. Problema 18

1.2. Objetivos 19

1.2.1 Objetivo Geral 19

1.2.2 Objetivos Específicos 19

1.3. Delimitação do Estudo 19

1.4. Relevância do Estudo/ Justificativa 21

1.5. Organização do Trabalho 22

2 Desenvolvimento humano do adolescente e o trabalho na adolescência 24 2.1 Adolescência: História, Conceituação e Características 25

2.2 O trabalho na adolescência 36

3 A Teoria das Representações Sociais 46

3.1 O estado da arte sobre as representações sociais do trabalho para adolescentes

54

4 Método 60

4.1 Tipo de pesquisa 60

4.2 População/amostra 62

4.3 Instrumentos 65

4.3.1 Questionários 66

4.3.2 Entrevistas semi-estruturadas 66

4.3.3 Associação livre a partir de figuras 67

4.4 Procedimentos para coleta de dados 69

4.5 Procedimentos para análise de dados 72

5 Resultados e discussões 77

5.1 Sujeitos de pesquisa: quem são e como vivem 77

5.2 Indicadores encontrados a partir da análise de conteúdo 88 5.3 Dados e discussões a partir da triangulação de métodos 92

5.3.1 Significados do trabalho 95

5.3.2 Repercussões do trabalho na vida dos adolescentes 124

5.3.3 Relação trabalho X estudo 143

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Referências 164 Apêndice A Levantamento inicial das produções acadêmicas sobre o

adolescente trabalhador 175

Anexo A Protocolo CEP/UNITAU 185

Anexo B Carta de informação à instituição 186

Anexo C Termo de consentimento livre e esclarecido 187

Anexo D Termo de consentimento livre e esclarecido pais e/ou responsáveis

188

Anexo E Lei da Aprendizagem (Lei Federal nº 10.097/2000) 189

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1 INTRODUÇÃO

O trabalho está presente na vida das pessoas desde os primórdios da humanidade, mas, a sua concepção, suas formas de organização e seus principais atores são fortemente permeados por aspectos econômicos e sócio-históricos. (BORGES; YAMAMOTO, 2004).

Assim, a participação dos adolescentes no mundo de trabalho modificou-se ao longo dos tempos, principalmente, porque o próprio conceito de adolescência como um período de transição da infância para a vida adulta é uma concepção moderna (MARTINS; TRINDADE; ALMEIDA, 2003).

Dessa forma, a organização da sociedade em torno de uma economia capitalista e os ideais de proteção aos “sujeitos em desenvolvimento” evidentes na Lei Federal 8.069 de 13 de Julho de 1990, que versa sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (BRASIL, 1990), colocaram a questão do trabalho de adolescentes como um problema social. Isso porque, os adolescentes trabalhadores são, em sua maioria, provenientes de classes sociais mais baixas que trabalham para complementar a renda familiar.

Assim, esses adolescentes trabalhadores precisam se submeter a trabalhos precários, exaustivos e mal remunerados que suprimem o tempo que deveria ser destinado à escola e ao lazer, comprometendo a sua educação e o seu desenvolvimento (OLIVEIRA; ROBAZZI, 2001).

Por outro lado, alguns estudos também tem indicado aspectos positivos do trabalho para os adolescentes trabalhadores (OLIVEIRA et al., 2005; MATTOS; CHAVES, 2006). Contudo, a grande ressalva é que para sobressair os efeitos benéficos do trabalho entre os adolescentes é necessário que esse esteja integrado com uma dimensão educativa e não puramente produtiva (SILVA, 2011).

Nesse sentido, optou-se por investigar adolescentes trabalhadores que participassem de uma instituição que oferece um projeto de apoio para a inserção de adolescentes no mercado de trabalho, tendo como missão auxiliar, orientar e assistir aos jovens trabalhadores.

(18)

pela ONG Sociedade de Amparo e Promoção (SOAPRO), localizada na cidade de Taubaté/SP, buscando conhecer as representações sociais de adolescentes trabalhadores a respeito do trabalho.

O estudo das representações sociais a respeito desse tema se faz muito importante, pois, pela apreensão da representação social do trabalho pelo adolescente, tem-se informações do contexto sócio-cultural e histórico do adolescente trabalhador em nossa sociedade, possibilitando a compreensão das atitudes e dos comportamentos dos jovens frente ao trabalho que, por sua vez, revela a maneira como o jovem vivencia a experiência do trabalho.

Dessa forma, conhecer a maneira como o jovem experimenta e interage com trabalho é fundamental para a compreensão do desenvolvimento humano de adolescentes, uma vez que o trabalho, assim como a escola e a família, torna-se um importante espaço de socialização e de formação da identidade.

Assim, a pesquisa de Rizzo (2008), por sua relevância temática e acadêmica, serviu como inspiração para o presente estudo, tendo sido adotados instrumentos bastante semelhantes para a coleta de dados, conforme apontado na seção referente ao método.

1.1 PROBLEMA

A ideia inicial de se estudar o trabalho na adolescência, surgiu de uma experiência profissional da pesquisadora que, durante três anos, prestou serviços a uma empresa que mantinha um programa de aprendizagem laboral com adolescentes oriundos de escolas públicas. A pesquisadora trabalhava diretamente com adolescentes trabalhadores, debatendo com eles seus projetos de vida pessoal e profissional. Nessas ocasiões, sempre lhe chamou a atenção o modo como o trabalho era percebido por esses adolescentes e forma como essa atividade laboral influenciava em seus desenvolvimentos.

(19)

Assim, com base nessas teorias, elaborou-se como problema de pesquisa a seguinte questão: quais são as representações sociais que os adolescentes trabalhadores elaboram sobre o trabalho a partir de experiências laborais protegidas?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL

Investigar as representações sociais do trabalho entre adolescentes trabalhadores inseridos em um programa de aprendizagem laboral organizado por uma instituição, na cidade de São José dos Campos/SP.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Conhecer a realidade sociodemográfica dos adolescentes pesquisados;

 Apresentar os motivos que incentivaram os adolescentes a buscar um trabalho;

 Identificar as atitudes dos adolescentes trabalhadores diante do trabalho;

 Descrever as influências do trabalho sobre a família, o lazer, o estudo, as conquistas e os planos para o futuro dos adolescentes pesquisados e;

 Verificar a função do trabalho na vida dos adolescentes trabalhadores.

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Por se tratar de uma pesquisa orientada pela Teoria da Representação Social é necessário que seja delimitado o tipo de grupo social que foi estudado, no caso, os adolescentes trabalhadores.

(20)

Assim, embora nem todos os adolescentes trabalhadores pesquisados interajam diretamente, eles formam um grupo porque todos são capazes de se reconhecerem como adolescentes e trabalhadores, também reconhecendo outros adolescentes nessa situação.

Além disso, há a interação indireta, uma vez que o trabalho que é realizado por um adolescente influencia o trabalho de outros, já que as pessoas com quem trabalham e convivem ficam sempre com uma representação do “adolescente trabalhador”.

Somando-se a isso, ainda que haja diferenças entre as motivações que levaram cada um dos adolescentes a trabalhar, todos se preocupam com a manutenção de seus empregos e/ou a possibilidade de se manterem no mercado de trabalho, porque, além da necessidade financeira, também existe um forte discurso na sociedade atual sobre a importância do trabalho. E, por fim, os adolescentes trabalhadores formam um grupo porque seguem normas sociais que regem a todos.

Assim, a Representação Social é investigada com adolescentes trabalhadores participantes de um programa de aprendizagem laboral organizado por uma instituição sem fins lucrativos e com personalidade jurídica que está inserida na política pública de assistência social do município de São José dos Campos/SP. Esse programa possibilita que adolescentes vinculados a essa instituição se candidatem a postos de trabalho em empresas públicas e privadas com as quais a instituição mantém parcerias.

Dessa forma, a instituição auxilia o adolescente a entrar no mercado de trabalho e oferece orientação e apoio por meio de aulas teóricas de conteúdos como língua portuguesa, matemática e empreendedorismo, durante a vigência do contrato entre adolescente e empresa contratante e, que pode ter duração máxima de dois anos. Além disso, a instituição também cuida para que essa experiência de trabalho cumpra todas as normatizações previstas na Lei Federal da Aprendizagem, nº 10.097/00 (Anexo E) e no Decreto Federal, nº 5.598/2005 (Anexo F).

(21)

1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO / JUSTIFICATIVA

O tema do trabalho para adolescentes pode ser pesquisado por diversas disciplinas dependendo do enfoque adotado, porém, a combinação de diferentes disciplinas como a psicologia social, a ciência do desenvolvimento humano, a história, as ciências jurídicas, as ciências econômicas, a sociologia do trabalho e a sociologia da educação, entre outras, complementam-se no estudo desse fenômeno. É importante destacar que essa interação entre essas diferentes disciplinas pode ocorrer em diferentes níveis de complexidade, dentre os quais podemos destacar dois: a multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade. O campo multidisciplinar caracteriza-se por uma interação menos complexa, isto é, diferentes disciplinas trabalham em torno de uma temática comum, contudo, não se estabelecem relações entre elas (CARLOS, 2007).

A interdisciplinaridade, por sua vez, destaca-se por haver uma cooperação e um diálogo entre as áreas do conhecimento, tendo como sua principal característica a intercomunicação entre as disciplinas de modo a ocorrer uma modificação entre elas, resultando em uma abordagem única que supera as visões disciplinares em separado (ALVEZ; BRASILEIRO; BRITO, 2004; CARLOS, 2007).

Conforme apontado por Silva (2011), do ponto de vista epistemológico, “a

interdisciplinaridade, em seu sentido restrito, caracteriza-se pela utilização de elementos ou recursos de duas ou mais disciplinas para a operacionalização de um procedimento investigativo.” (p. 587), indicando que um pesquisador, ao realizar um

estudo interdisciplinar, acaba por considerar todas as ciências que envolvem o fenômeno estudado, podendo, assim, compreender a totalidade do objeto de estudo proposto.

Desse modo, parte da relevância acadêmica desse estudo é a possibilidade de estudar o trabalho de adolescentes a partir da abordagem interdisciplinar, o que é fundamental para se compreender um fenômeno tão complexo e atual como esse.

(22)

em seu currículo as bases teóricas necessárias para uma pesquisa que envolva os conceitos de representação social, trabalho e adolescência.

Por sua vez, a relevância social do estudo reside na possibilidade de contribuir com conhecimentos sobre a experiência do trabalho para adolescentes, apresentando, especialmente, as condições, as consequências e os sentidos do trabalho realizado por adolescentes participantes de programas de inserção profissional vinculados às instituições que cuidam para que se garanta situações

“protegidas” de trabalho, como é o caso da instituição pesquisada.

Nesse sentido, a justificativa social para o presente estudo também se refere à possibilidade de discutir os motivos que levam os adolescentes a buscar um trabalho e as possíveis consequências dessa inserção no mercado de trabalho ainda em uma fase em que o sujeito está em desenvolvimento.

É importante que esta pesquisa possa proporcionar uma reflexão a respeito do que ocorre com a vida de adolescentes que começam a trabalhar, questionando até que ponto essa inserção no mercado de trabalho é (in)evitável e quais são as suas influências nas vidas desses jovens trabalhadores e, em um sentido mais amplo, na organização da sociedade como um todo.

Além disso, uma vez que é conhecida a ocorrência de atividades laborais ainda na adolescência, também é relevante a discussão a respeito da importância da existência de programas que insiram o jovem no mercado de trabalho, e que, ao mesmo tempo, também tenham uma dimensão educativa.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Para estudar a representação social do trabalho para adolescentes trabalhadores, este trabalho foi organizado em seis capítulos.

O primeiro capítulo apresentou uma introdução do tema e da pesquisa realizada, apontando o problema, os objetivos (geral e específicos), a delimitação do estudo, as relevâncias científicas e sociais do estudo e, por fim, a presente seção.

(23)

desenvolvimento psicossocial, com base em Erikson; focalizando, principalmente, naquilo que esses escopos teóricos afirmam a respeito da fase da adolescência.

Contudo, dentre todos estes estudos, aquele que será priorizado é o psicossocial por ser aquele que melhor se relaciona com a Teoria das Representações Sociais. Além disso, também serão indicadas as definições e as principais características da adolescência.

Ainda no segundo capítulo, a segunda seção refere-se ao trabalho na adolescência, perpassando por concepções e condições encontradas por adolescentes no mercado de trabalho, as motivações dessa faixa etária para a inserção profissional até, finalmente, abordar as repercussões e os significados do trabalho na vida de adolescentes.

Por sua vez, o terceiro capítulo aborda a Teoria das Representações Sociais, desenvolvida por Serge Moscovici desde a sua obra “A psicanálise, sua imagem e seu público”, publicada pela primeira vez em 1961. Esse capítulo traz o histórico, o conceito e as características das representações sociais, finalizando-se com uma seção de estado da arte sobre as representações sociais do trabalho para adolescentes que descreve outros estudos com a mesma temática desta pesquisa.

O quarto capítulo refere-se ao método adotado pela presente pesquisa. Nesse capítulo são relatadas particularidades a respeito do tipo de pesquisa realizada, da população e da amostra participante, dos instrumentos utilizados, dos procedimentos para coleta e dos procedimentos para análise de dados.

O capítulo cinco aborda os resultados e as discussões e, para isso, foi organizado em três seções: (1) “Sujeitos de pesquisa: quem são e como vivem”, que

apresenta a caracterização sociodemográfica dos adolescentes trabalhadores pesquisados; (2) “Indicadores encontrados a partir da análise de conteúdo”, que

apresenta os resultados encontrados com as entrevistas semi-estruturadas e a

organização desses dados em categorias e subcategorias e; por fim, (3) “Dados e discussões a partir da triangulação de métodos”.

Essa última seção articulou todos os dados encontrados com a pesquisa, discutindo os resultados, não em termos dos instrumentos aplicados, mas, de acordo com os sentidos e significados dos resultados, o que somente foi possível com a utilização da técnica de triangulação de métodos.

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2 DESENVOLVIMENTO HUMANO DO ADOLESCENTE E O TRABALHO NA ADOLESCÊNCIA

(...) o trabalho infanto-juvenil é considerado rotina, é entendido como rito de passagem para a vida adulta, o adolescente se percebe adulto e importante, porque já produz, tem autonomia financeira em relação aos seus pais, algumas vezes ganha mais do que eles. Esse é um processo de adultização, em que o adolescente assume papéis sociais destinados ao adulto, em nossa cultura. Em vez de consumidor da renda familiar passa a ser o provedor. (OLIVEIRA; ROBAZZI, 2001)

Nesta primeira etapa da revisão da literatura são abordados estudos e teorias sobre adolescência, além de pesquisas a respeito do trabalho realizado por adolescentes, trazendo a conceituação e a caracterização contemporânea do trabalho de adolescentes.

Foi importante o levantamento de estudos e teorias sobre a adolescência, pois, para se investigar as representações sociais que os adolescentes tem do trabalho é necessário a compreensão de quem são esses adolescentes, sujeitos de pesquisa.

Dessa forma, como a adolescência é uma construção contemporânea, é necessário iniciar a sua conceituação a partir do relato de suas origens na cultura ocidental, além de suas definições para diferentes autores.

Na sequência, a caracterização da adolescência aponta diferentes teorias e abordagens do desenvolvimento humano dessa etapa do ciclo de vida, apresentando aspectos biológicos, cognitivos, psicossexuais, culturais e psicossociais de adolescentes.

Em relação ao levantamento de produções científicas e acadêmicas sobre o trabalho na adolescência, pode-se afirmar que os autores e estudos aqui citados trazem contribuições fundamentais para a compreensão do objeto – trabalho na adolescência – que a presente pesquisa se dedicou a estudar.

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2.1 ADOLESCÊNCIA: HISTÓRIA, CONCEITUAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

A adolescência como uma etapa de transição da infância para a fase adulta é uma concepção contemporânea, tendo sido reconhecida pelos estudiosos como fundamental para o Desenvolvimento Humano apenas nos anos de 1890 (SENNA; DESSEN, 2012).

Contudo, desde a antiguidade já se considerava que o período conhecido atualmente como adolescência possuía características próprias como a impulsividade e a excitabilidade, já tendo sido estabelecido, na Grécia Antiga, que a maturidade seria atingida somente aos 18 anos. Até essa idade, os jovens deveriam ser preparados para a vida adulta; as meninas preparadas para a maternidade enquanto que os meninos preparavam-se para a guerra ou para a política (SCHOEN-FERREIRA; AZNAR-FARIAS; SILVARES, 2010).

No período do Império Romano, a educação destinada aos jovens da elite indicava a sua etapa de desenvolvimento. Aos 12 anos, os jovens do sexo masculino deixavam o ensino elementar e começavam o estudo de autores clássicos e de mitologia; aos 14 anos, abandonavam as vestes infantis e poderiam fazer aquilo que decidirem e; aos 16 ou 17 anos, escolhiam entre a carreira pública ou a política. Por sua vez, as meninas, aos 12 anos, eram consideradas em idade de casar, sendo que esse era consumado até os 14 anos quando passavam a ser consideradas adultas (SCHOEN-FERREIRA; AZNAR-FARIAS; SILVARES, 2010).

Na Idade Média, tanto as crianças quanto os adolescentes eram considerados adultos em miniatura, isto porque os índices de mortalidade infantil eram imensos fazendo com que todos aqueles que conseguissem sobreviver fossem rapidamente incorporados ao convívio de adultos (SCHOEN-FERREIRA; AZNAR-FARIAS; SILVARES, 2010).

Nas classes populares, os adolescentes trabalhavam nos mesmos segmentos de seus familiares, nos feudos aos quais pertenciam. Na nobreza, os jovens meninos eram treinados para serem cavaleiros, enquanto as meninas eram preparadas para o casamento que também poderia ser realizado a partir dos 12 anos (SCHOEN-FERREIRA; AZNAR-FARIAS; SILVARES, 2010).

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científicas. A incorporação dessas terminologias para as pessoas foi algo que não se deu facilmente entre as pessoas, sendo que até o século XVIII, a adolescência foi confundida com a infância, conforme pode ser encontrado nos arquivos de instituições educacionais francesas (ARIÈS, 1981).

Não existia, nessa época, a ideia de aliar o período da adolescência às mudanças biológicas ocorridas pela puberdade. Assim, as crianças eram aquelas pessoas que dependiam de seus pais ou amas, só saindo da infância quem deixava de ser dependente de terceiros (ARIÈS, 1981).

No século XVIII, Rousseau (apud, SCHOEN-FERREIRA; AZNAR-FARIAS; SILVARES, 2010) considerava a adolescência como o período de maior instabilidade e conflito emocional, indicando as mudanças biológicas como as responsáveis por essas características típicas entre adolescentes.

Além disso, o autor também indicava que as mudanças biológicas e sociais acarretavam no desenvolvimento da capacidade de pensar com lógica, fazendo com que Rousseau apontasse a necessidade da educação ir para além dos 12 anos.

Contudo, é principalmente a partir da Revolução Industrial e sua decorrente necessidade de capacitação e formação que a noção de adolescência se consolida, já que prorroga a permanência dessa faixa etária na escola. Assim, a complexidade das sociedades modernas foi delimitando um espaço intermediário entre a infância e a idade adulta, constituindo-se assim como um período de conflitos em que não se tem mais a imaturidade de uma criança, mas tampouco tem o status de um adulto (AVILA, 2005).

É somente no século XX, que a psicologia e as teorias sobre o desenvolvimento humano intensificam as pesquisas sobre a fase da adolescência (SENNA; DESSEN, 2012), isso porque a adolescência passou a ser considerada como uma etapa do processo de amadurecimento do indivíduo, chegando a ser considerada como existente em todos os seres humanos, independente da cultura ao qual pertencem, sendo que até hoje a universalidade ou não da adolescência é um importante tema discutido entre os teóricos. Assim, faz-se importante compreender a definição e as características da adolescência.

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que ocorre a transição entre a infância e a idade adulta (MARTINS; TRINDADE; ALMEIDA, 2003).

Para se delimitar o período da adolescência é necessário apresentar os seus limites cronológicos, entretanto, existem diferentes faixas etárias que o delimitam. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), adolescente é aquele que possui idade entre 10 e 20 anos incompletos (EISENSTEIN, 2005; UNICEF, 2011).

Porém, no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (BRASIL, 1990), a adolescência é o período compreendido entre os 12 até 18 anos de idade. Por fim, o Ministério da Saúde do Brasil e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) consideram adolescentes aqueles que tem idade entre os 10 a 20 anos (SCHOEN-FERREIRA; AZNAR-FARIAS; SILVARES, 2010).

Dessa forma, não existe um consenso do período cronológico que abrange a adolescência, até mesmo porque se acredita que essa é uma etapa biopsicossocial, ou seja, existem fatores psicológicos e sociais que determinam a sua existência não sendo possível a afirmação da vivência da adolescência apenas em termos cronológicos. No entanto, essa delimitação etária faz-se necessária em termos políticos, estatísticos e sociais, de modo a regular a atenção das esferas públicas e privadas a essa população (EISENSTEIN, 2005).

Em termos psicológicos e sociais, Calligaris (2000) aponta que o difícil é delimitar o momento no qual a pessoa sai da adolescência, já que para o autor a entrada nesse período do ciclo de vida seria facilmente percebida pelas mudanças fisiológicas produzidas pela puberdade.

Para auxiliar nessa delimitação, Calligaris (2000), tenta definir o adolescente a partir da apresentação de três características. Assim, o adolescente é alguém que:

1. que teve tempo de assimilar os valores mais banais e mais bem compartilhados na comunidade [...];

2. cujo corpo chegou à maturação necessária para efetiva e eficazmente se consagrar às tarefas que lhe são apontadas por esses valores, competindo de igual para igual com todo mundo;

3. para quem, nesse exato momento, a comunidade impõe uma moratória. (CALLIGARIS, 2000, p. 15).

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adolescentes sentimentos de raiva, desprezo, rebeldia e ojeriza em relação à sociedade (CALLIGARIS, 2000).

Contudo, esses sentimentos são intensificados pelo ideal de independência que indica que um sujeito só é independente quando alcança a sua autonomia, porém, a moratória (que é vista como injusta pelos adolescentes) não possibilita a independência, ao contrário, impõe a continuação da dependência típica da infância (CALLIGARIS, 2000).

Apesar das dificuldades e dos conflitos, a adolescência é hipervalorizada culturalmente, sendo considerada como um período da vida humana particularmente feliz. Esta visão da adolescência costuma incomodar os adolescentes, pois eles não sentem nenhuma felicidade na moratória imposta e procuram saber quando poderão, finalmente, ser reconhecidos como adultos (CALLIGARIS, 2000).

Desse modo, a conceituação de adolescente é fortemente influenciada pelas características e pelas vivências típicas dessa faixa etária na cultura ocidental, fazendo com que a adolescência não seja mais encarada como uma preparação para a vida adulta, mas, como uma fase do desenvolvimento com um sentido em si mesma (SCHOEN-FERREIRA; AZNAR-FARIAS; SILVARES, 2010).

Assim, existe a necessidade de apresentar as características dessa etapa do desenvolvimento humano em termos biológicos, cognitivos e psicossociais para a ampliação da compreensão de quem são os adolescentes estudados pelo presente trabalho.

A história da psicologia indica que a compreensão sobre as características predominantes dos adolescentes partiram de estudos que buscam compreender as constantes mudanças de comportamento, diferenciando-se entre teorias biológicas, psicanalíticas, psicossociais, socioculturais e cognitivas (SENNA; DESSEN, 2012).

Dessa forma, as características da adolescência são apresentadas a partir dessas cinco diferentes abordagens, na seguinte ordem: desenvolvimento biológico, desenvolvimento cognitivo, desenvolvimento psicossexual (com base na psicanálise), desenvolvimento sociocultural e, por fim, desenvolvimento psicossocial. Em relação ao desenvolvimento biológico, a puberdade é o termo que se refere às mudanças biológicas que ocorrem nos corpos de adolescentes (SCHOEN-FERREIRA; AZNAR-FARIAS; SILVARES, 2010).

A puberdade deriva-se de “pubis” que diz respeito a cabelos, portanto, a

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é, a criação de pelos. O crescimento de pelos axilares e pubianos, nas meninas, e o aparecimento de pelos axilares, pubianos e faciais nos meninos são reflexos de mudanças hormonais que também ocasionam a maturação sexual em ambos os sexos (CAMPOS, 2011).

Nas meninas, essa maturação é percebida pelo desenvolvimento dos seios e pelo início da menstruação, enquanto nos meninos, o crescimento dos órgãos sexuais e a espermatogênese, irão possibilitar ao corpo desses jovens a capacidade de reprodução humana (CAMPOS, 2011).

Contudo, Melvin e Wolkmar (1993 apud SCHOEN-FERREIRA; AZNAR-FARIAS; SILVARES, 2010) ressaltam que a idade para o início da puberdade pode variar muito, sendo em torno dos 10 anos para as meninas e dos 12 anos para os meninos. Além disso, as mudanças ocorridas na puberdade podem variar muito em termos de ritmo e de intensidade, indicando a forte influência dos fatores fisiológicos de cada um.

Conforme já apontado, para alguns autores (CALLIGARIS, 2000; CAMPOS, 2011; SCHOEN-FERREIRA; AZNAR-FARIAS; SILVARES, 2010) a adolescência terá início com a puberdade, uma vez que as mudanças corporais acarretam em alterações na percepção que o adolescente tem de si, influenciando a existência de novos comportamentos.

Além disso, a forma de pensamento desse adolescente também se desenvolve, permitindo que esse consigam trabalhar com ideias abstratas e, consequentemente, pensar e planejar o seu futuro.

A apresentação do desenvolvimento cognitivo na adolescência será realizada a partir da perspectiva de Jean Piaget (1896-1980). Piaget, embora fosse biólogo, é conhecido como educador e psicólogo, além disso, possuía um grande interesse por filosofia, especialmente, o campo da Epistemologia (CUNHA, 2008).

Assim, Piaget realizou experimentos e estudou os processos de transição dos estados de conhecimento. Para ele, o desenvolvimento cognitivo é algo que exige uma dinamicidade, ou seja, a inteligência só existe na ação, modificando-se em uma sucessão de estágios nos quais as estruturas mais elementares seriam, pouco a pouco, substituídas por estruturas mais complexas (PILETTI; ROSSATO, 2011).

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12 anos e; por fim, o estágio de operações formais, que ocorreria a partir dos 12 anos (PILETTI; ROSSATO, 2011).

É importante ressaltar que a determinação da idade de um período não é uma regra, o que é rígido, segundo a teoria de Piaget, é a sequência dos períodos (sendo isso o que define a sua teoria baseada em períodos), portanto, uma criança que chegou ao estágio operatório concreto, necessariamente passou pelos estágios sensório-motor e pré-operatório (respectivamente) e, certamente, seu próximo estágio será o operatório formal (PILETTI; ROSSATO, 2011).

Assim, ainda que seja provável que os adolescentes estejam no período de operações formais, não é possível afirmar que todos os adolescentes chegam nesse estágio aos 12 anos (PILETTI; ROSSATO, 2011).

No entanto, é certo que todos aqueles que tenham um desenvolvimento cognitivo tido como normal, chegarão ao estágio das operações formais que se caracterizam pela existência do pensamento hipotético-dedutivo, assim, o indivíduo é apto a aplicar o raciocínio lógico e sistemático aos diversos problemas, formulando hipóteses e buscando soluções para problemas por meio do pensamento abstrato, isto é, já não é necessária a manipulação concreta das variáveis para que o indivíduo consiga solucionar um problema (PILETTI; ROSSATO, 2011).

Cunha (2008, p. 15) relata que é nesse período que o indivíduo passa a

“imaginar sociedades alternativas, sistemas filosóficos perfeitos e caminhos profissionais ainda não percorridos”, contribuindo para que a pessoa passe a criar perspectivas de vida e de transformação de si e do mundo, características essas, bastante comuns na adolescência.

Além disso, Piaget também indica a adolescência como o palco da

potencialização da moral autônoma, isto é, para ele, “as conquistas do adolescente no campo moral significam a consolidação da capacidade de subordinar a ação moral ao julgamento moral, avaliando-a e posicionando-se com base em critérios

independentes da própria situação” (OLIVEIRA, 2006, p. 429).

Por isso, Piaget chega a indicar a existência de angústias em relação ao futuro, atribuindo a essas a chamada crise da adolescência, contrariando as proposições de psicanalíticas que postulava que essa problemática era decorrente dos desejos reprimidos durante a infância (CUNHA, 2008).

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psicossexuais, Freud propôs que os estágios do desenvolvimento humano se dão a partir das sensações corpóreas de um indivíduo, visto que o corpo e as suas sensações seria a origem de toda a consciência (FADIMAN; FRAGER. 2004).

Assim, ao longo do desenvolvimento, os indivíduos vão apresentando diferentes modos de satisfação e áreas físicas de gratificação no corpo que se alterariam de acordo com o desenvolvimento humano, passando, ainda durante a infância, por três fases: a fase oral, a fase anal e fase fálica (NASIO, 1999).

Na fase oral, que ocorre nos primeiros seis meses de vida do bebê, a satisfação corpórea pode ser atingida por meio da sucção; na fase anal, que abrange a idade de dois a três anos, o prazer se dá pelo controle dos esfíncteres; ao passo que, na fase fálica, ocorrida entre os três aos cinco anos, tanto meninas quanto meninos reconhecem os seus órgãos genitais como fonte de prazer sexual.

É importante frisar que na fase fálica ainda não já existe uma organização genital definitiva porque ainda não há uma busca da satisfação sexual plena devido a inibição das pulsões sexuais que decorrem da vivência do Complexo de Édipo (NASIO, 1999).

Assim, a resolução do complexo de Édipo se dá ainda na infância, quando a

criança começa a ter noção do seu corpo e distinguir coisas “de menino e de menina” – percebendo assim que há uma diferença entre os sexos. Essa é uma fase muito importante, pois a criança realizará a identificação que será crucial na adolescência (NASIO, 1999).

A criança pode tanto se identificar obtendo desejo pelo sexo oposto, quanto obtendo desejo pelo mesmo sexo, ou seja, na fase fálica a criança percebe as diferenças e terá que se posicionar como homem ou como mulher (NASIO, 1999).

Além disso, entre a fase fálica e a organização genital definitiva está a fase de latência – período que pode coincidir com o início da puberdade – na qual a busca pela satisfação sexual é impedida por meio de regras e convenções da vida em sociedade que serão incorporadas a partir da resolução do Complexo de Édipo (NASIO, 1999).

Ao chegar à fase genital, ainda na adolescência, também ocorrerá uma revivência do complexo de Édipo, na qual, tanto no menino quanto na menina, todas as especulações sobre o corpo retornarão. O adolescente irá perceber as mudanças

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identidade, pois não tem mais aquele corpo de criança nem já constituiu seu corpo adulto (CALLIGARIS, 2000).

Essa transição lhe causará ansiedades que moverão o adolescente na busca pela sua identidade. Assim, podemos dizer que a adolescência é um período de transição caracterizado, principalmente, pela reformulação de conceitos e de auto-imagens por parte do adolescente (CALLIGARIS, 2000).

Para conseguir realizar estas reformulações, o adolescente irá viver, inconscientemente, uma série de lutos relacionados com aspectos de sua infância. O primeiro luto vivenciado pelo adolescente é aquele experimentado pela perda do corpo infantil que será fundamental para a mudança do esquema corporal (ABERASTURY; KNOBEL,1985).

O segundo seria um luto pela perda dos papéis da infância, já que o adolescente passa a ser mais cobrado, ter mais responsabilidade e deixa de ter uma vida despreocupada – própria das crianças (ABERASTURY; KNOBEL,1985).

O terceiro luto seria pela perda dos pais da infância, pois o adolescente perde a fantasia de que seus pais são perfeitos e capazes de atender qualquer necessidade que ele possa vir a ter. Estes lutos irão se manifestar de diferentes formas no menino e na menina. É comum que os meninos fiquem agressivos enquanto as meninas costumam chorar mais, o que indica que a vivência dos lutos está ocorrendo (ABERASTURY; KNOBEL,1985).

A resolução destes lutos será muito importante na busca de si mesmo e da identidade, no entanto, será um processo longo e doloroso o que explica, em grande parte, as crises e os conflitos vivenciados pelo adolescente. Em decorrência destes lutos, principalmente, o luto pela perda dos pais da infância somado com a revivência do Complexo de Édipo, o adolescente irá vivenciar sentimentos de estranheza em relação a sua família, o que o levará, então, a se identificar com outros adolescentes que também estão vivendo esses conflitos e, cada um irá buscar nos outros alguns aspectos para compor a sua identidade – princípio da tendência grupal (ABERASTURY; KNOBEL,1985; CALLIGARIS, 2000).

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adolescência, já que esta “exige” uma reestruturação de conceitos internos e

externos (CALLIGARIS, 2000).

Dessa forma, a teoria psicossexual do desenvolvimento apresenta uma forma de estruturação da personalidade que, ao ser relacionada com as instâncias psíquicas – id, ego e superego – permite a compreensão do modo de funcionamento dos indivíduos. No entanto, essa teoria possui um caráter universalista do desenvolvimento humano que é fortemente negado por pesquisadores da antropologia que consideravam a adolescência como um fenômeno cultural.

Os estudos da antropologia indicam que a adolescência, embora seja experienciada, de modo geral, pelas sociedades ocidentais, não é algo vivenciado em todas as culturas, uma vez que está fortemente relacionada com as práticas sociais e os momentos históricos (COIMBRA; BOCCO; NASCIMENTO, 2005).

Principalmente, a partir da pesquisa realizada por Margaret Mead sobre o estudo da adolescência em Samoa, na Nova Guiné, no qual esse período do desenvolvimento humano era vivido de forma gradual, calma e sem impactos, tem-se a ideia de que não existe uma universalidade da adolescência, corroborando com os autores que a consideram como uma construção moderna, típica de algumas sociedades e culturas (MARTINS; TRINDADE; ALMEIDA, 2003).

Embora Margareth Mead não tenha apresentado uma teoria sobre o desenvolvimento da adolescência, Ruth Benedict (1887-1948) forneceu uma maneira teórica de relacionar a vida em determinada sociedade com o desenvolvimento da personalidade individual, sendo que essa teoria ficou conhecida como condicionamento cultural (CAMPOS, 2011).

Assim, para essa teoria existiria a influencia dos fatores culturais para a formação da personalidade, considerando que os diferentes fatores econômicos, ideológicos e sociais são os grandes responsáveis pela necessidade de se relativar a personalidade de acordo com aspectos culturais (CAMPOS, 2011).

Isso não quer dizer que os aspectos biológicos são deixados de lado, apenas sugere que a própria interpretação dos aspectos biológicos ocorrerá de maneira diferente entre as culturas, sendo mais importante para a compreensão de um fenômeno – no caso, a adolescência – o entendimento do modo como os aspectos fisiológicos são significados pelas pessoas do que os próprios aspectos em si.

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natural e inevitável. “Contudo, esta transição se processa de formas diferentes em culturas diversas, de sorte que nenhuma das formas pode ser considerada natural e

universal” (CAMPOS, 2011, p. 90).

Assim, esses estudos revolucionaram a forma de entender a adolescência, mostrando que a adolescência não precisa ser, necessariamente, um período turbulento e de vivências de crise, como é frequentemente conhecido e reconhecido nas sociedades ocidentais, indicando que as características do desenvolvimento humano não são universais e sim, influenciadas por fatores socioculturais (MARTINS; TRINDADE; ALMEIDA, 2011).

Essa concepção influenciará fortemente outra teoria do desenvolvimento humano, a teoria do desenvolvimento psicossocial.

A Teoria do Desenvolvimento Psicossocial foi proposta por Erik Erikson a partir de articulações e assimilações parciais da teoria psicossexual, de base psicanalítica, e da teoria sociocultural. Assim, Erikson (1987) considera que o ambiente também participa na construção da personalidade do indivíduo (MARTINS; TRINDADE; ALMEIDA, 2003).

No que se refere a influencia da psicanálise, Erikson teve influencias de Anna Freud, filha de Sigmund Freud, que atribui ao ego uma característica de maior autonomia, com maior poder de decisão e atuação, em um período no qual o inconsciente, mais enfatizado por Freud, deu espaço a ampliação dos estudos do domínio do ego (RABELLO; PASSOS, s.d.).

Entretanto, as etapas do desenvolvimento psicossexual propostas por Freud foram reeditadas e ampliadas na teoria de Erikson que concebe o desenvolvimento humano como um processo evolutivo baseado em uma sequencia de eventos biológicos, psicológicos e sociais, nos quais os indivíduos devem enfrentar e dominar um problema central de modo a passarem para a etapa seguinte (CAMPOS, 2011).

Assim, Erikson fez três contribuições principais para o estudo da personalidade:

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Em cada um dos oito estágios do desenvolvimento proposto por Erikson, há uma crise própria que caracteriza o estágio e que deve ser enfrentada pelo indivíduo de modo que esse possa avançar para etapa seguinte, assim, essas etapas são apontadas em termos de conflitos entre dois aspectos, conforme apontado a seguir: (1) Primeiro ano de vida: Confiança básica X Desconfiança básica; (2) Primeira infância: Autonomia X Vergonha; (3) Idade de brincar: Iniciativa X Culpa; (4) Idade escolar: Diligência X Inferioridade; (5) Adolescência: Identidade X Confusão de identidade; (6) Idade adulta jovem: Intimidade X Isolamento; (7) Idade adulta: Geratividade X Estagnação e; (8) Velhice: Integridade X Desespero. (ERIKSON, 1998).

Uma nona etapa foi acrescentada à Teoria de Desenvolvimento Psicossocial por Joan Erikson, esposa e companheira nos estudos de Erik Erikson. No livro “O ciclo de vida completo”, Joan descreve a nona etapa a partir de discussões e vivências do próprio Erik, mas, que não puderam ser incorporados por ele em sua teoria, embora ele já tivesse organizado seus escritos e relatado suas inquietações a respeito dos últimos anos do ciclo de vida (ERIKSON, 1998).

Dessa forma, a nona etapa foi chamada de Transcendência e se caracteriza pela tarefa de recuperar habilidades e enfrentar a proximidade da morte (ERIKSON, 1998).

No entanto, o estágio que interessa ao presente trabalho é a quinta etapa, a adolescência. Erikson (1987) explica que, pelo fato da adolescência estar localizada entre a vida infantil e as expectativas e medos da vida adulta, há a vivência de uma moratória entre a moral aprendida pela criança e a ética a ser desenvolvida pelo adulto.

Além disso, é importante ressaltar que na adolescência o sujeito manifesta um interesse, às vezes, bastante apaixonado por algum tipo de valor ideológico –

religioso, político, intelectual etc. como uma forma de expressar um senso de existência (ERIKSON, 1998).

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crenças e atitudes ser mais frequentemente, dando origem à confusão de identidade (RABELLO; PASSOS, s.d.).

É importante indicar que, para Erikson, a confusão de identidades tem um bom desfecho quando o adolescente é capaz de se manter firme e estável em seus comportamentos, apontando a conquista da lealdade consigo, com seus valores e com seus objetivos, conquistando um senso de identidade que lhe encaminhará para o próximo estágio do desenvolvimento (RABELLO; PASSOS, s.d.).

A noção de identidade proposta por Erikson é interessante e bastante aceita pelas ciências humanas em geral, pois, considera os aspectos psicológicos e sociológicos que a originam (FADIMAN; FRAGER, 2004).

Dessa forma, essa é a concepção adotada na presente pesquisa, apontando os adolescentes trabalhadores como pessoas em desenvolvimento biopsicossocial, como indica a teoria proposta por Erikson.

Após o apontamento de teorias importantes para a compreensão do desenvolvimento de adolescentes, segue-se para a segunda seção deste capítulo que traz teorias e trabalhos sobre a temática da atividade laboral realizada na adolescência.

2.2 O TRABALHO NA ADOLESCÊNCIA

O trabalho sempre esteve presente na história da humanidade, provendo a subsistência e a união entre os pares. No entanto, a importância do trabalho estende-se para além destes aspectos, pois o trabalho é também uma fonte de realização pessoal à medida que possibilita a identificação e o reconhecimento dos sujeitos no produto daquilo que realizam (MUCHINSKY, 2004).

Contudo, a concepção do trabalho nem sempre é atrelada a fatores positivos. A palavra trabalho deriva dos termos latinos tripalium e trabicula que estão associados à ideia de tortura, concepção que se expandiu a partir da Antiguidade, pois, com o surgimento do trabalho escravo, todo o trabalho ligado à realização de atividades manuais ou os trabalhos braçais eram tidos como inferiores (BORGES; YAMAMOTO, 2004).

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duro. Esse ideal protestante foi fundamental para o desenvolvimento do sistema capitalista no qual se insere todas as formas de trabalho atual em nossa sociedade (BORGES; YAMAMOTO, 2004).

Dessa forma, o mercado de trabalho segue a lógica do mundo globalizado, sendo caracterizado pela hipercompetitividade, dinamicidade e diversidade. Para se inserir e se conservar no mercado de trabalho, as pessoas devem desenvolver a empregabilidade, isto é, manter-se atualizado e ágil em termos técnicos, intelectuais, humanos e sociais (MINARELLI, 2010).

De acordo com Balassiano, Seabra e Lemos (2005, p. 36-37), a empregabilidade está diretamente relacionada à questão da qualificação profissional, ou seja, por

um conjunto de atributos que incluem aspectos relativos à educação formal, à capacidade de aprender permanentemente, de empreender, além de um conjunto de atitudes como iniciativa, autonomia e versatilidade. Esses atributos garantiriam aos trabalhadores a decantada empregabilidade, isto é, a capacidade de permanecer no mercado de trabalho.

Esse processo de valorização da formação profissional como estratégia para enfrentar a competitividade do mercado de trabalho foi difundida no Brasil a partir da década de 1990 e é a recomendação de organismos internacionais como o Banco Mundial, no tocante às políticas de combate ao desemprego e, ainda, mantém-se como a solução para os problemas atuais do mundo do trabalho (BALASSIANO; SEABRA; LEMOS, 2005)

No entanto, segundo Frigotto (1998), a noção de empregabilidade traz uma violência ideológica ao indicar que o indivíduo é o responsável por sua própria formação profissional, pois, as pessoas que não alcançam o sucesso profissional, interpretam esse acontecimento como incompetência, desconsiderando os demais aspectos que podem ter por trás desse insucesso.

Assim, a exigência de se manter a empregabilidade é um desafio imposto a todos os trabalhadores, inclusive aos adolescentes, que, como se verá a seguir, já estão inseridos no mercado de trabalho brasileiro há muitos anos.

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Figura  7  –  Distribuição  dos  adolescentes  trabalhadores  pesquisados  por
Figura 11  – Distribuição dos adolescentes trabalhadores pesquisados pelo número
Figura 17  – Indicadores encontrados na primeira etapa da análise de conteúdo.
Figura 21  – Indicadores relacionados com a categoria “Concepção de trabalho”.
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