soluções de uma classe de campos vetoriais
no toro
Prescrição de singularidades analíticas de
soluções de uma classe de campos
vetoriais no toro
Andreza Cristina Beezão
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Luís Zani
Dissertação apresentada ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação - ICMC-USP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências - Matemática.
VERSÃO REVISADA.
USP – São Carlos Maio/2011
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
B414p
Beezão, Andreza Cristina
Prescrição de singularidades analíticas de soluções de uma classe de campos vetoriais no toro / Andreza Cristina Beezão; orientador Sérgio Luís Zani -- São Carlos, 2011.
79 p.
Dissertação (Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Matemática) -- Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação, Universidade de São Paulo, 2011.
- N~ao sei. Um pouco.
Sohrab deu de ombros e voltou a sorrir, desta vez era um sorriso mais largo.
-N~ao tem import^ancia. Posso esperar. E que nem mac~a acida. - Mac~a acida?
- Um dia, quando eu era bem pequenininho mesmo, trepei em uma arvore e comi uma daquelas mac~as verdes, acidas. Minha barriga inchou e cou dura feito um tambor. Doeu a beca. A m~ae disse que, se eu tivesse esperado as mac~as amadurecerem, n~ao teria cado doente. Agora, quando quero alguma coisa de verdade tento lembrar do que ela disse sobre as mac~as.
O Cacador de Pipas - Khaled Hosseini
Que o breve
seja de um longo pensar. Que o longo
seja de um curto sentir. Que tudo seja leve
de tal forma que o tempo nunca leve.
A Deus, pela vida, por ser meu refugio e por me ensinar a ter fe.
Aos meus amados pais, Pedro e Zilda, aos meus irm~aos, Adriana e Adilson, ao meu cunhado, Rogerio e a minha sobrinha, Gabriela, pelo amor constante, pela educac~ao, pela conanca, pelo exemplo de pessoas ntegras que s~ao, pela dedicac~ao e pelo esforco para a concretizac~ao deste sonho e, entre muitas outras coisas, pelo incentivo e pela compreens~ao - algumas vezes silenciosos e mesmo assim t~ao fortes - que tanto me impulsionaram, em todos os momentos e fases da minha vida. Aos meus padrinhos, Ludovico e Marli, Osvaldo (in memoriam) e Nilce e ao Pe. Marcio, pelo carinho, pelos conselhos t~ao valiosos e por se fazerem sempre presentes, de alguma forma. Sem voc^es, \a vida e um patio vazio".
Aos meus queridos amigos Adriana Philippsen, Carlos Siqueira, Gisele Philippsen, Nelson Silva, Rafael Gonzalez, Vinicius Laass e Willian Oliveira, pelo afeto, pelas alegrias, pelas conversas - monologos meus, na maioria das vezes! -, pelo aprendizado e por serem uma extens~ao da minha famlia. Agradeco tambem aos meus colegas e amigos, essenciais, Alex Rezende, Ananda Siani, Ana Braguini, Ana Padovez, Apoen~a Passamani, Cleiton Silva, Flavio Pires, Greciane Buosi, Guilherme Pimentel, Henry Gullo, Jose Luiz Fonseca, Larissa Braguini, Letcia Curti, Marcos Cascone, Northon Canevari, Renato Fehlberg, Thas Dalbelo e Thas Maciel, pelo carinho e pela companhia maravilhosa. \Os amigos s~ao a famlia que nos permitem escolher".
Ao professor Sergio Lus Zani, pela disponibilidade revelada ao longo destes tr^es anos, entre Iniciac~ao Cientca e Mestrado, e pela compet^encia e serenidade que dedicou na orientac~ao e preparac~ao deste trabalho.
A todos meus mestres, da pre-escola a pos-graduac~ao, que alem do conhe-cimento, me deixaram lic~oes para a vida e inspirac~ao prossional e pessoal; em especial, cito Denise de Mattos, Durval Pereira Filho, Evany Brasil (in memoriam) e Irene Onnis.
Ao ICMC, pela infraestrutura e pela excel^encia dos seus cursos de graduac~ao e pos-graduac~ao, por me possibilitar uma formac~ao solida e contribuir para o meu aperfeicoamento acad^emico e prossional.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientco e Tecnologico (CNPq), pelo apoio nanceiro.
Seja L=. ∂t+ (a(t) +ib(t))∂xum operador diferencial parcial agindo em
dis-tribuic~oes denidas no toro bidimensional T2, onde a, b : T1 → R s~ao func~oes analticas reais. Suponhamos que L n~ao e globalmente analtico hipoeltico e b n~ao e uma func~ao identicamente nula.
Let L =. ∂t+ (a(t) + ib(t))∂x be a partial dierential operator acting on
distributions on the two-torus T2, where a, b : T1 → R are real analytic func-tions. Assume that L is not a globally analytic hypoelliptic operator and b is not identically zero.
Dizemos que um operador diferencial parcial L e globalmente analtico hipoeltico (GAH) no toro T2 quando as condic~oes u∈D′(
T2) e Lu∈Cω(T2)
implicarem queu∈Cω(T2), e entendemos por uma soluc~ao singular de L uma
distribuic~ao n~ao-analtica u∈D′(T2) tal que Lu∈Cω(T2).
ConsideremosL=. ∂t+(a(t)+ib(t))∂xum operador diferencial parcial agindo
no espaco D′(T2) das distribuic~oes denidas no toro bidimensional T2, onde
a, b:T1
→Rs~ao func~oes analticas reais. A hipoeliticidade analtica global deL foi completamente estudada em [4], sendo apresentada uma condic~ao necessaria e suciente para que este operador do tipo tubo seja GAH. Em particular, provou-se que se b6≡0, ent~ao L eGAH se, e somente se, a func~ao b n~ao muda de sinal, ou equivalentemente, nenhuma primitiva de b denida em R possui extremo local. O metodo aplicado em [4] n~ao fornece todas as soluc~oes singulares de L. Vejamos duas situac~oes. Seja B uma primitiva de b em R e suponhamos que a origem seja um ponto de mnimo local deB.Se t1, t2∈(0, 2π)s~ao pontos
de maximo local de B|[0,2π] tais que B(t1) < B(t2), ent~ao a soluc~ao singular
obtida em [4] e analtica real em t = t1. Similarmente, se t1, t2 ∈ (0, 2π) s~ao
pontos de maximo global de B|[0,2π], ent~ao a soluc~ao singular obtida em [4] n~ao
e analtica real em ambos os pontos (t1, 0) and (t2, 0).
Notemos que segue de [14] e [6] que se t ∈ T1 n~ao e um extremo local de uma primitiva real B de b, ent~ao toda u ∈ D′(T2) satisfazendo Lu
∈ Cω(T2)
disso, dadosτ∈Σe F⊂T1 um subconjunto fechado, existeu∈D′(
T2)tal que
Lu∈Cω(T2) e SS
A(u) = {τ}×F.
No Captulo1,deniremos o espaco das func~oes testesT- periodicas,PT(Rn),
e o espaco das distribuic~oes T-periodicas, P′
T(Rn). Mostraremos que existe um
homeomorsmo linear entre P′
T(Rn) e um subespaco vetorial e topologico das
distribuic~oes usuais, a saber, D′
T(Rn) = {u ∈ D
′(Rn) ; u = u
Tm ,∀m ∈ Zn}.
Observaremos que P′
T(Rn) admite uma estrutura algebrica, quando munido
das operac~oes T- convoluc~ao e adic~ao. Por m, enunciaremos o Metodo da fase estacionaria, muito util na demonstrac~ao principal desta dissertac~ao.
No Captulo 2, estudaremos parte da teoria das series parciais de Fourier. Veremos que os espacos PT(Rn) e P′
T(Rn) s~ao caracterizados atraves do
com-portamento assintotico dos coecientes parciais de Fourier dos seus respectivos elementos.
No Captulo 3, apresentaremos a denic~ao de uma func~ao analtica real de varias variaveis e algumas propriedades, com o proposito de caracterizarmos, quando periodicas, tais func~oes por meio do decrescimento exponencial e uni-forme dos seus coecientes parciais de Fourier.
1 Preliminares. . . 1
1.1 Denic~oes e Notac~oes . . . 1
1.2 Func~oes Testes Periodicas . . . 3
1.3 Distribuic~oes Periodicas . . . 7
1.3.1 Operac~oes com Distribuic~oes Periodicas . . . 14
1.4 A algebra (P′ T(Rn),+,∗) . . . 18
1.5 O Metodo da Fase Estacionaria . . . 21
1.6 Converg^encia em Subconjuntos Compactos de C . . . 22
2 S´eries de Fourier. . . 25
2.1 Serie de Fourier em PT(Rn). . . 25
2.2 Serie de Fourier em P′ T(Rn). . . 29
2.3 Serie Parcial de Fourier em PT(Rn). . . . 35
2.4 Serie Parcial de Fourier em P′ T(Rn). . . 42
3 Fun¸c˜oes Anal´ıticas Reais em Rn . . . 47
3.1 Serie de Pot^encias de Varias Variaveis . . . 47
3.2 Func~oes Analticas Reais . . . 49
4 Prescrevendo Singularidades Anal´ıticas de Solu¸c˜oes de L = ∂t+c(t)∂x. . . 55
4.1 Resultados Fundamentais . . . 56
4.2 Demonstrac~ao do Teorema Principal . . . 68
4.2.1 O caso b06=0 . . . 68
4.2.2 O caso b0=0 . . . 77
Referˆencias . . . 81
Preliminares
Neste captulo, deniremos o espaco das func~oes testes periodicas, PT(Rn),
e o espaco P′
T(Rn) das distribuic~oes periodicas, isto e, funcionais lineares
contnuos denidos em PT(Rn). Veremos, tambem, propriedades resultantes
da introduc~ao de noc~oes de converg^encia nesses espacos. Mostraremos um teorema que permite enxergarmos P′
T(Rn) como um
sub-espaco vetorial e topologico das distribuic~oes usuais, a saber, D′
T(Rn) = {u ∈
D′(Rn) ; u = u
Tm ,∀m ∈ Zn}. Alem disso, observaremos que PT′(Rn) admite
uma estrutura algebrica, quando munido das operac~oesT- convoluc~ao e adic~ao. Por m, enunciaremos o Metodo da Fase estacionaria e resultados acerca da converg^encia em subconjuntos compactos de C, necessarios nas demonstrac~oes dos Teoremas 4.15 e 3.6, respectivamente.
Os estudos que originaram este texto foram realizados de acordo a bibliogra-a, por isso omitiremos algumas denic~oes e demonstrac~oes com o objetivo de tornar o texto mais sucinto.
1.1
Defini¸
c˜
oes e Nota¸
c˜
oes
Defini¸c˜ao 1.1 Seja N = {0, 1, 2, . . .}. Dizemos que α e um multi-ndice quando α∈Nn.
Defini¸c˜ao 1.2 Sejam α= (α1, . . . , αn)∈Nn e x= (x1, . . . , xn) ∈Rn.
Deni-mos
α! =α1!α2!· · ·αn!
|α|=α1+α2+· · ·+αn
xα=xα1
1 x α2
2 · · ·x αn
n
(x)α= n
Y
j=1
(xj)αj =
n
Y
j=1
(xj(xj−1)· · ·(x−αj+1))
∂α= ∂
α
∂xα =
∂α1
∂xα1
1
∂α2
∂xα2
2
· · · ∂
αn
∂xαn
n
Dα= 1
i|α| ∂α
∂xα. Defini¸c˜ao 1.3 Seja
C∞
c (R
n)=. φ:
Rn→C; φ∈C∞(Rn) e φ tem suporte compacto®,
em que o suporte de φ, denotado por S(φ) , e o fecho do conjunto {x ∈ Rn;φ(x)6=0}.
Defini¸c˜ao 1.4 Seja (φn)n∈N uma sequ^encia de func~oes em C∞c (Rn). Dize-mos que φn→0 em C∞c (Rn) quando
i) existe um compacto K⊂Rn tal que S(φ
n)⊆K, para todo n∈N;
ii) Dαφ
n converge uniformemente a zero quando n → ∞, para todo
α∈Nn.
Defini¸c˜ao 1.5 Seja u:C∞
c (Rn)→C um funcional linear. Dizemos que u e
contnuo quando φn→0 em C∞c (Rn) implica que hu, φni→0 em C.
Denotamos por
D′(Rn)=. u:C∞
c (R n)
→C; ue linear e contnuo® o espaco das distribuic~oes usuais em Rn.
Defini¸c˜ao 1.6 Dada u ∈ D′(Ω), onde Ω
⊂ Rn e um subconjunto aberto,
o suporte singular de u, denotado por SS(u), e a intersec~ao de todos os subconjuntos fechados de Ω fora dos quais u∈C∞, isto e,
SS(u) ={V ⊂Ω; u∈D′(V)\C∞(V)}.
Quando dizemos que u ∈ C∞(U), U ⊂ Ω um subconjunto aberto, nos referimos ao fato de u coincidir com uma func~ao f ∈ C∞(U) no seguinte sentido:
hu, θi=hf, θi=
Z
U
fθ,
para toda θ∈C∞
1.2
Fun¸
c˜
oes Testes Peri´
odicas
Defini¸c˜ao 1.7 Sejam T > 0 e m = (m1, . . . , mn)∈Zn. Denimos
PT(Rn)=. θ∈C∞(Rn); θ(x) =θ(x−Tm),
∀x∈Rn,∀m∈Zn®
o espaco (vetorial) das func~oes testes periodicas.
Defini¸c˜ao 1.8 Dizemos que uma sequ^encia (θj)j∈N, θj ∈ PT(Rn), converge
em PT(Rn), se existir θ ∈ P
T(Rn) tal que Dαθj converge uniformemente
para Dαθ em Rn, para todo α∈Nn.
Observemos que PT(Rn)e um espaco metrizavel, atraves da metrica
d(θ, φ) =
∞ X
k=0
pk(θ−φ)
2k(1+p
k(θ−φ))
,
sendo
pk(θ) =sup
©
|Dαθ(x)|; x∈Rn,|α|≤kª
e uma seminorma.
Teorema 1.9 Seja (θj)j∈N uma sequ^encia em PT(Rn). Ent~ao θj converge
para θ em PT(Rn) se, e somente se, p
k(θj−θ) → 0 quando j → ∞, para
todo k∈N.
Demonstrac~ao: Supondo que θj→θ em PT(Rn), para k∈ N xado e dado
ε > 0, existej0> 0 tal que, se j≥j0 e x ∈Rn, obtemos
|Dαθj(x) −Dαθ(x)|< ε,
para todo |α|≤k. Segue ent~ao que, se j≥j0,
pk(θj−θ) = sup
x∈Rn |α|≤k
|Dαθj(x) −Dαθ(x)|≤ε.
Por outro lado, se pk(θj−θ) → 0 quando j → ∞, ent~ao para cada α ∈ Nn
tal que |α|≤k, segue que
sup
x∈Rn
|Dαθj(x) −Dαθ(x)|≤ sup
x∈Rn
|β|≤k
Dada φ ∈ C∞
c (Rn), notemos que a serie θ(x) =
X
m∈Zn
φ(x −Tm) esta bem
denida, pois como φ tem suporte compacto, em cada ponto do seu domnio, θ sera uma soma nita. De fato, existe uma constante C > 0 tal que φ(x) =0, para todo x ∈ Rn satisfazendo |x| ≥ C. Dessa forma, sendo x ∈ Rn tal que |x|≤a, para alguma > 0, segue que
φ(x−Tm)6=0⇒|x−Tm|< C⇒|xi−Tmi|< C, i∈{1, . . . , n}⇒
−C < Tmi−xi< C, i∈{1, . . . , n}.
Como −a≤xi≤a, ent~ao−C−a≤−C+xi< Tmi< C+a, i∈{1, . . . , n}.
Assim, |mi| ≤ (C + a)T−1 para todo i ∈ {1, . . . , n}, portanto |m| ≤
n(C+a)T−1. Como ha apenas um numero nito de n-uplas m ∈ Zn satis-fazendo essa ultima condic~ao, podemos escrever
θ(x) =φ(x−Tm1) +· · ·+φ(x−Tmk),
para algumk=k(a)∈Nconveniente e para todo x tal que |x|≤a.
Proposi¸c˜ao 1.10 Para cada φ∈C∞
c (Rn), denamos
θ(x) = X
m∈Zn
φ(x−Tm).
Ent~ao θ∈PT(Rn).
Demonstrac~ao: Conforme observamos acima, θ esta bem denida. Mostremos, agora, que θ∈PT(Rn).
Tomando m∈Zn, obtemos
θ(x−Tm) = X
k∈Zn
φ(x−Tm−Tk) = X
k∈Zn
φ(x−T(m+k)) =
= X
l∈Zn
φ(x−Tl) = θ(x).
Alem disso, dado x0∈Rntal que |x0|< a, para algum a > 0, temos
θ(x) =φ(x−Tm1) +· · ·+φ(x−Tmk), |x|< a,
donde segue que θe innitamente diferenciavel em x0 e
Portanto, podemos escrever
Dαθ(x) = X
m∈Zn
Dα(x−Tm)
e concluirmos queθ∈PT(Rn).
¤
Proposi¸c˜ao 1.11 Seja (φj)j∈N, φj∈C∞c (Rn), tal que φj converge para φ em
C∞
c (Rn). Ent~ao a sequ^encia (θj)j∈N, onde θj(x) =
X
m∈Zn
φj(x−Tm)∈PT(Rn),
converge para θ(x) = X
m∈Zn
φ(x−Tm) em PT(Rn).
Demonstrac~ao: Sabemos queDαφ
jconverge uniformemente paraDαφ,para
todo α∈Nn, e que existe a > 0 tal que S(φj)⊂B[0, a], para todo j∈N.
Sejam α∈Nne ε > 0. ComoDα(φj−φ)∈C∞c (Rn), existe uma quantidade
nita de inteirosm1, . . . , mkl tais que, para x ∈[0, T]
n, temos
X
m∈Zn
Dα(φj−φ)(x−Tm) =Dα(φj−φ)(x−Tm1) +· · ·+Dα(φj−φ)(x−Tmkl).
Mas φj(x) =0 se x /∈B[0, a], para todo j∈N.
Assim, se φj(x−Tm)6=0, ent~ao |x−Tm|≤a e isto implica que
xi−a≤Tmi≤a+xi.
Como x ∈ [0, T]n, segue que −a−T
≤ −a ≤ Tmi e xi ≤ a+T, logo
|mi|≤ aT +1.
Uma vez que a independe de j ∈ N, conclumos que so existe um numero nito, digamos k, de ndices m ∈ Zn satisfazendo φj(x−Tm) 6= 0, para todo
j∈N. Dessa forma, podemos escrever
X
m∈Zn
Dα(φj−φ)(x−Tm) =Dα(φj−φ)(x−Tm1) +· · ·
· · ·+Dα(φj−φ)(x−Tmk),
para todo j∈N e todo x∈[0, T]n.
Como Dαφj converge para Dαφ uniformemente, existe j0 ∈N tal que j≥j0
implica que
sup
x∈Rn
|Dαφj(x) −Dαφ(x)|≤
Portanto, se j≥j0 e x∈[0, T]n, ent~ao
|Dαθj(x) −Dαθ(x)|=|Dα(θj−θ)(x)|= ¯ ¯
¯Dα³ X
m∈Zn
(φj−φ)(x−Tm)´¯¯¯=
=¯¯¯ X
m∈Zn
Dα(φj−φ)(x−Tm) ¯ ¯
¯=|Dα(φj−φ)(x−Tm1)+· · ·+Dα(φj−φ)(x−Tmk)|≤
≤|Dα(φj−φ)(x−Tm1)|+· · ·+|Dα(φj−φ)(x−Tmk)|≤
ε
k +· · ·+
ε k =ε. Pela T-periodicidade de θ,segue o resultado.
¤
Defini¸c˜ao 1.12 Denotaremos por
UT(Rn)=.
ξ∈C∞
c (R
n) ; X
m∈Zn
ξ(x−Tm) =1, ∀x∈Rn®
o conjunto das func~oes unitarias.
Observa¸c˜ao 1.13 Dada ξ∈UT(Rn), ent~ao ξ∈C∞c (Rn) e
X
m∈Zn
Dαξ(x−Tm) =Dα X
m∈Zn
ξ(x−Tm) = Dα1=0.
Proposi¸c˜ao 1.14 Seja ξ uma func~ao unitaria. Se (θj)j∈N converge para θ em PT(Rn), ent~ao (ξθj)j∈N converge para (ξθ) em C∞
c (Rn).
Demonstrac~ao: Sabemos que S(ξθj) ⊂ S(ξ), logo S(ξθj) e compacto, para
todo j∈N.
Dado α∈Nn, segue da Regra de Leibniz que
Dα(ξθj) =
X
γ+β=α
α!
γ!β!D
γξDβθ j−→
X
γ+β=α
α!
γ!β!D
γξDβθ=Dα(ξθ)
uniformemente, pois θj converge para θ em PT(Rn).
¤
O resultado seguinte mostra que toda func~ao θ ∈ PT(Rn) pode ser escrita
da forma X
m∈Z
φ(x−Tm), onde φ∈C∞
c (Rn).
Proposi¸c˜ao 1.15 A aplicac~ao
F:C∞
c (Rn)→ PT(Rn)
φ 7→ X
m∈Zn
φ(·−Tm)
Demonstrac~ao: Dada θ∈PT(Rn), basta tomarmos ξ∈U
T(Rn) arbitraria e
denirmos φ=ξθ∈C∞
c (Rn). Assim, obtemos
(Fφ)(x) = X
m∈Zn
φ(x−Tm) = X
m∈Zn
ξ(x−Tm)θ(x−Tm) =
=θ(x) X
m∈Zn
ξ(x−Tm) = θ(x).
Logo, Fφ=θ.
¤
Na Teoria de distribuic~oes, frequentemente precisamos substituir uma func~ao suave θ por uma func~ao teste ψ. Isto e feito atraves da multiplicac~ao de θ por uma func~ao de corte, garantida pelo teorema seguinte, cuja demonstrac~ao pode ser encontrada em [10, p. 25-26].
Teorema 1.16 Sejam X ⊂ Rn um subconjunto aberto e K um subconjunto compacto. Ent~ao, existe φ ∈ C∞
c (X) com 0 ≤ φ ≤ 1 e φ ≡ 1 em uma
vizinhanca de K.
1.3
Distribui¸
c˜
oes Peri´
odicas
Defini¸c˜ao 1.17 Um funcional linear f : PT(Rn)
→ C e dito contnuo (ou sequencialmente contnuo) se, para toda sequ^encia (θj)j∈N em PT(Rn) tal
que θj→0 quando j→ ∞, temos f(θj)→0 em C quando j→ ∞.
Defini¸c˜ao 1.18 O espaco vetorial
PT′(Rn)=. f:PT(Rn)→C;fe linear e contnuo®
e chamado de espaco das distribuic~oes periodicas. Se f∈P′
T(Rn) e θ∈PT(Rn), usaremos a seguinte notac~ao: (f, θ) = f(θ).
Teorema 1.19 Seja f:PT(Rn)
→C um funcional linear. S~ao equivalentes:
(1) f e contnuo;
(2) existem C > 0 e m ∈N tais que
(1.20) |(f, θ)|≤C X |α|≤m
sup
x∈Rn
|Dαθ(x)|,
Demonstrac~ao: Suponhamos que (1.20) seja valida. Tomando (θj)j∈N → 0 em PT(Rn), segue que sup x∈Rn
|Dαθj(x)| tende a zero,
para todo α∈Nn, logo X
|α|≤m
sup
x∈Rn
|Dαθj(x)|→0, j→ ∞.
Usando a desigualdade (1.20), conclumos a continuidade do funcional f. Suponhamos, agora, que fe contnuo e que a armativa (1.20) e falsa. Com isso, para cada m ∈N, existe ~θm∈PT(Rn) tal que
(1.21) |(f,θ~m)|> m
X
|α|≤m
sup
x∈Rn
|Dαθ~m(x)|.
Denindoθm=
~ θm
|(f,θ~m)|
e dividindo a desigualdade (1.21) pelo fator|(f,θ~m)|,
temos
|(f, θm)|=1 > m
X
|α|≤m
sup
x∈Rn
|Dαθm(x)|,
donde
0 < X |α|≤m
sup
x∈Rn
|Dαθm(x)|<
1 m.
Portanto, θm converge para zero em PT(Rn), mas (f, θm) =1 n~ao converge
a zero emC, contrariando a hipotese e provando o teorema.
¤
Defini¸c˜ao 1.22 Seja (fn)n∈N uma sequ^encia em PT′(Rn). Dizemos que (fn)n
e convergente em P′
T(Rn) se existe f ∈ P
′
T(Rn) tal que a sequ^encia de
numeros complexos (fn, θ) converge para (f, θ), para toda θ∈PT(Rn).
E conveniente notarmos que, de acordo com a Denic~ao 1.18, uma dis-tribuic~ao periodica n~ao e uma disdis-tribuic~ao usual em Rn,pertencente a D′(Rn),
de modo que P′
T(Rn) e D
′(Rn) s~ao espacos distintos. Denotemos por hu, φi
uma distribuic~ao usual aplicada em uma func~ao φ ∈ C∞
c (Rn) para diferenciar
da notac~ao (f, θ) usada no caso de uma distribuic~ao periodica.
O proximo teorema mostra, porem, que P′
T(Rn) pode ser \colocado" linear
e continuamente emD′(Rn),no sentido de que existe um homeomorsmo linear
entre P′
T(Rn) e um subespaco vetorial e topologico de D
D′
T(R
n)=. u
∈D′(Rn); u=uTm, ∀m∈Zn®,
sendo huTm, φi=hu, φ−Tmi e φTm(x) =φ(x−Tm).
Teorema 1.23 Existe um homeomorsmo linear
A:P′
T(R n)
→D′
T(R n).
Demonstrac~ao: Seja f∈P′
T(Rn) e, para cada φ∈C∞c (Rn), consideremos
θ= X
m∈Zn
φTm∈PT(Rn).
Denamos u:C∞
c (Rn)→C por
hu, φi=³f, X
m∈Zn
φTm ´
= (f, θ)
e mostremos queu∈D′
T(Rn).
Linearidade: Dados λ∈C e φ, ψ∈C∞
c (Rn), temos
hu, φ+ψi= (f, X
m∈Zn
(φ+ψ)Tm) = ³
f, X
m∈Zn
φTm ´
+³f, X
m∈Zn
ψTm ´
=
=hu, φi+hu, ψi
e
huλφi=³f, X
m∈Zn
(λφ)Tm ´
=³f, λ X
m∈Zn
φTm ´
=λ³f, X
m∈Zn
φTm ´
=λhu, φi.
Continuidade: Seja (φj)j∈N, φj ∈ C∞c (Rn), uma sequ^encia que converge para
zero em C∞
c (Rn). Pela Proposic~ao 1.11, θj =
X
m∈Zn
(φj)Tm converge para θ =
X
m∈Zn
0Tm =0 em PT(Rn). Desse modo, hu, φji= (f, θj) converge para 0 em C
e temos u∈D′(
Rn).
Periodicidade: Dadosφ∈C∞
c (Rn) e m∈Zn, ent~ao
huTm, φi=hu, φ−Tmi= ³
f,X
k∈Zn
(φ−Tm)Tk ´
=
=³f, X
k∈Zn
φT(k−m)
´
=³f, X
k∈Zn
φTk ´
isto e, uTm=u.
Portanto, u∈D′
T(Rn).
Seja
A:P′
T(Rn)→ D
′
T(Rn)
f 7→u=A(f),
em quehu, φi=³f, X
m∈Zn
φTm ´
e φ∈C∞
c (Rn).
Mostremos que Ae linear e contnuo. Linearidade: Dados f, g ∈ P′
T(Rn) e λ ∈ C, ent~ao, para toda φ ∈ C∞c (Rn),
temos
hA(f+g), φi= (f+g, X
m∈Zn
φTm) = ³
f, X
m∈Zn
φTm ´
+³g, X
m∈Zn
φTm ´
=
=hA(f), φi+hA(g), φi=hA(f) +A(g), φi
e
hA(λf), φi=hλf, X
m∈Zn
φTmi=λhf,
X
m∈Zn
φTmi=λhA(f), φi=hλA(f), φi.
Continuidade: Seja (fj)j∈N, fj ∈ PT′(Rn), uma sequ^encia que converge para
zero em P′
T(Rn). Dada φ∈C∞c , temos
lim
j→∞hA(fj), φi=jlim→∞
³
fj,
X
m∈Zn
φTm ´
=0,
logo A(fj) tende a zero em DT′(Rn).
A seguir, a partir de u ∈ D′
T(Rn), deniremos uma unica distribuic~ao T
-periodica, f=H(u), de maneira que esta aplicac~ao seja a inversa de A. Seja ξ∈UT(Rn). Para cada u∈DT′(Rn), denamos
fξ:PT(Rn)→ C
θ 7→hu, ξθi e mostremos quefξ∈PT′(Rn).
Linearidade: Dados λ∈C e θ, β∈PT(Rn), temos
e
fξ(λθ) =hu, ξ(λθ)i=hu, ξλθi=hλu, ξθi=λhu, ξθi=λfξ(θ).
Continuidade: Seja (θj)j∈N, θj ∈ PT(Rn), uma sequ^encia que converge para
zero em PT(Rn). Conforme a Proposic~ao 1.14, (ξθj) tende a zero em C∞
c (Rn)
e, comou∈D′
T(Rn),temos fξ(θj) =hu, ξθji→0 quando j→ ∞.
Logo, fξ∈PT′(Rn).
Vejamos, agora, que a denic~ao de fξindepende da escolha de ξ, ou seja, se
ξ, η∈UT(Rn), ent~ao fξ=fη. Antes, contudo, mostremos que
(1.24) u= X
m∈Zn
(uη)Tm.
Tomando φ∈C∞
c (Rn), temos
hu− X
|m|≤k
(uη)Tm, φi=hu, φi−h
X
|m|≤k
uTmηTm, φi=
hu, φi−hu X
|m|≤k
ηTm, φi=hu, φi−hu, φ
X
|m|≤k
ηTmi
e, comoψk=. φ
X
|m|≤k
ηTm converge para φ
X
m∈Zn
ηTm=φ em C∞c (Rn), segue que
hu, φi−hu, φ X
|m|≤k
ηTmitende a zero em C∞c (Rn).
Ainda, como
hX
|m|≤k
(uη)Tm, φi=
X
|m|≤k
h(uη)Tm, φi,
temos
h X
m∈Zn
(uη)Tm, φi=
X
m∈Zn
h(uη)Tm, φi.
Provemos, ent~ao, que fξ= fη. Dada θ∈ PT(Rn), seja φ= (ξθ) e usando a
igualdade (1.24), obtemos
fξ(θ) =hu, ξθi=h
X
m∈Zn
(uη)Tm, ξθi=
X
m∈Zn
huη,(ξθ)−Tmi=
X
m∈Zn
= X
m∈Zn
hu, ηθξ−Tmi=
X
m∈Zn
huξ−Tm, ηθi=
X
m∈Zn
h(uξ)−Tm, ηθi=hu, ηθi=fη(θ).
Com isso, passaremos a escrever somente f=fξ.
Denamos
H:D′
T(R n)
→P′
T(R n)
u 7→ H(u), sendo
H(u) :PT(Rn)→ C
θ 7→hu, ξθi=fξ(θ),
ξ∈UT(Rn) e θ∈PT(Rn).
Linearidade: Dados u, v∈D′
T(Rn) e λ∈C, para toda θ∈PT(Rn) temos
(H(u+v), θ) =hu+v, ξθi=hu, ξθi+hv, ξθi=
= (H(u), θ) + (H(v), θ) = (H(u) +H(v), θ)
e
(H(λu), θ) = hλu, ξθi=λhu, ξθi= (λH(u), θ).
Continuidade: Seja(uj)j∈N, uj∈D′(Rn),uma sequ^encia que converge para zero
em D′
T(Rn). Para θ∈ PT(Rn) e ξ ∈UT(Rn), temos (H(uj), θ) = huj, ξθi →0.
Portanto, H(uj)→0 em PT′(Rn).
Armamos que H e a inversa de A. Com efeito, sejam u ∈ D′
T(R n), φ
∈
C∞
c (Rn) eξ∈UT(Rn).Observemos que se a > 0 e tal queS(ξ)⊂B[0, a],ent~ao
ψ(x) =ξ(x) X
m∈Zn
φTm(x) =
X
m∈Zn
ξφTm(x) =
X
m∈Zn
(φξ−Tm)Tm(x) =0
para|x|> a e, se |x|≤a, ent~ao
ψ(x) =ξ(x)(φ(x−Tm1) +· · ·+φ(x−Tmk)),
para certosm1, . . . , mk∈Zn.
Deste modo, a serie X
m∈Zn
ξφTm=
X
m∈Zn
(φξ−Tm)Tm
hA(H(u)), φi= (H(u), X
m∈Zn
φTm) = hu, ξ
X
m∈Zn
φTmi=
=hu, X
m∈Zn
(φξ−Tm)Tmi=
X
m∈Zn
hu,(φξ−Tm)Tmi=
X
m∈Zn
hu, φξ−Tmi=
X
m∈Zn
huξ−Tm, φi=
X
m∈Zn
h(uξ)−Tm, φi=h
X
m∈Zn
(uξ)−Tm, φi=hu, φi,
onde as duas ultimas igualdades s~ao validas em virtude da observac~ao feita antes de demonstrarmos que fξ=fη.
Agora, para f∈P′
T(R n), θ
∈PT(Rn) e ξ∈UT(Rn), obtemos
(H(A(f)), θ) = hA(f), ξθi=³f, X
m∈Zn
(ξθ)Tm ´
=³f, θ X
m∈Zn
ξTm ´
= (f, θ).
Portanto, H=A−1 e o teorema esta demonstrado.
¤
Exemplo 1.25 Toda func~ao ϕ:Rn→C, ϕ∈L1([0, T]n), que satisfaz ϕ(x) =
ϕ(x −Tm), para todo m ∈ Zn e todo x ∈ Rn, origina uma distribuic~ao periodica fϕ:PT(Rn)→C. De fato, para toda θ∈PT(Rn), denamos
(fϕ, θ) =
Z
[0,T]n
ϕθ.
A linearidade de fϕ segue da linearidade da integral. A continuidade de
fϕ, por sua vez, segue da desigualdade
¯ ¯ ¯
Z
[0,T]n
ϕθj ¯ ¯
¯≤ sup
x∈[0,T]n
|θj(x)|
Z
[0,T]n |ϕ|.
Exemplo 1.26 Consideremos
δ:PT(Rn)
→ C
θ 7→θ(0).
e veriquemos que δ e uma distribuic~ao periodica. Linearidade: Dados θ1, θ2∈PT(Rn) e λ∈C, temos
δ(θ1+θ2) = (θ1+θ2)(0) =θ1(0) +θ2(0) = δ(θ1) +δ(θ2)
δ(λθ1) = λθ1(0) = λδ(θ1).
Continuidade: Dada(θj)j∈N, θj∈PT(Rn),uma sequ^encia que converge para
zero em PT(Rn), ent~ao δ(θ
j) = θj(0)→0 em C.
Logo, δ∈P′
T(Rn).
Conforme o Teorema 1.23, vejamos qual o correspondente de δ, A(δ), em D′
T(Rn). Sabemos que tal correspondente, digamos A(δ) =~δ, e denido
como
h~δ, φi= (δ, X
m∈Zn
φTm) =
X
m∈Zn
(δ, φTm) =
X
m∈Z
φ(Tm),
lembrando que essa soma e nita para cada φ∈C∞
c (Rn).
A distribuic~ao ~δ e chamada de distribuic~ao delta de Dirac T-periodica, ou delta de Dirac concentrada em (Tm), m ∈Zn.
1.3.1 Opera¸c˜oes com Distribui¸c˜oes Peri´odicas
Neste topico, apresentaremos algumas operac~oes permitidas a elementos de
P′
T(Rn), cujas demonstrac~oes podem ser vericadas nas bibliograas [15] ou
[11].
Sejam f, g∈P′
T(Rn), θ, θ1, θ2∈PT(Rn), λ∈Ce(βj)j∈Numa sequ^encia que converge para zero em PT(Rn).
Adi¸c˜ao
Denimos
f+g:PT(Rn)→ C
θ 7→(f, θ) + (g, θ).
Multiplica¸c˜ao por φ∈ PT(Rn )
Denimos
φf:PT(Rn)
→ C
Transla¸c˜ao
Dado h∈Rn, denimos
fh:PT(Rn)→ C
θ 7→(f, θ−h),
sendo θh(x) =θ(x−h).
Reflex˜ao
Denimos
f:PT(Rn)→ C
θ 7→(f,θ),
sendo θ(x) = θ(−x).
Deriva¸c˜ao de uma distribui¸c˜ao f∈ P′
T(R n
)
Dados α= (α1,· · · , αn)∈Nne uma func~ao teste θ∈PT(Rn), temos
Dαθ= 1
i|α|
∂|α|θ ∂xα1
1 · · ·∂x αn
n
.
Podemos estender o conceito de derivada de uma func~ao teste, de modo que toda distribuic~ao periodica possua uma derivada que tambem e uma distribuic~ao periodica. Para cada f∈P′
T(Rn) e cada α∈Nn, denimos
Dαf:P
T(Rn)→ C
θ 7→(f,(−1)|α|Dαθ).
Considerando
Dα:P′
T(Rn)→PT′(Rn)
f 7→ Dαf,
vemos que o operador Dαe linear, contnuo e satisfaz
(Dαf, θ) =
Z
Qn
j=1[aj,aj+T]
Dαf(x)θ(x)dx= (−1)|α|
Z
Qn
j=1[aj,aj+T]
f(x)Dαθ(x)dx =
=
Z
Qn
j=1[aj,aj+T]
f(x)(−1)|α|Dαθ(x)dx = (f,(−1)|α|Dαθ),
O proximo teorema nos garante que PT(Rn)e denso no espaco das func~oes
contnuas e T-periodicas.
Teorema 1.27 Consideremos φ ∈C∞
c (Rn) tal que
R
φ =1, φ≥ 0 e S(φ)⊂ [0, T]n e denamos
θε=. ε−n
X
m∈Zn
φ(x−Tm
ε ),
sendo θε∈PT(Rn) e 0 < ε < 1.
Se f:Rn→C e contnua e T-periodica, ent~ao
fε(x)=.
Z
[0,T]n
f(x−y)θε(y)dy
pertence a PT(Rn) e f
ε→f uniformemente quando ε→0.
Demonstrac~ao: Se x∈[0, T]n, ent~ao para todom= (m
1, . . . , mn)∈Zn\ {0},
existemi6=0 satisfazendo
−Tmi
ε ≤
xi−T mi
ε ≤
T(1−mi)
ε .
Se mi≥1, ent~ao
xi−T mi
ε ≤0e, dessa forma, φ(
x−Tm ε ) = 0. Se mi≤−1, ent~ao −
T mi
ε ≥ T
ε ≥T e, assim, φ(
x−Tm ε ) = 0. Portanto, θε(x) = ε−nφ(
x
ε), se x ∈[0, T]
n.
Agora,
fε(x) =
Z
[0,T]n
f(x−y)θε(y)dy =ε−n
Z
[0,T]n
f(x−y)φ(y
ε)dy=
=
Z
[0,Tε−1]n
f(x−εz)φ(z)dz=
Z
[0,T]n
f(x−εz)φ(z)dz=
=
Z
Rn
f(x−εz)φ(z)dz=ε−n Z
Rn
f(u)φ(x−u
ε )du, poisS(φ)⊂[0, T]n
⊂[0, Tε−1]n.
A igualdade
fε(x) =ε−n
Z
Rn
f(y)φ(x−y
fε(x) =ε−n Kx
f(y)φ(x−y
ε )dy, em queKxe um conjunto compacto denido por
Kx=
¯
y∈Rn; 0≤ xi−yi
ε ≤T, i=1, . . . , n °
.
Sejam x, x′
∈Rn. Como φe uma func~ao lipschitziana, existe C > 0 tal que
|fε(x) −fε(x′)|≤
Z
Rn
|f(y)|¯¯¯φ(x−y
ε ) −φ( x′−y
ε )
¯ ¯ ¯dy≤
≤ε−nsup|f(u)| Z
Kx∪Kx′
¯ ¯
¯φ(x−y
ε ) −φ( x′−y
ε )
¯ ¯ ¯dy ≤
≤Cε−n−1m(Kx∪Kx′)sup|f(u)||x−x′|≤
≤2Cε−n−1εnTnsup|f(u)||x−x′|=2Cε−1Tnsup|f(u)||x−x′|
poism(Kx) = m(Kx′) =εnTn. Logo, fε e contnua.
Para provarmos que fε e diferenciavel qualquer numero de vezes, basta
derivarmos, sob o sinal de integrac~ao, a func~ao φ na express~ao de fε usada
acima, e repetirmos o procedimento usando Dαφ ao inves de φ.
Agora,
|f(x) −fε(x)|= ¯ ¯ ¯
Z
[0,T]n
f(x)φ(z)dz−
Z
[0,T]n
f(x−εz)φ(z)dz¯¯¯≤
≤
Z
[0,T]n
|f(x) −f(x−εz)|φ(z)dz≤ sup
z∈[0,T]n
|f(x) −f(x−εz)|.
Por hipotese, fe contnua e periodica, ent~ao e uniformemente contnua. As-sim, dado η > 0, existe δ > 0 tal que
|x−y|< δ⇒|f(x) −f(y)|< η,
para todos x e y.
Como z ∈ [0, T]n, |z|
≤ √nT e, para todos 0 < ε < (√nT)−1δ e x
∈ Rn,
vale |x− (x−εz)| = ε|z| < δ. Desse modo, |f(x) −f(x−εz)| < η e segue que sup
z∈[0,T]n
|f(x)−f(x−εz)|≤η,donde conclumos quefε →funiformemente quando
ε→0.
¤
Teorema 1.28 Sejam f e g func~oes contnuas e periodicas em Rn satis-fazendo ∂f
∂xj = g no sentido de distribuic~oes periodicas. Ent~ao, f e
dife-renciavel com relac~ao a xj e ∂x∂f
j = g no sentido classico, ou seja, como
func~oes.
Demonstrac~ao: Usando a notac~ao do teorema anterior, temos
∂ ∂xj
fε(x) = ε−n
Z
[0,T]n
f(y) ∂
∂xj
(φ¡x−y ε
¢
)dy=
= −ε−n Z
[0,T]n
f(y) ∂
∂yj
(φ¡x−y ε
¢
)dy= −ε−nhf, ∂ ∂yj
φ¡x−· ε
¢
i=
=ε−nh ∂ ∂yj
f, φ¡x−· ε
¢
i=ε−n
Z
[0,T]n
g(y)φ¡x−y ε
¢ .
=gε(x).
Assim, como fε → f e gε → g uniformemente quando ε → 0, segue que
∂f ∂xj
=g.
¤
1.4
A ´
algebra
(
P
′T
(
R
n
),
+,
∗
)
Defini¸c˜ao 1.29 Sejam f∈ P′
T(Rn) e θ∈ PT(Rn). Denimos a convoluc~ao
de f por θ como a func~ao (f∗θ) : Rn
→ C dada por (f∗θ)(a) = (f,θa),
sendo θa(x) =θ(a−x).
Exemplo 1.30 Tomando θ ∈ PT(Rn) e δ a distribuic~ao delta de Dirac,
ent~ao
(δ∗θ)(a) = (δ,θa) =θa(0) =θ(a),
isto e, δ∗θ=θ.
Exemplo 1.31 Sejam α∈Nn e θ∈PT(Rn). Temos
(Dαδ∗θ)(a) = (Dαδ,θa) = (δ,(−1)|α|Dαθa) =
= (δ,(−1)|α|(−1)|α|Dαθa) = Dαθ(a)
e, portanto, Dαδ∗θ=Dαθ.
Observemos que, do Exemplo 1.30 e da ultima igualdade, obtemos
(1.32) Dα(δ∗θ) = Dαδ∗θ=δ∗Dαθ.
Isso pode ser generalizado para o caso das distribuic~oes f ∈ P′
T(Rn),
Teorema 1.33 Sejam f∈P
T(Rn) e θ∈PT(Rn). Ent~ao (f∗θ)∈PT(Rn) e
Dα(f∗θ) =Dαf∗θ=f∗Dαθ.
Teorema 1.34 Dadas f∈P′
T(R
n) e θ, ρ
∈PT(Rn), ent~ao
(f∗θ)∗ρ=f∗(θ∗ρ).
Teorema 1.35 Seja F:PT(Rn)
→PT(Rn) um operador linear contnuo tal
que, para todo h∈Rn e toda θ∈P
T(Rn), satisfaz
F(θ)(x−h) =F(θh)(x).
Ent~ao existe uma unica f ∈ P′
T(Rn) tal que F(θ) = f∗ θ, para toda
θ∈PT(Rn).
Demonstrac~ao: Denamos
f:PT(Rn)
→ C
θ 7→(F(θ))(0). A linearidade de fe imediata.
Continuidade: Seja (θj)j∈N, θj ∈ PT(Rn), uma sequ^encia que converge para
zero em PT(Rn). Ent~ao, pela continuidade de F, F(θj) → 0 em PT(Rn) e,
consequentemente,(F(θj))(0)→0 em C.
Logo, f∈P′
T(Rn).
Notemos, agora, que para todo h∈Rn vale
(F∗(θ))(h) = (F(θ))−h(0) = (F(θ−h))(0) = (f,θh) = (f∗θ)(h).
Unicidade: Sejam f, g ∈ P′
T(Rn) tais que F(θ) = f∗θ = g ∗ θ, para toda
θ∈PT(Rn). Ent~ao
(f, θ) = (f∗θ)(0) = (g∗θ)(0) = (g, θ)
e, com isso, obtemos f=g.
¤
Defini¸c˜ao 1.36 Sejam f, g ∈ P′
T(R
n). Denimos h = f
∗g como sendo a unica distribuic~ao periodica tal que
f∗(g∗θ) = h∗θ, para toda θ∈PT(Rn).
Observemos que, como
F:PT(Rn)
→ PT(Rn)
θ 7→f∗(g∗θ)
e linear, contnuo e comuta com as translac~oes Th, segundo o Teorema 1.35 a
denic~ao anterior e possvel.
A seguir, enunciamos algumas propriedades da T-convoluc~ao.
Lema 1.37 Consideremos φ ∈ C∞
c (Rn) tal que
Z
Rn
φ = 1, φ ≥ 0 e S(φ) ⊂
[0, T]n. Seja tambem θ
ε(x) =ε−n
X
m∈Zn
φ(x−Tm
ε ), com 0 < ε < 1. Se ψ∈PT(Rn), ent~ao ψ∗θ
ε→ψ em PT(Rn) quando ε→0.
Lema 1.38 Sejam f, g∈P′
T(Rn). Ent~ao f=g se, e somente se, f∗θ=g∗θ,
para toda θ∈PT(Rn).
Teorema 1.39 Dadas f, g, h∈P′
T(Rn), ent~ao
(1) (f∗g)∗h=f∗(g∗h); (2) f∗g =g∗f e
(3) Dα(f∗g) =Dαf∗g=f∗Dαg.
Exemplo 1.40 Dadas f∈P′
T(Rn) e θ∈PT(Rn), temos
(f∗δ, θ) = (f∗δ∗θ)(0) = (f∗θ)(0) = (f, θ).
Logo, f∗δ=f.
Exemplo 1.41 Sejam α∈Nn e f∈P′
T(Rn). Ent~ao
Dαf=Dα(f∗δ) =Dαf∗δ=f∗Dαδ.
Exemplo 1.42 Seja P(D) =. X
|α|≤m
cαDα um operador diferencial parcial
li-near a coecientes constantes. Se u∈P′
T(Rn), ent~ao
P(D)u= X
|α|≤m
cαDαu=
X
|α|≤m
cαu∗Dαδ=
X
|α|≤m
u∗(cαDαδ) =
=u∗³ X |α|≤m
cαDαδ ´
=u∗(P(D)δ).
Assim, toda equac~ao diferencial parcial linear a coecientes constantes, P(D)u =f, sendo u, f ∈P′
T(Rn), pode ser expressa como uma equac~ao de
O espaco vetorial P
T(Rn), munido das operac~oesT-convoluc~ao e adic~ao,
ad-mite uma estrutura algebrica, comutativa, cujo elemento neutro e a distribuic~ao δ, em relac~ao a T-convoluc~ao.
Os teoremas seguintes nos apresentam uma condic~ao necessaria e suciente para que possamos encontrar u ∈ P′
T(Rn) tal que f∗u = g, em que f, g s~ao
distribuic~oes periodicas conhecidas anteriormente.
Antes disso, denamos o inverso, segundo a T-convoluc~ao, de um elemento de P′
T(R n).
Defini¸c˜ao 1.43 Dizemos que f ∈ P′
T(Rn) e invertvel quando existe g ∈
P′
T(Rn) satisfazendo f∗g=g∗f=δ. A distribuic~ao g e chamada inversa
de f.
Teorema 1.44 Seja f∈P′
T(Rn). Se f possuir inversa, ent~ao esta e unica.
Denotemos por f−1 a inversa de f, quando esta existir. Existem elementos de P′
T(Rn) que n~ao possuem inversa, como e o caso de
qualquer θ ∈ PT(Rn). De fato, como visto no Teorema 1.33, f∗θ ∈ P T(Rn),
para todaf∈P′
T(Rn), todavia δ∈P
′
T(Rn)\PT(Rn) [15, p. 45].
Teorema 1.45 Seja f∈P′
T(R
n). Uma condic~ao necessaria e suciente para
que a equac~ao f∗u = g tenha uma soluc~ao em P′
T(R
n), para cada g
∈ P′
T(Rn), e que exista f−1. Neste caso, a soluc~ao e unica e dada por f−1∗g.
Demonstrac~ao: (⇒) Existe u ∈ P′
T(Rn) tal que f∗u = δ e, desse modo,
u=f−1.
(⇐)Suponhamos que existaf−1e tomemosu=f−1∗g.Ent~aof∗u=f∗(f−1∗g) = (f∗f−1)
∗g=δ∗g=g.
Caso f∗v=g, ent~ao
v=δ∗v= (f−1∗f)∗v=f−1∗(f∗v) = f−1∗g=u e conclumos a unicidade da soluc~ao.
¤
1.5
O M´
etodo da Fase Estacion´
aria
I(λ) =
Z
γ
g(z)eλf(z)dz, λ→ ∞,
sendo γ e um caminho no plano e f e g s~ao func~oes holomorfas num domnio complexo contendo γ.
Proposi¸c˜ao 1.46 (Metodo da Fase estacionaria) Consideremos a integral
I(λ) =
Zδ
−δ
g(t)eiλf(t)dt,
em que f e g s~ao func~oes analticas reais a uma variavel tais que f as-sume valores reais, f(0) = 0, f′(0) = 0 e f′′(0)
6
= 0. Ent~ao, para δ > 0 sucientemente pequeno, temos
I(λ) = pg(0) −f′′(0)
r
2π
λ (1+O(λ
−1)) +O(e−cλ),
sendo c > 0 e λ→ ∞.
Esta proposic~ao e, consequentemente, sua demonstrac~ao, s~ao deduzidas atraves de uma sequ^encia de resultados, entre estes o Lema de Morse holo-morfo, os quais podem ser analisados em detalhes nas bibliograas [13] ou [1].
1.6
Convergˆ
encia em Subconjuntos Compactos de
C
Nesta sec~ao, estudaremos a noc~ao de converg^encia uniforme em subconjuntos abertos deC,conforme [7, p. 142-143], observando que os resultados podem ser estendidos para o caso de varias variaveis complexas.
Seja D⊂C um subconjunto aberto. Denotamos
C(D)=. {f:D→C; f e contnua} e H (D)=. {f:D→C; f e holomorfa}
Defini¸c˜ao 1.47 Uma sequ^encia de func~oes (fn)n∈N, fn ∈ C(D), converge
uniformemente em subconjuntos compactos se, para todoK⊂D compacto, a sequ^encia de restric~oes (fn|K)ne uniformemente convergente.
Observa¸c˜ao 1.48 Sabemos que o limite de uma sequ^encia uniformemente
convergente de func~oes contnuas e uma func~ao contnua. Assim, se a sequ^encia de func~oes fn ∈ C(D) e uniformemente convergente para f em
compactos de D, ent~ao a restric~ao f|K e contnua, para todo K ⊂ D
com-pacto. Como todo ponto de D possui uma vizinhanca compacta contida em D, logo a func~ao limite f= lim
Proposi¸c˜ao 1.49 Seja (fn)n∈N uma sequ^encia de func~oes em C(D). Ent~ao,
(fn)n∈N converge uniformemente em compactos de D se, e somente se,
(fn|Σ)n∈N converge uniformemente, para todo disco compacto Σ⊂D.
Demonstrac~ao: Todo compacto K ⊂ D pode ser coberto por um numero nito de discos compactos contidos em D.
¤
Teorema 1.50 Dada uma sequ^encia de func~oes (fn)n∈N, fn ∈ H(D),
S´
eries de Fourier
Apresentaremos, neste captulo, a noc~ao de serie de Fourier para uma dis-tribuic~ao periodica e, assim como em PT(Rn), veremos que toda distribuic~ao
periodica possui serie de Fourier que converge para a mesma. Mostraremos que os espacosPT(Rn)eP′
T(Rn)podem ser caracterizados,
iso-morcamente, atraves do comportamento assintotico dos coecientes de Fourier de seus elementos. Mais precisamente, toda func~ao teste periodicaθ∈PT(Rn)
pode ser escrita atraves de uma serie de Fourier cujos coecientes formam uma sequ^encia de decrescimento rapido, e toda distribuic~ao periodica f ∈ P′
T(R n)
pode ser representada por uma serie trigonometrica cujos coecientes de Fourier constituem uma sequ^encia de crescimento lento.
Por ultimo, estudaremos o conceito de serie parcial de Fourier de func~oes testes e distribuic~oes, bem como propriedades do decaimento dos coecientes parciais de Fourier de tais objetos.
2.1
S´
erie de Fourier em
P
T(
R
n)
Defini¸c˜ao 2.1 Uma sequ^encia numerica (cm)m∈Zn e dita rapidamente
de-crescente se, para cada k∈N, existir C > 0 tal que
|cm|≤
C |m|k,
para todo m ∈ Zn\ {0}. Denotamos o espaco das sequ^encias de
decresci-mento rapido por s(Zn;C).
Equivalentemente,(cm)m∈Zn e rapidamente decrescente se, e somente se, para
cadak∈Z+, existir C > 0 satisfazendo |cm|≤C(1+|m|)−k para todo m∈Zn.
|cm|≤
C
|m|k, m∈Z
n\ {0},
ent~ao, se m 6=0, 1+|m|≤2|m| e segue que |cm|≤C|m|−k≤2kC(1+|m|)−k
.
=
M(1+|m|)−k, para todo m
∈Zn, onde denotamos M=. max{2kC,|C|}.
Agora, se para cada k ∈ Z+ existir C > 0 tal que |cm| ≤ C(1+|m|)−k para
todo m ∈Zn, ent~ao, como (1+|m|)−k≤|m|−k, obtemos
|cm|≤
C |m|k,
para todo m∈Zn\ {0}.
Teorema 2.2 Seja (cm)m∈Zn uma sequ^encia rapidamente decrescente. Ent~ao
a func~ao
f= X
m∈Zn
cmem
pertence a PT(Rn), sendo e
m(x) = eiωmx = eiω(m1x1+···+mnxn), ω = 2πT e
x∈Rn.
Demonstrac~ao: Consideremos sp(x) =
X
|m|≤p
cmem(x).
Como (cm)m∈Zn decresce rapidamente, dado n∈N, existeM1> 0 tal que
|cmem(x)|=|cm|<
M1
(1+|m|)n+1,
para todom ∈Zn.Pelo criterio de Weierstrass, spe uniformemente convergente
e temos a continuidade de f(x) = X
m∈Zn
cmem(x). Notemos, tambem, que f e
periodica. Ainda,
∂ ∂xj
sp(x) =
X
|m|≤p
iωmjcmem(x).
Novamente, existe M2> 0 tal que
|iωmjcmem(x)|=ω|mj||cm|≤ω(1+|m|)|cm|≤
≤(1+|m|)M2(1+|m|)−n−2 =M2(1+|m|)−n−1.
Logo, gj(x) = lim p→∞
∂ ∂xj
sp(x) e contnua, devido a converg^encia uniforme.
Sejam x, h∈Rne γ: [0, 1]
Ent~ao
sp(x+h) −sp(x) =sp(γ(1)) −sp(γ(0)) =
Z1
0
(sp◦γ)′(t)dt =
=
Z1
0h
grad sp(γ(t)), γ′(t)idt =
Z1
0h
grad sp(x+th), hidt,
em queh , i denota o produto interno em Rn.
Denamos g = (g1, . . . , gn). Quando p→ ∞, temos
f(x+h) −f(x) =
Z1
0h
g(x+th, h)idt=
n
X
j=1
hj
Z1
0
gj(x+th)dt=
=
n
X
j=1
hjgj(x) + n
X
j=1
hj
Z1
0
(gj(x+th) −gj(x))dt.
Agora, se h6=0, obtemos
khk−1¯¯¯
n
X
j=1
hj
Z1
0 ³
gj(x+th) −gj(x) ´
dt¯¯¯≤
n
X
j=1
|hj|khk−1max|gj(x+th) −gj(x)|≤
≤
n
X
j=1
max
t |gj(x+th) −gj(x)|→0
quando h→0.
Ent~ao, fe diferenciavel e grad f(x) =g(x), donde conclumos que f∈ C1 e
∂f ∂xj =gj.
Usando induc~ao, conclumos o teorema.
¤
Defini¸c˜ao 2.3 Sejam φ ∈ PT(Rn) e m ∈ Zn. Denimos o m-esimo
coe-ciente de Fourier de φ como
cm(φ) =T−n
Z
[0,T]n
φ(x)e−m(x)dx.
Teorema 2.4 Seja φ∈PT(Rn). Ent~ao
cm(φ) =T−n
Z
[0,T]n
φ(x)e−m(x)dx
forma uma sequ^encia rapidamente decrescente e
φ= X
m∈Zn
Demonstrac~ao: Primeiramente, provemos que mαc
m(φ) = ω−|α|cm(Dαφ),
para todo α∈Nn. De fato, como
Dαe−m(x) =
1
i|α|(−iω) |α|mαe
−m(x) = (−1)|α|ω|α|mαe−m(x),
ent~ao
Tnmαcm(φ) =
Z
[0,T]n
mαe−m(x)φ(x)dx =
(−1)|α| ω|α|
Z
[0,T]n
Dαe−m(x)φ(x)dx=
= (−1)
|α|(−1)|α|
ω|α| Z
[0,T]n
Dαe−m(x)φ(x)dx =
Tn ω|α|cm(D
αφ).
Para todo ℓ∈N, temos
|m|ℓ= X
|α|=ℓ
ℓ!
α!|m
α|,
m∈Zne, aplicando a formula anterior, obtemos
|m|ℓ|cm(φ)|=
X
|α|=ℓ
ℓ!
α!|m
αc
m(φ)|=
=ω−ℓX |α|=ℓ
ℓ!
α!|cm(D
αφ)|=ω−ℓX
|α|=ℓ
ℓ!
α!|
Z
[0,T]n
Dαφ(x)e−m(x)dx|≤
≤ X
|α|=ℓ
ℓ!
α!ω
−|α| sup
z∈[0,Tn]
|Dαφ(z)|Tnm([0, Tn])=. M,
sendo M uma constante independente de m. Considerando ψ =. X
m∈Zn
cm(φ)em, o teorema anterior nos garante que ψ ∈
PT(Rn). Ainda,
cm(ψ) =T−n
Z
[0,T]n
ψ(x)e−iωmx=T−n Z
[0,T]n
X
ℓ∈Zn
cℓ(φ)eiω(m−ℓ)xdx =
=T−nX
ℓ∈Zn
cℓ
Z
[0,T]n
xeiω(m−ℓ)xdx= cm(φ)
Tn
Z
[0,T]n
dx =cm(φ).
Deste modo, se cm(φ) = cm(ψ) implicar em φ = ψ, o teorema estara
de-monstrado.
¤
Lema 2.5 (Unicidade) Seja φ ∈ PT(Rn) tal que c
m(φ) = 0 para todo m ∈
Zn. Ent~ao φ=0.
Os Teoremas 2.2 e 2.4 ilustram um isomorsmo entres(Zn;C)e PT(Rn). De
fato, denamos
A: s(Zn;C) → PT(Rn)
c= (cm)7→
X
m∈Zn
cmem.
A linearidade de A e imediata. A sobrejetividade resulta do Teorema 2.4 e, quanto a injetividade, basta observarmos que seA(c) = X
m∈Zn
cmem=0, ent~ao,
para todo ℓ∈Zn, temos
0= 1
Tn
Z
[0,T]n (X
m∈Zn
cmem)e−ℓ=
1 Tn
X
m∈Zn
cm
Z
[0,T]n
em−ℓ=cℓ.
2.2
S´
erie de Fourier em
P
′T
(
R
n)
Defini¸c˜ao 2.6 Seja (fm)m∈Zn uma sequ^encia em P′
T(R
n). Dizemos que a
serie X
m∈Zn
fm e convergente em PT′(Rn) quando a sequ^encia sℓ =
X
|m|≤ℓ
fm
for convergente em P′
T(Rn).
A seguir, veremos que e possvel derivar, termo a termo, series convergentes em P′
T(Rn).
Teorema 2.7 Seja f= X
m∈Zn
fm∈PT′(R
n). Ent~ao Dαf= X
m∈Zn
Dαfm.
Demonstrac~ao: Dados θ∈ PT(Rn) e ε > 0, sabemos que Dαθ ∈ P
T(Rn) e
existeℓ0∈N tal que, para todo ℓ≥ℓ0, vale ¯
¯
¯³f− X
|m|≤ℓ
fm,(−1)αDαθ´¯¯¯< ε.
Desta forma,
¯ ¯
¯³Dαf− X
|m|≤ℓ
Dαfm, θ´¯¯¯= ¯ ¯
¯³Dα³f− X
|m|≤ℓ
fm ´
, θ´¯¯¯=
=¯¯¯³f− X
|m|≤ℓ
fm,(−1)αDαθ´¯¯¯< ε.
Defini¸c˜ao 2.8 Uma sequ^encia numerica (cm)m∈Zn e dita de crescimento
lento se existirem constantes M > 0 e k ∈ N satisfazendo |cm| ≤ M|m|k,
para todo m∈Zn\ {0}. Denotamos o espaco das sequ^encias de crescimento
lento por s′(Zn;C).
Tal denic~ao e equivalente a existirem constantes M > 0 e k ∈ N tais que |cm|≤M(1+|m|)k, para todo m∈Zn.
De fato, se M e k satisfazem a denic~ao, ent~ao
|cm|≤M|m|k≤M(1+|m|)k≤M′(1+|m|)k,
onde M′ =max{M,|c
0|}.
Assim, se existem M > 0 e k ∈ N tais que |cm| ≤ M(1+|m|)k para todo
m∈Zn, ent~ao
|cm|≤M(1+|m|)k≤M(|m|+|m|)k=2kM|m|k.
Algumas bibliograas denominam as sequ^encias de crescimento lento como sequ^encias de crescimento moderado ou sequ^encias temperadas. No captulo nal, no qual estudaremos o artigo [5], usaremos esta ultima nomenclatura.
Mostraremos que e possvel identicar o espaco das distribuic~oes periodicas com o espaco das sequ^encias de crescimento lento, similar ao que zemos na sec~ao anterior para o caso das func~oes testes, o espaco PT(Rn).
Antes disso, baseados em [15, p. 60-62], observamos que apesar de P′
T(Rn)
n~ao ser um espaco metrizavel, apresenta propriedades semelhantes a de espacos metricos completos, no seguinte sentido:
Teorema 2.9 Seja (fj)j∈N uma sequ^encia em PT′(Rn) satisfazendo: dados θ∈PT(Rn)e ε > 0,existe j
0∈Ntal que j, k≥j0 implica em |(fj−fk, θ)|< ε.
Ent~ao fj→femPT′(Rn),isto e, existe f∈P
′
T(Rn) tal que(fj, θ)→(f, θ),
para cada θ∈PT(Rn).
Defini¸c˜ao 2.10 Sejam f ∈ P′
T(Rn) e m ∈ Zn. Denimos o m-esimo
coe-ciente de Fourier de f como
cm(f) =
1
Tn(f, e−m).
Teorema 2.11 Seja (cm)m∈Zn uma sequ^encia de crescimento lento. Ent~ao
a serie X
m∈Zn
cmem(x) e convergente em PT′(R n).
f=
m∈Zn
cmem,
ent~ao
cm=
1
Tn(f, e−m) =cm(f).
Demonstrac~ao: O raciocnio desta prova consiste em mostrar que as somas parciais da serie trigonometrica X
m∈Zn
cmem(x)formam uma sequ^encia de Cauchy
em P′
T(R
n), logo convergente, pelo teorema anterior.
Seja θ∈PT(Rn). Para cada m= (m1, . . . , mn)∈Zn, temos
mj(em, θ) =
Z
[0,T]n
mjem(x)θ(x)dx=ω−1
Z
[0,T]n
∂ ∂xj
(em(x))θ(x)dx=
= −ω−1 Z
[0,T]n
em(x)
∂ ∂xj
θ(x)dx,
ou seja, mj(em, θ) =ω−1(∂x∂
jem, θ) = −ω
−1(e m,∂x∂
jθ).
Usando induc~ao sobre |α|, vemos que
mα(em, θ) = ω−|α|(Dαem, θ) =
(−1)|α|
ω|α| (em, D
αθ)
e, como (cm)m∈Zn cresce lentamente, existem M > 0 e k ∈ N tais que |cm| ≤
M|m|k, m ∈Zn\ {0}.
Assim,
|m|k+n+1|(em, θ)|=
X
|α|=k+n+1
k!
α!|m
α||(e
m, θ)|=
= X
|α|=k+n+1
k!
α!
1
ω|α||(em, D
αθ)|
≤ X
|α|=k+n+1
k!
α!
1 ω|α|
Z
[0,T]n
|em(x)Dαθ(x)|dx=
= X
|α|=k+n+1
k!
α!
1 ω|α|
Z
[0,T]n
|Dαθ(x)|dx=C.
Observemos que C n~ao depende de m. Alem disso, se θj → 0 em PT(Rn)
quando j → ∞, ent~ao, para cada k ∈ N, |m|k+n+1|(e
m, θj)| → 0 quando j → 0.
Portanto, para todom ∈Zn, temos
|cm(em, θ)|=|cm||(em, θ)|≤M|m|k
C |m|k+n+1 =
MC
|m|n+1, m∈Z n\ {
Consideremos a reduzida
sj(x) =
X
|m|≤j
cmem(x).
Para cada p∈N, vale
|(sj+p−sj, θ)|= ¯ ¯
¯³ X j+1≤|m|≤j+p
cmem, θ´¯¯¯≤
≤ X
j+1≤|m|≤j+p
|cm(em, θ)|≤MC
X
j+1≤|m|≤j+p
1 |m|n+1.
Como a serie X
m∈Zn
1
|m|n+1 e convergente, (sj)j∈N e uma sequ^encia de Cauchy
e, conforme o Teorema 2.9, existe f∈P′
T(Rn) tal que
f= lim
j→∞sj= X
m∈Zn
cmem.
Por m,
1
Tn(f, e−m) =
1 Tn
X
ℓ∈Zn
cℓ
Z
[0,T]n
eiω(ℓ−m)xdx
e
Z
[0,T]n
eiω(ℓ−m)xdx=
±
0, se ℓ6=m Tn,se ℓ=m ,
logo cm=
1
Tn(f, em).
¤
Este teorema signica que toda serie trigonometrica com coecientes de crescimento lento e convergente em P′
T(Rn). Reciprocamente, veremos no
proximo resultado que toda distribuic~ao periodica pode ser representada atraves de uma serie trigonometrica cujos coecientes formam uma sequ^encia de cresci-mento lento.
Teorema 2.12 Dada f ∈ P′
T(Rn), ent~ao (cm(f))m∈Zn e uma sequ^encia de
crescimento lento e
f= X
m∈Zn
Demonstrac~ao: Como f∈P
T(Rn), sabemos que existem C > 0 ek∈N tais
que
|cm(f)|=
1
Tn|(f, e−m)|≤
C Tn
X
|α|≤k
sup
x∈Rn
|Dαem(x)|=
C Tn
X
|α|≤k
sup
x∈Rn
|ω|α|mαem(x)|=
= C
Tn
X
|α|≤k
sup
x∈Rn
|ω|α|mα|≤ Cmax{1, ω
k}
Tn
X
|α|≤k
|mα|≤
≤C′ X
|α|≤k
(1+|m|)|α|
≤C′′(1+|m|)k,
paraC′, C′′> 0 convenientes e para todo m
∈Zn.
Portanto,(cm(f))m∈Zn cresce lentamente e, pelo teorema anterior, existeg∈ P′
T(Rn)tal que g=
X
m∈Zn
cm(f)em.
Resta-nos mostrar que g = f e, para isto, mostremos primeiramente que δ=T−n X
m∈Zn
em. De fato, para cada θ∈PT(Rn), temos
³ 1
Tn
X
|m|≤j
em−δ, θ ´
= 1
Tn
X
|m|≤j
Z
[0,T]n
em(x)θ(x)dx−θ(0) =
= 1
Tn
X
|m|≤j
Z
[0,T]n
em(x)θ(x)dx−
θ(0)
Tn
Z
[0,T]n
em(x)dx =
= 1
Tn
X
|m|≤j
Z
[0,T]n
em(x)(θ(x) −θ(0))dx =
X
|m|≤j
cm(θ−θ(0)) =
X
|m|≤j
cm(θ−θ(0))em(0)→(θ−θ(0))(0) = θ(0) −θ(0) =0
quando j→ ∞.
Da, usando a continuidade sequencial em cada variavel da T-convoluc~ao, obtemos
(f, θ) = (f∗δ, θ) = ³ 1
Tn
X
m∈Zn
f∗em, θ ´
= ( 1
Tn
X
m∈Zn
(f,(em)a), θ(a)) =
= ( 1
Tn
X
m∈Zn
(f, e−m)em(a), θ(a))(
X
m∈Zn
cm(f)em(a), θ(a)) = (g, θ),
logo, f=g.