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Modelagem linear e identificação do modelo dinâmico de um robô móvel com acionamento diferencial

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(1)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Tecnologia

Programa de P´

os-Graduac

¸˜

ao em Engenharia El´

etrica

Patricia Nishimura Guerra

Modelagem Linear e Identifica¸

ao do Modelo

Dinˆ

amico de um Robˆ

o M´

ovel com Acionamento

Diferencial

Orientador: Prof D.Sc. Pablo Javier Alsina

Co-orientador: Prof D.Sc. Adelardo Adelino Dantas de Medeiros

Natal, RN

(2)

Patricia Nishimura Guerra

Modelagem Linear e Identifica¸

ao do Modelo

Dinˆ

amico de um Robˆ

o M´

ovel com Acionamento

Diferencial

Disserta¸c˜ao submetida ao Programa de

P´os-Gradua¸c˜ao em Engenharia El´etrica do

Cen-tro de Tecnologia da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, como parte dos

requi-sitos necess´arios para a obten¸c˜ao do grau de

Mestre em Ciˆencias (M.Sc.).

Orientador: Prof D.Sc. Pablo Javier Alsina

Co-orientador: Prof D.Sc. Adelardo Adelino Dantas de Medeiros

Natal, RN

(3)

Agradecimentos

Agrade¸co a todos que direta ou indiretamente ajudaram a realiza¸c˜ao deste trabalho.

Agrade¸co aos meus orientadores Pablo e Adelardo, pelas id´eias, solu¸c˜oes, paciˆencia e

encorajamento. Agrade¸co aos amigos Marcelo, Antˆonio, Auciomar, Anne, Frederico e

Diogo, pela importante ajuda e pela companhia e amizade durante todo este mestrado.

Agrade¸co aos professores Aldayr e Francisco Mota, pelas valiosas contribui¸c˜oes durante a

qualifica¸c˜ao. E, finalmente, agrade¸co tamb´em aos meus familiares, que sempre apoiaram

(4)

Sum´

ario

Lista de Figuras v

Resumo vi

Abstract vii

1 Introdu¸c˜ao 1

1.1 Modelos . . . 3

1.2 Revis˜ao da Literatura . . . 4

1.2.1 Modelos para Controle de Robˆos . . . 5

1.2.2 Identifica¸c˜ao de Robˆos . . . 7

1.3 Justificativa do Trabalho . . . 9

1.4 Objetivo e Escopo do Trabalho . . . 9

1.5 Organiza¸c˜ao da Disserta¸c˜ao . . . 10

2 Modelagem 11 2.1 Modelagem Cinem´atica . . . 11

2.2 Modelagem Dinˆamica . . . 14

2.3 Modelo Linear Equivalente . . . 19

3 Estima¸c˜ao Param´etrica 21 3.1 Parametriza¸c˜ao do modelo . . . 22

3.2 Estima¸c˜ao de ∆l . . . 23

3.2.1 Obten¸c˜ao da Distˆancia Percorrida . . . 24

3.2.2 Obten¸c˜ao do Sentido do Movimento . . . 26

(5)

3.3 Identifica¸c˜ao de Parˆametros . . . 27

3.3.1 Experimentos Simulados . . . 29

3.4 Valida¸c˜ao do Modelo . . . 33

4 Resultados Experimentais 37 4.1 Introdu¸c˜ao . . . 37

4.1.1 Considera¸c˜oes sobre a Coleta de Dados . . . 38

4.2 Estima¸c˜ao Param´etrica . . . 42

4.2.1 An´alise dos Res´ıduos . . . 45

4.3 Valida¸c˜ao de modelo . . . 50

5 Considera¸c˜oes Finais 54 Referˆencias Bibliogr´aficas 56 A 60 A.1 Obten¸c˜ao do modelo ARX a partir do modelo cont´ınuo no espa¸co de estados 60 A.2 Obten¸c˜ao do modelo cont´ınuo no espa¸co de estados a partir do modelo ARX 63 B 66 B.1 Descri¸c˜ao do robˆo usado nos experimentos . . . 66

B.2 Os robˆos . . . 67

B.3 Sistema de Percep¸c˜ao . . . 68

B.4 Gera¸c˜ao de sinais de controle . . . 69

B.5 Sistema de comunica¸c˜ao . . . 69

(6)

Lista de Figuras

1.1 Robˆo utilizado em competi¸c˜oes de futebol de robˆos . . . 1

1.2 Estacionamento de um robˆo m´ovel com restri¸c˜oes n˜ao-holonˆomicas. Em (a) o movimento n˜ao-execut´avel devido `as restri¸c˜oes e em (b) o movimento execut´avel . . . 2

2.1 Representa¸c˜ao esquem´atica do robˆo. . . 12

2.2 Restri¸c˜oes n˜ao-holonˆomicas. . . 14

2.3 An´alogo el´etrico dos comportamentos linear e angular do robˆo . . . 15

2.4 An´alogo el´etrico dos motores direito e esquerdo do mini-robˆo . . . 16

2.5 Comportamento do robˆo para entradas iguais . . . 19

3.1 Diagrama para o c´alculo de |∆l| . . . 24

3.2 Diagrama para o c´alculo do sinal de ∆l . . . 26

3.3 Compara¸c˜ao entre ∆l e ∆l . . . 27

3.4 Exemplo dos sinais de excita¸c˜ao (ed e ee) do sistema . . . 30

3.5 Exemplo da trajet´oria de sa´ıda do sistema (observada durante 30 segundos) 30 3.6 Varia¸c˜ao no tempo de alguns parˆametros . . . 30

3.7 Histogramas dos parˆametros α1 (a) e α2 (b), cujos valores originais s˜ao α1 =−1.77474 eα2 = 0.778119, respectivamente. . . 32

3.8 Histogramas dos parˆametrosγ11(c), δ11 (d) eε11(e), cujos valores originais s˜ao γ11= 5.76967×10− 5 ,δ11 = 1.16121×10− 5 e ε11=−4.54507×10− 5 . . 32

3.9 Histogramas dos parˆametrosγ12(f),δ12 (g) eε12 (h), cujos valores originais s˜ao γ12= 5.70085×10− 5 ,δ12 = 1.17463×10− 5 e ε12=−4.47806×10− 5 . . 33

3.10 Histogramas dos parˆametrosγ21 (i), δ21 (j) e ε21 (l), cujos valores originais s˜ao γ21= 0.0278875, δ21 =−0.00165186 e ε21=−0.0253767 . . . 33

(7)

3.11 Histogramas dos parˆametrosγ22(m),δ22(n) eε22(o), cujos valores originais

s˜ao γ22=−0.0272196, δ22 = 0.00159991 e ε22= 0.0247631 . . . 34

3.12 Compara¸c˜ao entre simula¸c˜ao discreta com valor m´edio dos parˆametros

es-timados e simula¸c˜ao cont´ınua . . . 35

3.13 Compara¸c˜ao entre simula¸c˜ao discreta com valor t´ıpico dos parˆametros

es-timados e simula¸c˜ao cont´ınua . . . 35

3.14 Compara¸c˜ao entre trajet´oria observada e trajet´oria estimada . . . 36

4.1 Exemplo dos esquemas de gera¸c˜ao de entradas. . . 39

4.2 Exemplo de trajet´oria realizada pelo robˆo como resultado da aplica¸c˜ao de

sinais persistentemente excitantes. . . 40

4.3 Exemplo dos sinais de sa´ıda (a) x(k) e y(k) e (b) θ(k). . . 40

4.4 Em (a) temos um exemplo de ∆θ calculado sem levar em conta as

espe-cificidades do sistema de vis˜ao e em (b) a mesma figura com o ajuste no

c´alculo de ∆θ. . . 41

4.5 Exemplo dos sinais de sa´ıda transformados ∆l (a) e ∆θ (b). . . 42

4.6 Compara¸c˜ao de magnitude entre ∆l e ∆θ. Na figura (a), ∆l foi

represen-tado em metros e em (b), em cent´ımetros. Em (a) e (b), ∆θfoi representado

em radianos. . . 44

4.7 Exemplo da evolu¸c˜ao dos parˆametrosα1 eα2 no tempo . . . 44

4.8 Exemplo da evolu¸c˜ao dos parˆametros (a)γ11,12, (b)δ11,12e (c)ε11,12 no tempo 47

4.9 Exemplo da evolu¸c˜ao dos parˆametros (a)γ21,22, (b)δ21,22e (c)ε21,22 no tempo 48

4.10 Exemplo de FAC dos res´ıduos obtidos da aplica¸c˜ao do m´etodo dos m´ınimos

quadrados. (a) FAC dos res´ıduos de ∆l e (b) FAC dos res´ıduos de ∆θ. As

linhas pontilhadas representam os limites do intervalo de confian¸ca de 95%. 48

4.11 Exemplo de FAC dos res´ıduos obtidos da aplica¸c˜ao do m´etodo MQE. (a)

FAC dos res´ıduos de ∆l e (b) FAC dos res´ıduos de ∆θ. As linhas

pontilha-das representam os limites do intervalo de confian¸ca de 95%. . . 49

4.12 Exemplo da simula¸c˜ao discreta (um passo a frente) de ∆l (a) e ∆θ (b) no

tempo . . . 53

4.13 Exemplo da simula¸c˜ao discreta (predi¸c˜ao livre) de ∆l (a) e ∆θ (b) no tempo 53

(8)

B.1 Arquitetura do sistema robˆo-computador . . . 67

B.2 Robˆo . . . 67

B.3 Aquisi¸c˜ao de imagem . . . 67

B.4 R´otulos dos robˆos . . . 68

B.5 Campo de jogo . . . 68

B.6 C´alculo do ponto central de um c´ırculo . . . 69

(9)

Resumo

Esta disserta¸c˜ao apresenta uma metodologia de modelagem e identifica¸c˜ao para um

robˆo m´ovel dotado de rodas. O modelo dinˆamico discreto proposto leva em considera¸c˜ao

a dinˆamica dos atuadores. Ao contr´ario da abordagem cl´assica, onde as coordenadas de

posi¸c˜ao do robˆo (x, y) s˜ao usadas como vari´aveis de estado (o que resulta em um modelo

n˜ao linear), o modelo discreto proposto utiliza o incremento na distˆancia percorrida pelo

robˆo ∆l. Com isto, o modelo resultante ´e linear e invariante no tempo, podendo ser

identificado utilizando qualquer m´etodo cl´assico, como por exemplo os m´ınimos

quadra-dos recursivos. Um problema desta abordagem ´e que a vari´avel ∆l n˜ao ´e diretamente

mensur´avel. Nesta proposta, este problema ´e contornado usando uma estimativa ∆l cal-culada assumindo que o caminho percorrido durante um per´ıodo de amostragem pode ser

aproximado por uma curva de segundo grau. O m´etodo proposto ´e validado atrav´es de

resultados de simula¸c˜ao computacional e experiˆencias pr´aticas.

Palavras-chave: identifica¸c˜ao param´etrica, robˆos m´oveis, modelo linear, m´ınimos

qua-drados.

(10)

Abstract

This work presents a modelling and identification method for a wheeled mobile robot,

including the actuator dynamics. Instead of the classic modelling approach, where the

robot position coordinates (x, y) are utilized as state variables (resulting in a non linear

model), the proposed discrete model is based on the travelled distance increment ∆l.

Thus, the resulting model is linear and time invariant and it can be identified through

classical methods such as Recursive Least Mean Squares. This approach has a problem:

∆l can not be directly measured. In this paper, this problem is solved using an estimate

∆l based on a second order polynomial approximation. Experimental data were colected

and the proposed method was used to identify the model of a real robot.

Keywords: parameter identification, mobile robots, linear model, least mean squares.

(11)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸

ao

Os robˆos m´oveis e, em particular, os robˆos terrestres tˆem sido muito estudados nos

´

ultimos anos. Para se locomoverem, estes robˆos podem se servir de rodas, esteiras,

“pa-tas” ou outros m´etodos de locomo¸c˜ao. Neste trabalho nos concentraremos nos robˆos

m´oveis dotados de rodas. Um exemplo deste tipo de ve´ıculo rob´otico m´ovel utilizado em

competi¸c˜oes de futebol de robˆos ´e apresentado na figura 1.1.

Figura 1.1: Robˆo utilizado em competi¸c˜oes de futebol de robˆos

Uma caracter´ıstica importante dos robˆos m´oveis dotados de rodas ´e a presen¸ca de

restri¸c˜oes n˜ao-holonˆomicas. Uma restri¸c˜ao n˜ao-holonˆomica impede que o robˆo execute

movimentos normais `a superf´ıcie do corpo de suas rodas. A figura 1.2 apresenta com

clareza como as restri¸c˜oes n˜ao-holonˆomicas se apresentam em uma aparentemente simples

tarefa de estacionamento.

Na figura 1.2, ´e poss´ıvel notar que a trajet´oria mais intuitiva para o estacionamento,

sem levar em considera¸c˜ao o sistema de locomo¸c˜ao, seria uma linha reta deslocando o

robˆo lateralmente para a posi¸c˜ao final desejada (a). No entanto, esta trajet´oria n˜ao ´e

realiz´avel por este sistema de locomo¸c˜ao. Desta forma, ´e necess´ario que seja gerada uma

trajet´oria levando em considera¸c˜ao as restri¸c˜oes n˜ao-holonˆomicas impostas pelo sistema

(12)

CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO 2

( a ) ( b )

Figura 1.2: Estacionamento de um robˆo m´ovel com restri¸c˜oes n˜ao-holonˆomicas. Em (a)

o movimento n˜ao-execut´avel devido `as restri¸c˜oes e em (b) o movimento execut´avel

O problema de controle de robˆos m´oveis n˜ao-holonˆomicos tem sido bastante estudado

nos ´ultimos anos. Este tipo de robˆo pertence a uma classe de sistemas n˜ao-lineares,

multivari´aveis, sub-atuados e com restri¸c˜oes n˜ao-holonˆomicas de movimento, constituindo

assim um problema de controle bastante desafiador.

O projeto destes sistemas de controle pode ser abordado de duas formas: considerando

apenas o modelo cinem´atico do robˆo, ou considerando, adicionalmente, o modelo dinˆamico

do robˆo. O modelo cinem´atico representa as caracter´ısticas geom´etricas diferenciais do

movimento do robˆo, ou seja o mapeamento entre velocidades em diferentes referenciais.

J´a o modelo dinˆamico ´e respons´avel por representar como o robˆo responde `as entradas

de controle externas (torques aplicados `as suas rodas) no decorrer do tempo, levando

em conta sua massa, momento de in´ercia, modelo dinˆamico dos atuadores do sistema e

for¸cas de atrito envolvidas. Controladores que levam em conta o modelo completo do robˆo

(cinem´atico e dinˆamico) devem obter, portanto, resultados melhores e mais abrangentes.

Isso pode ser observado, principalmente, em aplica¸c˜oes de alta precis˜ao ou em aplica¸c˜oes

onde os robˆos atingem altas velocidades.

Para que se possa projetar controladores que levem em conta o modelo completo

do robˆo deve-se, previamente, obter esse modelo realizando a modelagem matem´atica

do robˆo. Uma das t´ecnicas utilizadas neste processo ´e a modelagem caixa-branca ou

modelagem pela f´ısica ou natureza do processo, onde se deve conhecer bem o sistema a

ser modelado e os fenˆomenos envolvidos. Por´em, esta abordagem nem sempre ´e trivial,

principalmente no que diz respeito `a obten¸c˜ao de valores para os parˆametros dinˆamicos.

Um outro tipo de abordagem que pode ser usada na obten¸c˜ao de modelos matem´aticos

´e a identifica¸c˜ao de sistemas. Esta abordagem, ao contr´ario da modelagem caixa-branca,

(13)

CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO 3

ser modelado ´e representado por uma ou mais fun¸c˜oes parametrizadas, cujos parˆametros

s˜ao identificados atrav´es de um conjunto de dados de entrada e de sa´ıda do sistema. A

defini¸c˜ao da estrutura das fun¸c˜oes (modelo) ´e uma tarefa bastante trabalhosa se o sistema

´e completamente desconhecido.

No entanto, em alguns casos, ´e poss´ıvel utilizar t´ecnicas de identifica¸c˜ao de sistemas

juntamente com a modelagem caixa-branca. Este m´etodo ´e conhecido como modelagem

caixa-cinza. Pode-se, por exemplo, utilizar t´ecnicas de identifica¸c˜ao na estima¸c˜ao de

parˆametros dif´ıceis de se obter em um modelo encontrado atrav´es da modelagem pela

natureza do processo. Esta abordagem ser´a utilizada neste trabalho.

Na pr´oxima se¸c˜ao ser˜ao apresentados alguns conceitos sobre modelos, que ser˜ao

utili-zados no cap´ıtulo 2.

1.1

Modelos

Um modelo matem´atico de um sistema real ´e uma representa¸c˜ao aproximada do

com-portamento deste sistema. V´arias representa¸c˜oes diferentes para um mesmo sistema

po-dem existir. Quanto mais real´ıstico o modelo, maior a sua complexidade. Deve-se,

por-tanto, perceber que grau de aproxima¸c˜ao ser´a necess´ario para a aplica¸c˜ao a que se destina

o modelo.

Existem diversos tipos de modelos e diversas formas de se representarem estes modelos.

A seguir mencionam-se os tipos mais comuns.

• Modelos discretos e cont´ınuos - Modelos cont´ınuos representam continuamente a evolu¸c˜ao do sistema no tempo. Em contraste, modelos discretos representam a

evolu¸c˜ao do sistema em instantes de tempo determinados.

• Modelos multivari´aveis e monovari´aveis - Um modelo com mais de uma entrada e/ou mais de uma sa´ıda ´e chamado multivari´avel. J´a os modelos monovari´aveis

pos-suem apenas uma entrada e uma sa´ıda. Pode-se representar sistemas multivari´aveis

atrav´es de modelos monovari´aveis quando decide-se que apenas uma das entradas e

apenas uma das sa´ıdas s˜ao significativas.

(14)

CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO 4

do ponto de opera¸c˜ao. Sistemas n˜ao-lineares s˜ao muitas vezes representados atrav´es

de modelos lineares mais simples.

Modelos dinˆamicos, que representam a evolu¸c˜ao temporal de um sistema, podem ser

representados matematicamente principalmente atrav´es de trˆes formas.

• Fun¸c˜ao de transferˆencia - Descreve a rela¸c˜ao dinˆamica de causa e efeito entre en-tradas e sa´ıdas de um sistema no dom´ınio da frequˆencia. No caso cont´ınuo, ´e a

transformada de Laplace da resposta ao impulsoh(t) do sistema para condi¸c˜oes

ini-ciais nulas. J´a no caso discreto, ´e a transformada Z da resposta ao pulsoh(k) para condi¸c˜oes iniciais nulas. As fun¸c˜oes de transferˆencia s˜ao normalmente representadas

como um quociente de dois polinˆomios.

• Representa¸c˜ao no espa¸co de estados - Esta representa¸c˜ao modela (al´em da rela¸c˜ao entre entrada e sa´ıda) rela¸c˜oes entre vari´aveis internas do sistema no dom´ınio do

tempo. H´a diversas maneiras de representar um sistema no espa¸co de estados, n˜ao

existindo uma representa¸c˜ao ´unica.

• Equa¸c˜ao de diferen¸ca - S˜ao representa¸c˜oes discretas no dom´ınio do tempo espe-cialmente adequadas `a identifica¸c˜ao de sistemas. Como exemplo, pode-se citar o

modelo auto-regressivo com entradas externas (ARX do inglˆes autoregressive with

exogenous inputs).

O robˆo em estudo constitui um sistema dinˆamico n˜ao-linear cont´ınuo. Por´em, como a

supervis˜ao e o controle do sistema ser˜ao realizados atrav´es de um computador e de uma

cˆamera de v´ıdeo digital, pode-se obter e enviar informa¸c˜oes a respeito do robˆo apenas

em instantes de tempo determinados. Por esse motivo, ´e mais adequado que o robˆo seja

modelado como um sistema discreto.

Este robˆo deve ser modelado tamb´em como um sistema multivari´avel. Quanto `as

formas matem´aticas de representa¸c˜ao, as trˆes formas citadas acima ser˜ao utilizadas para

se representar o robˆo no decorrer deste trabalho.

1.2

Revis˜

ao da Literatura

Esta se¸c˜ao est´a organizada da seguinte forma. Primeiramente ser˜ao mostrados os

(15)

se-CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO 5

guida ser˜ao apresentados alguns trabalhos sobre identifica¸c˜ao de sistemas rob´oticos m´oveis

encontrados na literatura.

1.2.1

Modelos para Controle de Robˆ

os

Modelos matem´aticos podem ser utilizados em todas as ´areas do conhecimento. Como

exemplos, podemos citar o trabalho de Randhawa et al. [1] onde um modelo descreve a

natureza da atividade intestinal, ou o trabalho de Wexler et al. [2] que usa um modelo

matem´atico para predizer a for¸ca gerada por m´usculos esquel´eticos em ratos. Em seu

livro [3], Aguirre apresenta outros exemplos de modelos diversos.

No caso dos robˆos m´oveis, dois tipos principais de modelos s˜ao utilizados. Os modelos

cinem´aticos, que correspondem a uma descri¸c˜ao geom´etrica do movimento dos robˆos e os

modelos dinˆamicos, que s˜ao mais complexos pois representam a rela¸c˜ao entre o movimento

do robˆo e os esfor¸cos que o produzem.

Diversos tipos de modelos cinem´aticos ou dinˆamicos foram desenvolvidos para robˆos

m´oveis n˜ao-holonˆomicos. Modelos LTI (linear time invariant- linear invariante no tempo)

s˜ao obtidos normalmente atrav´es da lineariza¸c˜ao por s´erie de Taylor sobre um ´unico

ponto de opera¸c˜ao do sistema. Economou et al. [4] apresenta um modelo do tipo QLPV

(quasi-linear parameter-varying- quase linear com parˆametros variantes) para um robˆo do

tipo carro, utilizado em simula¸c˜oes. Utilizando dados destas simula¸c˜oes, v´arios modelos

locais lineares Takagi-Sugeno s˜ao identificados. A s´ıntese destes modelos resulta em uma

aproxima¸c˜ao para um modelo dinˆamico n˜ao-linear.

Laumond et al. [5] e Luca et al. [6] apresentam modelos cinem´aticos para alguns tipos

de robˆos m´oveis com rodas. Nestes trabalhos ´e demonstrado como transformar estes

modelos n˜ao-lineares em modelos na forma canˆonica encadeada (chained form systems).

Esta representa¸c˜ao tamb´em ´e utilizada por Ge e Zhou [7].

Em um artigo bastante interessante, Campion et al. [8] realizam uma an´alise da

estrutura dos modelos cinem´atico e dinˆamico dos robˆos m´oveis com rodas. Este trabalho

divide os robˆos em cinco classes, caracterizadas pela estrutura geral das equa¸c˜oes dos

modelos. Para cada classe, s˜ao derivadas propriedades estruturais dos modelos cinem´atico

e dinˆamico, levando-se em conta restri¸c˜oes de mobilidade.

(16)

CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO 6

o m´etodo de Newton-Euler ou a abordagem Lagrangeana. Thanjavur e Rajagopalan [9]

modelam um robˆo m´ovel dotado de rodas atrav´es da abordagem de Kane. Este artigo

enfatiza as vantagens do m´etodo de Kane para sistemas n˜ao-holonˆomicos e apresenta o

modelo dinˆamico resultante.

Quando procura-se modelar algum sistema deve-se ter em mente qual ser´a a utiliza¸c˜ao

deste modelo. Desse modo, pode-se realizar a modelagem com o grau de precis˜ao e

complexidade necess´arios. Ap´os a obten¸c˜ao do modelo deve-se realizar testes de utiliza¸c˜ao

para que seja confirmada a viabilidade do mesmo.

Na ´area de rob´otica m´ovel, modelos matem´aticos s˜ao utilizados principalmente em

controle, estima¸c˜ao e simula¸c˜ao. Estimadores de configura¸c˜ao (posi¸c˜ao e orienta¸c˜ao) s˜ao

encontrados em alguns trabalhos realizando a predi¸c˜ao do movimento de robˆos m´oveis.

Pereira et al. [10] utiliza as predi¸c˜oes para compensar atrasos de transporte e melhorar a

resposta transit´oria dos robˆos.

Poucos trabalhos tratando exclusiva e detalhadamente sobre simuladores de robˆos

m´oveis [11] foram encontrados na literatura. Por´em, uma grande parte dos trabalhos

com robˆos m´oveis (por exemplo, em controle e planejamento de trajet´orias) utilizam

simuladores [12], pois nem sempre as plataformas de testes (robˆos) est˜ao dispon´ıveis, e,

mesmo estando, n˜ao ´e conveniente (nem pr´atico) que testes iniciais sejam realizados com

os robˆos.

A maioria dos trabalhos de controle de robˆos m´oveis baseia-se apenas em modelos

cinem´aticos. Estes trabalhos partem do pressuposto de que o sinal de controle el´etrico

´e transformado instantaneamente em velocidades nas rodas desconsiderando, portanto,

os efeitos dinˆamicos provocados pelas for¸cas de atrito, massa e momento de in´ercia, por

exemplo. Por´em, h´a alguns anos, os pesquisadores tˆem-se voltado para a necessidade

da utiliza¸c˜ao do modelo dinˆamico [13]. Essa necessidade torna-se vis´ıvel em opera¸c˜oes

que necessitem de maior precis˜ao ou em movimentos em alta velocidade, onde os efeitos

dinˆamicos citados tornam-se relevantes.

Muitas das estrat´egias de controle para compensa¸c˜ao da dinˆamica de robˆos m´oveis

n˜ao-holonˆomicos s˜ao baseadas em duas malhas de controle, uma mais interna, respons´avel pelo

controle dinˆamico, e outra mais externa, respons´avel pelo controle cinem´atico. Estrat´egias

(17)

CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO 7

A maioria dos trabalhos em controle adaptativo de robˆos m´oveis [12, 14, 15, 16, 17, 18,

19] tamb´em utiliza o modelo dinˆamico, visto que estes trabalhos geralmente s˜ao motivados

pela existˆencia de parˆametros desconhecidos ou conhecidos com incerteza nos modelos e

este tipo de parˆametro ´e encontrado nos modelos dinˆamicos. Isso porque, geralmente, ´e

f´acil realizar medi¸c˜oes dos parˆametros geom´etricos do robˆo (parˆametros que comp˜oem o

modelo cinem´atico).

Maiores detalhes sobre a literatura dispon´ıvel em controle de robˆos m´oveis podem ser

obtidas no trabalho de Vieira et al. [20].

1.2.2

Identifica¸

ao de Robˆ

os

Normalmente, modelos matem´aticos real´ısticos s˜ao obtidos atrav´es das leis f´ısicas

anal´ıticas que regem o comportamento dos robˆos. Por´em, em alguns casos, os sistemas

s˜ao muito complexos de forma que esta abordagem n˜ao ´e poss´ıvel ou torna-se demasiado

trabalhosa. Pode-se empregar, ent˜ao, uma abordagem conhecida como identifica¸c˜ao de

sistemas.

O modelo matem´atico cl´assico de um robˆo m´ovel possui estrutura semelhante `a do

modelo matem´atico de robˆos manipuladores, de modo que t´ecnicas de identifica¸c˜ao

pa-ram´etrica desenvolvidas para estes ´ultimos podem ser adaptadas para a identifica¸c˜ao de

robˆos m´oveis. No entanto, a maioria destas t´ecnicas pressup˜oe que medi¸c˜oes das

veloci-dades e acelera¸c˜oes do robˆo s˜ao dispon´ıveis, o que geralmente n˜ao ´e verdade.

Poignet e Gautier [21] realizam uma an´alise comparativa entre o m´etodo dos m´ınimos

quadrados ponderados (WLS) e o filtro de Kalman estendido (EKF) para identifica¸c˜ao de

robˆos manipuladores. Os m´etodos utilizam modelos diferentes: o WLS utiliza o modelo

dinˆamico inverso que ´e linear em parˆametros e o EKF se baseia no modelo no espa¸co de

estados obtido do modelo dinˆamico direto. O algoritmo EKF estima tanto as velocidades

quanto os parˆametros enquanto o WLS necessita que as velocidades e acelera¸c˜oes das

jun-tas sejam calculadas separadamente atrav´es de um filtro passa-faixa. Por´em, o algoritmo

EKF consome mais tempo de processamento que o WLS. As estimativas dos parˆametros

s˜ao muito pr´oximas em ambos os m´etodos, se valores iniciais pr´oximos dos reais forem

fornecidos para o EKF.

(18)

CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO 8

de sistemas n˜ao-lineares. Sistemas de inferˆencia neuro-fuzzy adaptativos s˜ao a base deste

estudo e a dinˆamica ´e solucionada atrav´es do m´etodo de Runge-Kutta. O m´etodo ´e

aplicado em um manipulador SCARA de dois graus de liberdade.

Ainda sobre manipuladores, Swevers et al. [23] discute a identifica¸c˜ao experimental de

modelos dinˆamicos para aplica¸c˜ao em controle baseados em modelo, como por exemplo

o controle por torque computado. Na estima¸c˜ao de parˆametros ´e utilizado o m´etodo da

m´axima verossimilhan¸ca (maximum likelihood), baseado em uma estrutura estat´ıstica.

Trabalhos tratando especificamente sobre identifica¸c˜ao de modelos de robˆos m´oveis

com rodas s˜ao mais raros. Tounsi et al. [24] identifica as equa¸c˜oes dinˆamicas de um

robˆo m´ovel com restri¸c˜oes n˜ao-holonˆomicas e as usa para implementar uma lei de

con-trole por torque computado. O modelo linear em parˆametros ´e identificado atrav´es das

t´ecnicas de m´ınimos quadrados. Geralmente, a dificuldade encontrada quando realiza-se

a identifica¸c˜ao do modelo linear em parˆametros (de forma similar `a usada nas t´ecnicas

de identifica¸c˜ao para manipuladores) ´e a obten¸c˜ao das velocidades e acelera¸c˜oes, que nem

sempre s˜ao dispon´ıveis. No trabalho de Tounsi et al., as velocidades s˜ao calculadas em

tempo real usando-se simplesmente a diferen¸ca finita entre posi¸c˜oes filtradas.

Em Pereira [25] e Pereira et al. [10] ´e realizada a identifica¸c˜ao do modelo dinˆamico

de micro-robˆos utilizando o m´etodo dos m´ınimos quadrados estendido. Como o modelo a

ser identificado atrav´es do LMS ´e n˜ao-linear, ´e utilizada uma simplifica¸c˜ao: a orienta¸c˜ao

θ(t), variante no tempo, ´e considerada constante em cada intervalo de amostragem.

Moreira et al. [26] tamb´em realiza a modelagem e identifica¸c˜ao de um robˆo m´ovel

com duas rodas. Neste trabalho, o modelo cinem´atico ´e identificado atrav´es da

modela-gem fenomenol´ogica e o modelo dinˆamico, incluindo a dinˆamica dos atuadores (motores

de corrente cont´ınua), ´e identificado utilizando-se estimadores param´etricos. ´E realizada

uma compara¸c˜ao entre trˆes estimadores: os m´ınimos quadrados simples, vari´aveis

instru-mentais e os m´ınimos quadrados generalizados, concluindo-se que os m´ınimos quadrados

simples produz estimativas piores pois os dados utilizados est˜ao contaminados por ru´ıdos

n˜ao-brancos. O modelo cinem´atico n˜ao-linear ´e discretizado utilizando-se a aproxima¸c˜ao

por diferen¸cas avan¸cadas, cujos resultados, segundo o autor, s˜ao equivalentes aos de uma

integra¸c˜ao pelo m´etodo de Euler com passo igual ao per´ıodo de amostragem.

(19)

CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO 9

se identificar um modelo linearizado, ´e realizar a identifica¸c˜ao do modelo completo

n˜ao-linear atrav´es de t´ecnicas de identifica¸c˜ao de sistemas n˜ao-n˜ao-lineares. Em um de seus

traba-lhos [27], Huaguang e Yongbing prop˜oem um modelo nebuloso hiperb´olico para sistemas

n˜ao-lineares. O modelo proposto pode ser visto como uma rede neural e seus parˆametros

podem ser identificados atrav´es do algoritmo de retropropaga¸c˜ao do erro (

Backpropaga-tion).

1.3

Justificativa do Trabalho

Foi visto que a maioria dos modelos utilizados em controle s˜ao apenas cinem´aticos.

Quanto aos modelos dinˆamicos, a imensa maioria n˜ao inclui a dinˆamica dos atuadores

(motores). Essa dinˆamica, por ser bem mais r´apida, ´e normalmente desprezada. Tamb´em

foi observado que existem poucos trabalhos tratando especificamente de identifica¸c˜ao em

tempo real de robˆos m´oveis.

O modelo dinˆamico desenvolvido neste trabalho para o robˆo m´ovel ´e linear, por´em

totalmente equivalente ao cl´assico modelo n˜ao-linear utilizado normalmente na literatura.

Na obten¸c˜ao deste modelo n˜ao foram realizadas simplifica¸c˜oes nem lineariza¸c˜oes.

A principal contribui¸c˜ao deste trabalho ´e o desenvolvimento deste modelo e a

com-prova¸c˜ao da possibilidade do seu uso.

1.4

Objetivo e Escopo do Trabalho

O principal objetivo deste trabalho ´e realizar a modelagem matem´atica linear e a

identifica¸c˜ao param´etrica em tempo real de um robˆo m´ovel com rodas sem nenhum tipo

de processamento local e observado por vis˜ao computacional.

Os testes pr´aticos deste trabalho foram realizados no futebol de mini–robˆos, projeto

em desenvolvimento na UFRN por alunos de gradua¸c˜ao e p´os-gradua¸c˜ao. No entanto, o

escopo de aplica¸c˜ao deste trabalho ´e bastante amplo, podendo ser utilizado em qualquer

(20)

CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO 10

1.5

Organiza¸

ao da Disserta¸

ao

O restante deste texto est´a organizado da seguinte maneira: No cap´ıtulo 2 ´e

apre-sentada a modelagem f´ısica e matem´atica do robˆo m´ovel utilizado neste trabalho. No

cap´ıtulo 3 o modelo ´e parametrizado em uma forma mais adequada para a identifica¸c˜ao

de modelos, a metodologia usada na identifica¸c˜ao do modelo ´e apresentada juntamente

com resultados obtidos atrav´es de simula¸c˜oes. Resultados experimentais, obtidos com

o uso da plataforma descrita no apˆendice B, s˜ao mostrados no cap´ıtulo 4. Finalmente,

no cap´ıtulo 5, os pontos principais do trabalho desenvolvido s˜ao sintetizados e poss´ıveis

(21)

Cap´ıtulo 2

Modelagem

Com o desenvolvimento de novas t´ecnicas de projeto de controladores de robˆos

basea-dos em modelos, a modelagem e identifica¸c˜ao de robˆos tˆem ganhado mais destaque e sua

utiliza¸c˜ao tem se ampliado.

Neste cap´ıtulo ´e apresentada a modelagem fenomenol´ogica de um robˆo m´ovel

n˜ao-holonˆomico com duas rodas e acionamento diferencial. A modelagem fenomenol´ogica

consiste na deriva¸c˜ao do modelo matem´atico a partir das leis f´ısicas envolvidas no processo

e na medi¸c˜ao de todos os parˆametros que contribuem para a dinˆamica do processo.

O modelo de um robˆo pode ser dividido em duas partes, um modelo cinem´atico e

outro dinˆamico. O modelo cinem´atico do robˆo representa as caracter´ısticas geom´etricas e

restri¸c˜oes de seus movimentos. O modelo dinˆamico ´e respons´avel por representar como o

robˆo responde `as entradas de controle externas que produzem o movimento no decorrer do

tempo, levando em conta sua massa, momento de in´ercia, modelo dinˆamico dos atuadores

e for¸cas de atrito envolvidas.

Neste cap´ıtulo tamb´em ´e derivado um modelo dinˆamico linear exatamente equivalente

ao n˜ao-linear, que ser´a usado na identifica¸c˜ao e no controle do robˆo.

2.1

Modelagem Cinem´

atica

O sistema modelado consiste em um pequeno robˆo m´ovel dotado de duas rodas com

acionamento diferencial, utilizado em competi¸c˜oes de futebol de robˆos. Este robˆo, de

(22)

CAP´ITULO 2. MODELAGEM 12

para cada roda, controlados remotamente via r´adio–enlace por um computador pessoal.

A figura 2.1 mostra uma representa¸c˜ao esquem´atica do robˆo modelado. Nesta figura,

a configura¸c˜ao do robˆo ´e representada por sua posi¸c˜ao no espa¸co cartesiano (x e y, que

´e a posi¸c˜ao do centro do robˆo em rela¸c˜ao a um referencial fixo no espa¸co de trabalho), e

por sua orienta¸c˜ao θ (ˆangulo entre o vetor de orienta¸c˜ao do robˆo e o eixo x do referencial

fixo no espa¸co de trabalho). A seguinte nomenclatura ´e adotada:

d ´e o comprimento do eixo;

rd, re s˜ao os raios das rodas direita e esquerda, respectivamente;

ωd, ωe s˜ao as velocidades angulares das rodas direita e esquerda, respectivamente;

vd, ve s˜ao as velocidades lineares de um ponto nas bordas externas das rodas direita e

esquerda, respectivamente;

v ´e a velocidade linear do robˆo;

ω ´e a velocidade angular do robˆo.

f ´e a for¸ca resultante no robˆo;

τ ´e o torque resultante no robˆo;

τd, τe s˜ao os torques motores nas rodas direita e esquerda, respectivamente;

fd, fe s˜ao as for¸cas motrizes nas bordas externas das rodas direita e esquerda,

respectiva-mente;

Y

X

re

rd

v, f

vd, fd

ve, fe

ω, τ ωd, τd

ωe, τe

d θ

x y

Figura 2.1: Representa¸c˜ao esquem´atica do robˆo.

A velocidade linear v e angular ω do mini-robˆo s˜ao dadas por:

v = vd+ve

2 ω =

(23)

CAP´ITULO 2. MODELAGEM 13

Sendo as velocidades lineares das rodas dadas por vd = ωdrd e ve = ωere, ´e poss´ıvel

encontrar as velocidades angulares das rodas do mini-robˆo em fun¸c˜ao das velocidades

linear e angular do mini-robˆo. Assim, tˆem-se:

ωd= 1 rdv+

d

2rdω ωe =

1 rev−

d 2reω

que na forma matricial pode ser escrita como:

ω =ωTvv (2.1)

ou na forma:

v=ωT−1

v ω =

v

ω (2.2)

onde:

ω=

⎡ ⎣ωd

ωe

⎦ v=

⎡ ⎣v

ω

⎦ ωTv =

⎣1/rd d/2rd

1/re d/2re

⎤ ⎦

O vetorvrepresenta as velocidades no referencial do robˆo, com origem no centro do robˆo,

e ω ´e o vetor de velocidades no espa¸co dos atuadores.

O m´etodo de locomo¸c˜ao do robˆo em estudo impede que ele se movimente lateralmente

(perpendicular ao plano das rodas), tendo liberdade para deslocar-se apenas na dire¸c˜ao

em que est´a orientado. Isto ´e expresso por restri¸c˜oes matem´aticas que se enquadram na

categoria das restri¸c˜oes n˜ao-holonˆomicas. De acordo com a figura 2.2, para deslocamentos

incrementais, tem-se:

dx=vdtcosθ x˙ =vcosθ (2.3)

dy=vdtsenθ y˙ =vsenθ (2.4)

dθ =ωdt θ˙=ω (2.5)

Igualando-se o valor de v calculado a partir das equa¸c˜oes (2.3) e (2.4), chega-se `a

restri¸c˜ao n˜ao-holonˆomica:

˙

xsenθ = ˙ycosθ (2.6)

As equa¸c˜oes (2.3), (2.4) e (2.5), que representam omodelo cinem´atico para este robˆo,

podem ser escritas em forma matricial

˙

(24)

CAP´ITULO 2. MODELAGEM 14 dx vdt dy v y x θ

Figura 2.2: Restri¸c˜oes n˜ao-holonˆomicas.

onde q= ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ x y θ ⎤ ⎥ ⎥ ⎥

⎦, q˙ = ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ˙ x ˙ y ˙ θ ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ e

qTv(θ) =

⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣

cosθ 0

senθ 0

0 1 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦

O vetorq representa a configura¸c˜ao do robˆo e o vetor ˙q representa as velocidades no

espa¸co de configura¸c˜ao do robˆo (espa¸co das vari´aveis x,y eθ). Substituindo-se a equa¸c˜ao

(2.2) na equa¸c˜ao (2.7) pode-se obter a rela¸c˜ao entre as velocidades no espa¸co de atuadores

e no espa¸co de configura¸c˜ao:

˙

q=qTv(θ)vTωω (2.8)

Pela defini¸c˜ao da matriz qTv(θ), constata-se que:

qTT v (θ)

qTv(θ) = I

ondeI´e a matriz identidade. Desta forma, pode-se multiplicar a equa¸c˜ao (2.7) porqTT v (θ),

o que leva a:

v=qTT

v (θ) ˙q (2.9)

2.2

Modelagem Dinˆ

amica

A equa¸c˜ao mecˆanica do robˆo pode ser obtida atrav´es das leis de Newton e Euler do

movimento (observe o an´alogo el´etrico dos comportamentos linear e angular na figura

2.3), que podem ser expressas em forma matricial como:

f =Mrv˙ +Brv (2.10)

onde: f = ⎡ ⎣f τ ⎤

⎦ Mr=

⎡ ⎣m 0

0 J

⎦ Br =

⎣βlin 0

0 βang

⎦ v˙ =

⎡ ⎣v˙

˙ ω

(25)

CAP´ITULO 2. MODELAGEM 15

sendo m a massa total do mini-robˆo, J o seu momento de in´ercia, βlin ´e o coeficiente de

atrito entre o robˆo e o solo durante os movimentos lineares eβang ´e o respectivo coeficiente

de atrito, para movimentos angulares.

f,τ

v,ω

m, J

1 βlin,

1 βang

Figura 2.3: An´alogo el´etrico dos comportamentos linear e angular do robˆo

As for¸cas exercidas sobre as rodas s˜ao fd = τd/rd e fe = τe/re enquanto a for¸ca e o

torque exercidos sobre o mini-robˆo s˜ao, respectivamente:

f =fd+fe τ =fdd

2−fe d

2 (2.11)

Substituindofd e fe nas equa¸c˜oes 2.11, tem-se:

f = 1 rdτd+

1

reτe τ =

d 2rdτd−

d 2reτe

que, escrevendo na forma matricial torna-se:

f =ωTvTτ (2.12)

onde τ = [τd τe]T.

Assim, igualando-se as equa¸c˜oes 2.10 e 2.12, obt´em-se:

ωTT

v τ =Mrv˙ +Brv (2.13)

Com rela¸c˜ao `a dinˆamica dos atuadores, os an´alogos el´etricos dos motores direito e

esquerdo s˜ao apresentados na figura 2.4. As nomenclaturas adotadas s˜ao:

ed, ee s˜ao as tens˜oes de armadura dos motores direito e esquerdo, respectivamente;

Rd, Re s˜ao as resistˆencias dos enrolamentos de armadura dos motores direito e esquerdo,

respectivamente;

id, ie s˜ao as correntes de armadura dos motores direito e esquerdo, respectivamente;

Kd, Ke s˜ao as constantes de torque dos motores direito e esquerdo, respectivamente;

(26)

CAP´ITULO 2. MODELAGEM 16 − + − + id,e Jd,e Rd,e

Kd,eωd,e Kd,eid,e

Jd,eω˙d,e

ωd,e

βd,eωd,e

ed,e τd,e

1

βd,e

Figura 2.4: An´alogo el´etrico dos motores direito e esquerdo do mini-robˆo

βd, βe s˜ao os coeficientes de atrito viscoso angular entre os rotores e eixos dos motores e

seus apoios.

Deste circuito ´e poss´ıvel obter as seguintes equa¸c˜oes:

i=RmeRmKmω (2.14)

τ =Kmi−Jmω˙ −Bmω (2.15)

onde: i= ⎡ ⎣id ie ⎤

⎦ e=

⎡ ⎣ed

ee

⎦ ω˙ =

⎡ ⎣ωd˙

˙ ωe

⎦ Rm =

⎣1/Rd 0

0 1/Re

⎤ ⎦

Km =

⎣Kd 0

0 Ke

⎦ Jm =

⎡ ⎣Jd 0

0 Je

⎦ Bm =

⎡ ⎣βd 0

0 βe

⎤ ⎦

Substituindo a equa¸c˜ao 2.14 na equa¸c˜ao 2.15, tem-se:

τ =RmKme−Jmω˙ −(RmK2

m+Bm)ω

Da equa¸c˜ao 2.1, tem-se que a derivada deωem rela¸c˜ao ao tempo ´e dada por ˙ω=ωTvv˙.

Assim:

τ =RmKme−JmωTvv˙ −(RmK2

m+Bm) ω

Tvv

que multiplicando por ωTT

v torna-se:

ωTT v τ = (

ωTT

v RmKm)e−( ωTT

v Jm ωTv) ˙v

−[ωTT v (RmK

2

m+Bm)

ωTv]v (2.16)

Igualando-se as equa¸c˜oes 2.13 e 2.16 e isolando o termo eme, obt´em-se:

ωTT

v RmKme= (Mr+ ωTT

v Jm

ωTv) ˙v+ [Br+ωTT v (RmK

2

(27)

CAP´ITULO 2. MODELAGEM 17

que representa o modelo matem´atico do robˆo no referencial do robˆo. Este modelo pode

ser expresso em forma matricial como:

Kve=Mvv˙ +Bvv (2.17)

onde Kv ´e um ganho das entradas de controle e Mv e Bv s˜ao, respectivamente, a matriz

de in´ercia generalizada e a matriz de amortecimento generalizada, que inclui termos de

coeficientes de atrito viscoso e resistˆencia el´etrica, ambas constantes, sim´etricas, definidas

positivas. Estas trˆes matrizes s˜ao dadas por:

Kv =ωTvTRmKm

Mv =Mr+ωTvTJm ω

Tv

Bv =Br+ωTvT(RmK

2

m+Bm) ω

Tv

A partir deste modelo no referencial dos atuadores, pode-se tamb´em derivar um modelo

em vari´aveis de estado. Definindo-se os vetores:

x= ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ v . . . q ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦= ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ v ω x y θ ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ˙x= ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ˙v . . . ˙q ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦

pode-se obter um modelo do robˆo no espa¸co de estados a partir das equa¸c˜oes 2.7 e 2.17:

⎧ ⎨ ⎩

˙

x=A(θ)x+Be

y=Cx

(2.18)

onde:

A(θ) =

⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣

−M−1

v Bv ... 0

. . . .

qTv(θ) ... 0

⎤ ⎥ ⎥ ⎥

⎦ B =

⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣

M−1 v Kv . . . . 0 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦

A matriz C depende de quais sinais s˜ao relevantes na aplica¸c˜ao onde o robˆo vai ser

empregado. Como normalmente se deseja controlar a posi¸c˜ao e a orienta¸c˜ao do robˆo:

y=q=

⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ x y θ ⎤ ⎥ ⎥ ⎥

⎦ → C= ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣

0 0 1 0 0

0 0 0 1 0

0 0 0 0 1

(28)

CAP´ITULO 2. MODELAGEM 18

O modelo assim obtido ´e de quinta ordem, n˜ao-linear e multivari´avel, tendo como

entradas de controle as tens˜oes nos motores esquerdo e direito (isso porque foi inclu´ıda a

dinˆamica el´etrica destes motores) e como sa´ıda a ser controlada a posi¸c˜ao do centro do

robˆo no espa¸co cartesiano (x, y) e a orienta¸c˜ao do seu eixo de movimentoθ. Dessa forma,

temos mais vari´aveis para controlar (x,y,θ) que vari´aveis de controle (ed,ee) e, portanto,

o sistema ´e sub-atuado, o que constitui um complicador a mais para o controle.

Ainda utilizando apenas a modelagem fenomenol´ogica, os valores nominais dos

diver-sos parˆametros f´ısicos do modelo foram levantados para um robˆo espec´ıfico. Atrav´es

de medi¸c˜oes e c´alculos foram encontrados valores para alguns dos parˆametros (como

massa, raio das rodas e momentos de in´ercia) do robˆo considerado neste trabalho. Outros

parˆametros, como por exemplo as constantes el´etricas e a resistˆencia de armadura dos

motores foram obtidas atrav´es dos dados do fabricante dos motores. Os coeficientes de

atrito viscoso, por outro lado, foram estimados realizando-se testes com os robˆos reais

e simula¸c˜oes comparativas com diversos valores de coeficientes, escolhendo-se os

coefici-entes de atrito cuja simula¸c˜ao resultava em um comportamento mais pr´oximo do real.

Chegou-se ao seguinte conjunto de valores, com todas as unidades no S.I.:

d= 0.0750

rd = 0.0251 re = 0.0254

m= 0.352 J = 13.02×10−6 βlin = 0.1002 βang = 7.004×10−5

Jd = 3.003×10−6 Je = 3.005

×10−6 βd = 7.002×10−6 βe = 7.002

×10−6 Kd = 2.04×10−2 Ke = 2.01

×10−2 Rd = 17.331 Re = 17.301

(2.19)

Utilizando estes valores para simula¸c˜ao, chega-se a um modelo cujo comportamento

dinˆamico em malha aberta e com entradas iguais ´e ilustrado na figura 2.5. Pode ser

observado que este robˆo n˜ao ´e sim´etrico, j´a que a trajet´oria descrita pelo mesmo ´e bastante

diferente da linha reta esperada. Isso ocorre porque foram adicionadas incertezas aos

parˆametros de modo que o lado esquerdo do robˆo fosse diferente do lado direito, o que de

(29)

CAP´ITULO 2. MODELAGEM 19

t = 0 s

t = 15 s

0 2 4 6 8 10 12

0 1 2 3 4 5 6 7

y (m)

x (m)

Figura 2.5: Comportamento do robˆo para entradas iguais

2.3

Modelo Linear Equivalente

O modelo (2.18) ´e utilizado no simulador do robˆo, pois representa de forma mais

real´ıstica o comportamento do robˆo, visto que y= [ x y θ ]T pode ser obtido atrav´es

de um sistema de vis˜ao global (sensor utilizado em nosso sistema). Por´em, esse modelo ´e

n˜ao-linear e, portanto, exige t´ecnicas mais complexas para ser utilizado em aplica¸c˜oes de

controle, por exemplo.

Com o objetivo de se utilizarem algoritmos de controle mais simples e os resultados

matem´aticos existentes para sistemas lineares, o modelo n˜ao-linear foi reescrito como

uma representa¸c˜ao linear do robˆo. Para isso, foi necess´ario realizar uma substitui¸c˜ao de

vari´aveis no vetor de sa´ıda: a configura¸c˜ao do robˆo n˜ao ser´a mais descrita atrav´es de

sua posi¸c˜ao x e y e sua orienta¸c˜ao θ, sendo agora expressa em termos do deslocamento

linear l e angular θ. Como pode ser observado em (2.20), a nova equa¸c˜ao de estados

permanece com os mesmos parˆametros dinˆamicos. Devendo-se frisar que para se chegar

ao modelo equivalente linear n˜ao foi realizada nenhuma simplifica¸c˜ao, sendo esse modelo

(30)

CAP´ITULO 2. MODELAGEM 20 ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ˙ v ˙ ω ˙ l ˙ θ ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ = ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣

−M−1

v Bv ... 0

. . . .

1 0

0 1 ... 0

⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ v ω l θ ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ + ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣

M−1

v Kv

. . . . 0 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎡ ⎣ ed ee ⎤ ⎦ y= ⎡

⎣ 0 0 1 0

0 0 0 1

⎤ ⎦ ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ v ω l θ ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ (2.20)

Esta nova representa¸c˜ao do robˆo diminuiu tamb´em a ordem do modelo, que passa

agora a ser de quarta ordem.

Um problema inerente `a esta representa¸c˜ao ´e o fato de que a grandezal´e imensur´avel.

Caso se utilize um sistema de vis˜ao global (o que ocorre neste trabalho), informa¸c˜oes sobre

a configura¸c˜ao do robˆo podem ser obtidas apenas em instantes de tempo determinados.

Deve ser lembrado que a utiliza¸c˜ao deencoderstamb´em n˜ao solucionaria este problema, j´a

que atrav´es destes sensores o deslocamento linearltamb´em n˜ao pode ser medido, podendo

ser estimado atrav´es de medi¸c˜oes de deslocamento angular.

Este modelo linear (2.20), no pr´oximo cap´ıtulo, ser´a discretizado e identificado atrav´es

de t´ecnicas de estima¸c˜ao param´etrica simples. Estas t´ecnicas n˜ao poderiam ser usadas

(31)

Cap´ıtulo 3

Estima¸

ao Param´

etrica

Neste cap´ıtulo ´e apresentada a identifica¸c˜ao em tempo real de um robˆo m´ovel

n˜ao-holonˆomico com duas rodas e acionamento diferencial. O modelo dinˆamico linear

equi-valente, derivado no cap´ıtulo anterior, ´e discretizado e a metodologia de identifica¸c˜ao ´e

apresentada. Tamb´em apresentam-se os resultados simulados obtidos neste trabalho.

H´a v´arios aspectos importantes na identifica¸c˜ao de sistemas. As principais etapas de

um problema deste tipo s˜ao:

1. Testes dinˆamicos e coleta de dados

2. Escolha da representa¸c˜ao matem´atica a ser usada

3. Determina¸c˜ao da estrutura do modelo

4. Estima¸c˜ao de parˆametros

5. Valida¸c˜ao do modelo

No cap´ıtulo anterior foi realizada a modelagem fenomenol´ogica do robˆo, sendo

encon-trada a estrutura do modelo e os valores dos parˆametros f´ısicos e geom´etricos do mesmo.

Por´em, alguns dos parˆametros n˜ao foram encontrados com boa precis˜ao ou podem

va-riar de valor com o tempo. Torna-se, portanto, bastante adequada a utiliza¸c˜ao de um

estimador para se encontrar melhores valores para os mesmos.

Ao se utilizarem informa¸c˜oes sobre o sistema no processo de identifica¸c˜ao, realiza-se

uma identifica¸c˜ao caixa-cinza. Neste trabalho, ser´a utilizada a estrutura do modelo obtida

na se¸c˜ao anterior, sendo identificados apenas os parˆametros do modelo.

Nas se¸c˜oes seguintes, as etapas 1, 2, 4 e 5 ser˜ao discutidas e ser´a mostrado como

(32)

CAP´ITULO 3. ESTIMAC¸ ˜AO PARAM ´ETRICA 22

a parametriza¸c˜ao do modelo para uma representa¸c˜ao mais adequada `a identifica¸c˜ao. Na

se¸c˜ao de estima¸c˜ao dos parˆametros ser´a discutida a coleta de dados e o algoritmo utilizado

na estima¸c˜ao. Finalmente, tendo-se obtido o modelo, ´e necess´ario verificar se ele incorpora

as caracter´ısticas de interesse do sistema real, devendo ser realizada a sua valida¸c˜ao.

3.1

Parametriza¸

ao do modelo

As representa¸c˜oes discretas, por exemplo o modelo ARX (auto-regressivo com entradas

externas), s˜ao bastante utilizadas em identifica¸c˜ao de sistemas. Para se chegar a esta

representa¸c˜ao deve-se realizar a discretiza¸c˜ao do modelo 2.20. Isso ser´a realizado em

algumas etapas para facilitar o trabalho. Primeiramente, passou-se da representa¸c˜ao em

espa¸co de estado cont´ınuo (2.20) para a representa¸c˜ao em matriz de transferˆencia cont´ınua.

Utilizando G(s) =C(sIA)−1B com

A= ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣

−M−1

v Bv ... 0

. . . . 1 0 0 1 ... 0 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ B= ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣

M−1

v Kv

. . . . 0 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ C=

⎣ 0 0 1 0

0 0 0 1

⎤ ⎦

obteve-se a matriz de transferˆencia G(s) e a seguinte representa¸c˜ao equivalente `a

repre-senta¸c˜ao 2.20.

⎣ L(s)

θ(s)

⎤ ⎦=

⎣ G11(s) G12(s)

G21(s) G22(s)

⎤ ⎦

⎡ ⎣ Ed(s)

Ee(s)

⎦ (3.1)

onde cada Gij(s) possui a seguinte estrutura

Gij(s) = Nij(s) D(s) =

αijs+βij s(s2

+k1s+k2)

A fim de se obter a representa¸c˜ao em matriz de transferˆencia discreta calcularam-se

as quatro fun¸c˜oes de transferˆencia discretas Gij(z).

⎡ ⎣ L(z)

θ(z)

⎤ ⎦=

⎣ G11(z) G12(z)

G21(z) G22(z)

⎤ ⎦

⎣ Ed(z)

Ee(z)

⎦ (3.2)

onde cada Gij(z) possui a seguinte estrutura

Gij(z) = Nij(z) D(z) =

γijz2

+δijz+εij (z1)(z2+α

(33)

CAP´ITULO 3. ESTIMAC¸ ˜AO PARAM ´ETRICA 23

Gij(z) = γijz

2

+δijz+εij z3

−z2

+α1(z2−z) +α2(z−1)

Finalmente, para se chegar a parametriza¸c˜ao adequada `a implementa¸c˜ao digital,

trans-forma-se a representa¸c˜ao (3.2) na representa¸c˜ao em equa¸c˜oes de diferen¸cas.

∆lk =α1∆lk1−α2∆lk2+γ11ed,k1+δ11ed,k2+ε11ed,k3+

+γ12ee,k1+δ12ee,k2+ε12ee,k3

∆θk =α1∆θk1−α2∆θk2+γ21ed,k1+δ21ed,k2 +ε21ed,k3+

+γ22ee,k1+δ22ee,k2+ε22ee,k3

(3.3)

onde ∆lk=lklk−1 ´e distˆancia percorrida em um passo de amostragem, ∆θk =θk−θk−1

´e o incremento angular na orienta¸c˜ao do robˆo no mesmo per´ıodo, ed,k e ee,k s˜ao os sinais

de entrada da planta (tens˜ao nos motores direito e esquerdo, respectivamente) no instante

k.

Para o robˆo descrito por (2.19), os parˆametros calculados s˜ao os seguintes:

α1 =−1.77474 α2 = 0.778119

γ11= 5.7697×10− 5

δ11= 1.1612×10− 5

ε11 =−4.5451×10− 5

γ12= 5.7008×10− 5

δ12= 1.1746×10− 5

ε12 =−4.4781×10− 5

γ21= 0.0278875 δ21=−0.00165186 ε21 =−0.0253767

γ22=−0.0272196 δ22= 0.00159991 ε22 = 0.0247631

(3.4)

Uma descri¸c˜ao detalhada da obten¸c˜ao destes parˆametros pode ser vista no apˆendice

A.

3.2

Estima¸

ao de

l

Como j´a foi dito, existe um problema com o modelo escolhido. A grandezal, distˆancia

percorrida pelo robˆo desde um instante inicial, n˜ao pode ser medida atrav´es de um sistema

de vis˜ao global. Seguindo o mesmo crit´erio, torna-se imposs´ıvel tamb´em medir-se ∆l,

distˆancia percorrida pelo robˆo em um per´ıodo de amostragem. Pode-se, por´em, calcular

um valor plaus´ıvel ∆l para esta grandeza com base em heur´ısticas.

A metodologia desenvolvida para se calcular∆l consiste nos seguintes passos: 1. C´alculo da distˆancia percorrida|∆l|

(34)

CAP´ITULO 3. ESTIMAC¸ ˜AO PARAM ´ETRICA 24

3.2.1

Obten¸

ao da Distˆ

ancia Percorrida

Possuindo duas imagens consecutivas do robˆo em seu campo de trabalho, pode-se obter

com razo´avel precis˜ao sua configura¸c˜ao (x, y e θ) nestes dois instantes de tempo. N˜ao

se pode ter certeza sobre qual caminho o robˆo percorreu para ir de uma configura¸c˜ao a

outra, visto que infinitos caminhos diferentes podem levar o robˆo da configura¸c˜ao inicial

at´e a final. Poder-se-ia utilizar a distˆancia euclidiana entre os dois pontos como medida

da distˆancia percorrida, supondo, neste caso, que o per´ıodo de amostragem de 33,33ms´e

suficientemente pequeno (figura 3.1). Por´em, no caso geral (quando o caminho percorrido

n˜ao ´e uma reta), esta solu¸c˜ao viola as restri¸c˜oes n˜ao-holonˆomicas do sistema.

∆L

| |

y1

x1 x2

y2

λ=1 λ=0

Figura 3.1: Diagrama para o c´alculo de |∆l|

A heur´ıstica adotada neste trabalho para se calcular |∆l| baseia-se na utiliza¸c˜ao de um polinˆomio de 2o grau unindo uma configura¸c˜ao inicial a uma configura¸c˜ao final. Dessa

forma, respeitam-se as restri¸c˜oes n˜ao-holonˆomicas do robˆo, visto que a curva de 2o grau

´e o polinˆomio de menor ordem que consegue atender `as restri¸c˜oes de n˜ao-holonomia do

robˆo. As vari´aveis de configura¸c˜ao (x, y, θ) do robˆo foram parametrizadas, ent˜ao, pelas

seguintes equa¸c˜oes:

⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎨ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎩

x(λ) = a2λ 2

+a1λ+a0

y(λ) =b2λ 2

+b1λ+b0

tan[θ(λ)] = dy/dλ dx/dλ =

2b2λ+b1

2a2λ+a1

(3.5)

com λvariando de 0 (configura¸c˜ao do robˆo no passo anterior ou ponto 1 na figura 3.1) at´e

1 (configura¸c˜ao atual do robˆo ou ponto 2 na figura 3.1). Para se calcular o comprimento

desta curva foi utilizada a seguinte equa¸c˜ao

|∆l|=

1 0

(dx dλ)

2

+ (dy dλ)

2

(35)

CAP´ITULO 3. ESTIMAC¸ ˜AO PARAM ´ETRICA 25

Substituindo dx dλ e

dy

dλ em (3.6) obt´em-se

|∆l|=

1 0

aλ2

+bλ+c dλ (3.7)

onde ⎪ ⎪ ⎪ ⎨ ⎪ ⎪ ⎪ ⎩

a= 4a2 2+ 4b

2 2

b= 4a1a2+ 4b1b2

c=a2 1+b

2 1

(3.8)

Deve-se, ent˜ao, encontrar os valores de a, b e c. Para isso utilizou-se o

conheci-mento pr´evio sobre o problema, ou seja, as condi¸c˜oes de contorno para as equa¸c˜oes (3.5).

Sabendo-se que

x(0) = x1 = a0

y(0) = y1 = b0

x(1) = x2 = a2 +a1+a0

y(1) = y2 = b2+b1+b0

tan[θ(0)] = tan(θ1) =

b1

a1

tan[θ(1)] = tan(θ2) =

2b2+b1

2a2+a1

(3.9)

a seguinte solu¸c˜ao geral pˆode ser encontrada

⎧ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎨ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎩

a0 =x1

a1 =

2[tan(θ2)(x2−x1)−y2+y1]

tan(θ2)−tan(θ1)

a2 =x2−x1−a1

b0 =y1

b1 =a1tan(θ1)

b2 =y2−y1 −b1

(3.10)

Solu¸c˜oes particulares foram encontradas para os casos singulares, em queθ1 ouθ2 possuem

valores pr´oximos de|π

2|. Para o caso em que tan(θ2)−tan(θ1) = 0 a distˆancia percorrida foi calculada usando simplesmente a distˆancia euclidiana entre os pontos 1 e 2, visto que

neste caso o robˆo provavelmente se movimentou em linha reta.

Substituindo os valores dea0,a1,a2,b0,b1 eb2 no conjunto de equa¸c˜oes (3.8) pode-se

facilmente obter os coeficientes da equa¸c˜ao (3.7). Utilizando a solu¸c˜ao anal´ıtica para a

integral da equa¸c˜ao (3.7) pode-se encontrar uma estimativa para a distˆancia percorrida

(36)

CAP´ITULO 3. ESTIMAC¸ ˜AO PARAM ´ETRICA 26

aλ2

+bλ+c dλ = 2

a(b+ 2aλ)c+λ(b+aλ)

8a32 −

− (b 2

−4ac) 8a32

ln

b+ 2aλ

a + 2

c+λ(b+aλ)

(3.11)

3.2.2

Obten¸

ao do Sentido do Movimento

Para se obter o sinal da distˆancia, ou seja, para saber se o robˆo realizou um movimento

para frente ou para tr´as (marcha-r´e) em rela¸c˜ao a sua orienta¸c˜ao θ, calcula-se o valor da

coordenadaxda configura¸c˜ao atual (ponto 2 na figura 3.2) no sistema de coordenadas com

origem na posi¸c˜ao do robˆo no passo anterior (ponto 1 na figura 3.2). Se o valor obtido nesse

c´alculo for positivo, o robˆo ter´a se movimentado para frente e ∆l >0. Caso contr´ario, o robˆo ter´a se movimentado de marcha-r´e e ∆l <0. Isso pode ser feito considerando-se que o robˆo n˜ao ´e capaz de inverter sua orienta¸c˜ao em um passo de amostragem.

1

x x2

θ1

1x 2

y2

y1

Figura 3.2: Diagrama para o c´alculo do sinal de∆l

Para o c´alculo do sinal foi utilizada uma simples transforma¸c˜ao de coordenadas [28]

do referencial fixo no espa¸co de coordenadas para o referencial fixo na posi¸c˜ao anterior

do robˆo {1}. Pode-se, portanto, encontrar a coordenada x da posi¸c˜ao atual do robˆo em rela¸c˜ao ao sistema de coordenadas {1} facilmente atrav´es de (3.12).

1

x2 =x2cosθ1+y2sinθ1−x1cosθ1−y1sinθ1 (3.12)

onde 1

x2 ´e a representa¸c˜ao da abscissa do ponto 2 no sistema de coordenadas fixo no

ponto 1.

Se1

(37)

CAP´ITULO 3. ESTIMAC¸ ˜AO PARAM ´ETRICA 27

3.2.3

Valida¸

ao do C´

alculo de

l

Nesta etapa foram realizados testes para valida¸c˜ao da estimativa de ∆l. Simulou-se o

sistema linear descrito pela equa¸c˜ao (2.20) e o sistema n˜ao-linear descrito pela equa¸c˜ao

(2.18) com os mesmos valores de entrada (edeee), obtendo como sa´ıdasylinear = [ l θ ]T

e ynao−linear = [ x y θ ]

T. Em seguida, plotaram-se os valores de ∆l = lk

−lk−1 para

o sistema linear (que ser˜ao considerados os valores de referˆencia) e o c´alculo descrito

nesta subse¸c˜ao para o sistema n˜ao-linear. Pode ser observado na figura 3.3 que ∆l (valor estimado) se encontra bastante pr´oximo `as distˆancias realmente percorridas pelo robˆo

(∆l). A m´edia percentual do erro possui um valor pr´oximo de zero (0,058%). O

desvio-padr˜ao do erro foi de 0,274%.

Estes testes de valida¸c˜ao foram realizados para trajet´orias excitantes, ou seja,

tra-jet´orias resultantes da aplica¸c˜ao de sinais de entrada persistentemente excitantes, que

ser˜ao as trajet´orias usadas na estima¸c˜ao de parˆametros.

Deve-se observar a dificuldade de se validar este procedimento de c´alculo de ∆l, pois esta grandeza ´e imensur´avel. Por isso, nesta valida¸c˜ao foram usados dados obtidos atrav´es

de simuladores para o modelo linear (2.20) e n˜ao dados obtidos atrav´es de experimentos.

delta real

delta calculado

−0.003 −0.0025 −0.002 −0.0015 −0.001 −0.0005 0 0.0005 0.001 0.0015 0.002

0 50 100 150 200 250 300

delta L (m)

número de iterações

Figura 3.3: Compara¸c˜ao entre ∆l e ∆l

3.3

Identifica¸

ao de Parˆ

ametros

A primeira formula¸c˜ao, solu¸c˜ao e aplica¸c˜ao de um problema de identifica¸c˜ao foi dado

(38)

CAP´ITULO 3. ESTIMAC¸ ˜AO PARAM ´ETRICA 28

o problema de identifica¸c˜ao como um problema de otimiza¸c˜ao e introduziu o princ´ıpio

dos m´ınimos quadrados. A id´eia b´asica por tr´as dos m´ınimos quadrados ´e ajustar um

modelo matem´atico a uma sequˆencia de dados observados pela minimiza¸c˜ao da soma dos

quadrados das diferen¸cas entre os dados observados e os dados calculados. Fazendo isso,

qualquer ru´ıdo ou inexatid˜ao nos dados observados devem ter menos efeito na exatid˜ao

do modelo matem´atico.

Este m´etodo tem sido largamente utilizado em estima¸c˜ao de parˆametros tanto na

forma recursiva como na forma n˜ao-recursiva principalmente para sistemas discretos no

tempo. O m´etodo ´e simples de aplicar e analisar quando os parˆametros desconhecidos

aparecem em uma forma linear, que ´e o caso da representa¸c˜ao (3.3).

Como j´a foi dito, os m´etodos de identifica¸c˜ao necessitam de uma sequˆencia de

da-dos de entrada-sa´ıda do sistema para serem utilizada-dos. A coleta de dada-dos adequada-dos ´e,

portanto, uma etapa bastante importante em um processo de estima¸c˜ao de parˆametros.

Primeiramente, deve-se escolher quais vari´aveis ser˜ao utilizadas como vari´aveis de entrada

e quais ser˜ao as de sa´ıda. Como neste trabalho a estrutura do modelo foi obtida atrav´es

da modelagem a partir da natureza do processo, as vari´aveis de entrada e de sa´ıda foram

facilmente escolhidas nesta etapa e realmente est˜ao relacionadas dinamicamente atrav´es

da rela¸c˜ao causa e efeito.

Em segundo lugar, as entradas utilizadas para se excitar a planta devem satisfazer

alguns crit´erios. Devem existir condi¸c˜oes especiais para o sinal de entrada amostrado

u(k) de forma que o sinal de sa´ıda amostrado y(k) contenha informa¸c˜ao suficiente para

se estimarem todos os parˆametros. Intuitivamente, pode-se dizer que o sinal de entrada

deve ser suficientemente ativo.

O conceito de persistˆencia de excita¸c˜ao permite quantificar o qu˜ao ativo ´e um sinal

e, assim, qu˜ao adequado ´e para a identifica¸c˜ao de sistemas. Um sinal persistentemente

excitante de ordem n ´e um sinal que tem potˆencia espectral em n ou mais freq¨uˆencias

distintas. Uma condi¸c˜ao para se estimar n parˆametros ´e que o sinal de excita¸c˜ao deve

ser persistentemente excitante pelo menos de ordem n. Como exemplo, pode-se dizer

que o degrau ´e um sinal persistentemente excitante de ordem 1 e o ru´ıdo branco ´e

per-sistentemente excitante de todas as ordens. Dessa forma, ao se usar um ru´ıdo branco

(39)

CAP´ITULO 3. ESTIMAC¸ ˜AO PARAM ´ETRICA 29

por´em, ´e comum usar um gerador de n´umeros aleat´orios para se gerar sinais de entrada

persistentemente excitantes de ordem elevada.

Para sistemas com mais de uma entrada, como ´e o caso, ´e fundamental que os sinais

usados para excitar o sistema n˜ao estejam correlacionados entre si. Pois, se eles estiverem

correlacionados, o algoritmo de identifica¸c˜ao n˜ao conseguir´a distinguir o efeito de cada

entrada sobre a sa´ıda.

Outra condi¸c˜ao importante relaciona-se ao valor do per´ıodo de amostragem do

sis-tema, que deve ser suficiente para registrar a varia¸c˜ao dos sinais amostrados. Em alguns

casos, como neste trabalho, este valor ´e fixado pelas restri¸c˜oes do sistema, normalmente

a capacidade dos sensores. Ainda em rela¸c˜ao aos sinais de excita¸c˜ao, se a cada per´ıodo

de amostragem for aplicada `a planta um novo valor de entrada, a excita¸c˜ao pode n˜ao

ser adequada. Normalmente, mantˆem-se a entrada constante por 3 a 8 intervalos de

amostragem.

3.3.1

Experimentos Simulados

Nesta se¸c˜ao ser˜ao apresentados experimentos realizados com dados coletados de um

simulador e n˜ao de um robˆo real. Esta etapa foi importante para se comprovar a validade

da metodologia desenvolvida. Ao se utilizar dados obtidos de um robˆo simulado na

iden-tifica¸c˜ao do modelo, tem-se o conhecimento do modelo que gerou os dados e, dessa forma,

pode-se comparar o modelo identificado e o modelo original de forma simples.

Para estimar os parˆametros do modelo (3.3) foi utilizado o m´etodo dos m´ınimos

qua-drados recursivos com fator de esquecimento [29], um m´etodo baseado na minimiza¸c˜ao da

soma dos quadrados dos erros. Nesses experimentos foi utilizado um fator de esquecimento

λ = 0,995.

Para excitar o sistema foram utilizados sinais pseudo-aleat´orios que podiam assumir

um dos trˆes valores 1, 0 e 1 (figura 3.4), visto que devem ser utilizados sinais ricos em freq¨uˆencia e persistentemente excitantes como entradas para a planta. As sa´ıdas da

planta (x, y e θ) n˜ao foram utilizadas diretamente pelo estimador. Em seu lugar, como

j´a foi explicado na subse¸c˜ao 3.2, foram utilizados ∆l e ∆θ.

A figura 3.5 mostra uma trajet´oria resultante da aplica¸c˜ao de sinais de entrada

(40)

CAP´ITULO 3. ESTIMAC¸ ˜AO PARAM ´ETRICA 30

−1 −0.5 0 0.5 1

0 50 100 150 200

número de iterações

ed (v)

−1 −0.5 0 0.5 1

0 50 100 150 200

número de iterações

ee (v)

Figura 3.4: Exemplo dos sinais de excita¸c˜ao (ed e ee) do sistema

-0.02 0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2

-0.08 -0.06 -0.04 -0.02 0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1

y(m)

x(m)

trajetoria

Figura 3.5: Exemplo da trajet´oria de sa´ıda do sistema (observada durante 30 segundos)

parˆametros estimados no tempo. Nota-se que os parˆametros convergem em

aproximada-mente 4 segundos.

-2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1

0 50 100 150 200

numero de iteracoes

alfa 1 alfa 2

Figura 3.6: Varia¸c˜ao no tempo de alguns parˆametros

A tabela 3.1 apresenta algumas informa¸c˜oes sobre o processo de estima¸c˜ao param´etrica,

(41)

desvio-CAP´ITULO 3. ESTIMAC¸ ˜AO PARAM ´ETRICA 31

padr˜ao percentual em rela¸c˜ao aos valores m´edios e os erros percentuais dos valores m´edios

em rela¸c˜ao aos valores originais. A coluna “valor t´ıpico” representa o resultado

com-pleto de uma estima¸c˜ao param´etrica “t´ıpica”, ou seja, uma das estima¸c˜oes que mais

freq¨uˆentemente ocorreram. Nesta coluna n˜ao foram, portanto, misturados parˆametros de

realiza¸c˜oes (testes) diferentes, como ocorre com os valores m´edios. Estes dados foram

obti-dos usando-se resultaobti-dos de 200 testes de estima¸c˜ao com 500 amostras cada. Analisando-se

a tabela percebe-se que os parˆametros estimados possuem valores pr´oximos dos valores

calculados (valores originais). As ´unicas estimativas em que ocorrem erros bastante

eleva-dos s˜ao as deδ21eδ22. Nestes casos, os m´odulos das estimativas possuem erro pequeno (em

torno de 0.13%), por´em os sinais est˜ao invertidos, o que nos leva a um erro real em torno

de 200%. Observa-se, tamb´em, que estes mesmos parˆametros possuem um desvio-padr˜ao

muito elevado.

Par Val. Original Val. T´ıpico Val. M´edio DP % Erro %

α1 -1.77474 -1.76983 -1.71822 7.4017 3.18446

α2 0.778119 0.774096 0.733321 13.7027 5.75719

γ11 5.7697×10− 5

5.5807×10−5 5.4904×10−5 6.1023 4.84095 δ11 1.1612×10−

5

1.5126×10−5 1.7905×10−5 45.8967 -54.1935 ε11 −4.5451×10−

5

−4.6478×10−5 −4.1016×10−5 -63.5557 9.75812 γ12 5.7008×10−

5

5.5201×10−5 5.6158×10−5 26.2011 1.49129 δ12 1.1746×10−

5

1.5268×10−5 1.4005×10−5 267.5901 -19.228 ε12 −4.4781×10−

5

−4.5720×10−5 −3.7259×10−5 143.6539 16.7958

γ21 0.0278875 0.0270897 0.0270906 0.02126 2.85755

δ21 -0.00165186 0.000231367 0.00162843 211.4775 198.582

ε21 -0.0253767 -0.0262339 -0.0248528 13.6958 2.06452

γ22 -0.0272196 -0.0264421 -0.0264408 0.02184 2.8613

δ22 0.00159991 -0.00023586 -0.00160208 209.7080 200.135

ε22 0.0247631 0.0255982 0.02425 13.7212 2.07193

Tabela 3.1: Compara¸c˜ao entre valores originais, valores t´ıpicos e valores m´edios dos

parˆametros

Imagem

Figura 1.1: Robˆo utilizado em competi¸c˜oes de futebol de robˆos
Figura 1.2: Estacionamento de um robˆo m´ovel com restri¸c˜oes n˜ao-holonˆomicas. Em (a) o movimento n˜ao-execut´avel devido `as restri¸c˜oes e em (b) o movimento execut´avel
Figura 2.1: Representa¸c˜ao esquem´atica do robˆo. A velocidade linear v e angular ω do mini-robˆo s˜ao dadas por:
Figura 2.2: Restri¸c˜oes n˜ao-holonˆomicas. onde q = ⎡⎢⎢ ⎢ ⎣ xy θ ⎤⎥⎥⎥⎦ , ˙q = ⎡⎢⎢⎢⎣ ˙x˙y˙θ ⎤⎥⎥⎥⎦ e q T v (θ) = ⎡⎢⎢⎢⎣ cos θ 0sen θ 001 ⎤⎥⎥⎥⎦
+7

Referências

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