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Monitoramento da qualidade das águas de chuvas conforme a atuação dos sistemas sinóticos na cidade de Natal/RN

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(1)

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ADRIANO EDUARDO LÍVIO ALVES

MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DE

CHUVAS CONFORME A ATUAÇÃO DOS SISTEMAS

SINÓTICOS NA CIDADE DE NATAL/RN

(2)

ADRIANO EDUARDO LÍVIO ALVES

MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DE

CHUVAS CONFORME A ATUAÇÃO DOS SISTEMAS

SINÓTICOS NA CIDADE DE NATAL/RN

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos pré-requisitos para a obtenção do titulo de mestre na área de atuação Estudo do Ambiente Urbano e Rural

FERNANDO MOREIRA DA SILVA

ORIENTADOR

NATAL/RN

(3)

ADRIANO EDUARDO LÍVIO ALVES

MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DE CHUVAS CONFORME ATUAÇÃO DOS SISTEMAS SINÓTICOS NA CIDADE DE NATAL/RN

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de

Mestre em Geografia.

Natal _30_/_04_/_2009_.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Prof. Dr. Fernando Moreira da Silva

Orientador

__________________________________________________ Profa. Dra. Zuleide Maria Carvalho Lima

Examinadora Interna

_________________________________________________ Profa. Dra. Cilene Gomes

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Catalogação da Publicação na Fonte.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).

Alves, Adriano Eduardo Lívio.

Monitoramento da qualidade das águas de chuvas conforme a atuação dos sistemas sinóticos na cidade de Natal/RN / Adriano Eduardo Lívio Alves, 2009.

115 f.

Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia.

Orientador: Prof.Dr. Fernando Moreira da Silva.

1. Água da chuva – Qualidade – Dissertação. 2. Chuva ácida – Dissertação. 3. Nefanálise – Dissertação. 4. Sistemas sinóticos – Dissertação. I. Silva, Fernando Moreira da (Orient.). II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

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AGRADECIMENTOS

À Estação Climatológica do Departamento de Geografia da UFRN, pelo apoio e aprendizagem durante todo o período da pesquisa, em especial ao coordenador Sávio Prado, e aos técnicos Clodoaldo Rego e a Paulo Sales.

Ao meu orientador, Fernando Moreira da Silva, pela dedicação e paciência em todos os momentos no decorrer da pesquisa, mesmo estando ocupado com outras atividades.

À Professora Liana Maria Nobre Teixeira, pela sua orientação quanto às normas bibliográficas.

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“Embora a cada dia aprendemos mais sobre a natureza, tudo que conhecemos será finito. O desconhecido nunca deixará de ser infinito. E quanto mais aprendemos, mais infinito nos parece o desconhecido”.

(7)

ALVES, Adriano Eduardo Lívio. Monitoramento da Qualidade das Águas de Chuvas conforme Atuação dos Sistemas Sinóticos na Cidade de Natal/RN. 115 f. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Natal, 2009. Orientador:Prof. Dr. Fernando Moreira da Silva

RESUMO

As chuvas ácidas são uma das principais agressões ao meio ambiente, conseqüência da queima de combustíveis fósseis e de poluentes industriais a base de dióxido de enxofre lançados na atmosfera. O objetivo da pesquisa foi monitorar e analisar a variação da qualidade da água de chuva na cidade de Natal, procurando investigar a influência dessa qualidade nas escalas local, regional e global, além de procurar possíveis efeitos dessa qualidade na paisagem local. A coleta de dados foi feita no período de dezembro de 2005 a dezembro de 2007. Utilizou-se de técnicas de nefanálise na identificação de sistemas sinóticos, pesquisa de campo na procura de possíveis efeitos na paisagem da chuva ácida, além de coleta e analise de dados de precipitação e seu grau de acidez. Estatística descritiva utilizada (desvio padrão e coeficiente de variação) serviu para monitorar o comportamento químico da precipitação, além do monitoramento dos erros nas medições de pH, nível de confiança, distribuição de Gauss Normalizada, intervalo de confiança, Análise de Variância – ANOVA foram também utilizadas. Apresenta como principais resultados uma variação de pH entre 5,021 e 6,836, com uma média de 5,958 e desvio padrão de 0,402, demonstrando que a média pode representar a amostra. Assim, pode-se inferir que, segundo a Resolução do CONAMA 357 (águas doces o índice de acidez deverá ficar entre 6,0 e 9,0), a precipitação de Natal/RN é pouco ácida. Constata-se que a Zona de Convergência Intertropical apresentou os valores mais ácidos entre os sistemas sinóticos analisados, tendo em sua média o valor de pH de 5,617, o que significa um valor já ácido, com um desvio padrão de 0,235 e com o coeficiente de variação de 4,183% o que demonstra que a média pode representar a amostra. Já na pesquisa de campo, foram localizados vários locais que sofrem fortemente a ação da chuva ácida. Contudo, os resultados são iniciais e necessitam de maiores investigações, inclusive com o uso de novas metodologias.

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ALVES, Adriano Eduardo Lívio. Monitoring of water quality of rain as Practice Systems Sinóticos in the city of Natal / RN. 115 f. Dissertation of Masters - University Federal of Rio Grande do Norte, the Graduate Program in Geography, Natal, 2009. Advisor: Prof.. Dr. Fernando Moreira da Silva

ABSTRACT

Acid rain is a major assault on the environment, a consequence of burning fossil fuels and industrial pollutants the basis of sulfur dioxide released into the atmosphere. The objective of this research was to monitor and analyze changes in water quality of rain in the city of Natal, seeking to investigate the influence of quality on a local, regional and global, in addition to possible effects of this quality in the local landscape. Data collection was performed from December 2005 to December 2007. We used techniques of nefanálise in identifying systems sinóticos, field research in the search for possible effects of acid rain on the landscape, and collect and analyze data of precipitation and its degree of acidity. Used descriptive statistics (standard deviation and coefficient of variation) used to monitor the behavior of chemical precipitation, and monitoring of errors in measurements of pH, level of confidence, Normalized distribution of Gauss, confidence intervals, analysis of variance - ANOVA were also used. Main results presented as a variation of pH between 5,021 and 6,836, with an average standard deviation of 5,958 and 0,402, showing that the average may represent the sample. Thus, we can infer that, according to the CONAMA Resolution 357 (the index for fresh water acidity should be between 6.0 and 9.0), the precipitation of Natal / RN is slightly acidic. It appears that the intertropical convergence zone figures showed the most acidic among the systems analyzed sinóticos, taking its average value of pH of 5,617, which means an acid value now, with a standard deviation of 0,235 and the coefficient of variation of 4,183% which shows that the average may represent the sample. Already in field research and found several places that suffer strongly the action of acid rain. However, the results are original and need further investigation, including the use of new methodologies.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Páginas

CROQUIS

01Principais focos de emissão de dióxido de enxofre e de compostos acidificantes

no Brasil 59

02 Média anual de temperatura no Nordeste 72

DESENHOS

01 – Esquema da acidificação das chuvas 57

02 – Escala de comparação de Ph 58

03 – Esquema do transporte de poluentes na atmosfera 61

04 Esquema da influência da poluição originada nas cidades no meio ambiente 63

05 - Os Efeitos da Chuva Ácida no Organismo Humano 64

06 - Circulação Geral da Atmosfera Terrestre 68

07 – Regime climático do Nordeste 71 ESQUEMAS 01- Projeto de Abastecimento de Água de Natal, Idealizado pelo Escritório Saturnino de Brito 31

FOTOGRAFIA 01 - Fotos Comparando a Ação da Chuva Ácida em uma Estátua na Europa 47

02 - Pluviômetro Ville de Paris 86

03 – Modelo de Phgâmetro 330i 86 GRÁFICOS 01 - Evolução na Frota de Veículos em Natal/RN 38

02 – Série temporal do pH de Natal/RN no período de 14/12/2005 a 19/12/2007 94

03 - Vórtice Ciclônico do Ar Superior 95

04 - Zona de Convergência Intertropical 96

(10)

06 - Convecção Cúmulos 97

07 - Frente Fria 98

IMAGENS DE SATÉLITES 01Atuação da ZCIT na Região Nordeste do Brasil 76 02 Atuação de uma Onda de Leste no Litoral do RN 77 03Presença de um Vórtice Ciclônico da Alta Troposfera sobre a Região Nordeste 79 04 – Atuação da Convecção cúmulus no litoral do RN 81 05 - Atuação da Frente Fria no litoral do RN 82 MAPA 01 Localização da área de estudo 18

02 - Plano Polidrelli 26

03 - Plano Palumbo 30

04- Plano Geral de Obras de 1939, Elaborado pelo Escritório de Saturnino de Brito 31

ORGANOGRAMA 01 - Modelo da Metodologia da Dissertação 83 PLANTA 01- Planta da Cidade do Natal Confeccionada em 1958, Encartada no “Guia da Cidade do Natal-1958/59” 32 TABELA 01 - Evolução da População de Natal/RN entre 1970 a 2007 23 02- Padrão de Potabilidade para Substâncias Químicas que Representam Risco à Saúde 53 03- Padrão de Aceitação para Consumo Humano 54

04 – Intervalos de confiança associados a uma amostra de medidas de uma grandeza X e os correspondentes níveis de confiança 91 05 - Médias por Sistemas Sinóticos 93

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QUADRO

01- Ocorrência das Chuvas Ácidas no Plano Mundial 49

02 - Análise da Variância 92

BLOCO DE FOTOS

01 – Estátua Augusto Severo 99

02 - Estátua Escolares 100

03 - Estátua Escolares 2 101

04 - Prédio da Secretaria Estadual de Saúde 102

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 14

1- CONHECENDO A CIDADE DE NATAL /RN 17

1.1- Caracterização Fisica da Cidade 17

1.1.1 - Localização da Área de Estudo 17

1.1.2 – Rochas 18

1.1.3 – Relevo 18

1.1.4 – Solos 19

1.1.5 – Hidrografia 19

1.1.6 – Vegetação 19

1.1.7 – Clima 20

1.2 - Evolução Urbana de Natal 20

1.3 - Dos Planos Urbanísticos aos Planos Diretores 25

2- O CONCEITO DE PAISAGEM SOB A ÓTICA DAS CHUVAS ÁCIDAS 42

2.1 - A Paisagem e as Chuvas Ácidas 42

3- UM ENFOQUE SOBRE O TEMA DA QUALIDADE DA ÁGUA E SOBRE AS

CHUVAS ÁCIDAS 51

3.1 - Qualidade da Água 51

3.2 - Considerações Acerca das Chuvas Ácidas 55

4- CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA 66

4.1 – Circulação Geral da Atmosfera Terrestre 66

4.2 - Climatologia do Nordeste do Brasil 70

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5- METODOLOGIA 83

5.1 – Detalhamento da metodologia 83

5.2 – Coleta dos dados 85 5.3 – Fundamentação metrológica das chuvas ácidas 87 5.4 – Fundamentação Geossistêmica 87 5.5 - Fundamentação estatística 89 6- RESULTADOS E DISCUSSÕES 93

6.1 – Resultados 93 6.2 – Discussões 104

CONSIDERAÇÕES FINAIS 106

REFERÊNCIAS 108

(14)

I

NTRODUÇÃO

Com o aumento da população mundial, têm-se cada vez mais problemas ligados ao desequilíbrio natural e também problemas de manutenção das crescentes cidades no Brasil e no mundo. Um dos problemas principais que mais preocupam as autoridades é o abastecimento de água potável, e esse fenômeno ao passar do tempo vem piorando cada vez mais, com isso os estudiosos do mundo estão procurando novas formas de abastecimento, sendo uma delas a água de chuva.

Desde os primórdios da civilização, o homem utiliza a técnica de captação das águas de chuvas como fonte de abastecimento quando não existe uma fonte perene de água na região. Com a evolução das técnicas de abastecimento de água com utilização de aquedutos e outros equipamentos de coleta e transporte de água captados de rios e lagos, foi-se diminuindo o uso da água de chuva, criando assim ao passar do tempo, um certo preconceito em relação ao custo do armazenamento e captação da água de chuva e sua qualidade.

Conforme Vaitsman e Vaitsman (2005), esse preconceito se originou a partir do momento em que os construtores diminuíram a atenção na forma de captação e no seu armazenamento, pois encarecia a obra criando artifícios na construção para esses fins, saindo mais fácil, barato e seguro uma fonte perene de abastecimento coletivo, pois com o aumento da população tinha-se que ter um maior volume de água.

Outro preconceito relativo ao consumo da água de chuva é a falta de qualidade, pois com o surgimento da revolução industrial, criou-se um estigma que a poluição originária das fabricas iria comprometer a qualidade significativamente, pois era uma chuva ácida, inutilizando-a para qualquer fim.

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utilização na irrigação, nas indústrias, nos banheiros, aguar jardins e etc. Sendo assim a água de chuva é uma ótima alternativa para o crescimento desenfreado das cidades.

Com o processo de urbanização na cidade de Natal, têm-se uma maior preocupação na qualidade da água para consumo humano, pois com aumento da densidade populacional e, o pouco investimento no saneamento na cidade, causou um problema sério que foi o aumento de nitrato na água subterrânea, causando assim a inviabilização para o consumo humano em alguns pontos da cidade. Com isso a preocupação dos gestores locais em procurar novas soluções para o abastecimento de água.

Uma dessas soluções seria a utilização da água de chuva para uso humano, mas para que isso ocorra, tem-se que se saber a qualidade dessa água através de um monitoramento para avaliar o comportamento de forma preliminar da qualidade físico-química desta água (através do pH) e é neste sentido que esse trabalho vem contribuir para uma analise quantitativa dessa qualidade, além também de investigar espacialmente as influências que a atmosfera local, regional e global afetam, visando assim com esse estudo, contribuir de forma cientifica e técnica no monitoramento para detecção das alterações ambientais.

Para que isso ocorra temos que delimitar o objetivo geral do estudo, que é monitorar e analisar a variação da qualidade da água de chuva na cidade de Natal, procurando investigar a influência dessa qualidade nas escalas local, regional e global através dos sistemas sinóticos, além de procurar possíveis efeitos dessa qualidade na paisagem local.

Já os objetivos específicos são respectivamente:

1) Monitorar e analisar a qualidade das águas de chuvas;

2) Procurar padrões que mostrem em que escala a qualidade das águas de chuvas é mais influenciada;

3) Investigar através da paisagem da cidade, possíveis efeitos da influência da poluição oriunda localmente;

(16)

Já o segundo capitulo, discutimos sobre a paisagem, pois é nela que acontecem os principais efeitos da má qualidade das águas de chuvas, dando assim uma contribuição teórica sobre esse conceito importantíssimo para a Geografia, e pouco explorado por estudos sobre a chuva ácida.

No terceiro capitulo discutiremos de forma prática sobre a temática da qualidade das águas, mostrando os padrões para consumo humano e em seguida iremos discutir sobre o fenômeno das chuvas ácidas.

O quarto capítulo serve para entendermos como se dá a dinâmica da atmosfera a níveis global, regional e local, mostrando seus principais elementos. Já o capitulo quinto mostra a metodologia do trabalho, onde foi separado em subtítulos para uma maior compreensão do estudo. No ultimo capitulo mostraremos os resultados encontrados e iremos realizar uma breve discussão sobre a temática.

(17)

I

- CONHECENDO A CIDADE DE NATAL /RN

Este capítulo tem o propósito de, no primeiro momento, realizar um prévio levantamento geo-ambiental sobre a Cidade de Natal com o intuito de entender-mos como se precessou, ao longo da evolução da cidade, a sua configuração física. O interesse por esse breve resgate histórico sobre o crescimento da Cidade, visa compreender como a Cidade, através da figura do Poder Público, vêm lidando ao longo da evolução da Cidade, com os problemas decorrentes do crescimento do seu espaço urbano e a atuação recente do Poder Público para com os novos desafios para uma Natal no século XXI, que enfrenta os mesmos probelmas urbanos das demais cidades brasileiras. Por isso, apartir do segundo momento, iremos resgatar, em breves palavras, o histórico do crescimento da Cidade de Natal/RN, no intuito de enfocar as primeiras intervenções urbanisticas na cidade, que ocorreram por volta do início do seculo XX, perfazendo aos dias atuais, como as intervenções incluidas na recente revisão do Plano Diretor de 2007.

1.1- Caracterização Fisica da Cidade

1.1.1 - Localização da Área de Estudo

O universo de referência a ser estudado é constituído pela cidade de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte. Está localizada na região Nordeste do Brasil, mais precisamente entre as latitudes de 5°43' S e 5°54' S e entre as longitudes 35°09' W e 35°17' W (Mapa 01) e uma altitude média de quarenta metros acima do nível do mar, segundo as cartas altimétricas 1:10000 da Secretaria de Planejamento do Rio Grande do Norte.

(18)

Fonte: Autor (2009)

Mapa 01 - Localização da Área de Estudo

1.1.2 - Rochas

Conforme Nunes (2000), a cidade de Natal possui uma estratigrafia constituída por rochas cristalinas do embasamento pré-cambriano, arenitos e calcários mesozóicos aflorantes, sedimentos areno-argilosos terciários atribuídos na Formação Barreiras. Ainda segundo Nunes (2000), as rochas sedimentares cenozóicas estão sobrepostas ao embasamento cristalino, constituído pelo Complexo Caicó e pelo Grupo Seridó de idade arqueana e proterozóica, respectivamente.

1.1.3 - Relevo

(19)

estuários, planícies de mangues, praias, terraços fluviais, cujos vales são largos e de fundo chato, com rios pouco entalhados, formando terraços de 15-16 m, 7-8 m, 2-3 m, acima do leito atual dos rios.

1.1.4 - Solos

Segundo Medeiros (2001) e Nunes (2000), os solos da cidade de Natal estão caracterizados nas seguintes unidades originárias de dois períodos distintos: Quaternário e Terciário, onde no Quaternário se deu origem às dunas, formadas pelas areias quartzosas marinhas, solo aluvial, solo glei e solo de mangue. Já no Terciário teve a origem da Formação Barreiras que está relacionado com as planícies sedimentares costeiras que tem como seus principais solos: latossolos, areias quartzosas distróficas, podzólicos, além das colinas cristalinas que estão sobre o embasamento cristalino, que dão origem aos litossolos, bruno-não-cálcicos e aos podzólicos.

1.1.5 - Hidrografia

Conforme Medeiros (2001), a hidrografia da área de estudo está representada pelo estuário Potengi/Jundiaí, e pelos rios: Doce, Pirangi, tendo como afluente o Pitimbu e os riachos do Baldo, das Quintas, Ouro e Prata, cuja perenização é atribuída ao índice pluviométrico da área e águas subterrâneas liberadas pelos aluviões e dunas.

1.1.6 - Vegetação

A vegetação na cidade de Natal está associada às feições morfológicas da região, compreendidos por campos dunares, mangues e praias, fazendo assim parte do domínio da Mata Atlântica, que conforme Medeiros (2001), ocorre os seguintes tipos: Floresta Ombrófila Densa/Aberta (matas de dunas/tabuleiros denso/ralo e mata ciliar); Floresta Estacional Semicaducifólia Densa/Rala sobre os tabuleiros); associa-se também aos ecossistemas Manguezal e à Formação Vegetal Tabuleiro litorâneo, cuja fisionomia assemelha-se ao cerrado.

(20)

Apresentam-se como espécies herbáceas: Ipomea pescaprae (salsa de praia), Panicum racemosun (capimde-areia), Sporobolus virginicus (capim barba-de-bode) e Iresine portucaloides (pirrixiu). Já a vegetação nas dunas antigas ora se apresenta de porte baixo, destacando-se o Hymenaea sp. (jatobá), Cecropia sp. (imbaúba), Caesalpina sp. (pau-dárco), entre outros.

1.1.7 - Clima

Segundo Nunes (2000), o clima de Natal é classificado como As’ de acordo com o sistema de Koppen, que é caracterizado como tropical chuvoso (quente e úmido), com verão seco e inverno bastante intenso.

Segundo dados da Estação Climatológica da UFRN, a temperatura média anual é de 25,4 °C com uma temperatura máxima na média mensal de 30,3 °C e as temperaturas médias das mínimas de 24,1 °C, enquanto a media da amplitude térmica é de 6,2 °C, caracterizando uma maior uniformidade comparando com outras capitais. A insolação média anual é de 2.986 horas e a umidade relativa do ar com uma média anual de 77%, sendo os meses mais úmidos de fevereiro a agosto e os menos úmidos de setembro a janeiro.

Segundo Medeiros (2001), a cidade de Natal caracteriza-se por apresentar um alto grau de heterogeneidade espacial e temporal do seu regime pluviométrico, ocasionando com isso anos com excesso de precipitação, contrastando com anos de elevado déficit pluviométrico. Quanto à precipitação média em Natal no período de 1997 a 2003 foi de 2.248 mm. A estação chuvosa em Natal estende-se de fevereiro a agosto, quando os totais mensais, em média, excedem os 110 mm, e de outubro a dezembro têm-se os meses mais secos, com o total de precipitação em média, abaixo de 40 mm.

Em um quadro geral, os ventos apresentam uma notável constância, os Alísios de sudeste apresentando valores elevados na intensidade 5m/s, soprando durante 211 dias por ano. Ventos de leste são predominantes durante 102 dias por ano e os ventos de sul, 37 dias.

1.2- Evolução Urbana de Natal

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fisiográfica do litoral oriental, fundada em 1599, está estrategicamente localizada na região Nordeste.

No final do século XVI realizou-se a expedição que viria a construir o Forte dos Reis Magos e fundar a cidade de Natal. Seu capitão-mor era Francisco de Barros Rego. A frota partiu de Pernambuco e velejou para o norte, enquanto que pôr terra iam três companhias comandadas pôr Jerônimo de Albuquerque. Em 06 de janeiro de 1598 foi iniciada a edificação do Forte dos Reis Magos, data que justifica sua denominação. Esta constituiu fator marcante na penetração para o interior da área onde seria fundada a cidade. Deu-se, então, inicio a um povoado, a uma légua de distância do forte, a que chamaram de cidade dos reis.

No decorrer do século XVII iniciou-se o processo de ocupação e produção do espaço de Natal. Este processo obedecia a uma política de Portugal, que procurava conquistar e explorar o litoral brasileiro visando à criação de pequenos povoados que lhes proporcionassem novas mercadorias para serem comercializadas no mercado europeu.

Com referência a este processo, Costa (1980, p. 33) ressalta que, compondo uma quadra estruturada com características próprias decorrentes do tipo de economia local, a rede urbana brasileira teve, até certa época, seu crescimento condicionado à ocupação de novas terras, político-administrativo.

Segundo Serra (1988, p. 123), na descrição do ouvidor da Paraíba citada pôr Cascudo constatou-se que a cidade teve um crescimento lento. “Cerca de 150 anos após a fundação, a cidade tinha apenas 118 casas, distribuídas linearmente em uma faixa com pouco mais de 100 metros de largura 800 de comprimento. No inicio do século XIX a população total da cidade era de apenas seis mil habitantes, aproximadamente. Cem anos mais tarde, Natal contava 23 mil habitantes.

Portanto, o crescimento da cidade pode ser justificado, como afirma Andrade (1981, p.26) “... a dependência em que a capitania vivia em relação á Paraíba e Pernambuco, e isso lhe trazia sérios problemas, que asfixiaram a economia e o desenvolvimento do Rio Grande do Norte”.

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Somente no fim do século XIX é que teve inicio a industrialização em Natal, voltada ao comércio externo. A instalação das primeiras fábricas, o equipamento do porto, infra-estrutura urbana e setores de transportes ferroviários e marítimos. Nesse sentido, reafirmamos as colocações de Cascudo (1980, p.227) referentes às modificações advindas das tendências expansionistas das cidades:

Ao aparelhamento do porto, a fiscalização, com programas complexos, empregando operários de varias especialidades, mergulhadores, ferreiros, carpinteiros, calafates, pedreiros, armadores de botes e de pontões, todos com salários regulares e tendo necessidade de viver próximo as obras, impulsionaram as Rocas.

Natal sempre atraiu imigrantes advindos especialmente do interior do Estado, formando pequenos aglomerados que se constituíram mais tarde, em bairros da cidade.

O Alecrim foi um destes bairros que abrigavam esta população imigrante, atraída pelas recentes transformações que aqui se operavam. A abertura de novas vias de circulação, a ampliação da estrada de ferro, dos trilhos de bonde, evidentemente muito contribuíram para o crescimento e para a expansão do povoamento.

Sabemos que esta população oriunda do campo tanto atua indiretamente na economia urbana (operários da construção civil, setor informal, etc.) e é elemento fundamental de mão-de-obra disponível e abundante para a reprodução do capital. Certamente encaixam-se neste raciocínio as palavras de Singer (1987, p.123), quando ele afirma que o desenvolvimento capitalista da economia brasileira foi profundamente marcado por esta ampla mobilização do exército industrial de reserva que deu lugar a um abundante suprimento de força de trabalho pouco qualificada, mas dócil e de aspirações modestas.

No decorrer da segunda guerra, Natal teve um impulso expressivo, sobretudo porque foi o período em que passou a sediar uma base aérea norte-americana de apoio às operações bélicas no Atlântico e no norte da África. Neste período, a atuação do Estado na implementação de serviços urbanos foi bem expressiva. Isto condiz com a assertiva de Peruzzo (1984, p.84):

(23)

Natal tem acompanhado o aumento populacional verificado nas cidades brasileiras nas últimas décadas. Ela passou a atrair correntes migratórios provenientes das áreas rurais, de outras regiões e até de outros países e que intensificou a concentração urbana. Este fenômeno acentuou-se em Natal, especialmente no período pós 40, quando a cidade atingiu um crescimento de quase 9% ao ano.

Enquanto as relações capitalistas se reproduziam na cidade, no campo, a concentração de terras também liberava a mão de obra, que se dirigia aos centros urbanos, aumentando assim o número de seus habitantes.

A cidade continuou o seu processo de urbanização com a expansão do comércio e ampliando o setor terciário. Na década de 50, Natal definia-se com três centros comerciais como a Ribeira, Cidade Alta e Alecrim, e com o surgimento de novos bairros, como: Lagoa Nova, Nova Descoberta, Cidade da Esperança entre outros. Por conseguinte, Natal atingiu, em 1960, um contingente populacional com cerca de Cento e Sessenta e Dois Mil e Quinhentos e Trinta e Sete 162.537- habitantes.

No período de 1960-1980, percebeu-se que foi exatamente porque este crescimento foi expressivo, com o surgimento de cerca de dezenove novos bairros. A tabela 1 traz a evolução populacional da cidade, no período que compreende o ano de 1970 a 2007. Sendo que em 2007 foi realizada a última contagem populacional da cidade, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE:

Tabela 1 - Evolução da População de Natal/RN entre 1970 a 2007

Ano Número de habitantes

1970 264.379

1980 416.898

1991 606.887

1996 656.037

2000 712.317

2007 774. 230

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Singer (1987, p.32) ressalta que o “crescimento demográfico da cidade torna-a, por sua vez, um mercado cada vez mais importante para bens e serviços de consumo, o que passa a constituir um fator adicional de atração de atividades produtivas que, pela sua natureza, usufrui de vantagens quando se localizam junto ao mercado de seus produtos.

Natal encontra-se no ano de 2009, como uma cidade de porte médio, tendo sua economia baseada na exploração do setor terciário, com atuação marcante para as áreas do comércio e da prestação de serviços, seus principais segmentos econômicos. Dados extraídos da Prefeitura do Natal reforçam a importância desses dois segmentos para a dinâmica econômica da cidade, representado no número de empresas pertencentes a esses dois segmentos, respectivamente: Comercio (17.594) e Serviços (12.051) (NATAL, 2008). Sendo que, o Alecrim, é o bairro que concentra o maior número de estabelecimentos comerciais na cidade, devido a sua função tradicional, enquanto Centro Comercial.

O Turismo insere-se nesta análise, pois se constitui com um segmento econômico, voltado para a prestação de serviços de lazer e do entretenimento de grande importância econômica para a cidade, além de mobilizar vários setores que tem por base, a exploração na prestação de serviços. Por conseguinte, o Turismo começou a se desenvolver na cidade a partir do final da década de 1970, através de Políticas Públicas de Turismo, no intuito de dinamizar a economia local. Sendo assim, o Turismo em Natal vem se constituindo como uma atividade econômica de significativa relevância para a economia da cidade.

Com relação ao setor industrial, este por sua vez, segundo dados estatísticos de Natal (2008), percebe-se, certa representatividade, com relação ao número de empresas pertencentes a esse setor, que possui a quantidade de 4.119 unidades industriais espalhados por entre as quatro regiões da cidade. Dentre as atividades industriais desenvolvidas, os segmentos que mais se destacam são: o alimentício e o têxtil.

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crescimento territorial, com a criação de novos bairros, se comparado os dezenove existentes entre o período entre 1960 e 1980, e no ano de 2009, onde a cidade possui trinta e seis bairros. Por conseguinte, o processo de urbanização da cidade, verificado pelo seu aumento do número de habitantes, bem como o seu crescimento urbano, tem se revertido em problemas ambientais e sociais, uma vez que o crescimento da cidade, através de fatores anteriormente explicitados, reflete no crescimento pela demanda e investimentos em serviços públicos (hospitais, postos de saúde, estabelecimentos escolares, segurança, etc,), como também na criação e a ampliação da infra-estrutura existente na cidade, como: estradas, rodovias, complexos viários, entre outros. A deficiência em obras ligadas a malha viária na cidade, tende a gerar problemas de congestionamentos, que, atrelado ao crescimento da cidade, conseqüentemente também se verifica, o crescimento na frota de veículos e, que Natal, demonstra não acompanhar a ampliação da malha viária da cidade. Por conseguinte, problemas diários como os congestionamentos são uma constate nas principais avenidas da cidade, que por sua vez, repercutem na concentração de veículos por entre as Vias mais movimentadas da cidade, e que tem contribuindo para a poluição do ar nesses espaços. Problema este, que será abordado no decorrer do estudo.

No entanto, essa breve exposição sobre o crescimento econômico e populacional da cidade, visa trazer à tona problemas decorrentes desse crescimento urbano, que faz parte do processo de urbanização, que interfere diretamente sobre o meio ambiente na cidade, notadamente sobre a qualidade do ar em algumas áreas em Natal, e que pode ser um fator agravante, para a aparição do fenômeno da chuva ácida.

Portanto, o planejamento do espaço urbano da cidade, através da execução das ações contidas no Plano Diretor, se torna uma ferramenta importante para que a cidade cresça de forma organizada, além de conter possíveis problemas ambientais, econômicos e sociais.

1.3 - Dos Planos Urbanísticos aos Planos Diretores

Foi a partir do inicio do século XX que a cidade de Natal passou por um novo momento rumo a sua expansão urbana. Fato este, devido ao Plano urbanístico idealizado pelo Presidente da Intendência de Natal, Joaquim Manuel Teixeira, e executado pelo italiano Antônio Polidrelli (NATAL, 2008).

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planejamento urbano eram desconhecidas pelos administradores da cidade, ocorrendo apenas, intervenções urbanas a fim de conter os problemas que emergiam decorrentes de seu crescimento natural, notadamente os de ordem sanitária na parte antiga da cidade.

O referido plano Polidrelli, segue um modelo idealizado e que atenderia aos anseios da elite local, que pretendia viver num ambiente livre das precárias condições ambientais tal qual vivenciavam os moradores da Ribeira e da Cidade Alta, longe das classes populares. Tal atitude revela o lado segregacionista do Plano Urbanístico (FURTADO, 2005).

O plano Polidrelli previa a construção de um terceiro bairro na cidade de Natal, antes resumida apenas aos bairros – Cidade Alta e Ribeira. A cidade teria a partir do século XX seus limites para além dos seus bairros históricos, ganhando uma nova área, denominada de Cidade Nova, que posteriormente foi desmembrada e que constituem os atuais bairros de Petrópolis e Tirol, localizados na Região Leste da Cidade.

O projeto urbanístico para a Cidade Nova consistia em seguir um modelo que privilegiaria a criação de avenidas largas (Mapa 2), além da preocupação na “definição do parcelamento do solo e de seu arruamento, estabelecido como um tabuleiro de xadrez” (FURTADO, 2005, p.99).

Fonte: Prefeitura Municipal de Natal, 2007.

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O modelo de Polidrelli (1901-1904), não se constituía em um modelo de planejamento urbano propriamente dito, mas sua importância surge no fato de que, suas idéias serviram de inspiração para as futuras intervenções urbanísticas na cidade. Uma descrição do comentado Plano, feita por Cascudo (1999, p.354) apud Natal (2008, p.39), trazem as principais ações urbanísticas contidas nas obras do Plano de Polidrelli:

Em 1904, o master-plan da Cidade Nova estava concluído, ampliando as medidas de Joaquim Manuel, em fins de 1901. O relatório do secretário do Governo, H. Castriciano, datado de 14 de junho de 1904, já fixa os dois bairros quase no aspecto dos nossos dias. Oito avenidas paralelas, com 30 metros de largura, comprimento entre 650 (Avenida Alberto Maranhão) a 5.261 (a Avenida Oitava) e quatorze ruas enxadrezando a Cidade Nova. A superfície aproximada ia a 1.648.510 metros quadrados, com sessenta quarteirões.

Dada a grande importância para a Cidade, o Plano Polidrelli serviu de referência para os futuros administradores públicos intervirem no espaço urbano de Natal, buscando o aprimoramento do referido Plano para as intervenções posteriores, a qual a cidade conheceu.

Ainda sobre o referido Plano de Polidrelli, também denominado de Cidade Nova, nasceu num contexto econômico e político favorável, com ares e com aspiração de modernidade, pois Natal passava por uma tendência de modernização do espaço urbano, a exemplo das principais cidades do país, que já havia iniciado o seu processo de modernização de seus Centros Urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro. O Plano Polidrelli, segundo Natal (2008, p.40) assume um caráter meramente estético do que funcional, como assim segue:

É interessante observar que a preocupação do poder público não era o de fazer uma ordenação do espaço urbano. Na verdade, a finalidade era de embelezar a cidade, acompanhando a tendência dos grandes centros como, por exemplo, São Paulo e Rio de Janeiro.

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paisagismo, o plano de obras de Polidrelli tem seu mérito e não deve ser menosprezado por tal atitude governamental, pois ele é uma referência em se tratando de práticas de planejamento urbano.

Após a execução do Plano, elaborado por Polidrelli para o bairro de Cidade Nova, Natal entra na década de 1920 necessitando de um novo ordenamento urbano para a cidade como um todo. Assim, problemas relacionados ao crescimento da cidade, como o abastecimento de água e o saneamento básico, exigiam ações imediatas, pois a saúde da população corria o risco de contaminação pelo uso das águas advindas de fontes espalhadas pela cidade. A figura do Dr. Januario Cicco, que na época ocupava o cargo de inspetor de água e do saneamento da cidade, foi primordial para defender a idéia de se elaborar uma intervenção urbana voltada para a questão sanitária.

A preocupação com a higienização da cidade, proposta por Januario Cicco, colocava a cidade diante de problemas básicos em infra-estrutura sanitária, que envolviam uma problemática comum à cidade, pois Natal carecia de obras que contemplassem o abastecimento e o saneamento de água. Tais carências evidenciavam uma nova visão sobre a elaboração e execução de obras voltadas para o crescimento e o ordenamento de Natal.

Diante da problemática do abastecimento de água e do saneamento que a cidade carecia, foi então que tal situação foi considerada uma prioridade para o Poder Público naquele período da década de 1920. Mediante este fato, Natal (2008, p.42) mostra que:

A comissão de saneamento de Natal foi a primeira iniciativa de intervenção planejada, na elaboração e execução de um projeto especifico para o saneamento e abastecimento de Natal. À frente desta Comissão estava o engenheiro Henrique Novaes, responsável pela elaboração do Plano Geral de Obras de Saneamento de Natal.

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O’Grady, contrata o arquiteto Giácomo Palumbo para desenvolver um plano de urbanização”( NATAL, 2008, p.43).

O referido plano Palumbo, continha uma visão moderna de planejamento, uma vez que o mesmo tinha o intuito de ordenar a cidade para um número superior de habitantes, ou seja, Natal nesse período possuía uma população de 35 mil habitantes e o Plano Palumbo projetou a cidade para uma população de cem mil habitantes. O Plano pretendia planejar a cidade olhando-a para o futuro.

Este plano geral de sistematização de Natal “projetava” uma cidade de cem mil habitantes, número alcançado apenas a partir de 1950. Esta visão de futuro deve ser destacada porque demonstra uma sensibilidade em fazer da cidade um lugar melhor de se viver (NATAL, 2008, p.43).

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Fonte: Prefeitura Municipal de Natal, 2007.

Mapa 3 - Plano Palumbo

Outro elemento merece menção e que esteve contido no Plano Palumbo, diz respeito à referência da questão do lazer, contemplava ações que visava à destinação de espaços na cidade para a construção de praças e demais áreas de lazer.

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Fonte: Prefeitura Municipal de Natal, 2007

Mapa 4- Plano Geral de Obras de 1939, elaborado pelo Escritório de Saturnino de Brito

O Plano de Expansão de Natal trouxe a preocupação com o abastecimento de água, desde o processo de captação a sua conseqüente distribuição, através da construção de reservatórios d’água e com a criação de estações de esgotos. A seguir, tem-se a imagem do referido Plano de Expansão, no esquema 1.

Fonte: Prefeitura Municipal de Natal, 2007.

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No final da década de 1960, Natal conheceu o seu quarto Plano de obras, no ano de 1968. O referido plano surgiu trinta e três anos após a criação do Plano de Expansão de Natal de 1935. Durante esse período, compreendido entre 1935 e 1968, a cidade passou por significativas mudanças, com relação ao aumento em seu número de habitantes como também pelo crescimento do seu espaço urbano. Na planta 1 é mostrado essa expansão territorial da cidade:

Fonte: Prefeitura Municipal de Natal, 2007.

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Foi durante o governo do Prefeito Agnelo Alves, que o Plano Urbanístico e de Desenvolvimento de Natal, foi entregue aos cidadãos natalenses. O então plano, foi considerado por muitos urbanistas e estudiosos em planejamento urbano, como sendo considerado, o primeiro Plano Diretor da cidade, mesmo não sendo oficializado, pelo fato do mesmo possuir, em suas propostas de intervenção urbana, a concepção de planejamento urbano, uma vez que planejava a cidade para suportar o seu crescimento natural.

O referido Plano foi elaborado por Wilheim Arquitetos Associados/Escritório Serete S.A Engenharia. Tal atitude, em contratar técnicos especializados em planejamento urbanístico, trouxera benefícios para a cidade, uma vez que permitiu que profissionais qualificados elaborassem o Plano Diretor de Natal em conjunto com os técnicos locais. Por conseguinte, a contratação de um corpo técnico especializado possibilitou a criação de:

Dois instrumentos utilizados na elaboração do Plano Serete destacam-se: a pesquisa de campo e a coleta de dados em diversos órgãos da municipalidade. Estes instrumentos contribuíram para a formação de um arquivo com informações sobre o município (NATAL, 2008, p.52)

A contribuição desses profissionais foi significativa, uma vez que, os mesmos utilizaram-se de técnicas importantes para o conhecimento da cidade, que possibilitou a elaboração de uma base de dados, com informações preciosas sobre a cidade, chegando ao término do estudo, com o seguinte resultado: “O estudo apresentou como um dos produtos finais um diagnóstico da realidade urbana, já identificando grandes vazios urbanos e as tendências de crescimento da cidade” (OLIVEIRA, 2002, p.16).

O primeiro Plano Diretor de Natal nasceu no inicio dos anos Setenta, no Governo de Jorge Ivan Cascudo e elaborado a partir do Plano Urbanístico e de Desenvolvimento de Natal de 1968. O citado Plano foi coordenado pelo arquiteto Moacir Gomes, contando com a participação de técnicos da Prefeitura da cidade. O Plano Diretor foi então, “Concluído em Setembro de 1973, foi transformado, em Junho de 1974, pela Câmara dos Vereadores na Lei 2-217/74 – Plano Diretor do Município do Natal” (LIMA, 2001, p.109, APUD NATAL, 2008, p.54).

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ambos contribuíram para o planejamento da cidade. Assim, a Prefeitura pôde contar com uma estrutura administrativa especializada na atuação de obras e intervenções urbanas, capacitadas para o estudo de como se planejar bem a cidade.

Foi durante a década de 1980, que o segundo Plano Diretor de Natal começou a ser elaborado. Tal ação surgiu num período de transição política, na qual a cidade e o país compartilhavam. Essa transição refere-se ao fim do regime ditatorial dos militares (iniciada na década de Sessenta e finalizada em meados nos anos 1980) e inicio da retomada da democracia (meados dos anos 1980), que fora perdida durante o período da ditadura, a qual o país esteve submetido. O Plano Diretor de Natal de 1984 foi elaborado no Governo do Prefeito Marcos Formiga, e aprovado pela Câmara de Vereadores, na forma de Lei 3.175/84 (NATAL, 2008).

A contribuição do Plano Diretor – 1984, para o planejamento da cidade, foi na criação de uma estrutura administrativa voltada exclusivamente para a elaboração do planejamento urbano. Outro fato importante contido neste Plano Diretor, diz respeito à participação popular na elaboração da proposta do citado Plano.

Outro elemento que também merece ser destacado e que estava contido no Plano Diretor, foi à regularização dos espaços urbanos ou a sua tentativa, que se constituem uma das características do Plano Diretor, para controlar ou definir o crescimento da cidade, sendo assim o seu objetivo consistia na utilização de instrumentos legais a fim de garantir um zoneamento funcional para a cidade.

Por conseguinte, o Plano Diretor de Natal de 1984 foi elaborado dentro de exigências que fizeram parte dos debates da constituição de 1988, sendo que uma delas se refere à exigência de que, todos os municípios com mais de Vinte Mil habitantes, deve elaborar seu Plano Diretor. Como Natal, já possuía uma população que ultrapassava a soma de Vinte Mil habitantes, apresentando assim, a quantia de mais de Seiscentos Mil habitantes.

Assim, uma década após a elaboração do Plano Físico-Territorial de Natal de 1984, no ano de 1994, que foi criado outro Plano Diretor de Natal. Este Plano contou com a participação de profissionais do Instituto de Planejamento Urbano de Natal (IPLANAT), se constituindo como “um importante instrumento de ordenamento urbano, que aprovado pela Câmara Municipal e sancionado pelo Prefeito Aldo Tinôco nascia a Lei Complementar no 07, ganhava caráter legal de plano diretor”(NATAL, 2008, p.60).

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caráter ambiental e da forte especulação imobiliária. O caráter participativo de segmentos da população no decorrer do processo de elaboração e termino do plano Diretor, se fez de forma marcante, através da realização de debates e reuniões entre o Poder Público, políticos, ambientalistas e a segmentos da população.

O atual Plano Diretor de Natal trouxe para debates, os anseios da população, que defendiam questões ambientais, uma vez que a cidade estava crescendo em direção as áreas ambientalmente frágeis. Tal crescimento urbano, veio associado a forte especulação imobiliária, que não estava respeitando os interesses da população nem do meio ambiente, nas localidades onde estava ocorrendo as intervenções imobiliárias. Foi a partir desse quadro, que integrantes da sociedade, bem como os movimentos sociais, liderados por ambientalistas, reivindicarem, junto a poder Público, por a medidas urgentes para a proteção do meio ambiente.

Sendo assim, a Sociedade Civil organizada pedia a revisão do Plano Diretor de 1994, ainda vigente. Em meio a esse quadro reivindicatório, em 2005, “a Prefeitura de Natal, através da Secretária Municipal de Urbanismo e Meio ambiente - SEMURB, convocou a Conferência de Revisão do Plano Diretor Participativo da Cidade de Natal” (NATAL, 2008, p.64).

A característica marcante desse novo Plano Diretor foi à significativa participação popular, desde a reivindicação para a revisão do antigo plano até as etapas finais da elaboração do novo plano, perpassando por debates, reuniões, que participaram, junto com os técnicos, da elaboração do referido Plano. Além da forte presença da população na revisão do Plano Diretor- 1994 outros pontos podem ser destacados, e, que foram inseridos, através da conquista popular, na revisão, como por exemplo: “Política de Habitação de Interesse Social, a Regularização Fundiária e a Questão Ambiental” (NATAL, 2008, p.64).

Avanços e conquistas, fruto das reivindicações e preocupações da Sociedade Civil, atribui um caráter popular ao Plano Diretor de 2007. Tais conquistas se tornam importantes, pois abriram horizontes, no que se refere a uma aproximação entre o Poder Público e a população, quando os direitos da população se encontram diante dos interesses capitalistas, que tendem a negligenciar os direitos de parte da população e, ao mesmo tempo, de não respeitarem questões ambientais vitais para o desenvolvimento sustentável da cidade.

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poderia se reverter em um problema social, ocasionando a saída gradual de moradores de classe baixa, devido ao aumento no valor do solo nas áreas de interesse dos agentes imobiliários.

Essa reação popular, manifestada na luta por mudanças do Plano Diretor da cidade, com relação a determinadas questões de âmbito social e ambiental, são apenas uns, dos diversos problemas urbanos enfrentados pela cidade, que compartilha com problemas urbanos comuns às demais cidades brasileiras (Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, etc.), como: o congestionamento de veículos, poluição do ar, violência, especulação imobiliária, desemprego, poluição dos mananciais utilizados, principalmente, para o abastecimento da cidade, entre outros.

Diante de toda essa problemática ambiental, a qual a Cidade de Natal e os seus habitantes estão inseridos, é justificável o interesse e a inquietação a qual a população reagiu e se fez presente no recente Plano Diretor da Cidade de Natal-2007.

Mas diante de tantos problemas de ordem ambiental a qual a cidade enfrenta, acima citados, é significante a questão da poluição atmosférica, causada pela emissão de gases, provenientes dos veículos. Problemas ambientais, a qual o estudo pretende se debruçar, uma vez que, um dos fatores responsáveis pelo aparecimento da chuva ácida na cidade – objeto de investigação da pesquisa-, provém das emissões do dióxido de carbono e demais poluentes, pelos automóveis que transitam pela cidade.

Evidencias de que tal fenômeno vem ocorrendo na cidade – a poluição do ar, foi citado em reportagem feita por um dos principais jornais de grande circulação no Estado, “A Tribuna do Norte”, em 30/09/2007 pela repórter Mariana Cremonini, e intitulada “Poluição em Natal cresce sem controle de qualidade do ar”, onde traz o assunto, ainda pouco estudado,

sobre a poluição do ar na cidade de Natal.

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Somado às evidências da poluição do ar, percebidas por alguns transeuntes, o estudo verificou a ocorrência de indícios da poluição do ar em prédios públicos e em monumentos localizados em áreas consideradas como concentradora da circulação de veículos, como os bairros da Ribeira e da Cidade Alta.

Tal observação pôde ser constatada devido às características deixadas na paisagem que evidência a ocorrência do fenômeno das chuvas ácidas na cidade de Natal. Em síntese, a análise das paisagens foi possível devido ás marcas deixadas nas construções e monumentos públicos pelas chuvas ácidas, pois “quando o seu pH se torna baixo (condições ácidas), provoca corrosividade onde a chuva ácida toca e, quando o pH é alto (condições básicas) pode provocar incrustações” (...) (MELO, 2007, p.13)

O estudo observou e constatou a ocorrência da chuva ácida na cidade, através da análise da paisagem, notadamente sobre os prédios e monumentos localizados na Ribeira e na Cidade Alta. Os resultados e as figuras dessa análise serão expostos com mais detalhes no capítulo referente aos resultados finais da pesquisa.

Todos os sinais descritos e percebidos pelas pessoas na reportagem citada e pelo material colhido na pesquisa de campo do presente estudo reúnem evidências do aumento da poluição do ar nas principais áreas da cidade, e que estão diretamente correlacionados com o aumento na frota de veículos que circulam por entre as principais avenidas de grande circulação. De acordo com dados do Departamento Nacional de Transito – DETRAN/RN, sobre a evolução da frota de veículos, verifica-se que do ano de 1987 (14.792 veículos) até o ano de 2008 (263.687), a frota de veículos na Cidade teve um aumento de 1.782%.

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Fonte: DETRAN/RN, 2008

Gráfico 1 - Evolução na Frota de Veículos em Natal/RN

O gráfico acima evidência um aumento considerável no número de veículos na cidade, fato esse que comprova os índices significativos da poluição do ar em partes da cidade e que está paulatinamente afetando a saúde dos transeuntes que circulam pelas avenidas de maior fluxo de veículos na cidade.

Além das áreas na cidade (Alecrim e Cidade Alta) anteriormente mencionadas por apresentarem um grau considerado de poluição do ar, outros locais na cidade também merecem atenção, por serem potencialmente vulneráveis a apresentar um grau de poluição do ar, devido à emissão de poluentes dos veículos. Como por exemplo, as localidades turísticas e os seus entornos, como a Praia de Ponta Negra, principal espaço turístico da cidade, onde recebe nos períodos de alta estação, um grande fluxo de turistas. A chegada de um número significante de turistas nessa parte da cidade pode vir a acarretar o aumento no número de veículos que transitam por essa parte da cidade.

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eliminados dos veículos, contribuindo dessa forma, para a poluição do ar, que pode vir a culminar com a ocorrência do fenômeno das chuvas ácidas.

É comum a existência de trabalhos acadêmicos sobre a associação da atividade turística com o agravamento de problemas ambientais, decorrentes do aumento do fluxo de turistas junto aos espaços turísticos. Um desses problemas se relaciona com a poluição do ar nas áreas e entornos turísticos, principalmente nos períodos de alta estação, através de uma maior circulação de transportes, como cita a Organização Mundial do Turismo – OMT (2003) explicitando que: “A poluição é outro impacto negativo importante do turismo. O transporte é uma grande fonte de poluição sonora e do ar”.

A incidência das chuvas ácidas se encontra relacionada com as atividades humanas sobre o meio ambiente, através do intenso crescimento das cidades e das atividades econômicas, como as atividades indústrias, agrícolas, minerais, etc. Na cidade de Natal a poluição do ar está relacionada ao seu crescimento urbano, como principalmente, pelo aumento na frota de veículos, que tende a se concentrar em certos pontos da cidade, atrelado a uma malha viária deficitária, gerando um ambiente propício a formação de áreas com significativo grau de poluição veicular, e, na existência de pontos onde os efeitos das chuvas ácidas são aparentes.

Estudo, feito por Melo (2007), sobre a análise da qualidade das águas das chuvas de Natal para fins de aproveitamento, com amostras coletadas em certos pontos da cidade, evidencia que das áreas onde o autor coletou as amostras das águas das chuvas, o ponto localizado no Bairro da Cidade Alta, foi o que apresentou alterações na qualidade das águas precipitadas no local conforme parâmetros utilizados pelo autor, com relação à Condutividade Elétrica1. Tal fato se deve, segundo o referido autor, pela área ser a mais poluída dentre as demais áreas estudadas, e por a Cidade Alta apresentar uma considerável concentração urbana, contribuindo para uma poluição do ar, causada pelos gases expelidos pelos automóveis e demais fontes poluidoras, como das cozinhas e de pequenas fábricas (MELO, 2007, p.76).

Outros fatores se encontram interligados a uma estatística crescente na frota de veículos na cidade, como: aumento do poder aquisitivo da população. Este fato possibilitou que quantidade significativa dos residentes realizasse a aquisição do automóvel próprio. Essa

1 Segundo o autor, a análise da condutividade elétrica é “utilizada para indicar a presença de íons, acusando

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tendência de uma parcela da população, em adquirir carros novos, tende a ser crescente, como indaga a reportagem feita pela “Tribuna do Norte”, em 12/08/2008 pelo repórter Wagner

Lopes intitulado “Aumento da frota de veículos é uma preocupação em Natal”, dizendo que:“ a expectativa é de acréscimo nesse número, já que as facilidades de compra do automóvel próprio incentiva a troca do transporte público pelo individual”.

Esse fato vem a corroborar com a elevação da poluição do ar, como também, a deficiência na malha viária da cidade, que não permite a um escoamento rápido da frota de veículos em circulação, notadamente nos horários de grande movimento (inicio da manhã e ao final da tarde) em alguns pontos da cidade, a conseqüência direta dessa concentração de veículos acaba por culminar na formação de congestionamentos constantes por entre as principais avenidas da cidade, principalmente em alguns trechos como em direção as áreas centrais de Natal, como: Cidade Alta, Alecrim e nas avenidas da Hermes da Fonseca, Prudente de Moraes, Salgado Filho, Engenheiro Roberto Freire, todas localizadas na Região Sul da cidade, como também em trechos que ligam a Região Norte ás demais regiões da cidade.

Um estudo realizado por Macêdo (2004) faz um balanço da quantidade de gases lançados para a atmosfera, como o CO2 , provenientes da queima de combustíveis fosseis, como a gasolina e o diesel, pelos veículos no estado. O resultado do referido estudo foi o seguinte: que a gasolina é o principal combustível utilizado pelos veículos considerados leves, que inclui os carros de passeios. O autor chama a atenção para o uso intenso desse combustível, que traz grandes prejuízos ao meio ambiente, pois é altamente poluente, por apresentar um grande teor na emissão de gases poluentes.

Macedo (2004) também faz referência ao uso do diesel, mostrando que tal combustível é considerado mais poluente, em comparação a gasolina, e mais barato do que a mesma. Tal fato é preocupante, uma vez que o diesel é um combustível que tem incentivos do governo federal para a sua ampla utilização em substituição da gasolina, que é economicamente mais cara. Ainda sobre o autor, o mesmo considera que é necessário que sejam adotadas medidas para evitar uma intensa poluição atmosférica, devido aos efeitos negativos da utilização maciça do diesel nos meios de transportes. O autor sugere a utilização do transporte público nos grandes centros urbanos para que haja um desuso do diesel como combustível.

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utilização de transportes menos poluidores, como é o caso do metrô. Outra solução sugerida pelo autor seria através da utilização de: “fontes de energia menos poluentes, com a implantação de filtros nos escapamentos e chaminés e, quando for o caso, utilização de combustíveis com baixo teor de enxofre (MELO, 2007, p.44).

No entanto, essa referência aos problemas da poluição atmosférica com a emissão de gases poluentes no ar, bem como se apresenta o trânsito da cidade, se faz oportuna, pois são elementos importantes no estudo das chuvas ácidas em Natal, uma vez que a poluição do ar, causado pelas emissões de gases emitidos pelos veículos, favorecem ao aparecimento desse fenômeno aqui estudado e que vem a somar-se a outros fatores que juntos, corroboram para a incidência das chuvas ácidas na cidade. Além de propiciar uma reflexão e discussão a respeito de medidas preventivas para que os efeitos das chuvas ácidas não se tornem prejudiciais a saúde da cidade.

Planejar uma cidade pensando no bem estar do cidadão, mediante o cenário atual de crescimento urbano, é primordial e vital, para se tentar amenizar os efeitos de um rápido crescimento pelo qual as cidades vêm enfrentando, tanto de ordem populacional quanto da sua área urbana. Sendo que esse crescimento vem, muitas vezes, acompanhado da aparição/intensificação de certos problemas urbanos, como os estudados aqui, como o caso da incidência das chuvas ácidas.

Os novos desafios dos administradores públicos perpassam pelo tratamento de questões antes desconhecidas, e que agora tendem a ser inseridos nos planos de gestão das cidades. Os efeitos decorrentes do clima urbano, como a poluição atmosférica e a associação dessa poluição com as águas de chuva formando o fenômeno das chuvas ácidas, requer uma singular atenção por parte dos gestores municipais, uma vez que seus efeitos e os danos que por ventura, são percebidos na população, não são problemas pontuais e característicos dos grandes centros urbanos, mas são perceptíveis em localidades de menor porte.

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II

– O CONCEITO DE PAISAGEM SOB A ÓTICA DAS CHUVAS ÁCIDAS

Neste capítulo será feito um resgate do significado da paisagem, enquanto categoria geográfica. Esta discussão, em torno do conceito da paisagem, se torna oportuno, uma vez que é sobre essa categoria da geografia que se pode fazer uma melhor apreensão do espaço geográfico de acordo com o interesse do pesquisador. Sobre a problemática do fenômeno das chuvas ácidas, a análise da paisagem pode revelar significativos indícios sobre a ocorrência desse fenômeno, que pode ser expresso visualmente nas paisagens naturais e sobre as paisagens construídas.

2.1 - A Paisagem e as Chuvas Ácidas

A relação existente entre a paisagem e as chuvas ácidas, aqui abordadas, se faz na medida em que é através da paisagem que o fenômeno das chuvas ácidas se torna visível. O homem ao longo dos tempos vem modificando gradativamente a paisagem de acordo com os seus interesses. Dessa forma, a leitura da paisagem se reverte em uma valiosa ferramenta que pode revelar as diversas transformações do homem sobre o espaço geográfico em determinados momentos históricos.

Da paisagem se pode fazer uma leitura espacial de como o homem vem transformando os elementos da paisagem natural como também a introdução de novos objetos espaciais. Segundo passagem no livro “A natureza do espaço”, do geógrafo Milton Santos (2006), o autor faz uma comparação para o entendimento do que vem a ser paisagem, no intuito de deixar evidente a distinção entre o conceito de espaço e o da paisagem, segue a frase:

Durante a guerra fria, os laboratórios do Pentágono chegaram a cogitar da produção de um engenho, a bomba de nêutrons, capaz de aniquilar a vida humana em uma dada área, mas preservando todas as construções. O Presidente Kennedy afinal renunciou a levar a cabo esse projeto. Senão, o que na véspera seria ainda o espaço, após a temida explosão seria apenas paisagem. Não temos melhor imagem para mostrar a diferença entre esses

dois conceitos (SANTOS, 2006, p.68-69).

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Portanto, pode-se concluir que a paisagem traz em sua essência o elemento humano como agente transformador e como o elo que permite que tal conceito se torne concreto, uma vez que a paisagem é o “resultado material acumulado das ações humanas através do tempo” (...) (SANTOS, 2006, p.69).

Como produto das ações do homem impregnado no espaço, a paisagem também sofre as marcas da interferência do homem em seu processo de desenvolvimento, com relação às diversas formas de poluição, causada pelo mesmo. Sendo que, a poluição a qual o estudo irá se remeter é provocado pelo crescimento econômico dos países, que por sua vez repercute na poluição do ar nas cidades, potencializando condições para o surgimento do fenômeno das chuvas ácidas que ao entrarem em contato com as paisagens provocam danos ao meio ambiente natural e construído.

É sabido, que as paisagens naturais distribuída sobre a superfície da terra estão direta ou indiretamente sendo modificadas pela ação do homem sobre o meio ambiente. Ações que são potencializadas em determinadas partes do planeta, têm suas repercussões muito além de seu lugar de origem. Como por exemplo, as chuvas ácidas. Que são resultado de uma grande quantidade de poluentes lançados através da queima de combustíveis fósseis principalmente advindos das indústrias e dos automóveis, que vão se concentrar na atmosfera e ao reagirem com os vapores d’água suspensos no ar, precipitam e voltam à superfície na forma de chuva ácida.

Tal fenômeno não ocorre apenas de maneira localizada, pode ser também observado em outras partes do planeta, devido ao movimento das massas de ar que se tornam um meio de transporte para a poluição causadora das chuvas ácidas. Sendo comum o aparecimento de tal fenômeno onde a poluição do ar não é ainda significante ou em áreas onde não existe liberação efetiva da poluição atmosférica, como nos pólos.

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Mas todos esses benéficos, que por ventura, o homem adquiriu ao longo dos anos, também têm gerado efeitos negativos sobre o meio ambiente. O desenvolvimento tecnológico empregado nos meios de transportes, permitiram ao homem uma maior mobilidade sobre o espaço como também possibilitou a uma maior agilização nas trocas comerciais entre países. Nas indústrias, esse desenvolvimento permitiu que a capacidade de produção fosse processada em curto período de tempo.

É nesse contexto de desenvolvimento tecnológico que o fenômeno das chuvas ácidas se torna mais evidente. Dessa relação do homem como o meio ambiente, vem gerando contradições e acaloradas discussões a respeito do preço que o homem tem que pagar para manter esse estágio de desenvolvimento. A ocorrência do fenômeno das chuvas ácidas são apenas um dos diversos impactos negativos que o homem tem gerado sobre o planeta, e é sobre esse problema ambiental que o estudo irá se debruçar, utilizando-se para isso, a análise da paisagem como ferramenta auxiliar no estudo das chuvas ácidas.

O fenômeno climático das chuvas ácidas pode ser apreendido pelo estudo minucioso das paisagens nas áreas onde há evidencia do referido fenômeno. Varias evidências da ocorrência das chuvas ácidas foram percebidas pelos pesquisadores através da observação das paisagens ao redor de algumas cidades industriais. Os cientistas perceberam que alguns monumentos e fachadas dos prédios apresentavam desgastes que logo foram relacionados com as chuvas ácidas, uma vez que as conseqüências desse fenômeno sobre as construções causam a corrosão das superfícies quando ao contato com as chuvas ácidas, devido ao valor ácido contido nas águas das chuvas poluídas.

A partir da identificação dos efeitos da chuva ácida sobre a paisagem, estudos científicos foram aprofundados para identificar com maior precisão as conseqüências e o comportamento das paisagens naturais diante do processo de acidificação, causado pela poluição atmosférica e potencializado pelas chuvas ácidas. A pesquisa cientifica aprofundada dos sintomas da chuva ácida sobre o meio ambiente natural, evitará que análises superficiais prejudiquem ou produzam diagnósticos equivocados sobre as reais evidencias dos efeitos da chuva ácida.

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Tabela 1 - Evolução da População de Natal/RN entre 1970 a 2007
Gráfico 1 - Evolução na Frota de Veículos em Natal/RN
Tabela 2- Padrão de Potabilidade para Substâncias Químicas que  Representam Risco à Saúde
Tabela 3- Padrão de Aceitação para Consumo Humano  PARÂMETRO   UNIDADE  VMP  Alumínio   mg/L  0.2  Amônia (como NH 3 )  mg/L  1,5  Cloreto   mg/L  250  Cor aparente  uh 4 /L  15  Dureza  mg/L  500  Etilbenzeno  mg/L  0,2  Ferro   mg/L  0,3  Manganês   mg/L
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Referências

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