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III UM ENFOQUE SOBRE O TEMA DA QUALIDADE DA ÁGUA E SOBRE AS CHUVAS ÁCIDAS

Nesta etapa do estudo, pretende-se desbruçar sobre o tema da qualidade da água, mostrando as suas caracteristicas quimico-fisicas que a permitem assumir caracteristicas próprias. Além do más, será abordado os condicionantes responsáveis pela poluição das águas, respaldando a atuação do homem nesse processo poluidor, bem como enfocar sobre os principais agentes causadores da poluição atmosférica através da análise do pH presente na água, que norteará a pesquisa sobre as chuvas ácidas em Natal, afetando assim a sua qualidade.

3.1 - Qualidade da Água

A água é um elemento essencial para a existencia da vida no planeta. Ela está presente na natureza em seus três estados fisicos: sólido, líquido e gasoso, como na composição dos seres vivos, inclusive do homem que possui cerca de 60% do seu corpo constituido por água. Além disso, segundo Vaitsman e Vaitsman (2007, p.12), á agua desempenha funções importantes no organismo humano, a saber:

· Ajuda a manter a temperatura corporal;

· Participa e permite a ocorrência de mais de 50% das reações do organismo; · No movimento de nutrientes;

· Nos processo da digestão, absorção, circulação e excreção;

· Participa da transmissão da luz nos olhos e de sons nos ouvidos, entre outros. É por possuir singular importância para o ser humano e demais seres vivos, que a água é considerada um bem tão precioso mas de caráter finito, ou seja, toda água que existe na terrra é a mesma desde o resfriamento do planeta, conforme mencionam Vaitsman e

Vaitsman (2007, p.17) em que: “A quantidade de águas doces e salgadas no planeta é praticamente a mesma desde seu resfriamento, estimando-se que seus níveis vêm sendo mantidos, de forma quase invariável, há cerca de 500 milhões de anos”.

Diante desse dado, faz-se necessário o uso racional desse recurso natural tão empregado nas diversas atividades humanas, dentre as quais têm-se: abastecimento doméstico; abastecimento industrial; irrigação; preservação da flora e fauna; recreação e lazer; geração de energia elétrica; navegação; diluição de despejos (VON SPERLING 1995, APUD JAQUES, 2005, p.17).

A composição química da água se origina através da união entre duas moléculas de hidrogênio e uma de oxigênio expresso na fórmula quimica: (H2O). Uma substância que apresenta propriedade de ser um “solvente universal” (VAITSMAN; VAITSMAN, 2005, p.11), pela própria capacidade que a água tem em diluir demais elementos químicos e incorporá-los à sua composição. Com isso, a água:

Incorpora a si varias partículas e materiais que nela são dissolvidos (inclusive gases), os quais definem a sua qualidade. A quantidade e qualidade destas partículas e materiais dissolvidos é que determina as características físicas, químicas e biológicas da água (MELO, 2007, p.7).

Por apresentar essa caracteristica de solvente universal, a água utilizada para o consumo público, merece atenção especial, com relação ao seu tratamento que deve ser feito antes dela ser distribuida para a população, a fim de retirar certas impurezas presente na mesma, para que não venham a prejudicar a saúde de uma população que a utiliza. Para tal, deve ser mantido um padrão de qualidade da água para a mesma ser consumida pelo ser humano. De acordo com Agra Filho e Viégas (1995), o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC (1995, p.45), com base nos criterios adotados pela EPA/USA, diz que:

Um critério de qualidade da água é uma estimativa quantitativa ou qualitativa da concentração de um constituinte ou poluente no ambiente aquático que, se não for excedida , assegura uma qualidade de água suficiente para proteger um determinado uso da água.

Melo (2007), expõe dados do ministério da saúde, que mostra a portaria referente a Norma de Qualidade da Água para Consumo Humano - Capítulo IV do Padrão de

Potabilidade, cujo Art.14, diz que: “A água potável deve estar em conformidade com o padrão de substâncias químicas que representam risco para a saúde” (MELO, 2007, p.45). Abaixo, seguem as tabelas contendo informações químicas dos elementos presentes na água que são prejudiciais ao ser humano se excedidas os padrões estabelecidos, e a outra, mostra o padrão aceitável de água potável para o ser humano:

Tabela 2- Padrão de Potabilidade para Substâncias Químicas que Representam Risco à Saúde

PARÂMETRO UNIDADE VMP3 Orgânicas Antimônio mg/L 0,005 Arsênio mg/L 0,01 Bário mg/L 0,7 Cádmio mg/L 0,005 Cianeto mg/L 0,07 Chumbo mg/L 0,01 Cobre mg/L 2 Cromo mg/L 0,05 Fluoreto mg/L 1,5 Mercúrio mg/L 0,001 Nitrato (como N) mg/L 10 Nitrito (como N) mg/L 1 Selênio mg/L 0,01 Fonte: MELO (2007, p.45)

Tabela 3- Padrão de Aceitação para Consumo Humano PARÂMETRO UNIDADE VMP Alumínio mg/L 0.2 Amônia (como NH3) mg/L 1,5 Cloreto mg/L 250 Cor aparente uh4/L 15 Dureza mg/L 500 Etilbenzeno mg/L 0,2 Ferro mg/L 0,3 Manganês mg/L 0,1 Monoclorobenzeno mg/L 0,12

Odor Não objetável 5

Gosto Não objetável

Sódio mg/L 200

Sólidos dissolvidos totais mg/L 1.000

Sulfato mg/L 250 Sulfeto de hidrogênio mg/L 0,05 sulrfactantes mg/L 0,5 Tolueno mg/L 0,17 Turbidez UT6 5 Zinco mg/L 5 Xileno mg/L 0,3 Fonte: Melo (2007, p.45).

§ 1º Recomenda-se que, no sistema de distribuição, o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5.

Essa breve discussão a respeito da qualidade da água deve-se ao fato de que o estudo baseia-se nas análises das amostras das águas das chuvas, tendo como base o pH7 contido nas

4 Unidade Hazen (mg Pt–Co/L).

5 Critério de Referência, segundo Melo (2007). 6 Unidade de turbidez.

amostras, para a comprovação da ocorrência do fenômeno da chuva ácida na cidade de Natal/RN. O resultado da pesquisa se reveste de grande importância, pois instigará o poder público em verificar a qualidade das águas de chuvas utilizadas para o abastecimento doméstico por comunidades localizadas nas áreas do perimetro das secas, interior do estado. 3.2 - Considerações Acerca das Chuvas Ácidas

O atual momento histórico aponta, sem dúvida, para a importância da reflexão a respeito das sociedades industriais contemporâneas e seus impactos sobre a saúde e o meio ambiente nos diversos círculos sociais. Para tanto, convém fazer uma rápida retrospectiva histórica, com o intuito de focalizar elementos cruciais para entendermos a temática da acidez de chuvas.

Tomando-se a Revolução Industrial como marco que revolucionou tanto as relações sociais exercidas entre os homens no desempenho das atividades econômicas e na vida social quanto às bases técnicas das atividades humanas, avanços científicos e sua aplicação industrial sob a forma de tecnologia, é possível compreender o processo deflagrado de crescente transformação da interação entre a humanidade e o planeta, isto é, entre as atividades humanas e a biosfera.

A partir da Revolução Industrial que se expandiu progressivamente da Inglaterra para o resto do mundo ocidental e, no século XX, se desdobra “modernamente” no mundo oriental, podem ser destacados elementos marcantes de transformação profunda na vida dos homens entre si e com o meio ambiente e, conseqüentemente, das condições objetivas e subjetivas da saúde humana e da sustentabilidade ambiental.

A primeira vez em que o termo chuva ácida apareceu na literatura climatológica segundo Cowling (1982), data do século XIX, precisamente, no ano de 1872, na obra elaborada por Robert Argus Smith intitulada “Air and Rain: the beginnins of a Chemical Climatology”. O trabalho de Smith obteve grande êxito, uma vez que o autor procurou estabelecer, pela primeira vez, uma relação entre o pH da chuva e a combustão do carvão em uma determinada área industrial.

Crowther e Ruston (1911) apud Cowling (1982), relacionaram a acidez com a combustão de carvão, demonstrando que a chuva ácida inibia o crescimento e a germinação

7 Segundo Melo (2007, p.11), O termo pH (potencial hidrogeniônico) é usado universalmente para indicar a

condição de acidez, neutralidade ou alcalinidade da água, ou seja, é o modo de expressar através de escala antilogarítmica a concentração de íons de hidrogênio (H+) presente nessa solução

de plantas, além de afetar a fixação do nitrogênio no solo. Em 1922, o biólogo norueguês Knut Dahl (apud COWLING, 1982), reconhecia a estreita relação entre a acidez das chuvas e a morte de plantas e dos peixes em vários lagos da Noruega. As observações realizadas por Dahl revelaram que a acidez foi responsável pela morte de algas, plânctons e insetos. Sem essa vida microscópica, as águas adquiriram uma transparência fora do normal. Por outro lado, como parte da cadeia alimentar. Dahl constatou que as aves sem ter o que comer, migravam para outras áreas.

Bottinni (1939 apud Cowling (1982), detectou a presença do ácido hidroclorídrico na água das chuvas, nas áreas próximas ao vulcão Vesúlvio, assinalando ser essa a fonte de acidez. A questão da acidificação vem-se agravando cada vez mais nas últimas décadas, constituindo-se em problema de natureza ecológica em varias regiões onde haja grandes aglomerações urbanas e/ou centros industriais. Segundo as pesquisas realizadas pela UNESCO (1984), as bacias fluviais e lacustres foram as primeiras a aparecerem como vitimas das chamadas chuvas ácidas. A razão disso deve-se ao fato de que o subsolo dessas áreas, formado a partir de gnaisses, como granitos e rochas ricas em quartzo, não se desagrega com facilidade e praticamente não pode neutralizar o ácido que recebe das águas pluviais, tornando-os dessa forma mais vulnerável à acidez.

A poluição produzida por países altamente industrializados como a Alemanha, França e Inglaterra vem sendo transportada pelos ventos para outras regiões como, por exemplo, indo para a Noruega provocando a morte de florestas, pelos quais as árvores mais altas começam a ser atingidas pelas partes mais expostas. Concomitantemente, os lagos tornaram-se acidificados, provocando a toxidez da água e a conseqüente morte dos peixes. No Desenho 01 tem-se o esquema da acidificação das chuvas:

Fonte: JESUS (1996).