• Nenhum resultado encontrado

Controle biológico de Biomphalaria glabrata (Say, 1818) através de Tilapia nilotica (Hasselquist, 1757), em laboratório (Pulmonata, Planorbidae. Pisces, Cichlidae).

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Controle biológico de Biomphalaria glabrata (Say, 1818) através de Tilapia nilotica (Hasselquist, 1757), em laboratório (Pulmonata, Planorbidae. Pisces, Cichlidae)."

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

CONTROLE BIOLÓGICO DE

B I O M P H A L A R I A G L A B R A T A

(SAY, 1818JATRAVÉS DE

T I L A P I A N I L O T I C A

(HASSELQUIST, 1757),

EM LABORATÓRIO (PULMONATA, PLANORBIDAE. PISCES,

CICHLIDAE) 1

2

Roberto M ilward de Andrade

O p e i x e c i c h d e o Tilapia nilot ica ( H a ss e / q u i s t , 1 7 5 7 ) I = Sarot herodon nilot icus L i n n a e u s , 1 7 5 8 ) f o i c a p a z d e i m p e d i r o c r e s c i m e n t o d e 4 p o p u l a ç õ e s d e 2 0 e s p é c i m e n s ( 1 4 — 1 6 m m d e d i â m e t r o ) d e Biom phalaria glabrat a ( Sa y , 1 8 1 8 ) , m a n t i d a s e m a q u á r i o s d e v i d r o , d u r a n t e c i n c o se m a n a s, e m l a b o r a t ó r i o .

N o A q u á r i o n 9 1 f o i i n t r o d u z i d o u m a l e v i n o c o m 5 5 m m d e c o m p r i m e n t o { n ã o c o m p u t a d a a n a d a d e i r a c a u d a l ) ; n o d e n ? 2 , u m c o m 6 3 m m ; n o d e n ? 3 , d o i s a l e v i n o s : c o m 4 0 e 4 6 m m , r e s ­ p e c t i v a m e n t e ; e , f i n a l m e n t e , n o d e n ? 4 , t r ê s e s p é c i m e n s : c o m 3 8 , 3 9 e 4 2 m m , r e s p e c t i v a m e n t e .

O s p e i x e s d e s t r u ír a m a s d e so v a s d o s p l a n o r b í n e o s d e p o s i t a d a s n a s p a r e d e s d e v i d r o d o s a q u á r i o s — i m p e d i n d o , a s s i m , a s e c l o s õ e s e, c o n s e q u e n t e m e n t e , o a u m e n t o d a s q u a t r o p o p u l a ç õ e s e m e s t u d o . R e v e r s a m e n t e , q u a n d o r e t i r a d o s , a s p o p u l a ç õ e s d e p l a n o r b í n e o s c r e s c e r a m e m n ú m e r o .

N ã o o b s t a n t e , sa l i e n t a - s e a n e c e s s i d a d e d e i n v e s t i g a ç õ e s d e c a m p o , a f i m d e a v a l i a r a a t i v i d a d e p r e d a t ó r i a d a q u e l e c i c l í d e o e m c o n d i ç õ e s n a t u r a i s.

IN TRO D U ÇÃ O

0 recente interesse pelo increm ent o — em es­ calas nacional e int ernacional — de projet os de est udos dest inados ao cont role biológico de pra­ gas agrícolas, de vetores de doenças ou de hospe­ deiros int erm ediários de parasit os resulta, essen­ cialm ent e , do reconhecido fracasso na ut ilização de cent enas de subst âncias biocidas (inset icidas, et c.), eufem ist icam ent e donom inadas " defensi­ vos" (s/ c) pela indúst ria q u ím ica m ult inacional. Com o espet acular desenvolvim ent o da ciência quím ica m áxim e após a II Guerra M undial, e tam bém com o aum ento da dem anda de alim en­ tos, foi paralelam ente forjada a " dependência" da produção agrícola à ut ilização crescente de biocidas: inset icidas, fungicidas, herbicidas, etc.

Em conseqüência, uma verdadeira " síndrom e pest icida" , alim ent ada pelo aético objet ivo de lucro a todo cust o e caract erizada pela ut ilização m aciça de biocidas: clorados, fosforados e carba- m at os — segundo o calendário, e não na necessi­ dade de debelar eventuais emergências ou surtos

de espécies dit as pragas — fo i primeiram ent e denunciada por Rachel Carsan 1 e, após, cient i­ ficam ent e analisada por num erosos pesqui­ sadores, em diferent es países 2>3'4 .

Hist oricam ent e, a aplicação de mét odos de cont role biológico a espécies indesejáveis à econom ia hum ana é bastant e an t igo 5 .

Relat ivam ent e aos hospedeiros interm ediários de diferent es espécies de Sc h i s t o s o m a , a primeira referência associa-se just am ent e a um peixe:

C y p r i n u s Ca r p a L., no cont role da esquist osso- mose jap ô n ica6.

Aquele ciprinóide, aut óct one da Ásia Orient al, foi int roduzido no Brasil em 18827 , porém não

há inform ações epidem iológicas específicas

relacionadas às num erosas áreas de piscicult ura int ensiva, paulist as ou de out ros estados brasilei­ ros, nas quais a criação de carpa const it ui at ividade rural im port ant e8 ,9 .

Recente revisão10 sobre agentes biológicos no cont role de hospedeiros int erm ediários de

Sc h i s t o s o m a m a n s o n i (Sam bon, 1907) registra a análise de sessenta art igos cien t ífico s nos

1 ■ A p r e s e n t a d o à 3 0 ? R e u n i ã o A n u a l d a So c i e d a d e B r a s i l e i r a p a r a o P r o g r e s s o d a C i ê n c i a ( S B P C ) . Sã o P a u l o , SP , 9 — 1 5 / j u l h o / 1 9 7 8 . R e a l i z a d o c o m a u x í l i o d o C N P q .

2 . C e n t r o d e P e s q u i s a s " R e n é R a c h o u " / F I O C R U Z , B e l o H o r i z o n t e , M G e U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d e M i n a s G e r a i s.

(2)

40

Rev. Soc. Bras. vled. Trop.

Vol. XV - N9s 39 - 52

quais várias espécies ict íicas são assinaladas com o predadoras efetivas de planorbíneos ou cercarió- fagas.

Ent re os t ít u lo s aludidos, quat orze ost entam os nomes de nove espécies m alacófagas e um cercariófaga : A s t a t o r e o c h r o m i s a l l u a u d i , A s t r o n o t u s o . o c e l l a t u s, Ca r a ssi u m a u r a t u s E n g r a u l i c y p r ís b r e v i a n a l i s , H a p l o c h r o m i s m e l l a n d i , H e t e r o p n e u st e s f o ssi l i s, L e p o m i s m i c r o c e p h a l u s , Pa n a g a si u s p a n a g a si u s, T i l a p i a m e l a n o p l e u r a ( = r e n -d a l l i ) e L e b i s t e s r e t i c u l a t u s.

Dois t rabalhos sobre cercariofagia de L . r e t i c u -l a t u í (Peters, 1859) — pecilídeo Cyp rin o d o n t ifo r - mis, vivíparo e t radicional larvófago — foram desenvolvidos em Puerto Rico 11,12, um na Tailân d ia1 3 e out ro no Br asil14.

Em art igo não publicado, Azevedo e co ls.15 mencionam diferent es especies ict ficas que poderiam ser u t ilizad as no co n t ro le b io ló gico da esquist ossomose m ansoni.

O cont role de B i o m p h a l a r i a g l a b r a t a no Lago da Pam pulha (Belo Horizont e, M G) f o i, em parte, at ribuído à int rodução de T i l a p i a r e n d a l l i

(Boulenger, 1896) naquele antigo foco de esquis­ tossom ose1 6,1 '.

Invest igação .experim ental, em laborat ório, esclareceu o m ecanism o de com pet ição entre

T. r e n d a l l i (então denom inada m e l a n o p l e u r a ) e

planorbíneos. O peixe, voraz herbívoro, deglute as desovas e os m oluscos juvenis junt o com a vegetação, mas também os aderidos a suport es

imersos. Porém, menos frequent em ent e, a

tilápia abocanha espécimens m aiores e os devolve intactos, ou tent a decepar-lhes as antenas, p. ex., quando deslisam no subst rat o1 8 .

Na Bahia, fo i dest acada a im port ância do apaiarí: A s t r o n o t u s o . o c e l l a t u s (Cuv.) - teleós-

teo onívoro, originário da Bacia Am azônica e int roduzido no Nordest e em 19389 — no cont role de bionfalárias9 .

Novos testes de laborat ório com A . o . o c e l ­ l a t u s, T. m e l a n o p l e u r a ( —r e n d a l l i j , M a c r o p u s o p e r c u l a t u s, H o l o s t o m a t i m i c k i e B r a c h i d a n i o r e-r i o revelaram que as três prim eiras atacavam B . g l a b r a t a : adult as, juvenis e/ ou apenas suas

desovas20.

Os peixes ciclídeos do gênero T i l a p i a (Sm it h, 1840) T . f T Js p a r r m a n i i são aut óct ones da Áf r ica

cent ral. Segundo revisão sistem át ica de Th y s van den Audenaerde2 1, o gênero abrigaria pelo

menos 14 subgêneros e 75—80 t a x a , entre espé­

cies e subespécies.

Presentemente, encontram-se difun d ido s na Ásia, no Caribe e na Am érica do Sul. No Brasil, em diras ocasiões diferent es, foram int roduzidas três espécies dist int as.

A T i l a p i a ( C o p t o d o n j r e n d a l l i (Boulenger,

1896) com preende duas subespécies: T. r . sw i e r

s-t r a e (Gilch irist e Tho m p so n, 1971) e T. r. g e f u e n s i s (Th yso n , 1964). Ignora-se, t odavia,

qual das duas foi int roduzida no Brasil, em 1953, a partir do Zaire, via Am st erdam 22

É dot ada de apenas 10 branquiespinas no arco branquial, de hábit os m arcadam ente fit ófa- gos2 3 , porém capaz de alim entar-se tam bém de insetos, crust áceos, pequenos m oluscos. O int es­ t ino é longo e dot ado de m uit as pregas, ao cont rário dos carnívoros que o tem reto e curt o. Com eça a reproduzir-se com 3—6 meses de idade e pode ovipor 4 —6 vezes por ano, originando até seis mil alevinos. At ualm ent e, const it ui sign ifica­ tiva font e de prot einas p^ra populações hum anas do Nordest e brasileiro24' 25' ' 2 6 ' 27' 2'8 ' 2 9 .

A espécie T i l a p i a n i / o t i c a (Hasselquist , 1 757)

f o i - ju n t am en t e com T. ( O r e o c h r o m i s ) h o r n o r u m (Trew avas, 1966) — fo i int roduzida no

Est ado do Ceará a 24-novem bro-1971, a part ir do lago Bouaké, Cot e d 'lvo ir e (Af r ica), via Paris, pelo Dr. Jaques Bard, do " Cent re Technique Forest ier Tr o p ical" . Fran ça2 5,30

O ciclíd eo n i l o t i c a é planct ófago, onívoro. Ab aixo do arco branquial, contam -se 23 b ranqui­ espinas: caract eríst ica que lim it a e det erm ina o

t ipo de alim ent o ingerível3 1,3 2,3 3. É espécie

menos prolifera que r e n d a l l i e, ao cont rário

dest a, incuba os ovos e protege os alevinos na boca2 6 .

Adm it e-se a exist ência de três subespécies:

T. n . n i l o t i c a (Hasselquist , 1757), T. n . a d u a r -d i a n a (Boulenger, 1912) e T. n . Ca n c e l l a t a

(Nichols, 1923).

Est udos b io q u ím ico s têm sido desenvolvidos no sentido de esclarecer, entre out ros, problem as t axo n ô m ico s34,35' 36' 37' 38.

O cruzam ent o, com sucesso, de espécies d if e­ rentes de t ilápia foi realizado na Á f r ica39'4 0 ,

inclusive entre n i l o t i c a fêmea e h o r n o r u m

m acho27. Novos dados foram obt idos no Ceará, com produção de 100% de h íb r id o s m achos, fért eis — prát ica dest inada a m elhorar o rendi­ m ento com ercial e elim inar o problem a da repro­ dução incont rolada24,2 5 ,30' 4 1 ' 4 2 .

(3)

Janeiro-Dezembro, 1982

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

41

desses novos ecossistem as4 3 ,4 4 . É de se recordar que somente o Est ado de M inas Gerais possui 50 grandes hidrelét ricas, incluídas na empresa

h o l d i n g Elet robrás S/ A — porém , quase todas elas permanecem desconhecidas quant o a estudos epidem iológicos de suas populações ribeirinhas; e, tam bém prat icam ent e t odas, cont am sequer com levantam ent o lim nológico prim ário, pont o de partida de estudos dest inados à . piscicult ura ext ensiva, vale dizer, de produção de alim en- ios't 5.

Just ificam -se, ainda, est udos da ict iofauna nativa e alóct one v i s- à - v i s às populações aut ó ct o ­

nes de m oluscos, com vistas ao cont role biológico

dos hospedeiros int erm ediários de S. m a n s o n i e

ao manejo daqueles ecossistemas, sem os percal­ ços de infecções indesejáveis.

Obviam ent e, estudos especiais devem merecer as áreas selecionadas para o desenvolvim ent o de piscicult ura intensiva. Assim , o seu fom ent o e a criação de uma rede com plexa de lagoas e açudes, deveria ser precedida, sem pre, de levantam ent os m alacológicos e difusão de ensinam entos profilá- ticos.

A m et odologia adotada no presente t rabalho foi análogoa a de investigação an t erio r 18, u t ili­

zando-se de exem plares de T. n i l o t i c a descenden­

tes de espécim ens procedentes do Est ado do Ceará e recentem ent e int roduzidos em tanques escavados no solo, na fazenda experim ent al da Escola de Vet erinária da Universidade Federal de M inas Gerais, em Igarapé, M G.

M A TERIA L E M ÉTO DO S

O experim ent o adiante relat ado teve duração de dez semanas: 20-dezem bro-1977 a 1?-m arço- 1978, dividida em duas et apas de cinco semanas cada.

1. A q u á r i o s — foram ut ilizados quat ro, com

armações m et álicas e paredes de vidro t ranspa­

rente. Dim ensões: 60 cm de com prim ent o X

30 cm de largura X 30 cm de altura.

2. Á g u a - provenient e de m ina nat ural, junt o ao Lago da Pam pulha, Belo Horizont e, M G. Em cada aquário, int roduziu-se 28 lit ros. Ao final da

5? semana: 25/ jan., a água de t odos os quat ro

aquários fo i t rocada, lavando-se convenient e­ mente os recipient es.

3. p H — at ravés de peagõm et ro, foi det erm i­

nado a part ir de uma pequena am ost ra retirada de cada aquário, em cinco ocasiões diferent es (Tabela I).

4. A r e i a — sobre o fundo de vidro de cada

aquário, fo i colocada areia de rio, lavada, f o r ­

mando um subst rat o de cerca de 0,5 cm de espes­ sura. Quando das t rocas de água, a areia foi sempre cuidadosam ent e exam inada e relavada sob t orneira.

5. C a C O j — face à acidez da água de mina,

foram colocados em cada aquário 20cc. de

CaC

03

pulverulent o — que poderia ser, também ,

ut ilizado com o alim ent o pelos planorbíneos e pelas t ilápias.

6. A l i m e n t o — diariam ent e, foram colocados nos aquários fragm ent os de folhas de alface:

L a c t u c a sa t i v a L. As porções anteriorm ent e não

ut ilizadas eram ret iradas. Com o sói usualment e acontecer nesses am bientes, regist rou-se o desen­ volvim ent o de organism os zoo e fit oplanct ôni- cos, que, ent ret ant o, não foram regularm ente ident ificados e também quant ificados. Sem em­ bargo, registra-se, aqui, a presença de mais de uma espécie de ciliados ( V o r t i c e l l a sp. e St y l o n y -c h i a sp., entre out ros), oligoquet as, larvas de um psicodideo ( P s y c h o d a sp.), copépodos (n a u p l i i e

adult os), ost racodas, rot íferos e algas clorofíceas unicelulares (p. ex., A n k i s t r o d e s m u s f a t ca t u s

Ralfs). O desenvolvim ent o de algas verdes confe­ ria à massa líquida t onalidade percept ível.

7. T e m p e r a t u r a s, d a á g u a e d o a m b i e n t e ( ? C ) — n o prim eiro caso, fo i det erm inada com t erm ôm et ro de m ercúrio convencional, diaria­ mente, entre 13 e 14 horas — porém , de urr único aquário, t om ado com o referência. A do ar, fo i sempre obt ida com t erm ôm et ro de M x. e M n., à mesma hora.

8. P l a n o r b ín e o s u t i l i z a d o s — t odos os exem ­ plares eram pigm ent ados e descendiam de out ros capt urados no Lago da Pam pulha, Belo Horizont e, M G. Ao t odo, foram ut ilizados 80 espécimens. Ou seja, 32 com 14 mm de d iâ­ m et ro, 32 com 15m m e 16 com 16m m , respect i­

vament e. Porém , em cada aquário foram

int roduzidos e m ant idos 20 exem plares: 8 com 14m m , 8 com 15mm e 4 com 16m m , respect i­ vamente.

9. M o r t a l i d a d e — quando ocorreu, os espé­

cim ens de planorbíneos foram subst it uídos por out ros de iguais dim ensões e procedência; isto é, de criação m antida rot ineiram ent e no laborat ó­ rio (Tabela III).

10.T i l á p i a s u t i l i z a d a s — sete exem plares de T. n i l o t i c a , descendent es de indivíduos in t r o du zi­

dos, a 24-novem bro-1971, no Est ado do Ceará. Suas dim ensões variavam de 38m m a 63m m de

com prim ent o t ot al. Provieram de tanques

exist ent es na fazenda experim ent al da Escola de Vet erinária/ UFM G, Igarapé, M G.

(4)

42

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

Vol. XV - NPs 39 - 52

Tabela 2. No caso, estão registradas duas

medidas: com e sem a nadadeira caudal.

11 A u m e n t o p o p u l a c i o n a l e c r e s c i m e n t o d o s p l a n o r b ín e o s — Na Tabela 3, estão registrados,

por aquário, os núm eros de exem plares int rodu­ zidos (A), as alt erações dos diâm et ros através do tem po (B) e os descendent es da população p r i­ m it iva, segundo os diâm et ros registrados no final do experim ent o (C). Os dados referem-se, ainda, aos dois períodos considerados, ou seja, quando planorbíneos e t ilápias estavam associados e quando foram apartados.

12 .M a r c h a d o s e x p e r i m e n t o s — considerando- se cada aquário ut ilizado, procedeu-se da seguinte form a:

a) Aquário 1 — inicialm ent e, foram int rodu­ zidos 20 exem plares de bionfalárias: com 14mm (8), 15m m (8) e 16m m (4), res­ pect ivam ent e.

Durant e cinco semanas consecut ivas, regis­ trou-se diariam ent e as desovas deposit adas nas paredes de vidro e as que desapareciam , em conseqüência de eclosões. Com t int a apropriada, desenhava-se um cír cu lo verme­ lho em t orno de cada desova deposit ada; podendo-se, assim , inversam ente, registrar com facilidade o desaparecim ent o delas. Ao final do período m encionado, redimen- sionou-se os exem plares pertencentes à população inicial e mediu-se os seus

descentedent es (T;abelas 3 e 4). A se­

guir, int roduziu-se um especim en de T . n i l o -t i c a , cujo com prim ent o t ot al era de 55m m

e prosseguiu-se com os registros já nom ea­ dos, até com plet ar-se a 10? semana de observações,

b) Aquários 2, 3 e 4 — tam bém em cada um deles, foram int roduzidos 20 exem plares de planorbíneos, com diâm et ros iguais aos dos m encionados acim a. Todas as dem ais ano­ t ações foram análogas.

Porém , ao cont rário do prim eiro, p lan o r b í­ neos e t ilápias foram int roduzidos ju nt os e assim m ant idos durant e as cinco prim eiras semanas — invert endo-se, ent ret ant o, o m odelo da sexta à décim a semanas.

No Aquário 2 ut ilizou-se um único exem ­ plar de t ilápia nilót ica, com 63m m de com prim ent o t ot al. No Aq uário 3, dois es- pécim ens: com 40m m e 46m m , respect i­ vament e. No Aq uário 4, três exem plares: com 38m m , 39m m e 42m m de com prim en­ to t ot al — exclu in d o , pois, a nadadeira caudal (Tabelas I a V).

RESU LTA D O S

1. p H — através da Tabela I verifica-se que seus valores alteraram-se em função do tem po. Por exem plo, de 5,0 para 6,8 no Aq uário 4. Na verdade, todas as alt erações foram no sentido da neut ralidade, embora esta não haja sido alcan­

çada em qualquer deles. Assinale-se, adem ais,

que as moderadas alterações registradas não t o r ­ naram o m eio incom pat ível à sobrevivência dos organism os estudados: peixes e m oluscos.

Tabela I

Valores de pH das águas dos aquários em que foram realizadas as

observações de cont role biológico de B i o m p h a l a r i a

g l a b r a t a com Ti l a p i a n i l o t i c a .

(Belo Horizont e, M G. 20/ dezem bro/ 77 a 1? / m arço/ 78).

Valores de p H, segundo datas*

Aquário 1977 1978

20/ dez. 6/ jan. 25/ jan.

1 2

1?/ m ço.* *

1 5,2 5,6 6,8 5,4 6,7

2 5,9 6,0 6,8 5,8 6,4

3 5,6 6,1 6,8 6,1 6,6

4 5,0 6,1 6,8 5,9 6,4

* Os valores de pH da coluna 7 refletem as alt erações a part ir de 20/ dez./ 77. Os da 2 , referem-se

à água subst it uída ou nova.

(5)

Janeiro-Dezembro, 1982

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

43

2. T e m p e r a t u r a s ( ? C ) — os regist ros m ost ra­ ram, nas prim eiras cinco semanas, variações de 239 a 27? C para a água, e 21? para 26? C para

o am biente ou ar. Nas cinco últ im as, as

oscilações foram de 24—27? C e 2 2 —28? C, res­ pect ivam ent e, para a água e para o am biente (Tabela 4).

3. Cr e s c i m e n t o d a s t i l á p i a s — nas condições do experim ent o, regist rou-se crescim ent o do ciclíd eo ut ilizado. Pode-se verificar que, ao cabo das cinco prim eiras semanas, o tamanho dos

exem plares aum ent ou de 16mm (p. ex.,

3 9 —55m m ) a 24m m (p. ex., 63—87m m ), exclusive a nadadeira caudal (Tabela 2).

Tabela 11

Dim ensões dos exem plares de T i l a p i a n i l o t i c a u t ilizad o s em 4 aquários, experim ent ais, com B i o m p h a l a r i a g l a b r a t a .

(Belo Horizont e, M G. 20/ dezem bro/ 77 a 1?/ m arço/ 78).

Ti l a p i a n i l o t i c a

Aq uário Exem pia- Biom et ria (m m ) segundo datas

res ut i-

---lizados 20/ dez. 25/ jan. 1.°/ m arço

1 (1) * (55 - 70) 78

-2 1 63 -- 82 87 - 106

-3 1 40 -- 52 59 - 78

-1 46 -- 64 73 - 93

-4 1 38 -- 54 62 - 81

-1 39 -- 52 55 - 70

-1 42 -- 57 65 - 85 —

* Exem p lar t ransferido para o Aq uário 1, na dat a indicada.

N O TA : 1) 0 prim eiro dado (m m ) refere-se ao com prim ent o do corpo do p eixe;o segundo, inclui tam bém a nadadeira caudal.

2) Em cada aquário, int roduziu-se 20 B. g l a b r a t a .

4. M o r t a l i d a d e — exem plares m ort os foram

observados nos Aq uários 2, 3 e 4. Ou seja,

20% (16) do t ot al geral de planorbíneos u t iliza­ dos. Em t odos os casos, foram subst it uídos por out ros de iguais t alhes e procedência (Tabe­

la 3).

To das as t iláp ias m antiveram -se vivas e com

aspecto sadio. Em nenhum caso, observou-

se com port am ent o agressivo em relação aos planorbíneos.

5. Cr e s c i m e n t o d o s P l a n o r b ín e o s — O cresci­

m ento individual dos caram ujos ocorreu quer na presença quer na ausência dos ciclíd eo s. Ao cabo de dez semanas, o exem plar que exibia

m aior diâm et ro media 28m m . Port ant o, no

período considerado, teve um ganho de pelo menos 12m m . Quat ro out ros exem plares alcan­ çaram 27m m de diâm et ro (Tabela 3).

6. D e so v a s d S p l a n o r b ín e o s , n a p r e se n ç a e n a a u sê n c i a d e t i l á p i a s — A associação de am bos os organism os não se const it uiu em fat or impe- dient e à deposição de desovas por parte dos

planorbíneos. Em out ros term os, não foi

det ect ado fenôm eno de ant ibiose. De fat o, as bionfalárias desovaram regularm ente, quer na presença quer na ausência de um ou m ais exem ­ plares de t ilápia nilot ica.

Fo i, ent ret ant o, observado que, durante a prim eira semana (nos Aq uários 2, 3 e 4), as deso­ vas deposit adas pelos planorbíneos permane­

ceram int ocadas. E,' f a t o curioso, os ciclídeos

(6)

44

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

Vol. XV - NPs 39 - 52

ção de pessoas: port ant o, com r uído s e projeção de sombras sobre as paredes de vidro.

Durant e as cinco semanas em que os quat ro aquários ut ilizados cont inham t ilápias e

bionfa-lárias associadas, o núm ero de desovas dos

m oluscos: deposit adas e desaparecidas, e dos

novos descendent es (F-j), fo i da seguinte ordem :

Deposit adas N?

Desaparecidas

N? %

Planorbíneos (F 1 >

1 390 345 88,5 0

2 380 289 76,1 0

3 287 205 71,4 0

4 413 316 76,5 0

T O T A I S 1.470 1.155 78,6 0

Registra-se, pois, que o " desaparecim ent o" de desovas não decorreu de eclosões — o que, obviam ent e, redundaria no " aparecim ent o" de descendentes dos 20 exem plares de bionfalárias existentes em cada aquário. 0 fato é at ribu íd o à at ividade predatória das t ilápias.

Os dados acima m ost ram , ainda, que houve maior número de desovas no aquário que co n ­ tinha três t ilápias: ou seja, 413 (Aquário 4). Porém, maior núm ero de " desaparecidas" o co r ­ reu num dos aquários com apenas um único espé- cimen de t ilápia: ou seja, 345 (Aquário 1).

No decurso dos experim ent os, observou-se, adem ais, que num erosas desovas, já prestes a eclodir ou com form as juvenis recém -eclodidas, tam bém desapareciam subit am ent e — ao que parece, por mostrarem-se mais visíveis aos peixes'. De qualquer form a, trat avam -se de desovas que, ant eriorm ent e, haviam escapado à caça m ovida pelos ciclídeos.

Os dados a seguir m ostram sit uação inversa à relat ada acim a, ou seja, aum ent o da população prim it iva de bionfalárias na ausência de t ilápias.

A Q U Á RIO D E S O V A S

Deposit adas N?

Desaparecidas

N? %

Planorbíneos (F-,)

1 473 316 66,8 53

2 592 556 93,9 119

3 471 466 99,4 31

4 572 538 94,1 140

T O T A I S 2.108 1.876 89,8 343

De fato, na ausência de t ilápias, houve aum en­ to da população inicial em t odos os quat ro aquá­ rios — malgrado a geração F-| tenha se m ost ra­ do numericam ente m edíocre: apenas 343 novos indivíduos, no final de cinco semanas (Tabe­ las 3 a 6).

Considerando-se o núm ero t ot al de desovas depositadas, nos aquários com e sem t ilápias:

3.578, verifica-se que m aior quant idade fo i det ec­

tada na ausência de t ilápias: 58,9% (2.108).

Ent re essas últ im as, 89,8% (1.876) " desaparece­ ram " em conseqüência do processo norm al de eclosão.

Tam bém os dados de cada aquário, isolada­ mente, m ostram m aior num ero de desovas

(7)

Janeiro-Dezembro, 1982

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

45

Tabela 111

População inicial e final de planorbíneos da espécie B . g l a b r a t a registrada

, em aquários com e sem T i l a p i a n i l o t i c a .

(Belo Horizont e, M G. 20/ Dezem bro/ 77 a 1°/ m arço/ 78).

População de planorbíneos, por aquário

Diâm et ro* 1 2 3 4

(mm)

20/ 12 25/ 01 1°/ 03 20/ 12 25/ 01 1?/ 03 20/ 12 25/ 01 1°/ 03 20/ 1 2 25/ 01 lP/ 03

s S C c c S c C s c c s

A) 14 8 8 8 8

15 8 8 1 8 2 8 2

16 4 4 4 4 4 4 3

20 20 20 20

B) 18 1 6 9 6 6 3

19 2 2

20 2 2 4 5 2 3 5 4

21 3 3

22 6 1 5 3 2 4 3

23 5 4 3 2 2

24 1 7 4 2 5

25 1 3 3 3 1

26 1

27 2 2

28 1

20 20 20 20 20 20 20 20

C) < 3,0 24 40 31 120

3 , 1 - 5,0 25 20 11

5,1 - 7,0 1 26 2

7,1 - 9,0 1 20

9 , 1 - 11,0 2 11 2

11,1 - 13,0 2 4

13,1 - 15,0 1

53 119 31 140

* 1 4 —16m m , em 20/ 12/ 77: corresponde à população original de cada aquário.

1 5—16m m , em 25/ 01 / 78: exem plares anteriorment e subst it uídos, em decorrência de m ort alidade dos espéciemens originais.

1 8— 28m m , em 25/ 01 e 1 ?/03/ 78: exem plareas originais, cujos diâm etros assinalados foram at ingidos através do tempo.

3 a 16m m , em 25/ 01 e 1?/ 03: exem plares descendentes da populaçáo original, em aquários após a retirada de t ilápias.

(8)

46

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

Vol. XV - NPs 39 - 52

casos, os percent uais relat ivos oscilaram de 54,8% (Aquário 1) a 62,1% (Aquário 3), (Tabela 6).

Tem -se, pois, que f o i im possível obt er aum en­

t o da população de bionfalárias quando estas estavam associadas a t ilápias nilót icas, observan­ do-se fat o inverso com a ret irada dos peixes dos quat ro aquários ut ilizados nos experim ent os.

Tabela IV

Desovas de B i o m p h a l a r i a g l a b r a t a , deposit adas e desaparecidas (por eclosão e/ ou predação), em aquários com e sem T i l a p i a n i l o t i c a , durant e cinco semanas

consecut ivas.

(Belo Horizont e, M G. Dezem bro/ 77 a M arço/ 78).

1) Aquário 1

SEM A N A Período

(1977/ 78)

TEM PERA TU RA (PC) D ESO V A S

Água Ar Depos

tadas

i- Desapa­

recidas*

A) Sem Tiláp ia

1 20/ 12 -- 27/ 12 23 - 25 21 - 26 84 0

2 28/ 12 -- 3/ 01 23 - 26 22 - 25 124 22

3 4/ 01 -- 10/ 01 24 - 25 24,5 - 26 75 90

4 11/ 01 -- 17/ 01 23 - 24,5 22 - 25 119 101

5 18/ 01 -- 24/ 01 24 - 27 2,5 - 26 71 103

- 23 - 27 21 - 26 473 316

B) Com Tiláp ia * *

6 25/ 01 -- 31/ 01 25 - 27 25 - 28 57 47

7 19/ 01 -- 8/ 02 26 - 26 26 - 27 79 60

8 9/ 02 -- 15/ 02 24 - 26 22,5 - 27 102 77

9 16/ 02 -- 22/ 02 24 - 25 22 - 26 68 72

10 23/ 02 -- 19/ 03 24, 5 - 2 5 23 - 26 84 89

- 24 - 27 22 - 28 390 345

Em decorrência da eclosão dos ovos e/ ou predação das desovas, pelo exem plar de T i l a p i a n i l o t i c a

int roduzido, na 6? semana.

(9)

Janeiro-Dezembro, 1982

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

47

Tabela V

Desovas de B i o m p h a l a r i a g l a b r a t a , deposit adas e desaparecidas (por eclosão e/ ou predação), em aquários com e sem T i l a p i a n i l o t i c a , durant e dez

semanas consecut ivas.

(Belo Horizont e, M G. Dezem bro/ 1977 a M arço/ 1978).

Desovas, deposit adas e desaparecidas *

Sem ana Aq uário 2

(c/ 1) Aquário 3 (c/ 2) Aquário 4 (c/ 3)

Dp. Dd. Dp Dd. Dp. Dd.

A) Co m t ilápias

1 50 0 78 0 54 0

2 57 16 50 128 71 113

3 56 61 17 3 101 44

4 128 78 88 21 128 50

5 89 134 54 53 59 109

T O T A I S 380 289 287 205 413 316

B) Sem t ilápias

6 153 105 100 111 98 79

7 124 165 62 64 119 64

8 107 102 118 72 142 128

9 94 92 93 104 133 123

10 114 92 98 115 80 144

T O T A I S 592 556 471 466 572 538

* Ent re parêntesis, as quant idades de exem plares de t ilápias ut ilizadas em cada aquário indicado, os

quais abrigavam , cada um , 20 exem plares de B . g l a b r a t a (8 c/ 14, 8 c/ 15 e 4 c/ 16 mm de diâm et ro).

Dp = deposit adas. Dd = desaparecidas (em conseqüência de eclosão e/ ou predação).

N O TA : Os períodos (dat as) e t em perat uras (água e ar) correspondent es a cada semana são os mesm os indicados na Tabela

D ISCU SSÃ O

O increm ent o at ual da piscicult ura intensiva

e ext ensiva — respect ivam ent e, pois, em

pequenas (lagoas, açudes, et c.)' e volum osas (lagos) massas d'água — põe de m anifest o a neces­ sidade de m edidas acaut eladoras dest inadas a m inim izar a inevit ável expansão de ecossistem as apropriados às populações de vetores, t ransm is­ sores e/ ou hospedeiros int erm ediários de para- sitos.

Se é verdade que, no Brasil, não há registro de acont ecim ent os desast rosos conseqüent es à cons­ trução de barragens — com o, p. ex., os que

perduram na Áf r ica, junt o aos grandes lagos ar t ificiais de Kariba, Vo lt a, Kain ji, et c.46 — nem por isso seriam válidas at it udes exageradam ente ot im ist as. Pois, com o co n t ín u o aum ento popula­ cional e a progressiva ocupação hum ana de áreas próxim as ou im ediatam ente adjacent es aos lagos ar t ificiais, f ácil será a inst alação de im por­ tantes focos de transm issão, p. ex., de esquist os-

somose m ansoni. Com o áreas part icularm ent e

propícias, vale lem brar os cam pos irrigados. Assim , será oport uno o desenvolvim ent o de projet os de pesquisas ict íicas relacionados à m alacofauna regional e, em part icular, aos

(10)

48

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

Vol. XV - NPs 39 - 52

Tabela VI

Desovas de B i o m p h a l a r i a g l a b r a t a , deposit adas e desaparecidas (por eclosão

e/ ou predação), em aquários com e sem exem plares de T i l a p i a n i l o t i c a .

(Belo Horizont e, M G. Dezem bro/ 1977 a M arço/ 1978).

N? de desovas de caram ujos, segundo os aquários *

D A D O S 1 2 3 4 TO TA IS

Depos. Desap. Depos. Desap. Depos. Desap. Depos. Desap. Depo-sit. Desa-par.

Sem t ilápia 473 316 592 556 471 466 572 538 2.108 1.876

Com 1 t ilápia 390 345 380 289 - - - - 770 634

Com 2 t ilápias — - - - 287 205 - - 287 205

Com 3 t ilápias — - - - - 413 316 413 316

T O T A I S 863

%:

661 972 845 758 876 985 854 3.468 3.031

Sem t ilápia 54,8 - 60,9 - 62,1 - 58,1 - 58,9

-C o m t ilápia 45,2 — 39,1 — 37,9 — 41,9 — 41,1 —

* Desovas postas por 20 exem plares (8 c/ 14m m ; 8 c/ 15m m ; 4 c/ 16m m ) de B . g l a b r a t a , m ant idos

em cada aquário e alim ent ados com alface fresca.

Depos. = deposit adas. Desap. — desaparecidas (em decorrência de eclosão e/ ou predação pelas t ilápias).

m a n so n i , em nosso meio.

De fat o, o melhor conhecim ent o de espécies malacófagas podera t raduzir-se na sua ut ilização em piscicult ura, quer com o fornecedora, ela mesma, de prot eínas, quer, adicionalm ent e, com o agente de cont role biológico de planorbíneos — consequentemente, de esquistossom ose m ansoni.

Sit uação dessa ordem é a que deverá prevale­ cer em tanques, açudes e lagoas em que se criem

Ti l a p i a r e n d a l l i — posto que, experim ent alm ent e

e também na prát ica, tem se revelado eficient e predador de planorbíneos, dest ruindo os ovos e as form as ju ven is17 ,2 0 .

A int rodução m ais recente de dois out ros ciclíd eo s: T i l a p i a n i l o t i c a e 7". h o r n o r u m — que,

ao que parece, deverão ter preem inência sobre

r e n d a l l i — just ificam observações bioecológicas

análogas às ant eriorm ent e m encionadas. Em

out ros termos, que se conheçam adequadament e seu com port am ent o — de alevino à fase adult a — face às diferent es etapas evolut ivas de b ionfalá­ rias. M odelos experim ent ais de cam po e labora­ t ório são ext raordinariam ent e desejáveis e, mesmo, indispensáveis.

O experim ent o prelim inar relatado revelou

que a espécie T. n i l o t i c a , reconhecidam ent e

planct ófaga, im pediu o crescim ent o de popula­ ções de bionfalárias m ant idas em aquários, em laborat ório.

Sem em bargo, são necessárias novas observa­ ções, m uit o part icularm ent e no cam po — posto que o com port am ent o em am bient es est reit os, confinados nem sempre são ext rapoláveis.

Em especial, no caso, deve-se lem brar que a espécie m encionada, segundo aut ores, é m icró- faga. Dessa form a, restaria t am bém verificar se, na nat ureza — face a am pla d isponibilidade de

alim ent os: zoo e f it o p lan t ô n ico — repet iria

at ividade predat ória em relação a desovas de planorbíneos deposit adas em suport es imersos.

Em seguim ent o às investigações relatadas, desenvolvem -se, no Laborat ório de Ecologia/ CPq RR, novos projet os — considerando-se, in clu ­ sive, a espécie T. h o r n o r u m e'os h íb r id o s m achos

resultantes de seu cruzam ent o com T i l a p i a n i l o ­ t i ca .

(11)

Janeiro-Dezembro, 1982

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

49

Superint endência de Desenvolvim ent o da Pesca (SU D EPE), Em presa Brasileira de Pesquisas

Agropecuárias (EM BRA PA ) e Universidades

Federais, Est aduais e privadas — o que, cert a­ mente,. poderia apressar e am pliar aqueles

conhecim ent os reclam ados pelo setor. Ist o é,

at endim ent o das profundas necessidades n ut ri­ cionais e alim ent ares de extensa parcela da popu­ lação nacional sem criar, inadvert idam ent e, novas áreas de transm issão de parasit oses — todas elas, ecologicam ent e cont roláveis.

SU M M ARY

Cich lid fish from the genus Ti l a p i a n i l o t i c a

(Hasselquist , 1757) ( = Sa r o t h e r o d o n n i l o t i c u s

Linnaeus, 1758) could hinder the increase of

four B i o m p h a l a r i a g l a b r a t a (Say, 1818) popula- tions of 20 specim ens (14—16m m diam et er) kept

in glass aquaria cont aining 28 liters of fresh

w ater, during five w eeks, in the laborat ory. In aquarium nP 1, was int roduced one alevin 55m m long (not com put ed to t he caudal f in ); in n? 2, one 63m m ; in n? 3, t w o alevins: 40 and 46m m ; and, f in ally, in aquarium n? 4, three spe­ cim ens w it h 38, 39 and 42m m , respect ively.

The fish ate the planorbid spaw nings laid on the aquarium w alls — t hus hindering the eclosion of the snail's eggs and therefore, the consequent increase of the four m ollusc populat ions under experim ent .

Wit h the removal of the alevins, it was observed t hat the planorbid populat ions increa- sed in the next five weeks.

There is a necessit y for field invest igat ions to evaluat e the predat ory act ion o f cichlid fish in nat ural condit ions.

REFERÊN CIA S B IB LIO G RÁ FICA S

1. CA RSO N , R. Silent spring. 368pp .;

Hongh-t on M ifflin Co ., BosHongh-t on, 1962.

2. D O U TT, R.L. & SM ITH , R.F. The pesticide

syndrom e — diagnosis and suggested pro- ph ylaxis. In : Biological Co nt r ol, pp. 3 - 1 5 , 1 9 7 1 , Hu ffaker , C.B., o p .cit , 1971.

3. H U FFA K ER, C.B. (Ed .) Biological Cont rol.

5 1 1pp.; Plenum Press, New Yo r k 1971.

4. D e BA CH , P. Biological Cont rol by Nat ural

Enem ies. 323pp ;Cam b ridge Univ. Press, Lo n d o n ,1974.

5. A RA G Ã O , M .B. Eq u ilíb r io da natureza e

cont role biológico . Rev. Brasil. M alariol. D. Tr o p . 1 9 :6 5 5 -9 5 , 1967.

6. YU K I, G. The interm ediate host of

Schist ossom a japonicum and the carp. Kyo t o Igakkai Z.J. Kyo t o Med. Ass., 16(12), 1919.

7. GO D O Y, M .P. Carpas e t ilápias. Chácaras & Quint ais, 111: 17 7 -8 0 / 1 9 6 5 .

8. CRU Z, A.M . Algu ns cap ít ulo s para a hist ó­ ria da piscicult ura no Est ado de São Paulo. Boi. Ind. An im al, São Paulo, 6 :1 7 4 -7 9 . In: Nom ura, H., 1975, op. cit ., 1943.

9. N OM U RA, H. Desenvolvim ent o atual e

perspectivas da piscicult ura intensiva e ext ensiva no Est ado de São Paulo. Annais I Enc. Nac. Lim no logia, Piscicult ura e Pesca Cont inent al, pp. 259—76. Secre­ taria Planejam ent o e Coordenação Geral, Fundação Jo ão Pinheiro, Belo Horizont e, 1975.

10. FERG U SO N , F.F. The Role of Biological Agent s in the Cont rol of Schist osom e- Bearing Snails. 107pp., US. Dept . Hlt h., Educ. & W elf., Publ. Hlt h. Serv., At lant a, 1977.

11. O LIV ER- G O N ZA LEZ.J. The possible role o f the guppy, Lebíst es ret iculat us, on the biological cont rol of Schist osom a m an­ soni. Science, 104 (2712) : 605, 1946.

12. KN IG H T, W .B.; RITCH E, L.S. & CH

IRI-BO GA , J. «Cercariophagic act ivit y of

guppy fish (Lebist es ret iculat us) as mani- fested by radioact ivit y follow ing feeding of cercariae labelled w it h radioselenium (^ ^ Se). An n . M eeting Am . Soc. Trop. M ed. Hyg. & Am . Soc. Parasit . Washigt on, 1969.

13. CH ESPA D EN , C.; KRU A TRA CH U E, M. &

H A RIN A SU TA , C. The predatory

act ivit y o f the guppy fish (Lebist es ret i­ culat us) to Schist osom a spindale cercariae. J. M ed. Ass. Thailand, 49:946—949,

1966.

(12)

50

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

Vol. XV - NPs 39 - 52

Am . J. Trop. M ed. Hyg., 15: 337—341, 1966.

15. A ZEV ED O ,P.; A LCKM IN , G .J.R.; M A LDO -N ADO, J.M ; V A Z, J.O .; P A RREIRA S,

W .B. & RO JA S, J.T. Peixes com o

auxiliares de com bat e à esquistosso- mose. 23pp. dat ilografadas. Apresen­ tado ao Dept o. Produção An im al, M in. Agricult ura e à Soc. Brasileira de Zo o t e­ cnia, em 30/ m aio/ 1960. (Não publicado).

16. M lLW A RD -D E-A N D RA D E, R. O problem a da esquistossom ose m ansoni no Lago ar t i­ ficial da Pam pulha, Belo Horizont e, M inas Gerais (Brasil). Rev. Brasil. M alariol. D. Tro p ., 1 1 :653—74, 1959.

17. M l LW A RD -D E-A N D RA D E, R. Nota ecoló­ gica sobre o Lago da Pam pulha (Belo Horizont e, M G), com especial referência aos planorbídeos. Rev. Brasil. M alariol. D. Tro p ., 2 1 :5 9 -1 1 6 , 1969.

18. M l LW A RD -D E-A N D RA D E, R.& A N TU N ES, C.M .F. Com bat e b io ló gico : Tilap ia mela- nopleura Dum éril versus Biom phalaria glabrata (Say), em condições de labora­ t ório Rev. Brasil. M alariol. D. Tro p ., 21: 4 9 -5 8 , 1969.

19. M OTTA, J.G. & G O U V ÊA , J.A .G . U t iliza­ ção de Ast ronot us ocellat us ocellat us no cont role biológico de Biom phalaria gla­ brata. Gaz. M éd. Bahia, 7 1 :55—58, 1971.

20. GO U V ÊA , J.A .V . & M O TTA , J.G. Capaci-cidade m alacófaga de alguns peixes. Gaz. Méd. Bahia, 71 : 52—5 4 ,1 9 7 1 .

21. T H YS van den A U D EN A ERD E, D .F.E. Ann Annot ed Bib lio grap hy of Tilap ia (pisces, Cichlidae). 406pp.; M us. Ro y. de 1'Afrique Cent rale, Tervuren. Doc. Zo o l., n? 4, 1968.

22. A ZEV ED O , P. Aclim ação da t ilápia no Brasil. Chácaras & Quint ais 9 2 :1 9 0 -9 2 , 1955.

23. M ANN, H. The u t ilizat io n o f food by Tilapia m elanopleura. Dum . FA O Fish Report , 4 4 :4 0 8 -4 1 0 , 1967.

24. BA RD , J. Piscicult ura Int ensiva no Est ado .do Ceará. 65pp.; M in. In t er io r / DN OCS,

Fort aleza & Cent re Technique Forrest ier Tr o p ical, Nogent-sur-M arne, France, 1973.

25. BA RD , J. Piscicult ura intensiva e ext ensiva nas regiões t ropicais. Fundam ent os lim no- lógicos de seu desenvolvim ent o racional. An ais I Enc. Nac. Lim no logia, Piscicu l­ tura e Pesca Cont inent al, 108—134. Se­ cret aria Planejam ent o e Coordenação Geral, Fundação João Pinheiro, Belo Horizont e, 1975.

26. BA RD , J. Los peces de piscicult ura int en­ siva en Ia Am erica Tro p ical. El problem a de los peces exot icos. Not es et Do- cum ent s (Nouv.Sér.) 12:31 — 49, 1976.

27. BA RD , J. & LEM A SSO N , J. Nouveau

poissons et nouveau syst èm es pour Ia pis- cicult ure en Afr iq u e. Proc. World Sym p . Warm-Wat er Pond Fish Cu lt ., Rom e. FAO Fish . Report , 5 :1 8 2 -1 9 5 , 1968.

28. B A RD , J.; LEM A SSO N , J. & LESSEN T, P. M anual de Piscicult ura dest inado a Ia Am erica Lat ina. 139pp.; Cent re Te­

chnique Forrest ier Tr o p ical, Nogent-

sur-M ane, France, 1970.

29. PA IV A , M .P. & G ESTEIRA , T.C.V . Pr o du t i­ vidade da pesca nos principais açudes pú­ blicos do Nordest e do Brasil. Not es et

Docum ent s (Nouv. Sér .), 14:55—67,

1977.

30. SILV A , A .B.; SO BRIN H O , A .C.; FERN A N ­ D ES, J.A . & LO V SH IN , L.L. Observa-

t ions prélim inaires sur 1'obt ent ion

d'h yb rid es t ous mâles des espèces Tilap ia hornorum et Tilap ia nilot ica. Not es et Docum ent s (Nouv. Sér .), 7 :1—8, 1973.

31. PLA N Q U ETTE, P. & PET EL, C. Quelques données sur Ia valeur nut rit ive de cert ains produit s ut ilisés com m e alim ent s pour l,élevage int ensif de Tilap ia nilot ica. Notes et Docum ent s Pêche Pise., (Nouv. Sér .), 1 2 :2 1 -2 9 , 1976.

32. PLA N Q U ETTE, P. & PETEL, C. - Données sur Ia produet ion en masse d'alevins de Tilap ia nilot ica. Not es et Docum ent s Pêche Pise. (Nouv. Sér .), 14: 1—6, 1977.

(13)

Janeiro-Dezembro, 1982

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

51

1'élevage int ensif de Tilap ia nilot ica. Not es et Docum ent s Pêche Pise., (Nouv. Sér .), 1 4 :3 5 -4 2 , 1977.

34. ILES, T.D . & H O W LETT, C.J. Elect ropho-ret ic analysis o f blood o f Tilap ia leu-

cost ica Trew avas and Tilap ia zillii

(Gervais) from Lake Vict o r ia. East Af r . Freshw . Fish . Res. Org., Annual Report fo r 1967, pp. 6 4 - 7 2 , 1967.

35. CH EN , F.Y. & TSU YU KI, H. Zone elect ro-phoret ic st udies on the prot eins o f Tilapia m ossam bica and hornorum and t heir Fi hybrids, T. zillii and T. m elanopleura. J. Fish . Res. Bd. Canada 2 7 :2 1 6 7 -7 7 , 1970.

36. BA D A W I, H .K. Elet rophoret ic st udies of serum prot eins o f four Tilap ia species (Pisces). M arine Bio lo gy, 8: 96—98, 1971a.

37. BA D A W I, H .K. A com parat ive st udy of t he blood of four Tilap ia species (Pisces). M arine Bio lo gy, 8:202—204, 1971b.

38. BA RO N , J. C. Note sur le sérum de 4 epè-ces de Tilap ia: Tilap ia m ossam bica Peters, 1852, T. nilot ica (Linnaeus, 1758), T. zilii (Gervais, 1848) et T. M acrochir Boulenger, 1912. Cah. O.R. S.T.O.M ., sér. Hyd r o b io l. 9 : 1 9 - 2 4 , 1975.

39. PRU GIN IN G, Y. The cult ure o f carp and

t ilapia hybrids in Uganda. Proc. World Sym p . Warm-Water Pond Fish Cu lt ., Rom e. FA O Fish. Report , 4:223-229, 1968.

40. H ICKLIN G , C.F. Fish -h yb ridizat ion . Proc. World Sym p . Warm-Water Pond Fish Cu lt ., Rom e. FA O Fish . Report ., 4:1 — 11,

1968.

41. LO V SH IN , L.; PEIXO TO , J.T. & V A SCO N ­

CELO S, E.A. Considerações ecológicas

e econôm icas sobre Tilapia sp. no Nordest e brasileiro. Anais I Enc. Nac. Lim no logia, Piscicult ura e Pesca Co n t i­ nental, pp. 227—237. Secretaria Planeja­ m ento e Coordenação Geral, Fundação Jo ão Pinheiro, Belo Horizont e, 1975.

42. LO V SH IN , L. et a l i i . Intensive cult ure of the all male hybrid of Tilapia hornorum (male) X Tilap ia nilot ica (female) in Nort hest Brazil. 18pp., FA O / CA RPA S Sym p . on Aquacult . Lat in Am erica. M ont evideo, 1975.

43. B O N ETTO , A .A . A Lim nologia com o fun­ dam ent o da exploração racional da pesca cont inent al. An ais I Enc. Nac. Lim n o ­ logia, Piscicult ura e Pesca Cont inent al, pp. 31—51. Secret aria Planejam ento e

Coordenação Geral, Fundação João

Pinheiro, Belo Horizont e, 1975.

44. LA U REN T, P. O papel dos Inst it ut os de Lim nologia e Ecologia Aplicada na explo­ ração regional dos recursos naturais reno­ váveis. An ais I Enc. Nac. Lim no logia,

Piscicult ura e Pesca Cont inent al,

pp. 53—62. Secret aria Planejam ento e

Coordenação Geral, Fundação João

Pinheiro, Belo Horizont e, 1975.

45. M l LW A RD -D E-A N D RA D E, R. Sit uação

at ual da Lim nologia, Piscicult ura e Pesca Cont inent al no Est ado de M inas Gerais (1975). An nais I Enc. Nac. Lim nologia, Piscicult ura e Pesca Cont inent al, pp. 387—400. Secret aria Planejam ento e Co ­

ordenação Geral, Fundação João

Pinheiro, Belo Horizont e, 1975.

46. ST A N LEY, N .F. & A LPERS, M .P. (Ed.)

Referências

Documentos relacionados

QUANDO TIVER BANHEIRA LIGADA À CAIXA SIFONADA É CONVENIENTE ADOTAR A SAÍDA DA CAIXA SIFONADA COM DIÂMTRO DE 75 mm, PARA EVITAR O TRANSBORDAMENTO DA ESPUMA FORMADA DENTRO DA

O emprego de um estimador robusto em variável que apresente valores discrepantes produz resultados adequados à avaliação e medição da variabilidade espacial de atributos de uma

A prova do ENADE/2011, aplicada aos estudantes da Área de Tecnologia em Redes de Computadores, com duração total de 4 horas, apresentou questões discursivas e de múltipla

Equipamentos de emergência imediatamente acessíveis, com instruções de utilização. Assegurar-se que os lava- olhos e os chuveiros de segurança estejam próximos ao local de

Frente ao exposto, este trabalho teve por objetivo avaliar discentes da disciplina de Matemática Discreta nos conteúdos de lógica formal, teoria dos conjuntos e

Tal será possível através do fornecimento de evidências de que a relação entre educação inclusiva e inclusão social é pertinente para a qualidade dos recursos de

6 Consideraremos que a narrativa de Lewis Carroll oscila ficcionalmente entre o maravilhoso e o fantástico, chegando mesmo a sugerir-se com aspectos do estranho,

Com o objetivo de compreender como se efetivou a participação das educadoras - Maria Zuíla e Silva Moraes; Minerva Diaz de Sá Barreto - na criação dos diversos