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Um modelo de hérnia incisional em coelhos

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Academic year: 2017

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Acta Cirurgica Brasileira

On­line version ISSN 1678­2674

Acta Cir. Bras. vol.12 no.3 São Paulo July/Aug./Sept. 1997

http://dx.doi.org/10.1590/S0102­86501997000300010  10 ­ ARTIGO ORIGINAL

UM MODELO DE HÉRNIA INCISIONAL EM

COELHOS.

1  

Ricardo Dutra Aydos 2  Iandara Silva Silveira 3  Ana Maria Magalhães 4  Saul Goldenberg 5

   

AYDOS, R.D.; SILVEIRA, I.S.; MAGALHÃES, A.M.; GOLDENBERG, S. ­ Um modelo de hérnia incisional. Acta Cir.Bras., 12(3):189­92, 1997.

RESUMO: Apresenta­se um modelo de confecção de hérnia incisional em coelhos. Foram utilizados 15 animais nos quais produziu­se hérnia incisional mediante secção completa da parede abdominal e da realização de sutura do plano músculo­aponeurótico à tela subcutânea e à derme seguido do fechamento da pele. Foram obtidas incisionais em todos os animais.  DESCRITORES: Hérnia ventral. Coelho. Videolaparoscopia.     INTRODUÇÃO Vários procedimentos operatórios tem sido preconizados para a correção de hérnias incisionais. A correção mediante o acesso por videolaparoscopia tem sido preconizada por alguns autores7,12,14,16,19.

Tem­se provocado defeitos na parede abdominal em ratos3,5,11, em coelhos1,4,13,18 e em cães15,17. Há relato de modelo de hérnia incisional em cão6.

O porco8 tem sido utilizado para correção de hérnias inguinais, utilizando­se telas cirúrgicas por videolaparoscopia. Existe a necessidade de estabelecer um modelo de hérnia incisional em animais de fácil manutenção e nos quais possa ser realizado o tratamento por videolaparoscopia. A proposição deste trabalho é o de apresentar um modelo de hérnia incisional em coelhos.   MÉTODO

Foram utilizados 15 coelhos (Orictolagus cunicullus) da linhagem Nova Zelândia branca, machos, adultos, com peso entre 2,7 e 3,2kg, provenientes do Biotérico Central da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

 

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Os animais foram submetidos a medicação pré­anestésica com Midazolan 0,07mg/kg e Clorpromazina 0,1mg/kg e para anestesia, Xilazina 10mg/kg e Quetamina 25mg/kg, por via intramuscular2.

O coelho foi colocado em decúbito dorsal. Antissepsia da pele com álcool iodado a 2%. Proteção com panos esterelizados.

Os animais foram submetidos a laparotomia mediana. A extremidade cranial da incisão distava 12cm do

processus xiphoideus, com 4cm de comprimento na pele e tela subcutânea e 3cm na linha alba incluindo o peritônio.

A seguir foi feito o deslocamento por cerca de 1,5cm de cada lado da linha alba (Fig. 1).  

Fig. 1 ­ Deslocamento da tela subcutânea, 1,5cm de cada lado da linha alba.

 

Foi realizada sutura contínua do plano músculoaponeurótico incisado à tela subcutânea e à derme, com chleio simples, com fio de poliglactina 910 4­0, de maneira a forçar este plano a manter­se permanentemente afastado (Fig. 2). A pele foi suturada com chuleio simples com fio monofilamentar de poliamida 000.

 

Fig. 2 ­ Pontos no plano músculo­aponeurótico que ficará suturado à tela subcutânea e derme.

 

A avaliação foi realizada por palpação diária da parede abdominal até 20º dia de pós­operatório. No 30º dia de pós­operatório os animais foram anestesiados com a mesma técnica e submetidos a

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herniários foram medidos externamente, com régua, mediante transiluminação com a luz da ótica colocada na cavidade abdominal.

Aos 60 dias, após eutanásia, os animais foram submetidos a exame macroscópico da cavidade abdominal e da parede abdominal anterior.

Após a constatação do óbito realizou­se­se uma laparotomia em "U" invertido2. Foram então anotadas e dissecadas as aderências existentes e medidos os anéis herniários. A seguir, foi retirado um fragmento da parede abdominal correspondente a hérnia e aos tecidos vizinhos e fixado em formol.

Num dos animais, antes de proceder­se a laparotomia, foi realizada insuflação da cavidade abdominal com ar e solução de formol a 10%, e somente após estar fixada é que foi feita a incisão em "U" invertido e retirada da parede abdominal de forma bem evidenciado o abaulamento na região operada.

 

RESULTADOS

Não ocorreu óbito nos animais nem pela anestesia nem por complicações do procedimento.

A palpação da parede abdominal até o 30º dia de pós­operatório mostrou hérnia incisional redutível em todos os animais.

A videolaparoscopia, realizada no 30º dia, permitiu a visibilização de anel herniário em todos os animais. Esses apresentavam forma oval e as medidas longitudinais (maior eixo) dos anéis variaram entre 3,0 e 3,4 e as medidas transversais entre 2,6 e 3,0cm.

Aos 30 dias, 10 animais não apresentaram aderências no local da hérnia; 02 animais apresentavam aderências do ceco e colo ascendente e 03 animais apresentava aderências do epiploon (Fig. 3).

 

Fig. 3 ­ Hérnia incisional com aderência do epiploon, vista interna (videolaparoscópica).

 

Todas as aderências puderam ser facilmente desfeitas, na videolaparoscopia, por tração das estruturas aderidas, exceto em um animal no qual foi necessária a utilização de tesoura.

Aos 60 dias, os animais continuavam apresentando abaulamento na área em que foi provocada a hérnia. A palpação externa evidenciava­se em todos os animais um segmento depressível de forma oval. Os anéis herniários medidos aos 60 dias apresentavam medidas longitudinais variando entre 2,8 e 3,4cm e medidas transversais entre 2,4 e 2,9cm.

Dois animais apresentavam aderências firmes do ceco, os restantes não apresentavam aderências.

No animalem que se realizou primeiro a fixação com formol sob pressão na cavidade abdominal, ficou bem evidenciada o abaulamento da hérnia além do nítido anel observado em todos os animais (Fig. 4).

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Fig. 4 ­ Hérnia incisional: corte da parede após fixação em solução de formaldeído 10%.

 

DISCUSSÃO

A anestesia utilizada promoveu relaxamento adequado aos procedimentos realizados além da simplicidade do método e segurança como já havíamos observado em trabalho anterior2. Esta anestesia permitiu a realização da videolaparoscopia sem necessidade de outros anestésicos e, sem entubação orotraqueal.

ELHAGE e col. (1994)9 e JORGENSEN e col. (1995)10 utilizaram a videolaparoscopia em coelhos. O presente trabalho mostrou a viabilidade do procedimento.

Inicialmente foi tentado provocar a hérnia coma secção apenas da linha alba sem seccionar o peritônio, o que não foi viável devido a fragilidade e aderência deste à aponeurose.

A simples secção da linha alba envolvendo o peritônio, mostrava já no pre­operatório a exteriorização de vísceras sem redução expontânea. Quando este procedimento foi realizado, apenas com o fechamento da pele, desenvolveu, em um animal, uma hérnia estrangulada que evoluiu com necrose do ceco e formação de fístula enterocutânea.

Assim sendo, optou­se por um procedimento de afastamento dos músculos retos abdominais, de forma parcial, obtendo­se resultados que simulam hérnias incisionais.

Aos 60 dias ocorreu uma discreta diminuição dos anéis herniários em relação observado com 30 dias pela videolaparoscopia, ficando difícil determinar se estas dimensões eram menores pela evolução da cicatrização ou apresentavam­se maiores na laparoscopia devido a distensão abdominal determinada pelo pneumoperitônio.  

CONCLUSÃO

O modelo apresentado é viável para produção de hérnia incisional em coelhos.  

REFERÊNCIAS

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AYDOS, R.D.; SILVEIRA, I.S.; MAGALHÃES, A.M.; GOLDENBERG, S. ­ A model of incisional hernia in rabbits.

Acta. Cir. Bras., 12(3):189­92, 1997.

SUMMARY: The authors proposed an experimental model of making incisional hernia. The experiment was carried out in 15 male New Zealand rabbits. The hernia was made by cutting the abdominal wall in the after the procedure the animals were avaible to videolaparoscopic surgery. All the animals survived with incisional hernia without clinical complications. 

SUBJECT HEADINGS: Ventral hernia. Rabbit. Videolaparoscopy.  

 

Endereço para correspondência:  Ricardo Dutra Aydos 

Rua Dr. Mario de Freitas, 164 ­ Condomínio Jardim  das Paineiras ­ CEP: 79115­800 Campo Grande ­ MS

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Data da aprovação: 11.06.97  

1. Trabalho realizado no Laboratório de Cirurgia Experimental da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), com a colaboração do Centro de Estudos da Santa Casa de Campo Grande. 

2. Prof. Assistente do Departamento de Clínica Cirúrgica da UFMS. 

3. Prof. Adjunto do Departamento de Medicina Veterinária para Desenvolvomento do Estado e da Região do Pantanal. 

4. Médica Residente de Cirurgia Geral do Hospital Universitário da UFMS. 

5. Prof. Titular em Técnica Operatória e Cirurgia Experimental do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de São Paulo ­ Escola Paulista de Medicina.

Al. Rio Claro, 179/141 01332­010 São Paulo SP Brazil

Tel./Fax: +55 11 3287­8814

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Fig. 4 ­ Hérnia incisional: corte da parede após fixação em solução de formaldeído 10%

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