Revista Brasileira de Zoologia 23 (4): 1258–1260, dezembro 2006 Mim on bennettii (Gray, 1838) é u m Ph yllostom id ae d e
m édio porte (20-25 g, 85-95 m m de com prim en to cabeça/corpo e 51-55 m m de com prim en to do an tebraço) (VIZOTTO & TADDEI
1973, JONES JR & CARTER 1976). Aparen tem en te a dieta dessa
espé-cie é com posta por in setos, pequen os vertebrados e frutos (ORTEGA
& ARITA 1997). Su a distribu ição geográfica esten de-se desde a
pen ín sula de Yucatan n o Sudeste do México até o Sul do Brasil (CABRERA 1957, JONES JR & CARTER 1976, KOOPMAN 1992, NOWAK 1994,
ORTEGA & ARITA 1997, MIRETZKI 2003), passan do por parte do
terri-tório brasileiro, geralm en te associado à Mata Atlân tica (KOOPMAN
1976, MARINHO-FILHO 1996, REISetal. 2002, MIRETZKI 2003, CHEREM
etal. 2004). Até o presen te m om en to a espécie con ta com ape-n as oito registros ape-n o Estado do Paraape-n á, todos ape-n a porção Ceape-n tro-Leste e tro-Leste (REISetal. 1999, 2000, 2002, MIRETZKI 2003), sen do
con siderado am eaçado de extin ção sob a categoria vuln erável para o Estado do Paran á (MARGARIDO & BRAGA 2004).
Os registros aq u i ap resen tados foram feitos du ran te os levan tam en tos de m am íferos realizados n o Distrito do Bu gre
(25º29’52”S e 49º39’24”W ) e n o Distrito de São Lu iz do Pu ru n ã (25º28’18”S e 49º42’53”W ), Mu n icípio de Balsa Nova, Paran á, Brasil (Fig. 1). Am bas as áreas são form adas por u m m osaico de am bien tes, en tre eles se en con tram : Floresta Om brófila Mista (em vários estágios de su cessão), Cam pos Gerais e am bien tes alterad os (p rin cip alm en te p eq u en as p rop ried ad es ru rais). As áreas estão in seridas n a Área de Proteção Am bien tal Estadu al da Escarpa Devon ian a (MIKICH & BÉRNILS 2004). O clim a da
re-gião é Cfb (tem perado) segun do a classificação de Köeppen (IAPAR
1978), com a altitu d e varian d o d e 935 a 1145 m , com u m a precipitação an u al de aproxim adam en te 1600 m m e com tem -peratu ra m édia de 18º apresen tan do in vern os rigorosos (dados obtidos n a Estação Meteorológica do Mu n icípio da Lapa). Os m orcegos foram captu rados com redes de n eblin a (6 x 2 e 7 x 2,5 m ) du ran te seis m eses em cada área totalizan do 600 redes/ n oite n as du as áreas. Os exem plares coletados com o m aterial testem u n h o foram fixad os d e acord o com VIZO TTO & TADDEI
(1973), e posteriorm en te tom bados n a Coleção Cien tífica de
COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA
Aspectos da histór
Aspectos da histór
Aspectos da histór
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11111João M . D. M iranda
2& Itiberê P. Bernardi
21 Contribuição número 1655 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná.
2 Laboratório de Biodiversidade, Conservação e Ecologia de Animais Silvestres Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná. Caixa Postal 19020, 81531-980 Curitiba, Paraná, Brasil. E-mail: guaribajoao@yahoo.com.br
ABSTRACT. NotesNotes onNotesNotesNotesononon theonthe naturthethethenaturnaturnaturalnaturalalalal historhistoryhistorhistorhistoryyyy ofofofofof MimonMimonMimonMimonMimonbennettiibennettiibennettiibennettiibennettii (Gr(Graaaaay)(Gr(Gr(Gry)y)y)y) ininininin thethe DevthethetheDevDevDevDevonianonianonianonianonian ScarScarpScarScarScarpppp, StateStateStateStateState ofofofofof ParParParParParanáanáanáanáaná, Br
BrBr Br
Brazilazilazilazil (Chirazil(Chir(Chir(Chiropter(Chiropteropteraaaaa, Phopteropter PhPhPhyllostomidae).Phyllostomidae).yllostomidae).yllostomidae).yllostomidae). Despite its broad geographical distribution, Mimon bennettii (Gray, 1838) is a poorly studied species. Five individuals were captured using mist nets in the District of Bugre (25º29’52”S, 49º39’24”W) and four in the District of São Luiz do Purunã (25º28’18”S, 49º42’53”W), both in the Municipality of Balsa Nova, State of Paraná, Southern Brazil. These areas are located within the domain of the Araucaria Pine Forest, in the region of the Devonian Scarp. In addition to the record of two new points of occurrence of this poorly know species in the State of Paraná, this study also reports on data on reproductive biology and use of daily roost by M.bennettii.
KEY WORDS. Araucaria Pine Forest; bats; distribution.
RESUMO. A despeito de sua ampla distribuição, Mimon bennettii (Gray, 1838) é uma espécie pouco conhecida. Cinco indivíduos foram capturados com redes de neblina no Distrito do Bugre (25º29’52”S, 49º39’24”W) e quatro no Distrito de São Luiz do Purunã (25º28’18”S, 49º42’53”W) ambos no Município de Balsa Nova, Estado do Paraná, sul do Brasil. As áreas encontram-se nos domínios da Floresta Ombrófila Mista, e na região da Escarpa Devoniana. Além do registro de dois novos pontos de ocorrência de uma espécie pouco amostrada no Estado, este trabalho também apresenta alguns dados sobre a biologia reprodutiva e utilização de abrigo diurno por M.bennettii.
1259 Aspectos da história natural de Mimonbennettii na Escarpa Devoniana...
Revista Brasileira de Zoologia 23 (4): 1258–1260, dezembro 2006 Mastozoologia da Un iversidade Federal do Paran á (DZUP) sob
os n ú m eros tom bo: 208, 209, 210, 211, 212 e 241 respectiva-m en te.
No Distrito do Bu gre foram coletados cin co exem plares de Mim on bennettii den tre ou tras sete espécies em 96 captu ras. Esses exem plares foram u m m ach o e u m a fêm ea, im atu ros (10-I-2005), u m a fêm ea adu lta lactan te (12-I-2005) e dois m ach os im atu ros (14-I-2005). Em São Lu iz do Pu ru n ã foram coletados q u atro exem p lares d en tre ou tras 14 esp écies e 168 cap tu ras. Esses exem plares foram dois m ach os adu ltos (10-VII-2005 e 25-XII-2005), além de u m a fêm ea adu lta lactan te e u m in divídu o lacten te agarrado ao ven tre da m ãe (25-XII-2005) q u e foram m en su rados, m arcados e liberados.
Os caracteres m orfológicos d iagn ósticos p ara a esp écie foram observados n os exem plares em q u estão o q u e perm itiu su a segu ra iden tificação de acordo com as ch aves artificiais de VIZOTTO & TADDEI (1973) e JONES JR & CARTER (1976).
Além dos exem plares captu rados observou -se em cin co oportu n idades M.bennettii u tilizan do com o abrigo diu rn o u m a cavern a calcária n a área de São Lu iz do Pu ru n ã (con h ecida re-gion alm en te com o Toca da On ça). Os agru pam en tos de m or-cegos observados foram com postos por sete, q u atro, três, q u a-tro, dois, u m e u m in divídu os respectivam en te. Os m orcegos se en con travam p ou sad os, d ep en d u rad os n o teto, p elos p és, en tre 0,4 e 1,7 m do solo, sem con tato corporal en tre os in diví-du os. Estes estavam localizados en tre 4 m e 8 m da en trada da cavern a, n u m local com baixa lu m in osidade n atu ral. Esta cavern a apresen ta u m a abertu ra elíptica h orizon tal (3 m de altu -ra e 30 m de largu -ra). Não foi p ossível avaliar as dim en sões in tern as da cavern a.
Além d e Mim on ben n ettii, u m exem p lar d e Desm odus rotundus (E. Geoffroy, 1810) e u m de Sturniralilium (E. Geoffroy, 1810) foram cap tu rados sain do da cavern a, n o en tan to, n ão
foram avistados agru pam en tos destas espécies n o abrigo. Os n ovos pon tos de ocorrên cia de M. bennettii são im -portan tes n o qu adro da con servação de m orcegos, prin cipal-m en te n o âcipal-m bito estadu al, já q u e, até o cipal-m ocipal-m en to eracipal-m co-n h ecid as ap eco-n as oito p oco-n tos com registro d esta esp écie co-n o Paran á (MIRETZKI 2003, MARGARIDO & BRAGA 2004) (Fig. 1).
A presen ça de q u atro in divídu os im atu ros e de u m a fê-m ea lactan te n o fê-m ês de jan eiro e u fê-m a fêfê-m ea lactan te e u fê-m filh ote lacten te em dezem bro podem in dicar q u e a espécie es-tava em período reprodu tivo. Mesm o q u e pou cas estas in for-m ações podefor-m ser ifor-m portan tes para se con h ecer algu n s aspec-tos reprodu tivos de u m a espécie pou co am ostrada e pou co co-n h ecida (WILSON 1979).
A cavern a, con h ecida com o Toca da On ça, con sta com o pon to tu rístico n o Gu ia Tu rístico de Balsa Nova e recebe u m baixo n ú m ero de visitan tes por fin al de sem an a (5-20 pessoas/ fin al de sem an a). Em bora a espécie ten h a sido registrada u tili-zan do ocos de árvores com o abrigo diu rn o (TUTTLE 1976), ARITA
(1993) descreve a u tilização de cavern as com o abrigo p or M. bennettii n o México. MIRETZKI (2003) rep orta a ocorrên cia de M. bennettii em u m a cavern a calcária paran aen se (con ju n to Jesu í-tas/ Fada n o Parq u e Estadu al de Cam p in h os). ORTEGA & ARITA
(1997) apon tam q u e M.bennettii é u m a espécie segregacion ista, n ão partilh an do o abrigo com ou tras espécies ou o dividin do com algu m as pou cas, com o observado por TRAJANO (1984) on de
M.bennettii foi en con trado coabitan do com Carolliaperspicillata (Lin n aeu s, 1 7 5 8 ), D esm odu s rot u n du s (E. G eo ffro y, 1 8 1 0 ), Diphyllaecaudata Sp ix, 1823 e Myotisnigricans (Sch in z, 1821). O tam an h o dos agru pam en tos observados con diz com o obser-vado por ARITA (1993) q u e descreveu colôn ias peq u en as com
m en os de dez in divídu os. Apesar de D. rotundus e S.lilium te-rem sido captu radas sain do da cavern a, o n ão avistam en to de colôn ias e o redu zido n ú m ero de captu ras n estas con dições n ão
1260 J. M. D. Miranda & I. P. Bernardi
Revista Brasileira de Zoologia 23 (4): 1258–1260, dezembro 2006 p erm itiram afirm ar, m as su gere a coabitação d essas com M. ben n ettii. Em n en h u m a o p o rt u n id ad e fo ram o bser vad o s D. rotundus e S.lilium p róxim os de M.bennettii ou n a m esm a gale-ria ou salão. Isso pode in dicar u m certo segregacion ism o com o ORTEGA & ARITA (1997) propu seram em su a revisão.
Apesar de MIRETZKI (2003) con siderar a região de Balsa Nova
com o de baixa prioridade para in ven tariam en tos de quirópteros n o Estado, os presen tes registros relevam a im portân cia de m ai-ores esforços n essas regiões, bem com o a n ecessidade de estudos em regiões con sideradas de alta prioridade para u m a m elh or caracterização deste grupo an im al n o Estado do Paran á.
AGRADECIMENTOS
Ao CNPq p ela bolsa de estu dos con cedida ao p rim eiro au tor; a Fern an d o C. Passos (UFPR) p ela revisão d o texto. À Cerâm ica Brasília e Roberto Ku lig pela perm issão e apoio para trabalh ar em su as propriedades. A Kau ê C. Abreu , Dan iel M. Mellek; Rodrigo F. Moro-Rios, Lu an a C. Mu n ster, Nath alia Y. Kaku -Oliveira, Cibelle S. Seru r-San tos, Maria Fern an da M. Aze-vedo-Barros e Cleverson Zapellin i pelo au xílio n as atividades de cam po.
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