1199000859UTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
A RAZ~O
INSTRUMENTAL
NA ORGANIZAÇ~O
DO
TRABALHO
E
NAS TEORIAS
ORGANIZACIONAIS:
um estudo crítico
Banca examinadora
Profa. Dra. Yolanda F. Baleio (orientadora) Prefa. Dra. Liliana R. P. Segnini
Prof. Dr. Ruben C. KeinertzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
FUNDAC~O GET0LIO VARGAS
ESCOLA
DE ADMINISTRAC~O
DE EMPRESAS
DE S~O
PAULO
CARLOS ROBERTO FERRARI
A RAZ~O
INSTRUMENTAL
NA ORGANIZAC~O
DO TRABALHO
E
NAS TEORIAS ORGANIZACIONAIS:
um estudo critico
Disserta,~o apresentada ao
curso
de Pds
Graduaçio
da
FGV/EAESP,
~reade Concen-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
~ ~undaçãoUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAG e t u l i o V a r g a s . ' :. . . •.;,'".,D'",.•••
'iGV
IHGFEDCBAd : C O & d e A d m i n i s l r a w o ' ; . . . . . . \ .E m p r e s a s d e 5 . 1 0 P a u l o ,? ."
~ 1lllIIIlllililiillllllllf'
1199000859
traçio:
Organizaç5es,
Re-cursos Humanos e
Planeja-mento
Estratégico,
como
requisito para a obten,~o
de
titulo
de
mestre
em
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAAdm ín í st r ac ão ,
Orientadora:
Profa.
Dra.
SUI-iÁI;: IO
I I'-lTF!ODLJÇí~OzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 1
1. PRESSUPOSTOS
TEdRICOS
_
"..j.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA1.1. Os paradigmas sociológicos de Burrell e
Morsan 6
1.2. Breve histórico da Escola de Frankfurt 10
1.2.1. A dialética da razio iluminista e a critica
da ciência 16
1.2.2. A EscolaONMLKJIHGFEDCBAd e Frankfurt e a racionalidade
tec-nológica____________________________________ 25
1.3. Aspectos metodológicos ~_________________ 30
2. A RACIONALIDADE
DA ORGANIZAC~O
DO TRABALHO
SOB
O REGIME
CAPITALISTA
_
2.i. Características gerais da racionalidade
capita-lista no processo produtivo 33
2" r _ •'")IHGFEDCBAA Organi2a~io do trabalho nos primórdios do
ca-pit<3.1ismo:: do 1 1P I.J.t ti ns '-out'-!;:,~j5 tern" ao ap<3:'-ec
2.3. A organizaçio científica do trabalho 50
2.4. A organizaçio do trabalho na moderna sociedade
industrial~ a automaçio 60
3. TEORIAS ORGANIZACIONAIS
E LEGITIMAC~O
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA753.1. ViS()E'Ssociais de mundo e a "id(:;-ologi<ladmzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAí ní s+
t r<."\ti'Ia" ._._.__._._._.__. ._.__._._._. .. ... 76
3.2. A abordagem ideológica na literatura sobre
teorias organizacionais 89
3.3. Teorias organizacionais: sua contaminação
pe-la "ideologia administrativa" e a sua crescen-:
te importincia 101
4. CONCLUS~O
1085. REFERiNCIA BIBLIOGR~FICA
115Aos
Agradecimentos
Yolanda Ferreira Baleio, pela orientaçio e
dedica-çio inestimáveis
izyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
INTRODUC~O
A evolu~âo das condiç5es de trabalho e da orga-nizaçio do trabalho em companhias ind~striaisNMLKJIHGFEDCBAe outras or-ganizações modernas, constitui atualmente um importante cam-po de pesquisa. Existem, basicamente, duas grandes orienta-ç6es nas pesquisas feitas sobre estes aspectos: uma voltada para a organizaçao do trabalho e outros elementos constitu-tivos da estrutura das organiza~5es, que leva em conta os objetivos dominantes das organizações (eficiência econ8mica, principalmente). Este tipo de orientaçio gera o que poderia ser cham~do de teoria organizacional gerencial. A outra orientaçâo investiga prioritariamente a situaçio individual
(com algumas inferências para o aspecto coletivo) da situa-çâo de trabalho, considerando principalmente o conte~do da tarefa. Enquanto que a primeira orientaçio lida em sua maior parte com administraçio de negócios, a outra enfoca as con-diç5es de trabalho do ponto de vista do operário.
~(oeszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
~\NMLKJIHGFEDCBA
t :zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
(Brav~rman~ 1974) revela que, para grandes grupos
de trabalhadores e operários de baixos salários~ o trabalho
tem sido desqualificado ~ ~mpobr~cido como resultado do
in-cremento da divisio do trabalho. Se esses resultados estio
e é bem provável que sim, podemos concluir que a
(':'Fic:Lêncian ãozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAdeman d a ne c e s s a rLameu te qUE~ as pe~;soas tenh am
condiç6es de trabalho satisfatórias e motivantesu
A falta de confronto e integraçio de conhecimentos
neste campo seria um aspecto importante na explicaçio dessas
c on tr ad:i.•:;:ÕE:S; • Outro estaria ligado ~ aus~ncia de uma
re-flexio crítica em amplas áreas da teoria das organizacôes;
existe uma lacuna no estudo dos problemas ligados com
racio-nalidade e ideologia, principalmente nas pesquisas
orienta-das de maneira gerencial.
Parece ser clara a existência de duas formas
típi-cas de análise associadas a estas orientaçôes de p (~.~:;qui .."
trabalhadores em termos econBmicos; aqui produtividade e
eficiência sio aspectos centrais.
A
outra objetiva conseguiro máximo bem-estar dentro do trabalho em termos d~
auto-rea-lizaçio, sa~de mental, etc; aqui aspectos econ6micos s50
ig-norados e os valores humanísticos são relevados.
diferentes análises ocorrem devido ao
aspecto ideológico ai envolvido. Ao se estudar a
organiza-çio do trabalho e as condições de trabalho,
pecto técnico ligado de uma forma íntima a variáv~is
indivi-duais como motivaçio, satisfaçio, etc, e de SEUS reflexos a
um nível macro-social. Na medida em que aspectos sociais s~o
en vol ....•Ld o s , o problema da objetividade e o do ponto de
vis-ta d e c '1 <:\s ';:;fE: va í perm(~;::l.·í d (·2' +or1iI<\I.in de '1é'v'(~''1 Seu -;:.r e su'1tONMLKJIHGFEDCBA: i ~. : " .
Um primeiro passo para a superaç~o deste problemazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
é admitir sua exist&ncia, ou seja, há uma relaçio entre
vi-sSes sociais de mundo - ideo16gicas ou ut6picas (para usar
uma expressio de Mannheim) - e conhecimento, sempre que
es-te se liga a aspectos sociais.
Para M. Lbw~ (1987), as pessoas que estudam a
rea-lidade social, podem ser comparadas ao pintor de uma paisa-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o
que elas vio pintar depende do que elas podem ver,lsto é, do seu observat6rio. Segundo ele, esta metáfora
to-pol6gica encontra-se em Rosa de Luxemburgo e Mannheim, e e
boa o suficiente para explicar o significado de visSes
so-ciais de mundo e de suas limita,ões. Quanto mais elevado o
mirante onde se encontra o pintor, maior o seu horizonte e
maior a sua percep,io da totalidade da paisagem.
mals baixos permitiriam a visão de partes menores desta
to-A
questio que se coloca a partir dai é saber qualseria o mirante, o ponto de vista de classe e a
mundo epistemologicamente privilegiados, isto
é,
de re lat í va-:
mente mais propicios ao conhecimento cientifico da realidade
social. Lbw~ (1987), a partir de sugestões de Luk á c '::;,
Lucien Goldmann e Ernst Bloch, admite a seguinte
o proletariado como classe universal tem seus
in-teresses coincidentes com os da maioria da humanidade;
por-tanto, ele nio é obrigado a esconder o conte~do histórico de
sua luta pela abolição de toda dominação de classe. Ele é,
por conseqUencia: '
pr iITI(~ir<:l classe tevolucionária cuja visão
4
A organizaç~o do trabalho na moderna sociedade ca-pitalista e feita~ obviamente~ a partir de uma determinada
visio social de mundo quezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé a dos gestores e/ou proprietá-rios do capital.
A
partir daí, acreditamos que exista umaracionalidade no processo de organizaç~o do trabalho que re-flita os interesses das elites dirigentes. Como esta racio-nalidade nio leva em conta os interesses globais da socieda-de, ela certamente gera condiç5es de trabalho, no mínimo, tensas.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o
estudo desta racionalidade na organizaçio dotrabalho e consequentes condiçôes de trabalho, e das formas encontradas pelas elites dirigentes de legitimaçâo dela através das teorias sobre organizaç5es, sio os aspectos cen-trais deste trabalho. Pretendemos através do estudo das no-vas tendincias da organizaçio do trabalho e das teorias or-ganizacionais modernas, explicitar o seu aspecto ideológico e as tens5es resultantes.
Acreditamos que este exame crítico deva ser feito a partir do paradigma humanista-radical de Burrell p Morgan, que nos permitirá criar um observatório da realidade social, que terá como n~cleo a lscola de Frankfurt e autores que se encaixam no mesmo paradigma.
Para isso, colocaremos rapidamente os paradigmas sociológicos de Burrell e Morgan e em seguida faremos um pe-queno histórico da Escola de Frankfurt, abordando aspectos da sua criaçio e a posiçio assumida por ela sobre estes
5
6
:1.UTSRQPONMLKJIHGFEDCBA1 1 :t uzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAOs paradigmas socioI6gicos de BurreIl e Morgan
Estes autores classificam Sociologia em termos de
du as d:i.m,~;·n-::)51:-::·S:,1 dzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAí men são "subj(:~·tiva·-·objetiv;:;l."e <:lo NMLKJIHGFEDCBAd ímen são
'" r (~9u "1 aç:ão ._.mud<:"\nç:a r adic al " • A primeira está ligada com o
ponto de vista da filosofia da ci&ncia e o outro com uma
vi-são ampla da sociedade <teórico-social). (BurreI1 e Morgan,
l.ONMLKJIHGFEDCBA9 7 ' i , p ••i::!·--4)
Na dimensão da filosofia da ciência, os autores
distinguem um elemento subjetivo e um objetivo. Ci&ncias
so-CIaIS baseadas na orientação subjetiva sio
anti-positivis-tas, isto é, consideram o mundo social como sendo construido
de individuos e que só pode ser entendido com base numa
po-sição onde os individuos participam e sio envolvidos nas
atividades que estio sendo estudadas. De acordo com esta
vi-sio conhecimento neutro e objetivo nio é possivel. O enfoque
subjetivo também enfatiza a característica espontânea da
na-tureza humana e prefere métodos de pesquisa que permitam a
análise de idéias subjetivas e experiências em conexão com
fenBmenos sociais e mentais.
D el0~!TIe nto o bjet ivo , por· oLIt r o 1 ado, é p o sit ivist a
no sentido de que é baseado numa epistemologia que pretende
t--::XP '1an ar e predizer eventos e fenBmenos sociais através da
procura de modelos regulares e relações causais entre
d~fe-rentes componentes. Representantes deste ponto de vista
as-sumem que a expansio do conhecimento acontece
acumulativa-mente, isto é, o conhecimento novo obtido pela apIica,io de
métodos científicos, ~ somado ao conhecimento existente. A
I-I
am-'7zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
pIamente determinado por fatores situacionais e ambientais.
A dimensio teórico-social ~ caracterizada por duas
vis5es básicas da sociedade. Uma delaszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé chamada de sociolo-gia da regulaçio e distingue-se, entre outras coisas, por'
considerar a sociedade como sendo estável~ uma estrutura so-eial integrada e suportada por elementos e funçôes que aju-dam a manter a sociedade unida e a evitar conflitos. Assume-se que há um consenso básico com relaçâo aos valores
domi-Bu r r el I Morgan (1979) chamam a outra VJ.Se\O. ,.~ de
sociologia da mudança radical. Esta é caracterizada pela &n-fase no processo e aspectos de mudança, mais que na
estabi-I í oad e ,
A
sociedade é considerada como sendo afetada poroposi,ôes e conflitos de interesses entre grupos sociais e classes, pela dominaçio dos diferentes grupos ou classes so-bre os outros~ que sendo diferentes, possuem valores
dife-Os autores comparam as duas vis5es através do se-fiJuinte qu adr o (p. j.8 ) :
Sociologia da regulaçio Foco:
Sociologia da mudança radical Foco:
integraçâo socia"! e ajuste
mu dan c a r a díc a l
conflito estrutural modos de dominaçio contradiçâo e conflito
e man c ipac ~~o
0'( dem soe i::11
c:on ~:;en jl,D
s o l .i d a r íe d ad e
satisfaçâo de necessidades
realidade (a que existe) potencialidade (aquilo que f
8zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Alguns conceitos utilizados pelos autores precisam
de explicaç6es. Por consenso eles entendem concordância
vo-luntária e espontânea sobre valores. Solidariedade passa
pe-la visio de que a amizade entre individuos e grupos é
pri-enquanto que a emancipaçio ressalta o interesse de
certos grupos na sua liberaçio das condiç6es sociais
exis-tentes e das condiç6es hierárquicas de dominaçâo. A
satisfa-çio de necessidades significa, para a visio de regulaçâo,
que diferentes tipos de arranjos sociais e fen8menos podem
ser explicados com base nas necessidades dos individuos ou
do sistema, isto
é,
que a sociedade é primordialmenteestru-turada como reflexo de tais interesses. No ponto de vista
da mudança radical o sistema social existente impede a
sa-tisfaçio das necessidades humanas.
Os paradigmas da ci&ncia social para Burrell e
(i979)!. podem ser sumarizados da seguinte formazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1- Paradigma funcionalista: é caracterizado por uma
teoria científica objetiva, incluindo, entre outras coisas,
uma epistemologia positivista e uma visio determinística da
natureza humana e eventos sociais, assim como um enfoque
te ór ic o no con s en s o , int(~gr·(;lç~\O scc í a l (~ "j;;tatu~>quo". Auto···
res relacionados: Comte, Durkheim, Parsons, etc.
2- Paradigma fenomenológico: a teoria social é a
mes-ma do funcionalismo; entretanto, o ponto de vista da
filoso-fia da ciência é diferente. Há uma visio subjetiva, ant
i·-positivista sobre o conhecimento e releva o escopo da açio
"1iVi"" (;.:• Autores relacionados: Schutz, Cicourel, Garfinkel
situa-ç5es micro-sociológicas.
3- Paradigma estruturalista radical: como no caso do
funcionalismo, a filosofia da ciênciazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé objetiva, enquanto
qUE a infase da tEoria social é no conflito, condi~5es de
domina~io e a possibilidade de superaçio do sistema social
existente.
A
maioria dos pensadores marxistas pertence aes-ta corr ente ,
4- Paradigma humanista radical: a visio científicazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
p :::\'( :::\, I:':" ~:; tNMLKJIHGFEDCBAe paradigma ~ subjetiva, enquanto que a visio
so-assim como a do estruturalismo radical, enfoca o
con-flito, condi~5es de dominaçio e mudança radical. O paradigma
humanista radical é o oposto do funcionalista.
A
estepara-digma pertencem autores como Marcuse, Habermas,
IIIich, Lukács e Gramsci.
Embora a tentativa de BurreI1 e Morsan de
cons-truir uma tipologia possa ser criticada como sendo
esquemá-tica ou simplificada, acreditamos que o seu uso com o
propó-~;:i.to de d.;,z'fini'.-um "no rte " tf2'Ó'.-icop,':1xa o estud o a qu,e nos
propomos é bastante consistente. A reflexio crítica sobre a
racionalidade da organizaçio do trabalho e das teorias
orga-nizacionais que legitimam tal organiza~io, torna-se, a pal-
,-tir do estabelecimento deste referencial, mais esclarecedora
na medida em que há o reconhecimento tácito de que
observa-dor e objeto estio numa relaçio dial~tica e que o conflito
nio pode ser negado dentro do contexto estudado, por
1.0zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
:i.UTSRQPONMLKJIHGFEDCBA1 1(2 1 1zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBABreve hist6rico da Escola de Frankfurt
Por Escola de Frankfurt entendemos nio uma
enti-dade física ou geográfica~ mas sim uma teoria social e um
grupo de intelectuais a ela associados. Procura-se, segundo
designar através deste termo a
instituciona-dos trabalhos de um grupo de intelectuais marxistas~
,"
nio ortQdoxos~ que na década de 20 permaneceram à margem de
c:0'-:i, de o 1Ó9ica , ~;;eja E:m ~;;u a '1 inha mi '1 it a n t (~e pa1"I:i dá,I" iONMLKJIHGFEDCBAa l i .
(p ••l0)
o
embriio da Escola de Frankfurt surs
e por vo 1tade 1922 quando~ na Turingia, estudiosos resolvem criar um
grupo de trabalho com a finalidade de documentar e teorizar
os movimentos operáriOS europeus. Este grupo de estudiosos
marxistas composto de nomes como o de Felix Wei'1 (seu
idea-1iz adCo l- ) , Georg Lukács, Friederich Pollock, I{a'!" 1
AU9ust Wittfosel e outros, escolheu a Universidade de
Frank Pur t como sede para o instituto que estava nascendo e
que passaria a chamar-se Instituto de Pesquisa Social,
ofi-cialmente criado em 3 de fevereiro de 1923.
o
Instituto, apesar de vinculado à Universidade deFrankfurt, preservou sua autonomia, segundo Freitas (1986),
9 r';:H;:as· <''1.o f in",n c:i,a!TIe n t o s e nE: 1-o s o dE: F e1í x We i1, fu n d<'i.d o1- d o
emi-grado para a Argentina. Esta situaçio, no mínimo curiosa,
permite aos intelectuais do Instituto uma independincia e
uma liberdade de pensamento difíceis de serem encontradas
numa época tâo turbulenta quanto aquela.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o
seu primeiro diretor, Carl Gruenberg,aos estudos do Instituto uma orientaçâo nitidamente
documen-tária, comprovada através da criaçio de uma revista que
pro-cura simplesmente descrever as mudanças estruturais na
orga-nizaçâo do sistema capitalista~ na relaçio capital-trabalho
e nas lutas e movimentos operários.
Com a sua sUbstituiçio em 1930 por Max Horkeimer,
intelectual marxista, professor da Univesidade de Frankfurt,
o Instituto assume uma preocupaçio com a análise crítica dos
problemas do capitalismo moderno, privilegiando claramente
a superestrutura, e acaba atraindo para o seu imbito
inte-lectuais como Pollock, Wittfogel, Fromm, Gumperz, (.)(.1o r n o,
Marcuse, e outros que passaram a contribuir regularmente
pa-ra as publicaç5es do Instituto.
Um dos trabalhos mais significativos desta fase
&
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA"E,:::,'\: ud os sob r e Auto·•..id:::dh::·! f i : F<llT1íli".""!.ONMLKJIHGFEDCBAum est u d o ('!'mpí'(ico
realizado em 1936, sob a coordenaçâo de Horkeimer e Fromm,
que procura obter informações sobre a estrutura de
persona-lidade da classe operária européia que, segundo os
pesquisa-dores, teria perdido a consci€ncia de sua missâo histórica,
submetendo-se a formas de dominaçâo e exploraçâo totalmente
contrárias ao seu interesse emancipatório.
Esta fase inicial do Instituto foi fortemente
in-fluenciada pelas convicç5es políticas e rreocupaç5es
j~rzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
"o esboço de uma teoria materialista,
social-psi-cológica dos processos hist6ricos societários".<Schmidt,1980
p.72)
Este esboço permitiria a compreensio do porqui da
classe operária n~o ter assumido o seu papel de classe
revo-lucionária, através da análise do contexto macroestrutural
do capitalismo p suas relações com a microestrutura da
famí-lia burguesa e proletária. Revela-se nesta fase inicial,
portanto, a influ0ncia de Reich e Fromm (freudo-marxistas) e
da teoria social de Horkeimer.
Com o fechamento do Instituto em 1933 pelo governo
nazista (já previsto por Horkeimer, que havia criado filiais
do Instituto em Genebra, Londres e ~arls), suas atividades
s~o transferidas para Genebra, passando a ter como
princi-pais colaboradores neste período~ Pollock, Tillich, Beard,
F.
de Saussure, Fromm, Neumann e outros. Ainda emi934~ Horkeimer negocia a transferincia do Instituto para
Nova York, com o apoio de Nikolas Murra~, diretor da
Univer-sidade de Col~mbia, dando inicio ao período de emigra~io do
Instituto para os Estados Unidos onde o mesmo permanece até
1950.
Durante este período a produçio do Instituto e
marcada por pesquisas de f81ego na área sociológica comoUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA, I ,IHGFEDCBAA
H
Personalidade Autoritária <1950,'J obra coletiva de
cientis-tas americanos e alemâes como Frenkel, Brunswik, Levinson,
Sanford, Morrow e Adorno, onde é feita uma reflexio
origi-nal e profunda sobre as condiç5es sociais e políticas da
so-CIedade e sua interaçio com a dinâmica psíquica do
indiví-duo; a coletânea de ensaios escritos por Horkeimer e Adorno
t3
,';\I:iO',"d"i,1TIzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAaNMLKJIHGFEDCBAe v i : 1.uc: i o d"I, .•• Cu1tu',"<:1,'" nzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA<~,~:;mod (:~"(n a s s oc i0:d ,1d 0:~:" de
massa~ onde se configura uma ruptura desses autores com o s•.>
trabalhos anteriores e uma radicalizaçâo teórica que
poste-riormente levariam Adorno à sua concepçio da dial&tica
nega-tUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAi'./:::1 .1 1
Este trabalho marca, segundo Freitas (1986)~ o
abandono por parte de Horkeimer e Adorno da promessa de
emancipaçio cio homem contida na concepçio kantiana da razio
libertadora e dos paradigmas do materialismo histórico.
Afastando-se igualmente dos paradigmas do positivismo e
neo-positivismo em voga em sua época, os autores acabam
assumin-do uma postura pessimista e refugiando-se~ Horkeimer, no fim
da vida , na teologia~ e Adorno, na dialética negativa e na
Entre os anos de 1950 e 1970 o Instituto vive uma
nova fase de sua existincia com a sua volta para Frankfurt,
onde foi calorosamente recebido. Horkeimer continua como seu
di'I" t."tO'," até 1967, quando o cargo passa a ser exercido por
Adorno.
O
grupo de intelectuais que participavam doInstitu-j'~ , 'I' ' ~'
uma re(uçao slgnlTlca'lva nesta fase: Marcuse fica
nos Estados Unidos, Loewenthal torna-se diretor dau Voz das
Wittfogel e Neumann aceitam c~tedras em
Washing-ton e Nova York; Fromm incompatibilizou-se com o grupo
ain-da nos primeiros anos do período de emigraçio~ Benjamim
sui-ciciou-se na fronteira espanhola em 1943 e Bloch aceita uma
c~tedra em Tuebingen, na Alemanha Oriental, onde permanece
Uma nova geraçio de intelectuais vai ocupar os
lu-gares vagos, onde se destaca Habermas que, com o auxílio de
r
FI" iedebur'g!1 Oelher e Weltz, realizam um estudo entre os
14zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
PolíticazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA(1961) - d~ntro da linha d~ trabalhos ant~riores
c omo ....(.:,F'(~r' s;c>n a1 i d ,,\d (:':'r-luto r'ii:áI' ia". F'es q1..1.isa .-s (;~ n es t ("~t r aba'"
lho o pot~ncial autoritário e/ou democrático da geraç~o
es-tudantil do p6s-guerra.
o
potencial autoritário detectado pelo estudo nanova g~raç~o é colocado em cheque com a sJbita eclosio do
movimento estudantil no início da década de 60, revelando um
potencial político nio conformista na nova geraç~o. A
lide-ran~a do movimento estudantil nos anos 66-67 (Rudi Dutschke
principalmente)~ desapontada com o autoritarismo do partido
comunista (SED - SOZIALISTISCHE EINHEITSPARTEI DEUTSCHLANDS)
da RDA~ respaldava a sua crítica e seus protestos nas
refle-xôes criticas de Marcuse, Adorno ~ Horkeimer. A radicalidade
assumida pelo movim~nto estudantil assustou os
frankfurti-nianos que procuraram combater esses asp~ctos do movimento.
(Haber ma s u,:::·aa €·>q:JY·(-::·'::;'·::;~~o"f;.:\,::;.ci~~.ITI()de' es qu er d a' paY':,lr ot
u-lar o movimeni:o).
A incapacidade de ambas as partes de superar suas
divergências leva ao fracasso a t~ntativa de transpor a
t~o-ria critica em prática revolucionária: Habermas retira-se
para Starnb~r9, Marcuse e Fri~d~burg, apesar de partidários
de transforma~ôes radicais no sistema universitário,
reJei-tavam as propostas de grupos como Baader-Meinhoff e da
Ro-te Armée Fraktion, favoráveis à luta armada. Adorno tem uma
morte prematura, Horkeimer retira-se para a Suiça e Marcuse
+'a z c r'
:a
I ca s a po ':;;:i. <;:(5(7~S e ~:;i!TIP1if :ic a i;Ões d a " 1~(~w L eft". F'o routro lado os líder~s estudantis desapontados com seus
ído-los, optam, alguns, pela carreira universitária, outros se
filiam a partidos políticos e uma minoria parte para a luta
Al~zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
.I. ~,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Passado esse período turbulento, tem início uma quarta fase de trabalho marcada por duas correntes dentro da Escola da Frankfurt: uma que pretende organi2ar e preservar o pensamento de Benjamin, Horkeimer, Adorno e parte do de Marcuse, representada por nomes como o de Tiedemann e A. Schmidt, e outra que pretende superar os paradigmas propos-tos por seus mestres~ representada por Habermas, Wellmer, Buerger e outros.
Pode-se dizer, segundo Freitag (1986), que a teo-ria crítica atravessou tr&s períodos até agora: um primeiro marcado pela influência de Horkeimer que durou até a volta do Instituto para Frankfurt em 1950; um segundo quando Ador-no assume a direçio de Instituto~ introduz o tema da cultu-ra e desenvolve a sua teoria estética; e finalmente um terceiro - a partir de 1970 - quando Habermas assume sua li-derança e prop6e a teoria da açio comunicativa, como alter-nativa para o impasse criado por Adorno e Horkeimer.
Vamos nos ater agora às contribuiç5es da Escola de Frankfurt em dois temas de especial interesse para o nosso trabalho: a dialética da raz~o iluminista e a crítica da
1.6zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
A dialética da razio iluminista e a critica da
F·•.ank +ur t
Um dos aspectos mais relevantes da Escola dezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
é a sua contribuiçio ímpar para a discussio da
dialética da razio iluminista e a critica da ciência. Ao
longo de sua existência, seus representantes se posicionaram
de forma contundente sobre v'rias vers5es de ciência, cujo
substrato comum seria a razio instrumental.
A
críticareali-zada por eles sobre o desenvolvimento da técnica e ciência
abre horizontes para o entendimento, entre outras
coisas, das diferentes racionalidades que permeiam a
pesqui-sa sobre teoria das organizaç5es e condiç5es de trabalho,
além dos aspectos ideológicos inerentes a estas
racionalida-des... Os pioneiros na discussio da dialética da razio
ilumi-nista e a crítica da ciência, que segundo Freitag (1986) se
desenvolveu
em
três grandes momentos, foram Horkeimere
I~lclor·no.
Para Horkeimer e Adorno (1947), o saber produzido
pelo Iluminismo nio conduzia à emancipaçio e sim à técnica e
à ciência moderna, que mantém com seu objeto uma relaçio
di-t :::\to:•.iaI::
J··))E-~sdel;;(~ITIP\·(;~ o Ll umí ní smo , no sent í do de um pen···
sar que faz progressos, perseguiu o objetivo de livrar os
homens do medo e de fazer deles senhores. Mas, completamente
:L1umí nad :::\~I a terra resplandece sob o signo do infort~nio
Horkeimer denuncia o caráter alienado da ci&ncia e
técnicas positivistas, cujo substrato comumzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé a razio inzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAf;;o_o
trumental. A ess&ncia da Dialética do Esclarecimento
consis-te em mostrar como a razio abrangente e humanística, posta a
serviço da liberdade e emancipaçio do homem, se atrofiou,
resultando na razio instrumental.NMLKJIHGFEDCBA
J I Hoj(""o , a regressio das massas consiste na
incapa-cidade de ouvir o que nunca foi ouvido, de paI par com as
pr6rrias mios o que nunca foi tocado, uma nova forma de
ofuscamento que supera qualquer ofuscamento mítico vencido.
Através da mediaçio da sociedade total, que amarra todas as
relações e impulsos, os homens sio convertidos de novo
jus-tamente naquilo contra o que se voltara a lei do
desenvolvi-mento da sociedade, o princípio do si-mesmo; em simples
exemplares da espécie humana, semelhantes uns aos outros, em
virtude do isolamento na coletividade dirigida pela coaçio.
Os remadores que nio podem falar entre si sio atrelados,
to-dos eles, ao mesmo ritmo~ tal como o trabalhador moderno, na
no cinema e na sua comunidade de trabalho. Sio as
condições concretas de trabalho na sociedade que imp5em o
conformismo, e nia aquelas influ&ncias conscientes, as quais
fizeram com que, por cima disso, os homens oprimidos se
em-brutecessem e se distanciassem da verdade. A impot&ncia dos
lrabalhadores nio é apenas uma finta dos dominantes, mas a
consequ&ncia 16gica da sociedade industrial, na qual
final-mente se transformou o fado da antiguidade~ no esforço de
eo,::.C:;:1.1='::'1001"00_1 hE: •.0'/ (Hork Eoi1TI.:;.°ro <;,0 AdOO(nC) ~I 194-?, p •.53 )
Ho r k e i me r inicia a discussio deste tema, quando
r.:'osc OI"e v e "Te orLa cr at IcaONMLKJIHGFEDCBAf i : t('!.°clor:i.~.;o tr ad í cí ona l" em 1937, on d e
:1.8zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
(Descartes x Marx), denunciando o caráter sist&micoNMLKJIHGFEDCBAe
con-servador do primeiro e a dimensio humanística e
emancipató-ria da segunda. Para ele a teoria tradicional caracteriza-se
por apoiar-se em conceitos universais (captados
indutiva-mente ou dedutivamente), onde as manifestaç6es empíricas
en-caixam-se no sistema teórico montadoIHGFEDCBA1 , ...~~p r Io r i" ou "a
postE"-riori", estabelecendo-se uma relaçio de subordinaçio e
inte-graçio entre as sentenças gerais e os fatos empíricos. Para
(1937a), na teoria tradicional nio há diferenças
temporais no sistema e a contradi~io é condenada
defendendo-se o princípio da identidade:
dades do sistema. A eletricidade nio existe antes do campo
elétrico nem o campo elétrico existe antes da eletricidade,
tanto quanto o leio como tal nio preexiste nem surge depois
dos le6es particulares.( ..• ). Alteraç5es no sistema, seja a
introduçio de novos g&neros, seja outra qualquer,
concebidas costumeiramente no sentido de que as dete r m í.n a-:
ç6es sio necessariamente rígidas e por isso inadequadas. Nem
tampouco as alteraç6es do sistema sio concebidas como
resul-tado da alteraçio da relaçio com o objeto ou mesmo dentro do
próprio objeto, sem que este perca a sua identidade.( .•• ).
Esta lógica nio está em condiç5es de compreender que o
ho-mem se transforma e apesar disso permanece idêntico a si
f(t(:,"::;ITID ."zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA(FI ••i!50 )
Já a teoria crítica nio se esgota no
relacionamen-to da realidade aos conceitos, ela orienta-se pelo futuro,
procurando integrar um dado novo no corpo teórico já
elabo-rado, relacionando-o com o conhecimento que já se tem do
~zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA{",
.1·YzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
uma rela~io orgânica entre o sujeito e o objeto: o sujeito é
um sujeito histórico que se encontra inserido num contexto
igualmente hist6rico que o condiciona e molda~ ele assume a
condiçio de analista procurando colaborar no
redirecionamen-to do processo histórico para a criação de uma ordem social
justa 8 igualitária:
"O juízo ·;;;ol:>r·ea n e c e s síd ad e d a história p'!l.ssadaE~
presente implica a luta para a transformaçio da necessidade
cega em uma necessidade que tenha sentido. O fato de se
aceitar um objeto separado da teoria significa falsificar a
imagem, e conduz ao quietismo e ao conformismo." (Horkeimer,
Para Horkeimer (1937b), praticar teoria e
filoso-fia é algo inseparável da idéia de nortear a reflexio com
base em juizos existenciais comprometidos com a liberdade e
a autonomia do homem:
se o pensamento especializado, man ten d o+ s e
num conformismo continuo, rejeita todo tipo de ligaçâo
in-terna com os pretensos juízos de valor, e se empreende com
extremo rigor a separação entre pensamento e decisio
práti-sua vez a falta de llusoes• ·1 ,., "··1 d
t01 eva a
~ltimas consequências pelo niilismo dos donos do poder.
Se-gundo este pensamento, o juizo de valor pertence à lírica
nacional ou serve para ser proclamado diante do tribunal
po-pular, mas nunca diante da instância do pensamento. A teoria
critica que visa à felicidade de todos 05 individuos, ao
contrário do servidores dos Estados autoritários, nio aceita
Em 1961, o tema novamente vai ser abordado através
de um debate entre Popper e Adorno, que incluir~ os
mentos epistemo16gicoszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAdo positivismo e da dialética.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA +un da-:
Popper defende um positivismo sofisticado, a dmi-:
tindo uma diferença entre o objeto das ci&ncias sociais e o
das naturais. Para ele a cientificidade e a objetividade do
pensamento te6rico estão asseguradas quando respeitados os
princípios básicos da l6gica formal cartesiana: o
procedi-mento indutivo ou dedutivo, o princípio da identidade, a
in-tersubjetividade e a coerência interna da teoria, etc.
O
su-jeito não se envolve com o objeto, garantindo a neutralidade
da cii~ncia; constatando "o que é" e s í lenc í ando ,
cientista, face ao que poderia ser ou deveria ser.
enqu,:\nto
P ;.:\r a a5 c:iênc iasso ciai~5 t01" n a1- ._.Se'-:i.a n ecE~s s,,11-io
um mét:odo <·~.d:1.c::Lon<:1.1 <:1.0 d ,':\ '1ó:::J:i.c a fo'(ITICl.l, <=11..1.0.' se ch am:::\" 1ONMLKJIHGFEDCBAô ~ . J:i
.-c a ~!;itua.-c:ional"), também cbietí vo , p r eteu d en do "a c omp r e en s âo o!:J;ji:.:·tiv,·:\JId o s f·,·:I.to~:;::,1 açf:(o foi obJet í vaNMLKJIHGFEDCBAe ;:~.P·(Op·(i:i:l.d::;.à ~".i·-·
A situação é analisada até que os elementos que
pa-recem inicialmente ser psicológicos (desejos, motivos,
lem-sejam transformados em elementos da situação
(re-construç5es racionais e teóricas).
Para Adorno, Popper é positivista pelo mero fato
de atribuir ao método (regras da l6gica formal e
situacio-na 1 ) o papel predominante no processo de conhecimento. Para
ele a preocupação fundamental da dialética e da teoria
crí-tica nio é meramente formal, mas sim material e existencial.
A Sociologia concebida como dialética e critica
não pode deixar de guiar-SE pela perspectiva do todo, ainda
quando estuda um objeto particular, vendo este todo nia como
pas-21zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
sado e como aspiraçio de realizaçio do futuro.
"A totalidade do social nio possui vida autônoma acima dos elementos que a compSe e daqueles que, na realida-de, sio constitutivos. Ela é produzida e reproduzida pela determinaçio de seus movimentos específicos ••• Essa totalida-de da existência nio deve ser isolada da cooperaçio e do an-tagonismo de seus elementos, como também nenhum elemento po-de ser entendido até mesmo no seu funcionamento sem conside-reçio da totalidade, que tem sua essência própria no movi-mento do específico. Sistema e especificidade se dia reci-procamente e somente desta forma sio passíveis de
conheci-mento.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAu
(Adorno, 1961, p.127)
A crítica passa a ser o elemento que permeia todo o processo de conhecimento, vem a ser o elemento constituin-te do método e da teoria critica que se fundem com o objeti-vo político e social a ser alcançado. Este tema vai ser aprofundado na Dialética Negativa (1970), que consistiria no esforço permanente de evitar falsas sínteses, propostas de-finitivas, visSes sistêmicas totalizantes da sociedade. Pro-cura salvar aquilo que nio obedece à totalidade, ao sistimi-co, aos fatos verificados.
Segundo Freitag (1986), Adorno identifica a razio instrumental com o positivismo de Popper através de virios aspectos, por exemplo: na medida em que usa a razio instru-mental, gera sua contestaçio, já que o positivismo nio se permite questionar as bases nas quais se assenta sua lógi-ca. Deixando de refletir sobre a origem histórica de seu pensamento e aceitando, implicitamente, a divisio do
uma falsa neutralidade e objetividade~ proibe-se de refletir
sobre os pressupostos de sua ciência, ignorando assim as
re-laç5es de troca e os interesse de lucro e dominaçio que
con-dicionam sua própria irea de saber. Assim a ciência
positi-" •.• naturaliza os processos sociais~ atribuindozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà
din&mica histórica um funcionamento sist&mico, regido por
Iei s ab s o lut a szyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAE' í mut áve í s ;" (F'r eita q , l.98é, p.~:j(õ)
Para Adorno (1961):
"'i~ di Per en c a en tre <\, pe r-cep c ão dialética (:O~ a po si»
tivista da totalidade se radica no fato de que o conceito
d ial ét ic o de total Ld ad e proc u ra se r "obj(~tivo" no sentido de
intencionar a compreensio de cada fenBmeno social singular,
enquanto que as teorias sist&micas positivistas procuram
me-ramente sintetizar de forma nio contraditória suas
afirma-~oes sobre o real, situando-as em um contínuo lógico, sem
reconhecer os conceitos estruturais mais elevados como
con-di c õe s dos fatos a eles ligados. Enquanto o positivismo
critica esse conceito de totalidade como retrocesso
mitoló-9:i.co, pr'é .-c::í.e n t :ff :í.co , ele próprio mitologiza a ciência em
sua luta contra o mito." (p.21)
Na dialética adorniana~ o conceito de teoria, ao
remeter a um futuro melhor, remete automaticamente à
dimen-sio da prática; esta no entanto, é totalmente excluída do
raciocínio positivista que '.1& a prática do cientista
concei-""rO,IHGFEDCBA
.:: ... ::1zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
to d e ·"cr:(tica.'l.. En quanzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAt o <:;·~;t::':1.~:;i:::Jn:i.t'ic<3.pal",1.F'oppe'( a t"l.l·"·
sificaç~() de uma hipótese dada, através de dados empíricos
que demonstram o contrário ou devidozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà descoberta de erros
IONMLKJIHGFEDCBAó ~ . : J:i.c os no p1"oc:(:O~j!; ~:;o dedut:i.vo , })cr:I:I:ic<..•.1 1 sí 9n i t'iCa Par:::l f!)dor'...
no e os teóricos da Escola de Frankfurt a aceitaçio da
con-tradiç50 p o trabalho permanente da negatividade, presente
em qualquer processo de conhecimento ..
o
tema volta à berlinda em 1972, desta vezenvol-vendo Habermas e Luhmann, onde Habermas~ ao defender
teoria da sociedade, revela uma afinidade eletiva com a
teo-ria crítica, enquanto Luhmann, ao defender uma versio
sofis-ticada da teoria sist&mica, se aproxima do moderno
pensamen-Luhmann procura aplicar os conceitos cibernéticos
ao estudo da sociedade, recorrendo para isso a modelos
bio-(fech<.i.do)
Ciente das divergências entre um sistema biológico
e um sistema sócio-cultural (aberto), defende a
1.elEI:i.c o s "
tese de que à medida que abandonamos a dimensio biológica e
avançamos em direçio a sistemas sócio- culturais, as
alter-nativas de comportamento do sistema aumentam, impondo-lhe a
necessidade de opç5es. Uma das funç5es centrais do sistema
c on s ist e n a "v e du c ão da comple:-<id<:'\de".Ou an d o se í n st i tucí o>
naliza um novo tipo de comportamento sob a forma especifica
de papéis sociais, outros papéis socialmente concebíveis e
possíveis estio sendo excluídos. O sistema oferece
orienta-ç6es comportamentais que facilitam a reduçio da
complexida-dep exonerando o ator da obrigaçio de fazer uma escolha ..
por Luhmann, ele, segundo Habermas, se perde em
contradi-ç6es que bloqueiam sua teorizaçio: a indistinçio entre
in-i . ~ 4zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
formaçio pelo de significado~ a distinçio entre sociedade e
sistema social e a definiçio priorit~ria da funçio sistêmica
COITIO n"cri:"du,;;\(ode c omp LexzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAid ad e" con s t í tuem os tema s vul nerzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAá-:
veis da teorizaç~o de Luhmann. Apesar de representarelTl um
esforço louvável, ele nio consegue supera.r os pontos de
es-trangulamento da teoria sistêmica: o seu conservadorismo
im-plícito e a dificuldade de conceptualizar os processos
his-tóricos; seu conformismo explicito, ao postular~ como
com-portalTlento social lTIaisadequado, aquele institucionalizado
seu positivismo disfarçado, ao atribuir, ao
qu.e é~ valor su.perior ao que deixou de ser e poderia vir a
"~~er.'"(F"r"<-:dt,:\g, i9B6, p.58)
~s três vers5es da ciência apresentadas ( t eoria
tradicional, o positivislTlo popperiano e a teoria
de Luhmann), é comum a concepçio instrumental da
s í ~;têmiea
natu.ralizaçio dos fen8menos sociais, a expulsio do conflito
e da contradiçio do modelo teórico~ o que equivale a negar a
su.a exist&ncia na realidade.
Acreditamos que, durante o estudo da
racionalida-de que perlTleia a organizaçâo do trabalho e das suas formas
de legitimaçio, explicitaremos a existência desta mesma
25
1.2.2. A Escola de Frankfurt e a racionalidade
tecnológi-ca
A abordagem da Escola de Frankfurt sobre os
aspec-tos da racionalidade~ dentro da moderna sociedade
indus-trial, de particular interesse para este trabalho, vai ser
explicitada em textos de Habermas e Marcuse, principalmente.
Para H. Marcuse, racionalidade tecnológica e
domi-naçio tecnológica sâo conceitos fundamentais para qualquer
um que deseje entender o capitalismo moderno e a sociedade
altamente industrializada.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o
conceito de racionalidade tecnológica estabeleceuma atitude com relaçio à vida social e à natureza, na qual
o controle instrumental, amparado pelo conhecimento
tecnoló-gico e cientifico~zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé um componente fundamental. Dentro deste
espírito, a maximizaçio de recursos, a minimizaçio da
escas-sez econ8mica e outros problemas concernentes ao
relaciona-mento homem-natureza, assim como o relacionamento entre
pes-soas, só podem ser tratados com sucesso, a partir desta
abordagem científica e tecnológica.
Assim sendo, a racionalidade tecnológica ou,
pa-ra aplicar um conceito similar, a racionalidade
instrumen-tal, constitui um modelo de prática social onde os problemas
sio definidos em termos técnicos e assume-se que podem ser
resolvidos com ajuda do conhecimento científico e
26zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Em várias publicaç5es, Marcuse ataca essa
influ&n-da racionalidade instrumental na moderna
sociedade industrial. Marcuse (1964), escreve que:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
II ••• 0 esforço para a exploraçio do homem e da
na-tureza, torna-se cada vez mais cientifico e racional. A
ad-ministraçio científica e a divisio do trabalho aumentaram
enormemente a produtividade, com um aumento dos padr5es de
vida de parte da populaçio. Ao mesmo tempo, essa
racionali-dade produz um modelo de pensamento e comportamento que
justifica e absolve sempre todos os aspectos destrutivos e
opressivos dela. Racionalidade técnica e cientifica sio
so-l idá r:í.a ~:;<;1, n oV ::T\S 'to]"mas d e c o n t ro 1e s;,o c:i. ,,.1 •, ' IONMLKJIHGFEDCBA( p •1.46 )
Ele afirma ainda que a racionalidade tecnológica
tende a tornar-se totalitária. Tende a criar um pensamento
unidimensional, uma sociedade unidimensional e um ser humano
unidimensional, isto
&,
um tipo de pensamento (homem,socie-dade) sem negaç6es e sem dialética. A ideologia da
raciona-lidade tecnoldgica penetra a mente das pessoas, exercendo
uma influ&ncia crescente sobre elas.
Durante o período do capitalismo liberal, a
socie-dade organizada e as instituiç5es guardaram uma certa
dis-tância da esfera privada e da vida particular das pessoas. A
rroduçio e distribuição em massa da moderna sociedade
indus-trial, auxiliada e apoiada pela psicologia industrial,
tec-nologia de comunicação e psicologia de vendas provocam um
tipo de controle social que incorpora toda a pessoa,
27
o
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAcapitalismo avançado tem criado uma segundana-tureza humana, na qual o homem é moldado como um produto, de
maneira agressiva e até libidinosa. Esta segunda natureza
serve de base n~o somente para a ideologia da tecnologia,
mas para a legitimaçio dela em si. A importincia disso para
a preservaçio da ordem social existente e para bloquear a
negaçâo, dificilmente pode ser superestimada.
Como se pode ver, Marcuse nio discute a
racionali-dade tecnológica simplesmente em termos de sua influ&ncia na
esfera de produçâo. A questâo nio é apenas produçâo e
traba-lho; a vida social e privada sio afetadas, em distintosNMLKJIHGFEDCBAn i
-veis, pela racionalidade tecnológica e pelo aparato
metodo-lógico-cientifico nos quais a racionalidade é transformada.
Habermas (1971) trata a mesma questâo a partir de
um outro insulo. Ele faz uma distinçâo fundamental entre
sistemas de açio racional (instrumental) e sistemas de
inte-raçio simbólica.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o
mundo instrumental é caracterizado pelaativida-de humana governada por regras técnicas baseadas em
conheci-mentos empíricos. O mundo da interaçio simb6lica refere-se a
aç5es e condiç5es envolvendo normas e estruturas de
refer&n-eia para atividades humanas, isto
é,
para o mundo da vidasócio-cultural. Aç5es instrumentais sâo dirigidas pelo
dese-Jo de satisfazer as necessidades materiais do homem, ao
pas-so que o mundo da interaçio simbólica cria estruturas
ins-titucionais para questBes políticas, sociais e culturais.
De acordo com Habermas, os indivíduos sob a
socie-dade capitalista moderna, caracterizada pela alta
tecnolo-gia, estio perdendo a sua percepçio da diferenciaçâo entre
Com a institucionalizaç~o do progresso técnico e científico, o potencial das forças produtivas tem assumido uma forma em virtude da qual os homens perdem a consciência do dualismo do trabalho e da interaçio. Ele indica uma linha de desen-volvimento em curso na qual a estrutura institucional de referência da socledade tende a ser absorvida pelos sub-sis-temas de aç~o instrumental.
A dominância desses sub-sistemas atua como uma ideologia legitimadora de novas políticas, as quais sio tratadas como problemas técnicos, bloqueando assim quest5es associadas com raz6es práticas. Para Habermas (1968),
"Acompanhamos o processo da uracionalizaçio de ci-ma para baixo" até o ponto em que a própria técnica e a pró-pria ciência começam a assumir, na forma de uma consciência comum positivista - articulada como consciência tecnocráti-ca -, o valor histórico de uma ideologia-sucedâneo das ideo-logias burguesas desmontadas." (p.328)
Dentro deste prisma, soluç6es técnico-científicas
para problemas da sociedade suplantam discuss6es políticasNMLKJIHGFEDCBAe
2 9zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Dentro da organizaçâo do trabalho e da maioria das
teorias organizacionais modernas~ o discurso científico de
base positivista e a racionalidade instrumental, sio
aspec-tos que~ dentro da abordagem crítica proposta pelos autores
30
Asp~ctos metodológicos
trabalho encara, como j~ foi dito, a teoriazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
'J '
I,~rzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA1\:r c::':1. num ~;:"t:;'ntido<3,mplo!1no qual ,'1. Escol;,l F 'C'an1<fu'ct
constitui uma estrutura teórica importante, à qual sio
in-t'I"od U:ff. í d o s , quando necess~rios~ aspectos de autores que
po-dem ser considerados como pertencentes ao mesmo paradigma da
Escola de Frankfurt - humanista radical. Neste sentido ele
usa esta visio ampla para criticar, essencialmente, a
ra-cionalidad~ inerente ao modo de produçio capitalista Conde a
racionalidade dos meios técnicos e a racionalidade da
domi-naçio se confundem) e as suas conseqUencias para o homem,
assim como procura clarear os fundamentos ideológicos das
t(:;:O'f' ia,:; O)" ::J,3.1'1i:;r,ac :i,on ,:1,i '':;que 1(:;'::J i t: imamONMLKJIHGFEDCBAf E : ~ ;t:a )"ac ion ,11i dadfê: ••
Esperamos que confrontando os resultados de várias
P(~'squi~::,as, consigamos esclarecer como a racionalidade
t:ec-n o l ósíca vai P,H',:\ o "ch~\o da fábrica" e c rí a novas (:OllCl:i,(;:ÕE:S
de trabalho. Do estudo das modernas teorias organizacionais,
esperamos explicitar os seus aspectos ideológicos e tornar
claro como elas legitimam procedimentosNMLKJIHGFEDCBAe funções. Para as
propostas deste trabalho, estas questões e esclarecimentos
sio de uma importincia fundamental ..
Numa tentativa de organizar um método de
interpre-taçio e anilise que consiga satisfazer os objetivos
propos-tos por este trabalho, resolvemos adaptar a sugestio feita
por Mats Alvesson (1987) e usar, numa perspectiva menos
am-biciosa, dois níveis de interpretaçio. Esses níveis
31zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Num p}- :iom(;~ir o, d (d: f.:-:°r+n o s +emo s ri<1 "}_ ,::;0ao"1id::3.dr.'!o i:.'mp:í0-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
rí c a " ou na pesqui~;<:\de s c rí t iva de la , I~ r e al í d ad e ab o r d ad a
entio, o desenvolvimento da organizaçio do trabalho
dos primórdios do sistema capitalista até os nossos dias e
das condições de trabalho resultantes, principalmente com
respeito a aspectos de qualifica~io e controle.
A
~nfasese-rá dada nas condiç5es de trabalho das amplas categorias de
trabalhadores assalariados.
o
segundo nível de interpretaçio é teórico.relacionaremos as teorias do tipo explanatórias/normativas
com a realidade empírica tratada no primeiro nível. As
teo-rias deste tipo tendem a estabelecer condiç5es,
de controle das organizaç6es e das condições de trabalho, de
maneira a atingir objetivos como efici~ncia~ por exemplo.
A
't o
C°.-1:1<:a°.-,
no segundo nível, será baseada no primeiro e
entre outras coisas, as idéias que pretendem
fu n ciC)n a r cli mo U!TI ~Jl.oda, U!TI man ua 1 "par a ap 1ic a cÕE~S Pr át ic<.".\ sNMLKJIHGFEDCBA
e ob.í et í va s" no s pr obl ernas re lac í on ad o s com i= o ~ ::o ~ :;< 3 .
0.-e:':I01id,3.°0-de . Enfoc:a r emo s as inc:ongruências e os conflitos entre a
realidade empírica e certas teorias sobre ela. t~I'::o :ion con
00-gruências e conflitos seria interpretados a partir de um
ponto de vista ideológico. Pretendemos uma validaçio para a
tese central de que parte significativa da teoria das
orga-nizações cumpre funções ideológicas e pode ser
considera-da como uma expressio da racionalidade atual e da
32
2.
A RACIONALIDADE
DA ORGANIZAÇ~O
DO TRABALHO
SOB O
3 3zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Características gerais da racionalidade capitalis-ta no processo produtivo.
No processo de produçio capitalista - desde o seu desenvolvimento a partir do Uputting-out s~stem}}, até a for-ma mais recente da divisio pormenorizada do trabalho e a sua automaçâo percebe-se sempre a utili2a~~o racional de re-cursos~ quer pelo seu emprego econ8mico (com o mínimo dis-pêndio de tempo e de recursos para a consecuçâo do fim visa-do), quer pela adequaçâo desses recursos aos fins estabele-cidos.
uma observaçio mais cUldadosa mostra que a racionalidade deste processo está orientada pela natu-reza dos objetivos a serem atingidos. Como a produçio capi-talista tem como fim ~ltimo a expansio do capital, através da produ~âo e apropriaçâo da mais-valia, a sua racionalidade concorre para atender aos interesses dos detentores dos meios de produçâo. Os interesses do homem pensado em sentido gentrico e universal, ficam preteridos com relaçio aos de alguns homens historicamente determinados, pertencentes a classe dos que têm o privilégio de possuir em suas mios o poder econ6mico.
o
preC1SO, portanto, estar atento ao sentido daracionalidade inerente ao sistema capitalista, tanto na uti-lizaçio de recursos como na coordenaçio dos esforços cole-tivos dos homens.
0
a racionalidade instrumental, apoiada numa ciência e técnicas positivistas, que estario presentes.o
a mesma racionalidade detectada por Mannheim em Weber - a3 4zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
"Uma Organi2açáo é racional se os meios mais efi-cientes s~o escolhidos para a implementaçio das metas. No entanto, sáo as metas coletivas da organi2açáo (leia-se: do capital) e nio as dos seus membros individuais que sio leva-das em consideraçio. Deste modo, o fato de uma organi2açio ser racional nio implica necessariamente que seus membros ajam racionalmente no que concerne às suas próprias metas e aspiraç5es. Muito ao contrário, quanto mais racional e
buro-crática se torna uma organi2açio, tanto maiszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA05 membros
in-dividuais se tornam simples engrenagens de um máquina, igno-rando o propósito e o significado de seu comportamento."
(Chiavenato~ 1979, p.21, v.2)
A organizaçio e adequaçio dos meios para tal e a escolha entre alternativas que melhor se encaixem neste pro-cesso, levam a uma crescente racionalizaçio do mundo, basea-da em critérios técnicos e científicos. Racionali2açio da sociedade seria um processo onde cada vez mais setores dela seriam submetidos a esta lógica.
Estas ligaç5es do conceito de racionalidade ins-trumental, característico do sistema capitalista, a crité-rios técnicos e científicos, vio ser criticadas por Marcuse, que acredita existir por trás desta lógica uma aus&ncia de-liberada de reflexio quanto aos interesses globais da socie-dade.
apenas de maneira acessória, a partir do exterior, que s~o
impostos a técnica fins e interesses determinados
intervim na própria construção do aparato técnico; a técnicazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
é sempre um projeto histórico-social; nela é projetado
aqui-lo que a sociedade e os interesses que a dominam tencionam
fazer com o homem e as coisas. Tal objetivo da dominaçio ézyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
"m::,:\t.:õ:·r:i.a l' .,".,nNMLKJIHGFEDCBAi!.:" ~ ::'~ :;" '.tnt.:;·d:i.d'·:l., P ert en c (~. ,3. p.1" ÓP r i'.:lo +'o·cma da. 1-a ._.
z ão téc:n:i.c<;1.".(I"iar·cuse,J96!.5)
Desta man eír a , a técnica e a ciincias modernas,
para Marcuse (1964), vão respaldar a dominaç~o do homem pelo
homem, dando legitimidade a este processo através da
amplia-ção das comodidades da vida e produtividade do trabalho:
" O ~:; p r in c:I:p:i.os d a c:ii n ci,!\ mo dE~1-n a fo1-,!\m E~~:;tli.cIa dos
."'":lo p·l":i.o·I":i.·"d e modo a pc.d(~··I-(::"·11Is e r vír de in s tr ument o s c on ceí+
tuais para um universo de controle produtivo que se perfaz
o operaclonalismo técnico passou a
corres-ponder ao operacionalismo prático. O método cientifico que
levou à dominaçâo cada vez mais eficaz da natureza passou a
1~(Jr·n e c er tanto conceitos puros, como os instrumentos para a
dominação cada vez mais eficaz do homem pelo homem através
da dominação da natureza •.. Hoje a dominação se perpetua e
se estende nio apenas através da tecnologia, mas enquanto
tecnologia, e esta garante a formidável legitimaçio do poder
politico em expans~o que absorve todas as esferas da
cultu-ra. Nesse universo a tecnologia provi também a formidável
racionalizaçâo da nio-liberdade do homem e demonstra a
im-po~:>s :i.b:i.I idad€-~ }.'téc n i c an dE~ Se r e1e a ut.:i3rio mo E~ d (:-~ dE~I:E~r m i n a r
a pr6pria vida. Isso porque essa nio-liberdade aparece~ n~o
como irracional ou política, mas antes como uma submissio ao
36zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
a produtividade do trabalho. Assim a racionalidade
tecnoló-gica protege, em vez de suprimir, a legitimidade da
domina-çâo e o horizonte instrumentalista da razio se abre sobre
Neste sentido, também coloca Covre (1985), que a
técnica é um pilar fundamental sobre o qual se assenta o
processo de acumulaçio capitalista contemporâneo, tanto no
ambito da produçâo (maquinaria), quanto no da organizaçâo.
Ambas as técnicas ( maquinaria e organizatória), tim suas
origens em momentos históricamente determinados do
desenvol-vimento do capitalismo.
segundo Covre (1985), - a técnica
ma-guinaria - acha-se vinculada ao próprio surgimento da
ci&n-cia no contexto do capitalismo no século
XVII
viés de transfiguraçio do conhecimento da natureza em
técni-ca, procura prover a necessidade do capital quanto à
con-traçio do tempo de trabalho (e, portanto, com maior
possi-bilidade de arropriaçâo do sobre-trabalho). Para isso
esta-belecerá um processo em que a economia do tempo de trabalho
nio será algo que favoreça o trabalhador, mas ao contrário,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
tor n ar ···::,e·-,i um instr umen to c ad ,1 ve:i!: m::~.:i. ~::. sof :i.~:;t :i.c<:\do dNMLKJIHGFEDCBAe e>('-'
ploraçâo do trabalhador.
).Oli:e~::.ultada:í.qUE-~<1 con c ep c ão de P\-odutivid<HIE~
Sl?~'-Ja diferente para o trabalhador e para o capitalista.
En-quanto que para () primeiro produtividade significa produzir
mai s!I sem tanto dispindio de energia (e, portanto, com
me-lhores condiç6es de trabalho, de salário e de consumo), para
o capitalista a mesma palavra diz respeito a condiç6es de
máxima produtividade física e com o mínimo salário." (Covre,
A segunda - a técnica organizatóriazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAac l+a+s e
vin c uzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA1::;l.da ao desenvolvimento ,1 part Lr
de uma perspectiva epistemológica específica, o positivismo,
que em fins do século
XIX~
vai projetar essas ci&nciascomo técnicas sociais. Ela torna-se imprescindível par"a
que o processo se desenvolva como um todo.
ela é o instrumental das burocracias/tecnocracias
p~blicas e privadas (os técnicos e administradores já
preco-nizados no passado), no desempenho de suas funç5es nas
em-presasNMLKJIHGFEDCBAe no Estado, norteadas pela racionalidade formal
(oriunda da razio isenta):
" .•• este processo reveste-se do saber
pretensamen-t e n eu t r o , tecnologizado, da tecnocracia, seja p~blica ou
que~ em nome da eficácia, autoriza-lhe posiç5es de
Na racionalizaçâo do trabalho, do ponto de vista
do capitalista, está claro que a perspectiva dominante é a
de que, sempre que os recursos materiais e conceptuais sejam
utilizados de forma econ8mica na consecuçio da máxima
expan-s50 do capital, eles estario sendo usados de maneira
racio-nal, ou seja, é a racionalidade instrumental que se
apresen-ta; segundo Parro (1988):
"A obtençâo de preços mais competitivos e o
pro-dutividade do trabalho, advinda do aproveitamento máximo da
mazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAt ér1.a····PrzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAim ,,,-, da reduç50 no desgaste dos instrumentos de
produçâo e do emprego da ci&ncia e tecnologia na invençâo e
aperfeiçoamento de máquinas e ferramentas, bem como na
divi-s10 do trabalho orientada para a produtividade máxima. Da
a coordenaçio do esforço humano colet1.vo, do
modo como é realizada no processo de produç1o capitalista,
com a divisio pormenor1.zada do trabalho e a imputaçio de
atividades parceladas aos trabalhadores que atuam sob o
co-mando do capital, tem como resultado o aproveitamento máximo
da força de trabalho paga pelo proprietário dos meios de
produção e a elevaç50 da produtiv1.dade necessária à expansio
c01'\ s t,11'1tNMLKJIHGFEDCBAr::: do C ,IP it:;~.1u.'1 ( P •!.:5!5 )
lógica, a racionalidade é indicada
simplesmente pelo fato de se analisarem os meios e
adequá-los
da melhor forma possível à consecuçio do fim visado.O
, no mínimo, tautológico. Na medIda em que
questiona a validade dos fins a serem atingidos, e sta r
a·-cionalidade cai por terra, ela mostra-se insuficiente para
aos interesses da humanidade como um todo. Baran e
Sweez~ (1966), ilustram este fato:
"'A (~~mp\"esa gi~~c'\nter et ir a da es Fe r a do mer c a d o
grandes parcelas da atividade econBmica, sujeitando-as à
ad-ministraçio ci<::ntificam<::nte planejada. Essa modificaçio
rp-presenta um aumento continuo na racionalidade das partes do
sistema, mas nio é acompanhada de qualquer racionalizaçio do
todo" Pelo contrário, tendo as mercadorias os seus preços
fixados nio segundo os custos de produção, mas de modo a
prop or cion ar o mAximo lucro po~;;.~;:ivE·I,o pr Ln c Ic Lo do "qu:id
81e'-mento promotor da organiza~io econ6mica racional,
tornando-se, ao invés disso, um fórmula para manter a escassez emzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
mei o d a ab un d âncí a po tcncí a l •..• (p.334)
Também Braverman (1974), concorda com este
aspec-tzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAo :
"Os mais avan cado s mé tod o s da cí ên cia 12 do cálculo
nas mios de um sistema social que é anta.g8nico
necessidades humanas nada mais produz que irracional idade;
quanto mais racionais os cálculos, mais veloz e
calamitosa.-ValTlos verificar, a partir desta ótica, como se dá
o desenvolvilTlento da organizaçio do trabalho dentro do
sis-tema capitalista, dos seus primórdios até os nossos tempos.
Ressaltaremos que o uso da técnica, seja ela na produçio ou
na organizaçio dos esforços coletivos no trabalho, obedece a.
uma racionalidade instrumental, que só considera
COITIOváli-dos os interesses dos detentores dos meios de produçio.
Pro-curaremos, tambélTl, mostrar que a institucionalizaçio do
pro-gresso técnico e cientifico tem assumido um aspecto
profun-damente ideológico, legitimando a ordelTlsocial através, COITIO
coloca Marcuse, da unidimensionalizaçio do homem e da
': J . . . .,
i. .oIHGFEDCBA• • C .l izyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAA organizaçio do trabalho nos primórdios do ca-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
pitalzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAi~:;mo: do I.' FIutt ili 9 .-o ut .-~:;~st ~:mil a o <:"l pa1- (~:c
i.-mento do sistema fabril.
Já nos primórdios do capitalismo, torna-se claro
que a ci~ncia como valor libertador do homem e que poderia
propiciar uma vida melhor para todas as classes sociais vai,
na realidade, transformar-se em instrumento de exploraçio de
uma classe sobre a outra.
I~ c í ênc í a , que f8ra a pedra angular do processo
libertador do homem dos valores medievais, da sua luta
con-tra o poder da Igreja, contra os valores calcados na
tradi-çâo, esta ci~ncia libertadora sobre a qual se apoiou a
bur-guesia revolucionária, se desvirtua.
A
burguesia, que trazno seu bojo, a vocaçio dominante, se apropria desse
conheci-mento de caráter universal e vai usá-lo como instrumento
pa-ra manter e legitimar a sua dominaçâo sobre as demais
clas-Com a expansâo dos mercados, a partir do século
teremos uma mudança estrutural na manufatura
va 1~I qtie dal"<:\ ori9(~ITI a o IJ put t in9 .-o ut ._.s ~ stemil. OI"9ani2:ado :::\
partir da exist~ncia de um intermedi~rio que distribui a
ma-téria-prima aos artesios e compra o produto acabado, ele vai
apresentar como caracteristica tendencial a divisio do
tra-bal ho , Esta profunda alteraçio na organizaçio do processo
produtivo vai encontrar sua legit:i.maçio na pretensa
41.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
SJo crit&rios técnicos e cientificas que v~o ser
usados já por Adam Smith (1776), para justificar a divisio
do trabalho. Segundo ele,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé a superioridade tecnoldgica da
divisio do trabalho que explica a sua utiliza~io:
"Est e SJ'cande aumen to d a qU::'~.nt::i.da(h!·d e tr ab a lh o
em consequencia da divisio do trabalho, o mesmo n~mero
d e Pf:Z·~:;~::.O::'~.~:;é· C<~.P::~.:i!: do::;: (::':>{(~'cut'lr, devr:::·-~::.E'a. t )..;;:~:;c :i.·•..c un st ân ..·
eias: primeira, ao aumento de destreza em cada operário;
se-gunda, à economia de tempo que é comumente perdido ao passar
de uma atividade para outra; finalmente à invençio de grande
n~mero de máquinas, que facilitam E' abreviam o trabalho e
p8l"1T1 item a um h o!TI(:0-:m fazer o ti..ab a lh o de IIH.\ it os/", (p. 4 )
Se analisarmos os argumentos apresentados com mais
cuidado podemos verificar algumas incoerências: primeiro - o
ganho de tempo ocorre desde que separemos as tarefas e as
executemos de maneira contínua, nio necessariamente como ele
que especializemos o operário. Segundo
surpreendente que a propensio à invençio ocorresse em fun~io
da extrema especializa~~o que caracteriza esse tipo de
divi-sa0 do trabalho. A repe'ciçio de um n~mero mínimo de
opera-ç5es extremamente simples nio pode ser considerada o melhor
estimulo à inventividade humana. E, finalmente, o aumento
da habilidade individual do trabalhador, poderia ser
admiti-do se estivéssemos falando de cirurgiôes, m~sicos, etc, nio
de pessoas que realizam atividades industriais banais em
di-ferentes especialidades.
Devemos notar ainda que o que está sendo
coloca-dD, nio é a divisio dD trabalho na sociedade em geral,