NC;> 44
*
SOBRE O NOVO PLANO DO BNH: "SIMC"CLOVIS DE FARO
*
Clovis de Farol/
Maio 1984
Agradece-se o patrocínio do PNPE.
1 - Introdução
"-Dando prosseguimento
à
já extensa sequencia de modifica-çoes que tem introduzido na sistemática de seus planos de fi-nanciamento para aquisição de casa própria, o Banco Nacional de Habitação (BNH) apresentou recentemente, através da Resolu ção do Conselho de Administração (RC) N9 01/84, datada de 12 de janeiro de 1984, o que denominou de Sistema Misto de Amor-tização com Prestações Reais Crescentes (SIMC).De acordo com a RC mencionada, ficaram estabelecidas as seguintes características para o SIMC:
a) a preços da data de assinatura do contrato de finan-ciamento, as 24 prestações iniciais serão todas do mesmo va-lor
P,
o qual será igual a 85% do valor da prestação constan-te que constan-teria sido obtida caso houvesse sido estabelcida a ado ção do chamado Sistema Francês de Amortização, também conheci do como Tabela Price (TP);b) ainda a preços da data de assinatura do contrato, as demais prestações formam uma progressão aritmética
te, cuja razão
R
é determinada de tal forma que:0,176470588pi(a
. -n ---:2::0--:3=--'1 i + h 23Ji )
R =
[1+(n-23)i]a - n + 23 n-23!i
onde n é o prazo do financiamento, em meses, i é a taxa efe-tiva de juros, mensal e unitária, e
a
=
[1_(l+i)-(n-23»)/i (2)n-23!i
e
/) = (l+i)23 - l ) / i (3)
231i
Isto é, representando-se por Pk o valor, a preços da da-ta de assinatura do contrato, da k-ésima presda-tação mensal, e sendo F o valor do financiamento, a adoção do SIMC implica em que se tenha:
P
=
O,8SFla , k=
1,2, ... ,24i1]i
(4)-P + (k-24)R, k
=
2S, 26, ... ,nComo a RC - N9 01/84 nao explica a genese da expressa0 (1), que,convenhamos,
é
assaz esotérica, o prapósito do pre-sente trabalhoé
o de apresentar as propriedades fundamentais deste novo sistema de amortização. Adicionalmente, uma vez que o BNH oferece ao mutuário a possibilidade ainda de optar por um de seus outros 3 planos de financiamento, Tabela Price (TP) , Sistema de Amortizações Constantes (SAC) e Sistema de Amortização Mista (SAM), l i
será efetuada também uma compara-ção básica entre os 4 sistemas considerados.1/
2 - Caso Geral de um Sistema Misto
Partindo do principio de que é mais profícuo estudar o caso geral. do que o particular, consideremos a seguinte gene-ralização da expressão (4)
P, k=I,2, ... ,n
Pk =
{
.
-
-
(4')P + (k-n)R, k=n+l,n+2, ... ,n
Isto é, suponhamos que o financiamento F, contratado a taxa periódica i, deva ser resgatado por intermédio de n pre~ tações periódicas, de tal forma que as
ri
primeiras sejam cons tantes e iguais a P, e as n-n últimas variem segundo uma Dro-gressão aritmética de razão R e termo inicial p_=
P + R.n+l
~ interessante observar que, dependendo dos valores que se atribuam aos parâmetros
n,
P e R, o caso geral considerado pode ser reduzido, entre outros, aos seguintes casos particula res:a) n"
=
O --
As prestações serao todas constantes, sen-do que,necessariamente,P=
F/a
.
Isto é, seri
=O
oregi-iili
me de amortização será o da TP.
c) n = n, com P
=
F(l/a
+ i + 1/n)/2 -Nesse caso,aindai1li
necessariamente, teremos R = - iF/(2n). Deste modo, as presta ções também formarão uma progressao aritmética decrescente, mas agora de tal modo que o sistema de amortização passa a
ser o do SAM.
-
-
.d) n = 24, com P = P Ter-se-á R
=
R, o que signifi-ca que resignifi-cairemos no SIMC.Verifica-se, pois, que os 4 planos básicos de finància-mento do BNH nada mais são do que casos particulares do esqu~
ma de amortização associado
ã
(4').2.1 - Relação Fundamental
11- •
Para que, dada a taxa i, a sequenc1a das n prestações periõdicas especificada pela relação (4'), efetivamente amor-tize o financiamento F, é necessário que seja satisfeita a se guinte equação fundamental de equivalência financeira.
F = =
n
1;
k=l
n
P (l+i) -k +
~
[P+R (k-n)] (l+i)-k k=;t+ln
= 1; P (l+i)-k
n
+ 1; (k-n)R(l+i)-k (5)
k=l k=n+l
Por conveniência, fazendo-se k-n = h, podemos também es crever:
n - n-n
F = P 1; (l+i)-k + R(l+i)-n 1; h(l+i)-h (5' )
Visando tornar o trabalho auto-elucidativo,
procedere-mos ao cálculo das somas indicadas. Para tanto, façamos:
e
m
SI -.
~
(l+i)-kk=l
m
~ k (l+i)-k
k=l
(6)
(7)
Ora, observando-se que SI nada mais
é
do que a soma dosm primeiros termos de uma progressão geométrica com termo
ini-. -1
cial al=(1+1) ,razão q=a
l , e termo final
a ,
m tem-se que:a -qa
1 m
1 - q
=
(l+i)-l _ (l+i)-m-l1 (l+i)-l
= 1 - (l+i)-m =
i
a
(6')nili
Por outro lado, para cálculo de S2' note-se que a
deri-vada de SI' como dada por (6), com respeito
à
i, é igual a: .m
- ~ k (l+i) -k-l
k=l
= - (l+i)-lS
2
m
= - (l+i)-l
~
k(l+i)-kk=l
(8)
Logo, tendo em vista a relação (6'), segue-se que, deri
vando-a com respeito
ã
i, podemos escrever:S2 = -(l+i) {
-m-l
ir 0- (-m) (l+i) ]
.2
1 t.
=
i
{(l+i)aiil]i
-m
- m (l+i) }
-m
- r 1- (l+i) ] 1
Por conseguinte, fazendo uso dos resultados obtidos, a relação fundamental de equivalência financeira pode ser rees-crita corno:
F
=
pa.
+R{l+i)-n { (l+i) a - (n-n) (l+i) - ( n-n } -) n-nli
(5 I I )
i
iili
2.2 - Caso particula do SIMC
Suponhamos, inicialmente, que seja estabelecido que R >
O
e que todas as prestações sejam amortizantes(no sentido de que excedam sempre os juros sobre o saldo devedor).l/ Tal acontece se for espeficado que P=
aF/a
,para iilli
a
< a <liilli
neste caso, a relação fundamental (51') reduz-se a: 2/
F
=
a F + R{l+i)-n { (l+i)a.
n-nli
i
- (n-n) (1 +i) - (n-n) }
(5 • ')
Decorre, então, que o valor da razao R será tal que:
R=
iF(l-a) (l+i)n (10)(l+i)
a.
-
(n-n) (l+i) - (n-n) n-iili1/
-Note-se que se fixarmos n > 1 e P >
FIa ,
teremos R<O. Por outro lado,Iili
se for especificado que P < i F, o saldo devedor sã passarã a decrescer a partir de um certo
ponco-post~rior
ã
epoca~.
2/Na realidade, a condição a>a ,que implica em que todas as prestações
Iili
sejam efetivamente amortizantes,não foi considerada pelo BNH, Assim,por exemplo, se n
=
240 meses e i=
1% a.m., teremos ia
=
0,908194 > 0,85Iili
ou,
em
função de P.R=
iPa (lIa - 1) (l+i)n
iili
(l+i) a - (n-n) (l+i) - (n-n) n-nli
\ 101 )
No caso particular em que a = 0,85 e n = 24, que corre~
ponde aos valores fixados pelo BNH para o estabelecimento do
SIMC, teremos, na nossa notação P=P e
R=R,
com o valor .de Rsendo dado por:
-R
=
ou
-R=O,15iF(1+i)24
(l+i) a
-
(n-24) (l+i) - (n-24) n-241iO,176470588iPa (i+i}24
iili
(l+i)
a
--
(n-24) (l+i) - (n-24) n-241i2.3 - Cotejo com a fórmula do BNH
(lI)
(111 )
A primeira vista, poderia parecer que as fórmulas (I) e (111
) produzissem distintos resultados. Tal porém
é
falso, poisque, corno mostraremos a seguir, a expressão (1)
é
uma maneira alternativa de escrever a (111) .
Comparando,_inicialmente, os numeradores das expressoes (1) e (111
apresenta-dos em de Faro (1982, pgs. 188-190) ,1/ ternos que:
(l+i) 24a ={ (1+i) 23 a }(l+i)
iiI
i 23+ (n-23)I
i=
(1+i) [ (1+2) 23a
+
a
]
23]
i n-231 i= (l+i)(a
*
~)
n-231i 231i
Logo, (lI') pode ser reescrita como:
0,176470588iP(1+i)[a + ~ ] n-231i 231i
R =
(l+i)
a
(n-24) (1+i) U+i) - (n-23) n-241L0,176470588iP(a
+
~)
n-231i 231i
=
---~~~- (n-24) (1+i)-(n-23)
a
-n ----,2=-4~1 i
(12)
(11'
'>"
Concluímos, pois, que os numeradores coincidem. Passan-do agora a cotejar os denominaPassan-dores, note-se que o de (11") p~
1/ . l · d 1 d
- Em part1cu ar~ conS1 erem-se os resu ta os
e
a = a + (I+i) -m a
m+h
I
iiiil
ihl
ia
=
a
m-hli
iDl
i- (I+i)~ ~
de ainda ser escrito como:
a - (n-23-1) (l+i) - (n-23)
-n--=-2 3=-. _--:1;-'11 i
=
a
- (l+i) -23 ~ - (n-23-l) (l+i) - (n-23)-n--2=-:3=-"1 i
Ili
=
a
-n ---'2::"'":3'-'1 i
(n-23) (l+i) - (n-23)
(13)
Por outro lado, o denominador de (1) . pode ser escrito
como:
a + (n-23) (i a -1)
n-231i n-23]i
-23
(14)
= a + (n-23)[ 1- (l+i) -11
n-231i
Por conseguinte, os denominadores de (1) e de (lI') tam
bém
coincidem~ do que se segue que as relações consideradassao formas alternativas de expressar o mesmo resultado.
2.4 - Evolução das cotas de amortização
Buscando contemplar o caso onde a<ia , vejamos como
il]i
evoluem as cotas de amortização, encerradas em cada uma das
prestações, para o .caso geral.
Denotando-se por Fk o saldo devedor na época k, logo
la de juros J
k associada
ã
k-ésima prestação é:J
k = min {Pk' iFk_1}, k=l, . . . ,n (14)
onde
Por outro lado, a parcela, ou cota, de amortização, ~,
-
-
.- 1/
associada a essa mesma prestaçao
e:--(15)
Com estas definições, o saldo devedor, de acordo com o
que se denomina de metodo retrospectivo, evolui de tal forma
que:
(16)
Para a determinaç~o da sucessao de valore~ de ~, basta
que se faça uso das relações (15) e (16). Para tanto, é
conve-niente que, em função'da época k, se distingam dois casos:
a)
O
<k
< n.Escrevendo a relação (15) respectivamente para as epo-
-cas k e k+1, e subtraindo a segunda da primeira, decorre que,
face
ã
(16), teremos:~+1
=
(l+i)~ (17)Ou seja, tal como no caso da TP, as n primeiras cotas
e termo inicial AI
=
P - iF.b)
n
+
1 < k <n.
Procedendo-se de maneira idêntica" ao do caso anterior, decorre agora que:
Ak+l
=
(l+i)Ak + R (18)Ora, a relação (18) nada mais é do que urna equação de diferenças finitas, linear, de primeira ordem, e nao homogênea, exatamente do tipo estudado em de Faro (1979, pgs. 229-230). Logo, sendo K urna constante arbitrária, segue-se que a solução geral da equação considerada é:
k
=
K(l+i)k _ R--k i
A solução particular de interesse pode ser
(19)
facilmente determinada a partir do valor do saldo devedor na epoca n. Fa-zendo uso do chamado método de recorrência, cf. ,de Faro (1982, pgs. 236-237), ternos que
-F
=
F(l+i)n - P~ (20)n
~i
Então, fazendo-se k=n+l em (15) e (19), e igualando-se os segundos membros, decorre que:
K
=
(l+i)-n-l{p - iF + R(l+lji)}n
Alternativamente, ~ pode ser diretamente
(21)
fazendo-se uso de (16). Para tanto, basta fazer uso do cálcu-lo do saldo devedor pecálcu-lo chamado método prospectivo, segundo o
1 ... 1/ qua
ter-se-a:-ou
m I
Fk = ~ p (l+i)-(h-k) h=k+l h
R(l+i) - (ii-k) { (1+i) a.
-
(n-n) (l+i) - (n-n}/i n-nli+
pa.
,
se 0< k <n
n-kli{P+(k+l-n+l/i)R}
a.
n-kli se n+l<k < n
(n-k)R(I+i)-(n-k)
i
(22)
3 - Comparação entre os Quatro Planos do BNH
,
Abstraindo-se do problema de correçao monetária,2/ passe-mos agora ao confronto, a preços da data de assinatura do con-trato, entre os quatros planos básicos de financiamento do
BNH:-Tabela Price (TP), Sistema de Amortizações Constantes, Sistema de Amortizações Mista (SAM) e Sistema Misto de Amortização com Prestações Reais Crescentes (SIMC). Para tanto iremos conside
l i
Obviamente, devemos ter F = O.rar o caso de um financiamento F contraído, segundo cada um des
ses
4
planos,em
idênticas condições quanto ao número de prest~çoes n e quanto
ã
taxa periódica de juros i>O.Quanto
ã
seqüência de prestações, lembrando que o SAMna-•
da mais é do que uma média aritmética entre a TP e o SAC, temos
que, para k=l, . . . ,n:
TP
Pk
=
F/a.illi
SAC
Pk
=
F{i+l/n - (k-l)i/n}SAC
+
Pk )/2com R como dado por (11).
3.1 - Confronto entre as evoluções do saldo devedor
(23)
(24)
(25)
(26)
Para o cotejo entre as prestações, examinaremos,
preli-minarmente, a evolução do saldo devedor. Quanto ao caso da TP,
adotando-se o método prospéctivo,tem-se que:
=
(F/a ) aiil
in=KJ
i=
(F/a [l-(l+i)-n-k»)/i, k=O,l, ••• ,n (27)illi
I
I .
14.
as duas primeiras derivadas de
F~P
com respeito a k, sao, fa-zendo-se õ = LN (l+i) :e
= -
(F/a )
(ó/i) (l+i) -n+k < OIili
- (F/a )(õ2/i) (l+i) -n+k < O
Iili
(28)
(29)
o
seja, no caso da TP o saldo devedor decresce segundo urna função côncava.Quanto ao caso do SAC, dado que as cotas de amortização sao constantes e iguais a F/n, segue-se que o saldo devedor decresce segundo urna função linear. Isto e:
F~AC
=
F(l-k/n) , k=
O,
l , . . . ,n (30)Logo, visto que, em qualquer dos planos, FO
=
F e Fn=
O,
decorre da definição de função concava, e da peculiaridad~ apontada para o SAM, que:
,
k=
1, . . . , n-l (31)Para o caso do SIMC, observe-se, inicialmente, que, fa-zendo uso do metodo de recorrência, e
-
imediato, parae
F TP
k = F(l+i}k - (F/a
)~
< F SIMCi1]i k]i k
- O, 85 (F /
a
)
~i1]i
k1.
i
=F(l+i)k-(32)
Por outro lado, derivando-se com relação a k,- tem-se:
dF SIMC/dk
k
=
6F(1+i)k(i - 0,85/a l / i=
Dl i1]i(33)
(34)
Ou seja, o sinal das duas primeiras derivadas depende do sinal da diferença i-0,85/a • Se esta diferença for
negati-n]i
va, o que significa dizer que todas as prestações são amorti-zantes, o que ocorre se tivermos, para uma dada taxa i, n < -LN 0,15/6, o saldo devedor será decrescente e segundo uma função côncava. Por outro lado, se n= - LN 0,15/6, o saldo deve-dor fica constante; sendo que será crescente e segundo uma fun çao convexa se n >-NL 0,15/6.1/
Para 25 < k < n, lançando mao do resultado apresentado em de Faro (1982, pg. 164), o saldo devedor passa a evoluir de acor-do com a seguinte função:
e
-F SIMCk
=
F(l+i}k 0,85(F/a)~
-~{(l+i)~
- k+24 } iíli k"li 1. k-241iDerivando-se com relação
ã
k, teremos agora:•
dF SIMC/dk - D _ R k - 1 i { Ô (1+. i) 1. k-23 - 1 }
=
D2(35)
(36)
(37)
Embora o estudo direto dos sinais das duas primeiras deri-vadas acima seja algo complicado, um pouco de lógica propicia
-algumas conclusões imediatas. Assim, se Dl < O, como R > O, se-gue-se que a partir da época k = 25 estar-se-á pagando ainda mais do que nas épocas precedentes. Logo, com maior razão,o sal
do devedor continuará a decrescer e, portanto,D
2 <
O.
Mas, en-tão, de (37),conclui-se que a derivada segunda também será neg~tiva. Ou seja, se n<-LN 0,15/15, também para k > 25 o saldo de-'vedor decrescerá segundo uma função côncava. Nesse caso,
segue-se, que F k TP < F k S IMC , k = 1, 2 , .•• , n -1.
Por outro lado, podemos ter casos onde Dl >
O
e acarretan-do com que, ao menos no início acarretan-do intervalo consideraacarretan-do, também1/ - d
-se tenha 02 > 0.- Como, porem, o saldo evedor se anula na epo ca k
=
n, e óbvio que FkSIMC passará por um ponto de máximo~/Por
exemplo, para n=240 meses, i=l% a.m. e F=IO.OOO.OOO, tem-se que- 2 3 - - 8 ~ - . • f· SIMC
P
=
93.59 , 2 e R - 297,37283 • ~ fac11 ver1 1car que: F24 =
SDfC - SIMC
-10.172.837,34 < F
25 - 10.180.676,02 < F26 - 10.188.295,72 <
SIHC
i "
(quando D
2
=
O), decrescendo a seguir d o a con 1nU1 a e - t " " d d d a f unçao - F SIMC k . no(D
2 < O) .Deste modo, devi-intervalo considerado, po-demos concluir que, inicialmente, o saldo devedor crescerá,poss! velmente segundo uma função convexa, mudando de concavidade a se guir, até um ponto de máximo, daí por diante decrescendo segun-do uma função côncava.
Segue-se, então, que, em qualquer caso, teremos:
(38)
Com o intuito, tão somente, de ilustrar os dois casos bási cos de evolução do saldo devedor para o caso do SIMC, suponhamos o financiamento onde F
=
1.000.000 e n=
36, com n=
24. Sendo a taxa periódica de juros i fixada em 1%, teremos o saldo devedor sempre decrescente em cada um dos quatro planos considerados, c~mo indicado na Figura I, onde Fk é medido em centenas de milhar.!/
Por outro lado, se a taxa periódica de juros for de 10%,t~
remos a situação onde a prestação inicial do SIMC, que sera Pl = 87841,60, é inferior aos juros periódicos devido ao valor financiado. Deste modo, adotando-se o SI~C, ternos uma situação onde o saldo devedor é inicialmente crescente,2/ corno esquematicamen-te apresentado na Figura 11.
~/para
melhor entendimento da figura, deixamos de apresentar a linna de evo-lução do saldo devedor segundo o SAM; linha essa que se encontra a meio ca minho das respectivamentes relativas ao SAC eã
TP.~/Observe-se
que o saldo devedor cresce ate a epoca 27, quando atinge o valormáximo F
27=2.214.434, que
e
mais do que 121% do valor financiado. A seguir, dado ao crescimento das prestações (P36=570.788,S2, mais da metade do valorl
,
2
o~
____
~~____
--~---~---L---~--~Figura I
-~
2l
ct:)
H
lb
~
~l
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8 -
------ _.---
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L - - - - _ - - -_ _ --:-_ _ ---1---=~--~~__:_-.---J.2 ! l
li. ____ ____
p __ ____
3! __
:
~_--- --
,----
--Figura 11
3.2 - Confronto entre as prestações
Passando a examinar o comportamento da sucessao de pre~
•
tações associadas a cada um dos 4 planos considerados, note-se, inicialmente, que, de (15), dado que a soma das cotas de
a=c~tização
é
igual ao valor financiado F, tem-se:n
n
~ p
=
F + i ~ Fk- 1k-l k k-l
Consequentemente, tendo em vista o apresentado no item
~~=rior, conclui-se:
n SIMC
~ Pk
k-1
n TP n SAM n S
>
~
Pk>
~
P>
~
P
k ACk=l k=l k k=l
(39)
Ou seja, contabilmente,o plano de financiamento~ obr! ,
ga ao mutuário efetuar o maior pagamento de juros e o SIMCi se
guiêo da TP, do SAM e, por último,do SACo
Como visto em de Faro (1974) e de Faro (1982, pa. 255), te=cs que tanto as prestações segundo o SAC como segundo o SAM são respectivamente maiores,ou iguais, que as de acordo com a TP até a época l I ' que chamamos de reversão, e que
é
tal que:= parte -inteira de {(ni
+
1+
i -a-I
l/i}illi
(40)
dade podendo ocorrer somente na epoca
...
.tI '
sendo queSAC, k b 1
Ph para =~l + , ... ,n .
..
Por outro lado, para o caso do SIMC, a epoca de
rever-são em relação a Tp,que ch~aremos de
l2'
e que é sempre naoinferior
ã
24, é tal que:• S/a
+ 24i(l+i)24l2
= pa~te inteira de { ____ ~n]~~i____________ _
} ( 41)i(1+i)24
onde
S
denota o denominador da expressa0 (11)Ou seja, para k=1,2, ... ,
l2
ter-se-á PkTP~
PkSIMC, comigualdade podendo ocorrer somente na época
l2'
sendo queSIMC TP
Pk
>
Pk ' para k = l2+ l , ... ,nSimilarmente, comparando-se o SAM com o SIMC e o SAC
-com o SIMC, podemos determinar, respectivamente, as epocas de
reversão
13
e14 . .
AS expressoes são, porém, bem maiscomplica-das; ainda mais que, em função da taxa periódica i, e do prazo
n, podemos ter tanto tais épocas inferiores ou iguais a 24, c~
mo superiores. Deste modo, ao invés de aqui apresentá-las, acha
mos mais instrutivo evidenciar alguns exemplos numéricos. Para
tanto, foi construído o Quadro I, onde, para cada par (i,n),
-
-sao mostrados os correspondentes valores das epocas de
rever-são I I '
l2' 13
e14'
e, entre parênteses,proporç6es percentuais do prazo n.
Comportamento das L=ocas de Reversão
i(7.) n l
,
l l l1 2 3 4
--I 36 17 (47 ~22) 25 # (é9 ~44) 25 (69,44) 25 (69,44)
10 36 9 (25,00) 24 (~6,67) 20 (55,56) 15 (41,67) 1 48 22 (45,83) 29 (60,42) 28 (58,33) 27 (56,25) 10 48 10 (20,83) 24 (50,00) 24 (50,00) 17 (35,42) 1 60 27 (45,00) 33 (55,00) 32 (52,33) 31 (51,67) 10 60 10 (16 ~ 67) 25 (!,1,67) 24 (40,00) 19 (31,67) 1 72 32 (44,44) 37 (51,39) 36 (50,00) 35 (48,61) 10 72 10 (13,89) 25 (34,72) 24 (33,33) 21 (29,17) 1 84 36 (42,86) 41 (~8,81) 40 (47,62) 39 (46,43) 10 84 10 (11,90) 25 (29,76) 24 (28,57) 23 (27,38) 1 120 48 (40,00) 52 ([;3,33) 51 (42,50) 50 (41,67) 10 120 10 ( 8,33) 25 (20,83) 24 (20,00) 24 (20,00) 1 180 64 (35,56) 68 (37,38) 66 (36,67) 66 (36,67) 0,83 180 68 (37,78) 71 (39,44) 70 (38,89) 70 (38,89)
1 240 76 (31,67) 79 (32,92) 78 (32,50) 78 (32,50) 0,83 240 83 (34,58) 85 (35,42) 84 (35,00) 84 (35,00)
Esquematicamente, fiy.anco atenção no caso onde n=120,
t.)
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.--3.3 - Modelo de escolha entre os planos
Dado que, como visto, para cada par dos planos
considera-dos, começa-se a pagar mais inicialmente, segundo um deles, e
menos após a respectiva época de reversão, podemos imaginar,
I
como sugerido em de Faro (1975), o seguinte modelo de escolha
entre o par de planos em apreço, sob o ponto de vista do
toma-dor do financiamento.
Imaginemos que o mutuário tenha acesso irrestrito a uma
certa oportunidade de investimento, cujo exemplo mais trivial
é o caso das Cadernetas de Poupança (CP) ,que paga uma dada
ta-xa periódica que denotaremos por
i.
Nessas condições,supon-do que o mutuário possa fazer face aos pagamentos associasupon-dos a
qualquer um dos planos de financiamento que formam o par consi
derado, é lícito admitir que, caso optasse pelo plano de
meno-res pmeno-restações iniciais, estaria poupando, investindo na
oportunidade mencionada, -até a época de reversao, a diferença
entre as duas seqüências de prestações periódicas. Como, a
partir da época de reversão, passaria a pagar mais que no
ou-tro plano, podemos supor que cubra a diferença periódica fazen
do retiradas da poupança acumulada. Segue-se, então, que,
ca-so haja ainda poupança após o pagamento da última prestação,
que o mutuário teria efetuado a opçao correta. Caso contrário,
ocorrendo a exaustão da poupança antes da época n,
opção teria sido a do plano com maiores prestações
a melhor
. . . .
1/
l n l C l a l S .
Fixando atenção, inicialmente, na seleção entre a TP e o SIMC, temos que a poupança acumulada até a época k, inclusive, que denotaremos por Sk e que resulta das a~licações das diferen ças a favo~ do mutuário, sera:
k };
j=l
( TP _ p.SIMC)
Pj J k=I,2,···,1..2 (42)
Após a épo·ca de reversao 1..
2' face às retiradas necessá-rias para cobrir as diferenças que passam a ser,agora, contra o mutuário, o valor da poupança acumulada até a época k passa a ser igual a:
k
= };
(p.TPj=l J p. SIMC) (1+1.7)k-j
k D I
J ' =~2+ , .•• ,~ (43) .
Deste modo, segue-se que o SIMC será a melhor escolha se S
>
O;
ou, o que é equivalente, se:n
n
L
j=l
(44)
na época zero (que é a de concessao do financiamento) e
à
taxaperiódica i,da correspondente seqnência de prestações, seja
mí-nimo.
Cabe; então, agora, investigar a influência que a posição
da taxa de aplicação
l,
emr~lação
ã
de financiamento i, exerceno processo de escolha. Antes de mais nada, observe-se que se
i
=
i, o mutuirio ficari indiferente entre os 4 planos; poisque, face
à
equação fundamental de equivalênciafinanceira,tem-se a igualdade:
( 45)
Por outro lado, no caso limite de aplicação a taxa nula,
-ou seja i
=
O, segue~se de (39) que:( 46)
Portanto, se i
=
O, a melhor escolhaé
o SAC, com o SIMCsendo a pior opção.
A nao ser nesses dois casos apontados, nada mais podemos
f . . . . . 1/ N · . d . t .
-a lr.m-ar -a prlorl.- ecessltamos, p01S, e uma lnves 19açao
teórica adicional. Para tanto, selecionando-se um par qualquer
dentre os 4 planos, denote-se por d
k a diferença entre suas res
1/
- -
.
.
-
- .
f' .- Excetuando-se, e ObV10, o caso onde a taxa de apl1caçao e 1n 1n1tamente
li.... - .
pectivas prestações na época k.A seqüência {dl, ... ,dl, ... ,d n }, onde l designa a correspondente época de reversão para o par considerado, apresenta uma, e somente uma,_ troca de sinal. Lo-go, como
é
-fartamente sabido, veja-se,por exemplo, de Faro(1979, pg. 61}, existe uma única t~a periódica de juros, querepresen-~aremos por i*
> -
I, tal que:n
~
dk, (1+i*) l-k = O k=l
(47)
Conseqüentemente, face
ã
definição de dk, conclui-se que I
i* é a única taxa que iguala o valor atual das respectivas se-qüências de prestações do par de planos considerados. Mas, en-tão, tendo em vista a (45), segue-se que esta taxa i* nada mais
é
do que a taxa i cobrada no financiamento. Ou seja, em outras palavras, os 4 planos considerados só são equivalentes, no senti-do de que o mutuário fique indiferente entre eles, se a taxa de aplicação i coincidir com a de financiamento.Por conseguinte, levando-se em conta a (46), podemos afir mar que:
{
vSIMC(i)
>
VTP(i)>
VSAM(i}>
vSAC(i}, se i<
iVSAC(!)
>
vSAM(i)>
VTP(!}>
VSIMC(!), sei
>
iOu seja, se
i
<
i, a melhor opçao para o mutuário(48)
-sera oSACi com o SIMC sendo a pior escolha. Se, entretanto, o mutuário
sen-do o menos interessante.
Tendo em vista que, derivando-se duas vezes com relação a
-i a expressa0 de def-in-ição que se -inser-iu na-(44),conclu-i-se que
o valor atual da seqüência de prestações, de cada um dos 4
pla-•
-nos,
é
uma função decrescente e convexa da taxa de aplicação i.
Deste modo, podemos visualizar o modelo de seleção adotando,
ba-seado na comparaçao dos valores atuais das seqüências de
presta-.
.çoes, como esquematicamente apresentado na Figura IV.
V(i)
F
~---~~~---i i
Figura IV
4. - Conclusão
Tendo em vista que a oportunidade básica de aplicação
pa-ra os mutuários é a Caderneta de Poupança, que,
paga exatamente 0,5% ao mes sobre os depósitos,
•
correntemente,
monetariamente
corrigidos de acordo com a variação do valor nominal das
Obriga-çoes Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN), a anál-ise
apresen-tada é suficiente para que, abstraindo-se de aspectos fiscais do
problema, se faça uma seleção entre os 4 planos considerados na
hipótese de que o financiamento seja oferecido em iguais
condi-çoes, no que tange
ã
prazos e taxas, e com cláusula de correçaomonetária mensal, de saldos devedores e prestações, de acordo
com a variação do valor nominal das ORTN. Nesse caso, se a taxa
efetiva mensal cobrada no financiamento exceder a 0,5%, o que
pode ser considerado como o usual, a melhor opção para o nu~io
será o SAC, com o SIMC sendo a pior escolha.
Para o caso das sistemáticas de reajuste das prestações.
ora vigentes nos financiamentos pactuados sob· a égide do BNH, e~
tretanto~ o modelo de escolha a~resentado nao mais é suficiente.
Isto porque, no chamado Plano da Correção Monetária (PCM), que é
um plano financeiramente consistente,as prestações, bem como. o
saldo devedor, são monetariamente corrigidas no início de cada
trimestre civil e de acordo com a variação do valor nominal do
que se denomina de Unidade Padrão do Capital (UPC), e não mensal
mente, como exigido no modelo estudado. Por outro lado, no caso
do Plano de Equivalência Salarial (PES), que é financeiramente
saldo devedor, e, em alguns casos, segundo a variação de
distin-tos índices, temos ainda a distorção causada pela aposição do
chamado Coeficiente de Equiparação Salarial_ (CES). Tomando os de
pósitos em Cadernetas de Poupança como base de comparação, o
mo-delo de escolha para a hipóteke de financiamentos contratados de
acordo com tais planos de reajuste, deve ser adaptado na mesma
REFERtNCIAS
de Faro, Clovis (1974) - DrvID: Um Programã Flexível para Cons-trução do Quadro de Evolução do"Estado de urna" Dívida,Ensaio Eco nômico da EPGE N9 20, Instituto Brasileiro de Economia da Funda ção Getúlio Vargas, R.J.
(1975) - Escolha entre os Regimes da Tabela Price e do Sistema de Amortizações Constan~es: Ponto de Vista do Mutuário, Ensaio Econômic~ da EPGE N9 21, Instituto Brasileiro de Econo-mia da Fundação Getúlio Vargas, R.J.
(1970) - Elementos de Engenharia Econômica, 3a Edição, Editora Atlas, S.P.
(1982) - Matemática Financeira, , 9a. Edição, Editora Atlas, S.P.
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