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Movimentos sociais urbanos, educação e hegemonia: a luta das associações por educação popular

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(1)

MOVIMENTOS SOCIAIS URBANOS,

EDU CAÇA0 E HEGEMONIA

Maria das Graças M.Ribeiro

(2)

-MARIA DAS GRAÇAS M. RIBEIRO

Dissertação submetida como requisito parcial

para a obtenção do grau de Mestre em Educação

RIO DE JANEIRO

FUNDAÇAO GETULIO VARGAS

-INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM EDUCAÇAO

1990

(3)

a realização do presente trabalho muitas pe~ ram de um modo ou outro. A todas elas sou gr~

Há, contudo, agradecimentos especiais a algumas

pessoas que devem ser mencionadas;

é

o caso de Grazia e Horá

cio, militantes do movimento ~ de

bá"irtros,

que prestaram valia sas contribuições, assim como de Osvaldinho, a quem devo mi

nha incursão pelos arquivos da FAMERJ. Do mesmo modo, agrad~

ço a Vera Moreno, ex-diretora da

Feder~ção

responsável

pela plenária de educação, e a Ana e Vera Lúcia, atualmente re spo~ sáveis pela mesma.

Houve ainda a contribuição de Socorro, com querr. dis

cuti muitas vezes o projeto de pesquisa, e as importantes SU

gestões feitas por Pedro Castro ao longo da elaboracão do tra balho.

A Gaudêncio Frigotto, orientador desta dissertação, sou grata pelo estímulo, a confiança, a paciência com que ou viu minhas dúvidas e a dedicação ,com que me apontou caminhos.

~.

(4)

RESUMO

ABSTRACT

INTRODUÇÃO

CAPtTULO I - Os Novos Movimentos Sociais Ur banas e a Questâo da Hegemonia

CAPITULO 11 - O Novo Movimento de Bairros no

1

12

Municipio do Rio de Janeiro 39

CAPITULO l I ! - A Luta das Associações de Mora

dores do Hllnicípio do Rio de Ja

neiro por Educação EscoJ.ar

CONCLUSÃO

REFE~NCIAS BIBLIOGRÂFICAS

iv

71

119

136

(5)

-o

presente trabalho trata do movimento de bairros no município do Rio de Janeiro e a ' sua relacão com a escola pública.

Partindo de categori~s formuladas por Antonio Gram~

ci, ,como hegemonia e aparelho de hegemonia, aborda-se inicial

mente a dinâmica dos novos movimentos sociais urbanos no Bra si1, a conjuntura que propiciou a sua emergência, o seu pote~

eial de gestores de uma contra-hegemonia e o papel que pod~

assumir a escola na construção . desta. A seguir, procura-se resgatar a história do movimento de bairr.os no Rio, inserida no contexto da problemática urbana no país. Po steriormente

e

reconstituída a história das lutas por educação no moV'ir.lento"

enfocando-se como os militantes das associações de moradores filiadas

à

Federação das Associações de Moradores do Estado do Rio de Janeiro (FAMERJ) colocam a questão da educação p~ blica escolar entre as suas reivindicações e que tipo de açao desenvolvem no sentido de agir sobre ela. Ainda nesta per~ pectiva, analisa-se criticamente o significado pOlítico das

representações que os militantes elaboram acerca da educação e da escola pública.

Conclui-se apontando as conquistas e os limites do movimento, discutindo-se também como as associações de morad2 res podem exercer, no processo geral de democratização, o p~ pel de mediadores entre a escola e a sociedade.

~ .

(6)

The present dissertation deals wHh ncighhorhood movcmcnt

in the districts of Rio de Janeiro county and its relationshlp

to the public school.

Departing trem categories formuleted by Antonio Gramsci, such as hegemony and hegernonic apparatus, i t is ' ~

firstly approached the new urban social movements in Braz!l,

the circumstance that provided its emergence, its potential of producers of a counterhegemony and the role that the

school system may assume in the construction of that hegemony. Next i t 1s attempted to rede em the history of the neighborhood movement in Rio, inserted in the context of the country urban problem. Afterward the history of the struggles in favor of

education within the movement 15 reconstituted.

It 1s

approached the way how the mili tants of the neighborhocxl associations

associated wi th the neighborhood Associations Federation of Rio

de Janeiro State place the question of the public school

education arnong their claims and the type of action that they

develop in order to act upon it. Still using this perspective,

it is critically analyzed the political meaning of the

representations that the militants elaborate about education

in the public school.

The work is concluded showing the conquests and the

lirnits of the movement and also discussing the way the

neighborhood Associations can exert the role of mediator between

school and society

in

the general process of democratization.

(7)
(8)

o problema educacional no Brasil e, especialmente, o problema da escola pública tem se tornado tema de inúmeros debates, conferências, ensaios e teses, sendo utilizado aio da, muitas vezes, como bandeira de luta, não só por politi cos de partidos democráticos e comprometidos com as classes populares, !TiaS também por pclíticos demagogos e ligados a paE,

tidos conservadores e de cunho autoritário.

o problema da escola se insere no bojo de acelera das transformações pelas quais atravessou o país nos últimos anos. Com a adoção de um novo modelo de acumulação de capi tal surgiram novos grupos sociais, houve uma expansão das re lações de produção especificamente capitalistas em direção ao campo, cresceu significativarr.ente a população urbana, expa,!! diu-se ainda mais o mercado info~~al e o setor terciário. Os serviços públicos foram sendo privatizados e a educação p~ . blica escolar foi perdendo cada vez mais o seu peso nos orç~

mentos governamentais.

Segundo anunário da UNESCO, no ano de 1988, o Brasil, comparado a outros países do mundo, ocupou o 889 lugar ros ga~

tos

can a educação. No ano anterior, pesquisa do IBGE apre~

tou o país com 25,76% de analfabetos, o que equivalia a 31,4 milhões de brasileiros. Um outro estudo, realizado por Hélio Jaguaribe, em 1985, indicava que apenas 9% da população adulta do paIs coocluiu o 19 grau, senéb que aproximadamente 78% das crian ças abandonavam a escola antes de concluir a 4C:: série do 19 grau.l

1 O anuário da UNESCO

é

citado no Jornal do Brasil de 30/07/

1989. Os dados ' do IBGE de 1987 e 1988 foram retirados do

mesmo jornal na data de 08/09/1989, assim como os de H. Ja

(9)

Na abordagem desta questão, o que nao podemos pe~ der de vista é o papel social e político da educação e da es cola na sociedade capitalista. ~ claro que não podemos cair na teia de ilusões tecidas pelas teorias não-criticas que viam a escola como um instrumento autônomo através do qual seriam rninimizadas as desigualda:3es da sociedade. TamF'0uco, devemos nos imobilizar diante do reducionismo das teorias crítico-reprodutivistas, que ainda que reconhecessem os determinan tes sociais da escola, encaravam-na como mero aparelho repr~

dutor da ideologia dominante.

A escola é campo de disputa ent.re as classes so ciais e está permeada pelas contrôdições presentes na socie

dade.

Urna classe social para subordinar as demais recor re a mecanismos de controle ideológico através dos quais di funde idéias, crenças, valores e concepções de mundo, de mo ào a assegurar a sua supremacia. Na verdade, a hegemonia, que

é

o consenso criado em torno dos interesses da classe do rninante, através destes mecanismos, se faz pelo uso de deter minadas instituições da sociedade como a Igreja, a Imprensa, hoje particularmente a televisão, e a Escola que, por sua ca pacidade de atingir um grande contingente de pessoas, forman do opinião, constituem, segundo Gramsci, os principais ap~ relhos de hegemonia.

A escola, especialmente, cumpriu um importante p~

pel na fase de consolidação da hegemonia burguesa nos palses de modelo clássico de capitalismo, contribuindo para a cria çao de um novo modo de vida bem diferente da velha ordem

(10)

construída pela aristocracia. Não obstante os trabalhadores europeus do século XVIII t.enham reivindicado o direito

à

edu cação, vislurnbrancb aí um instrumento para a sua emancipação, a burguesia européia também recorreu

à

escola para discipl~

ná-Ios e adequá-los às novas formas do processo de produção. No Brasil, sociedade baseada na mão-de-obra escra va até fins do século XIX, já a. Constituição de 1824 determi nava. a instrução gratuita para todos; no entanto, ao final do Império, uma parcela ínfima da população freqüentava as escolas primárias. Somente a partir da década de trinta o corre a expansão do sistema escolar brasileiro. ~ signif~

cativo que esta expansão coincida com a instauração do Esta do burguês. Cabe lembrar que, ne3te periodo, uma aliança en tre os trabalhadores e a burguesia nacional fazia parte do jogo politico de~ta última na sua tentativa de isolar os se tores oligárquicos tidos como entrave ao desenvolvimento ca pitalista. Também no pós-guerra, a ampliação da oferta & en sino acompanhava a modernização do país e tinha peso impoE tante na disputa pelo voto das massas alfabetizadas. No

iní

cio dos anos sessenta, há uma grande mobilização no campo e ducacional que se traduz através de várias iniciativas corno o Movimente de Educação de Base (MEB), os Movimentos de Cul tura Popular (MCPs) e os Centros Populares de Cultura (CPCs). Desenvol veram-se também algumas experiências a nI vel ins'ti t~ 'cional como a campanha de alfabetização da Secretaria de Edu

(11)

lhadoras de qualquer aliança política, restringindo as opoE tunidades educacionais que lhes eram oferecidas pelo pacto populista. Segundo Vanilda paiva, enquanto no inIcio dos a nos sessenta as matrIculas iniciais no ensino elementar se ex pandiam a índices superiores a 8% ao ano, dez anos depois e las caiam até menos de 0,5%.2

Tais considerações indicam que as oportunidades e ducacionais são condicionadas pela correlação de forças que se estabelece na sociedade, da mesma forma que a prática edu cativa escolar

é

parte constitutiva de um processo &eial his toricamente determinada pelas forças sociais.

Ao longo da história 'da sociedade brasileira, a clas se dominante se impôs recorrendo muit:o mais a mecani.smos co erci ti vos que le varam

à

sua dominaçã~) do que procurando cria!." um consentimento, um consenso em torno de um projeto polít~

co que a tornasse, além de classe dominante, a classe diri gente da sociedade. Neste contexto

é

possível compreender porque ela, diferentemente da burguesia eur0péia, não deu tan ta atenção

à

educação e

ã

escola.

Em tempos mais recentes, contud~, já tendo ocorri do uma maior modernização do paIs e vislumbrando-se o colae 50 do Estado autoritário e o fortalecimento da sociedade ci vil, a classe dominante procura também consolidar-se o::JOC) ela,! se dirigente, recorrendo mais aos aparelhos de hegemonia.

(12)

Desta forma, para deter o avanço das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) que contribuíram para a construção de uma contra-h!:, gemonia dos trabalhadores, ela estimulou novas seitas religio sas que reforçavam a sua concepção de mundo. Nos meios de co municaçao de massa, ela encontrou o instrumento mais eficaz para imprimir na sociedade o seu m::d::> de vida. O rádio e a tele visão, principalmente, dosaram a realidade, o sonho e o mito de forma a nutrir no imaginário popular anseios que 50 en

contram respostas na própria mídia. As telenovelas rei ficam a realidade criando vãs expectativas de ascensão social e as noticias, muitas vezes, são veiculadas de modo cuidadosamente distorcido para não escapar

à

lógica burguesa. Neste contexto cresce o descaso can a educação e a escola pública que já peuco lhe serve como aparelho de hegemonia. A classe dominante ao mesmo tempo que nega o direi to

à

educação escolar às .classes p~ pulares, usa a educação para manipular e discriminar aqueles que ela própria excluiu do sistema de ensino. Bem ilustrativo foi o preconceito difunãido contra o representante das forças populares no segundo tumo das eleiçres presidenciais. Paradoxal mente, o voto da parcela can o nenor rável de instrução escolar teve peso significativo na vitória do candidato cujo discurso reforçava a idéia de que para governar era preciso ter "preparo", ou seja, possuir um diploma que distinguisse o governante da grande maioria miserável e ignorante da população brasileira.

Se a burguesia procurou tornar-se hegemônica, en quanto classe social, nestes últimos anos, isso se deveu, en tre outras razões ',

à

ameaça ao seu modelo de dominação face ao 'avanço dos movimentos sociais que apontavam na direção de

(13)

urna hegemonia dos trabalhadores que se tentava construir a partir de uma cultura participativa. No bojo deste processo, o acesso

à

educação escolar é reivindicado como um direito e coloca-se a necessidade de discutir a importância que a de manda por escola, por parte da população, assume para uma e

fetiva democratização da prática educativa. Infelizmen t e, sao poucos ainda os estuàos realizados nesta linha. Devem ser ressaltadas, porém,. as contribuições de Marília Sposito, que demonstrou como a expansão da rede de ensino no município de são Paulo, nos anos cinqüenta, foi fruto da pressao da poP!! lação dos bairros pobres da periferia, e de Rogério Cunha Campos, que analisou a luta por escola dos trabalhadores, das áreas industriais próximas a Belo Horizonte nos anos setenta.

O presente trabalho, recorrendo a categorias gram!>

cianas como hegemonia e aparelho de hegemon"ia, anteriormente mencionadas, procura abordar como o movimeneo de bairros, e~ quanto movimento social urbano, no município do Rio de Janel

ro, coloca a questão da educação pública escolar entre as "suas reivindicações, como os seus militantes representam a

escola pública e que tipo ' de açao desenvolvem no sentido de agir sobre ela. são as associações de moradores (AMs) fili~

" das "

à

Federação das Associações de Moradores do Estado do Rio de Janeiro (FAMERJ) e a sua relação com as escolas públicas "municipais, portanto, o Objeto deste estudo.

(14)

tido da formação de uma consciência política. Trata-se da dissertação "O Movimento Associativo de l-1oradores do Rio: U ma Nova Política Está na Rua" defendida por Francisco Alen car nesta instituição.

Além da categoria de hegemonia e aparelho de heg~ monia, utilizamos ainda duas outras que devem ser aqui bem explicitadas. Trata-se, primeiramente, da categoria "mora dor" · que não se sobrepõe .à de trabalhador enquanto classe so cial, mas a complementa, na medida em que demonstra que as

lutas contra o capital na esfera da produção são acornpanh~

das de lutas na esfera da reprodução. A utilização da cate goria "comunidade"" envolve uma discussão maior. Nas ciências sociais, o termo refere-se a grupos marcados pela unidade, opondo-se ao conceito de sociedade cuja marca

é

a divisão so clal. Deste modo,

é

Ferdinand Tonnies quem primeiro desen volve o conceito de Gemeinschaft, a partir da idéia de união integral de um grupo de pessoas, oposto ao conceito de Gesellschaft, que expressa a união ocasional ou a relação con tratual entre indivíduos. Mais türde, Max Weber desenvolve mais a idéia, partindo dos conceitos de comunalização (unid~

(15)

diluindo a idéia de grupos e classes sociais. Acreditamos que a difusão do termo com este sentido muito se deveu

à

for te influência da Igreja sobre o movimento ' num determinado ~ rlodo e também

à

sua veiculação pela mídia. De qualquer mo do, para a gênese da categoria no movimento de bairros deve-se remeter ao ~studo da obra de Roland Corbisier, citado no relatório das discussões sobre a organização comunitária na I~ Semana de Oebates do Rio de Janeiro, que lançou a idéia da fundação da FAMERJ, como um dos inspiradores da adoção do termo.

Para a realização deste trabalho, além da consulta

à

bibliografia que estuda o tema em questão, recorremos a do cumentos produzidOS pela FAMERJ, como atas e outros registros de suas asserr~léias e reuniões, além de relatórios, jornais e boletins. Também foram consultados alguns documentos en viados

à

Secretaria Municipal de Educação. Tivemos ainda a oportunidade de acompanhar algumas reuniões que tiveram por pauta questões sobre educação e escola e também a realização do IV9 Congresso da federação. O material mais valioso para a nossa análise constit~i o conjunto de entrevistas realiza das com os militantes do movimento. Numa primeira etapa, fo raro entrevistados diretores e ex-diretores da FAMERJ e, em seguida, os militantes que atuam em torno da luta por educ~

ção, tendo-se selecionado preferencialmente aqueles que se destacaram de alguma forma nestas lutas, tendo, portanto, construído uma liderança'.

(16)

ca dos novos movimentos sociais urbanos no Brasil, a conju~

tura que propiciou a sua emergência, o seu potencial de ge! tores de uma contra-hegemonia e a importância do uso da esco la na construção desta. No segundo, tratamos da história do movimento de bairros no Rio de Janeiro inserida na problem~

tica da questão urbana no Brasil. No último capitulo, proc~

ramos reconstituir a história das lutas por educação escolar no m.ovimento de bairros, assim como analisar criticamente o significado político das representações que os militantes das associações de moradores elaboram a partir de suas experiê~

cias.

(17)

",

(18)

Uma análise da sociedade brasileira hoje não pode

desprezar uma realidade, que se constituiu

principalmente

nas duas últimas décadas, expressa pela proliferação de

no

vos canais de participação.

Nestes anos, organizaram-se as

entidades de defesa dos direitos humanos, os movimento de mu

lheres, negros, o moviment.Q ecológico e o de bai.rros, entre outros.

Estes novos movimentos sociais nao devem ser vis tos, no entanto, como exclusividade da sociedade brasileira

ou latino-americana.

Sua emergência ocorreu simultaneamente

em vários paises europeus e do continente americano.

autores, como

Karnen, que interpretam o fenôme

no como uma insatisfação com as organizações políticas tradi

cionais e vêem os novos movimentos sociais não só como

res

posta

à

crescente alienação prese nte nas relações sociais e

xistentes na sociedade contemporânea, mas como um desejo de

antecipar o sonho de urna sociedade livre e humana,

através

da luta cotidiana pela sobreviyência.

J

Para Alain Touraine, os novos movimentos

sociais

representam novas formas de luta, remetendo a formas

de opre~

são que extrapolam o espaço da produção material, eles agem

11( ••• )

sobre as escolhas sociais e políticas que

comandam a

produção da organi zação social"."

, KARNEN, Hartmut. Movimentos Sociais: Revoluçio no Cotidia no. In: SCHERER-WARREN, Ilse

&

KRISCHKE, Paulo J . (org.)~

Uma Revolução no cotidiano. Os Novos Movimentos Sociais na América do Sul. Sao Paulo, Brasiliense. 1987, p. 19-)4 . • TOURAINE, A. 1981, p. 16. In:

vimentos Sociais. Um Ensaio de Florian~pol~s, Editora da UFSC,

SCHERER-WARREN, Ilse.

-

Mo

.

.

-Ihterpretaçao Soc101og1ca.

(19)
(20)

dores de opinião.

o

Brasil despontou como a oitava maior economia do

mundo ocidental.

Neste processo, o Estado operou como fator

de reprodução ampliada do capital, fosse oferecendo as condi

ções de infra-estrutura

à

expansao do capital, fosse lnjeta~

do recursos pÚblicos nas grandes empresas.

Ao mesmo

tempo

que atuou como capital finance~ro geral, manteve um conjunto de empresas produtoras de mercadorias e serviços que reveriam

ser lucrativos. O que se tem no Brasil pós-64,

é

a config~

raça o d o Estado mesmo como capitalista, constituindo junto com a burguesia nacional e a burguesia internacional o que

Chico Oliveira chamou o "tripé 'de comando das forças produt!,.

vas", 6

são

estes traços que vão marcar o novo

corte m()n op~

lIstico da economia brasileira.

A este crescimento acelerado correspondcu uma q\.1~ da vertiginosa nas condições de vida das classes pop • .1lares.

o avanço econômi co se fez em detriment.o dos direi tos sociais. Além da perda salarial e outros direi tos trabalhistas , a gra!} de maioria da população, concentrada nos grandes centros ur banas, vive subempregada ou no mercado informal de trabalho, não tem acesso ao saneamento básico e enfrenta situ~ções pre cárias de moradia, atendimento médico e educacional.

Ten~ enfrentar tais dificuldades, a população começou a organizar-se em pequenos núcleos em torno . de rei vindicações específicas voltadas para o atendimento de suas

(21)

necessidades básicas imediatas. Assim organizaram-se os mo vimentos de bairro, movimento contra o cust.o de vida e ou tros.

o

novo modelo de desenvolvimento se impôs através de uma dura repressão que encarava como anu!'aça qualquer for ma de oposição ao regime estabelecido. Além da violência que

se abateu sobre os canais tradicionais de participação pol~

ticaT a açao repressiva também estava voltada para impedir novas formas de organização das classes populares.

No entant.o, os movinentos sociais que surgiram ini cialmente de forma defensiva früam gunhando espaço. Partindo de suas lutas especifica s e organizados de forma fragmentá ria, c o nse g uiram mais faci l ment.e e s capar ac controle da or dem allto!itfiria.

Paralelam~nte aos movimentos que têm por objetivo o ate~dimento de necessidade mat eriais, foram surgindo orga nizações em torno da defesa das vitimas da repressão;. foi o caso do Comitê de Defesa dos Direitos Humanos, do grupo Tor tura Nunca Mais, etc.

As contradições desencadeadas na sociedade pelo no vo modelo de desenvolvimento propiciaram também o aparecime~

to de outros movimentos além dos que foram anteriormente me~ cionadQs. Formaram-se grupos de mulheres que discutiam suas atribuições sociais. Surgiram movimentos ecológicos preoc~

pados em deter a devastação da natureza e a deterioração do meio ambiente para atender às exigências do capital.

(22)

vil como a OAB, ABI, etc. Mais importante ainda é o

papel

que desempenhou a igreja progressista através de suas comuni dades eclesiais de base (CEB), muitas vezes berço de muitos deles.

Na verdade, os movimentos sociais estão presentes ao longo da história. Eles são expressão dos antagonismos existentes na sociedade de classes. A partir de seu objeto, dife!enciam-se entre si, apresentando tipos de organização e temporalidade diversas. Assim, encontramos movimentos que vão desde o cspontaneísmo até aqueles que se pautam por uma ação organizadaj da mesma forma, há movimentos que se confi guram num protesto repentino e há aqueles voltados para lu tas de longo prazo.

O que podemos observar é q~e os movimentes sociais aqui tratados não são simples mente substitutivos dos canais tradic iona is de participação, apesar de terem emergido qua~ do do bloqueamento destes. Bles têm seu espaço e dinâmica própri os . Sua novidade r emete às novas contradições da so ciedade, à questão da representativid ade na ação política

e

a importância que ganha a questão da cidadania num país onde a negação dos direitos dos trabalhadores se torna

do desenvolvimento econômico.

condição

(23)

cidadania.

Estes movimentos apresentam uma organicidade,con

substanciada em organismos representativos, e indicam uma lu

ta política que não se fará a curto prazo, mas exige estra

tégias de longa duração.

.

Não pretendemos desconhecer a complexidade que

e~

volve a discussão sobre a categoria "Movimentos Sociais

Urb~

nos

11.

Ela foi elaborada por tepricos europeus e .empres.tada

a aut.ores

bra~lleiros

que passaram a adotá-la como categoria

de análise para situações diversas.

Castell~,

o primeiro au

tor a sistematizar o estudo dos movimentos sociais urbanos,

os associa a mudança estrutural do sistema urbano ou modifi

caça0 na correlação de forças na luta de classes.

Jodi

Borja fala em "movimentos urbanos" e "movimentos reivinãica

tivos: urbanos" referindo-se a açoes coletivas da população

que podem modificar a lógica do desenvolvimento urbano.

A

discussão acerca destas questões conceituais

é

posta por Cas

tro que chama atenção para a heterogeneidade dos movimentos

em relação aos fins imediatos, meios de ação e

organização.

Para ele, que prefere o uso da categoria "mobilização

pop~

lar", cabe remeter o significado dos movimentos ao processo

global de transformação da sociedade.'

o desenvolvimento da sociedade brasileira,nas duas

últimas década.s, com a diversificação e automatização da pro

dução, o aprofundamento da divisão social do trabalho, a

ex

pansao da economia capitalista em direção ao campo e

a

am

(24)

pliação das funções do Estado, acarretou na periferia dos

grandes centros urbanos, a concentração de urna massa de tra

balhadores não diretamente subordinados

ã

esfera do

capital

ao nível da produção . . Estes trabalhadores, na sua maioria,

ligados ao mercado informal de trabalho, sem dispor de

uma

organização sindical, acabaram muitas vezes por encaminhar

suas lutas para a esfera da cir.culação, o que faz

crescer a

demanda pelos . serviços de consumo coletivo -

saúde, saneamen

to, transporte, educação.

Não obstante sejam estes serviços

indispensáveis

à

sobrevivência da população (assim como o

são

os bens de consumo individual -- alimentação, vestuário -- a

princípio supridos pelo salário do trabalhador) seu

atendi

mento não corresponde a um investimento rentável para o capi

tal, devendo ser suprido pelo Estado, uma vez que, historlca

.

-mente, a concorrência levou o capitalista a transferir a ocu

pação com decisões e investimentos responsáveis pela

reprod~

ção do sistema de classes, a acumulação e outros

prOblemas

gerais as instituições estatais .

(25)

e o controle ideológico, sendo este o mais eficaz na manuten

çao da dominação, levando o dominado a consenti-la.

A forma econômica que se sustenta na extorsão de trabalho alheio exige, pois, relações de dominação e de su

jeição, tendo no Estado um conjunto de atividades práticas e

teóricas que justifica e mantém o domínio da classe dirige~

te e obtém o ativo consentimento daqueles que são dominados.

O Estado se rei fica em suas instituições

i

os recuE

50S concentrados nessas instituições aparecem vinculados a

um interesse geral e abstrato. Ao flutuar sobre as fissuras da sociedade, negando a articulação contraditória, as deci soes estatais invocam os interesses da nação. O Estado ap~ r ece então como o E~tado para a naçao e nao co~ o o Estado p~

ra a socted.Jde.

Todo esse mecanismo encobre a contradição capital/ trabalho, o conteúdo de classe da sociedade, cujo desnud~me~

to ameaça a existência da ordem capitalista. Desvendando-se esse fen9meno, percebe-se que a luta de classes depara-se com o Estado como contendor.

(26)

nao os excluam de determinadas articulações".

Percebe-se nos novos movimentos sociais a busca de

urna identidade autônoma, levando seus agentes a procurar tOE

narem-se sujeitos de sua própria história. Estes movimentos

põem em cena novos atores polltlcos com novas formas de fa

zer polltica, arejando com suas práticas as estruturas rigi das e hierarquizadas das organizações participativas tradi

cionais.

8 .

Na luta pelos direitos, os novos movimentos sociais

urbanos voltam-se para os problemas da vida cotidiana, alar gando a esfera do político, que deixa de ser o espaço do gra~

diaso. Não se quer dizer com isto que haja uma despolitiz~

ç~o dos conflitos. Nos referimos

à

"política menor" em O?~

sição

à

"grande politica" de que nos fala Gramsci ao dist.in guir as questões parciais e cotidianas das questões ligodas à "( . . . ) fundação de novos Estados, com a luta pelo. de s trui ção, a defesa, a conservação de determinadas estruturas org! nicas econômico-sociais".'

A luta pelo atendimento às necessidades básicas da população urbana implica na conquista de direitos, os quais nos remetem

à

questão da cidadania.

Sabemos que a cidadania diz respeito a ~ conjunto de direitos (direito às liberdades individuais, direito a

• EVERS, Tilman. Identidade. A Face Oculta dos Novos mentos Sociais. In: Novos Estudos Cebrap. são Paulo,

11-23, abro 1984.

Movi

(4):

, GRAl-1SCI, A. edição. Rio

(27)

participação polltica,

direito a um mInimo de bem estar eco

nômico e

à

participação na herança social, ou seja, direitos

civis, polIticos e sociais).

10

Ora, cabe ressaltar, todavia, que na sociedade ca

pitalista, o "( ___ ) direito

é

a codificação formalizada '"" do

minação".11

Ele

'exprime os interesses

da classe dominante,

impondo normas de conduta que lhe assegurem a dominação.

Nao

é

por ' acaso

que

a

questão

da cidadania

é

posta

na sociedade capitalista; pois ela pressupõe a igualdade dos

indivIduos t=elo fato de apresentarem-se todos como sujeitos li vres para a compra e a venda de mercadorias (no caso do traba

lhador,

é

a sua força de trabalho a mercadoria vendável), esta

be.lecendo relações contratuais que garantaJ':'l suas propxiedades.

O contrate. se expressa numa relação jurídica

que

isenta o suje!.

to de suas determinações econômicas e sociais. Desse modo, a

igualdade que ai se apresenta é uma relação entre iguais aos

tratos, pois fundamenta-se na propriedade

de

éEterminados bens;

logo o direito depende da condição social

d~

individuo.

Reconhecer o direito como instrumento de

legitim~

çao da sociedade burguesa não significa ignorar a

itnportâ!!

cla de

&2

conquista para os trabalhadores. As lutas de traba

lhadores de todo o mundo por reformas sociais

re~resentaram

a luta pelo reconhecimento de seus direitos. Assim, nos

lo

10 MARSHALL, T.H. Cidadania, Classe Social e Status. Rio de Janeiro. Zahar. 1967.

11 O'DONNELL, G. Anotações para Revista de Cultura política. Paz e Terra, 1981.

(28)

cais onde se teve movimentos operários poderosos,

assegurou-se, em grande parte, os direitos civis, polIticos e

sociais

da população.

O. que se tem, no entanto , para além do âmbito dos

países de modelo clássico de capitalismo,

é

o naa

reconheci

mente de certos direitos para ampla maioria dos trabalhado res. No dizer de Hobsbawrn .. (. 0,0) multo dos direi tos formu lado.s J'X) contexto à:> final do século XVIII ainda corresponde: ao

que a maioria das pessoas nas sociedades modernas desejam e

precisam" .12

Marcada pela herança escravocrata, a sociedade bra

sileira depara-se com a questão da conquista dos direitos p~ ra a classe trabalhadora somente a partir do inicio do pr~

sente século. Ao longo de suas primeiras décau a s, já se peE

cebe entre os trabalhadores uma pressao pela part.icipét):ão P2. lítica, a conquista de direitos civis e reivindicações em tor no dos direitos sociais. Em relação a estes últimos, o 92 verno de Getúlio Vargas formula, a partir dos anos trint~ um conjunto de medidas de cunho social que ao mesmo tempo ate nua estas pressões e leva grande parcela dos trabalhadores ur banos a compor a base de sustentação necessária ao Estado P2

pulista.

o período de 1946 a 1964, nao obstante tenha repr~

sentado par.a o paIs um ensaio de experiência democrática, não

)2 HOBSBAWN, Eric. Mundos do Trabalho. Novos Estudos sobre

História Operária. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987, p.

(29)

permitiu aos trabalhadores consolidar suas conquistas no

cam

po dos direitos.

o processo de expansao da acumulação de capital

d~ tonado pelo modelo brasileiro de desenvolvimento, ao final

dos anos sessenta e inicio dos anos setenta, vem mostrar que

a tese de Marx, posta há mais de um século, de que

à

acumul~

çao de riqueza de um lado,

corr~sponde

a acumulação de

misé

ria no lado oposto tem atualidade hist.órica. Dessa

forma,

para garantir a acumulação capitalista, a ditadura militar manteve, através de uma dura ~epres5ao, a classe trabalhado ra numa situação de penúria.

t

neste quadro, como vimos an

teriormer.te, que emergem os novos movimentos socIais urbanos

tcnt.a •. do inscrl:.'ver o atend i !f,ento d.S n c ce~~idades básicas da população 110 campo dos direitos.

Se por um lado, movi~en~cs sociais em torno do di rei to de cidadania não constitue l!'! novidade na história brasi leira, 13 por outro lado, só recentemente os movimentos assu

mem esta questão explicitamente nos discursos de seus suje! tos, passando a enfatizá-la como eixo de suas lutas. Assim, a luta por direito

à

moradia, saneamento etc., configura-se como a luta do cidadão pele acesso aos benefícios do desen volvimento econômico.

Não obstante deva se reconhecer os novos movimen tos sociais como uma nova peça no jogo político, há que se

13 Para uma discussão sobre as lutas por cidadania no Brasil

ver CARVALHO, J. Murilo. Os Bestializado s . O Rio de Ja neiro e a República Que Não Foi. Sao Pau ,lo, eia. das Le

tras, 2~ edição, 1987.

I

I

!

I

(30)
(31)

a ideologia do proletariado. 15

Além de todos estes limites, que expressam uma fa se de consciência polltica ainda muito embrionária da parte dos sujeitos dos movimentos sociais, existem outros de ordem conjuntural.

Em meados da década de setenta, agravaram-se as co~ tradições das forças sociais que detinham o governo do pais; retiraram o s~u apoio a igreja e a pequena burguesia. A cri se da ditadura foi se configurando a partir de relações con traditórias entre o poder militar e o poder econômico e a crescente insatisfação dos setores populares. Percebendo-se fragilizadas em sua dominação, as forças que sustentavam o regime colocaram em pauta a "politica de distensão". A aber tura dev:ia se dar de forma "lenta, gradual e segura".. Os 92-vernos Geisel e Figueiredo foram marcados, então, por pequ~

nos avanços no campo das liberdades democráticas (anistia, l~ berdade de impren~u, eleições diretas para governadores, en tre outras medidas). Em 1984, de·Jeria sllceder ao governo mi litar um presidente civil.

A mobilização popular que antecedeu este momento foi a maior já conhe~ida em toda a história do paIs. Forma ra-se um comitê suprapartidário, constituldo, além dos parti dos políticos, por sindicatos e demais entidades represent~

tivas da sociedade civil (aI incluindo os novos movimentos

15 HOBSBAWM,

nas. In: 158-167.

Eric.. Pasado

Para El Estudio de las Clases y Presente, n9 2-3. Córdoba,

(32)

p-:-sociais urbanos), que realizou, em quase todas as capitais brasileiras, manifestações por eleiçõ~s presidenciais livres e diretas.

Epquanto o movimento popular ganhava proporçoes surpreendentes, nos gabinetes governamentais se davam as gran des negociatas póllticas. Para o regime e para os setores

liberais (que também participav.am da campanha das diretas p~ ra dela tirar dividendos na barganha política) interessava de ter o avanço popular. Argumentava-se sobre a necessidade de um nome de conciliação. Assim, mantinha-se a candidatura ma lufista, identificada com as forças da ditadura, mas prop! ciava-se o crescimento da candidatura de Tancredo Neve~, lan çada pela Aliança Democrática, que se constituía das mais di versas forças políticas. Devendo-se seguir a orientação de uma abertura "gradual 11 , recomendava-se a ida de ambos ao Co

(33)

seus discuroos o compromisso com a plataforma de Tancredo

Ne

ves e o fato de ter chegado ao poder por desígnios divinos.

Mais uma vez, nao obstante toda a mobilização popu

lar, reforçou-se a idéia, tradicional na sociedade brasilei

ra, de que as decisões pollticas são privilégios

de

urna elite.

A

"oligopolização da polltica"

(como

conceituou

Francisco de Oliveira) tarabém f,oi demonstraàa com o

advento

do P,1ano Cruzado.

Esperançosa na nua participação no comba

te

ã

inflação, a população atende aos apelos governamentais,

passando a atuar rigorosamente no controle do congela

Tento de

preços.

Praticando um ilusório exercício de cidadania, a pc

pulação aproximou-se do governo, elegendo os seus candidatos

nas eleições

de

novembro

ãe 1986 .

$el:lanas após

é\

vitória nas

urnas, o governo cede

às

pressoes empre stu:lais

I

levando

a

cair por terra o Plano Cruzado.

Sentindo-se tralda, a

pop~

lação brasileira passa a demonstrar um sentimento de

descon

fiança e ceticismo em relação

à

política em geral.

Tais acontecimento têm importantes repercussões so

bre os novos movimentos sociais urbanos, levando-os a uma fa

se de refluxo.

(34)

atendimento às necessidades materiais básicas da população, os novos movimentos sociais urbanos deparam-se imediatamente com a questão social. Esta tem se configurado de diferentes maneiras conforme o processo de constituição das sociedades capitalistas, sendo condicionada pelas forças sociais envol vidas no processo e pelo alcance das transformações ocorri das. 16 Assim, enquanto algumas. destas sociedades constituí ram-se a part~r da mobilização das classes populares e da a~ censao de uma nova classe dominante, no Brasil, a industria

lização e a modernização se fizeram por via autoritária, sem que em nenhum momento tenha se estabelecido um Estado de Bem Estar Social.

Oscilando entre a ideologia da outorga e a pura re pressao às lutas populares, chegamos a um modelo de capit~

lismo que se sustenta exatamente através da negação do so cial. O Estado omite-se de suas responsabilidades em rela çao a uma política pública. A saúde e a educação vão sendo privatizadas; o direito

à

moradia torna-se uma árdua conqui~

ta e restringem-se cada vez mais os direitos trabalhistas.Ob ter conquistas sólidas neste campo, implicará portanto a mu dança do próprio mod~lo.

t

necessário que se levante desde já uma bandeira em defesa de reformas sociais e institucio nais profundas. Nesta perspectiva, ao analisar a crise do modelo, Oliveira, considerando o fato de a economia brasilei

16 FAUSTO, Boris. Estado, classe trabalhadora industrial (1920-1945): uma revisio. In:

Cebrap. (20),_or. 1988, p. 6-l7.

(35)

ra estar marcada pela regulação monopolista sem ter passado

por mudanças nas relações sociais, aponta em direção a

uma

salda social para a crise. Num pacto social, caberia aos mo

vimentos sociais levar as negociações em

torno de

questões

compatíveis com suas formas organizacionais c seus meios dis

poníveis, tais como a questão habitacional e as tarifas

50

bre os serviços públicos.

17

o significado nlais profundo do avanço social seria,

ainda segundo Oliveira, a criação de uma cultura política em

oposição

à

anticultu~a

política característica da

sociedade

de massas.

Quanto a este aspecto, cabe pensar o processo edu

cativo

q~e

se dese nvolve no bojo dos movimentos sociais. Le

vando seus mcwhros

à

passagem das

insatisfações individuais

para a formulação de um projeto coletiy", eles sinalizam com

a possibilidade de urna tornada de consctência pelo grupo da

sua condição de excluído.

Na aprendizagem

p~ática

da

l~ta,

o grupo vai tomando consciência de seus direitos e

interes

ses" construindo uma identidade social que pode vir a

prod~

zir mudanças a nível de visão do mundo.

!

interessante o conceito de saber social formula

do por Grzybowski na análise dos movimentos sociais no campo.

nA continuação da pratica e o acúmulo de exp!.

17 OLIVEIRA, Francisco. Além da transição, aquém da imagina

ção. In: Novos Estudos Cebrap. (12), jun. 1985, p. 2-1'5". Ver do mesmo autor Crise Econômica e Pacto Social. In: ~

(36)

riências permite um salto na consciência, na socialização política. Trata-se da formação de um saber social com os elementos da práti ca de luta e com os recurso~ da pr~pria cultu ra do grupo."18

Dessa forma, o a\'"anço dos movimentos sociais pode

-

.

~

significar a criaçao de uma nova cultura pol1tica que venha a questionar a dominação, agregando assim forças a uma luta maior em torno da transformação da sociedade como um todo.

Esta nova cultura polltica poderá se contrapor às concepções de mundo difundidas pelo Estado burguês, que pr~ duz o "homem-massa", aquele que também

é

produtor de uma cul tura subalterna e fragmentad a.

Trata-se aqui do conceito gramsciano de cultura/e~

quanto processo social global, que atinge os modos de vida , comportamentos e a própria visão do mundo.

Neste sentido faz-se necessário nos remeterrros mais uma vez a Gramsci, para quem o conceito de cultura está inti mamente vinculado ao de hegemonia, momento da direção cultu ral, do consentimento ativo e voluntário das classes subordi nadas. Distinguindo (mas não opondo) o conceito de hege~~

nia do conceito de dominação (momento da força, da coerção), Gramsci considera que aquela ~xige cqmo condição, para o seu exercício, uma direção polltica pré~ia.

o poder burguês se exerce pela conjugação da domi

18 GRZYBOWSKI, C. ciais no Campo.

Caminhos e Descaminhos dos Movimentos Rio de Janeiro, Vozes, 1986.

(37)

-nação com a hegemonia, sendo que os mecanismos coercitivos que asseguram a dominação se desencadeiam principalmente a

partir da sociedade política (conjunto de atividades coerci tivas, que através de mecanismos de repressão e viol~a sub metem as classes dominadas às exigências da produção capit~

lista), enquanto o consentimento, próprio

à

hegemonia,

é

de sencadeado principalmente a par.t i r da sociedade civil (co!!. junto de atividades responsáveis pela direção que a classe dominante imprime às demais classes sociais, constituindo-se uma intermediação entre a economia e o Estado). Nos países capitalistas mais avanç~dos, onde a sociedade civil

é

forte e bem organizada, a hegemonia tende a prevalecer sobre a do minação.

A hegemonia de um grupo ou ela sse social sobre a sociedade se dá através de lnstitui.ções complexas os ap~ relhos de hegemonia corno a escola, a imprensa, a igreja, os sindicatos.

Se constituindo corno objeto de disputa entre as classes e grupos sociais, a hegemonia deve buscar continua mente a sua renovaçao para responder aos desafios e press0es que lhe sao postos. Desta forma, é posslvel pensar numa eon tra-hegemofiia como conjunto de práticas das classes populares que põem em cheque a capaCidade de direção da classe no po der. Para construir a contra-hegemonia faz-se necessário u ma reforma intelectual e mo.ral, o que implica na luta por u ma nova cultura.

(38)

isto

é,

por uma nova vida moral, que nao pode

-deixar de ser intimamente ligada a uma nova intuição da vida, que chegue a se tornar um novo modo de sentir e de ver a

dade (~ •• ) ."19

reali

Esta luta se organiza a partir do partido polrtic~

enquanto condensação da luta id~ológica e luta pelo poder.

t

o partido que deverá propiciar o desenvolvimento de uma von tade coletiva. O partido político

é

entendido como aquele que se propõe fundar um novo tipo de Estado. Lembrando que nem todos os organismos que se dizem partido o são de fato e que existem partidos que não se intitulam 'como tal, Gramsci vai considerar a existência de "frações de partida". Assim, um jornal, por exemplo, poderia ser considerado "fração de partido", na medida em que difunde uma nova visão de mundo,

lutando pela construção de uma hegemonia.

o que caracteriza o partido enquanto o "moderno príncipe"

é

pois a sua capacidade de articular os interesses de uma classe, levando os interesses imediatos a tornarem-se conscientes, de modo que se crie nos grupos sociais a cansei

,

ência de que fazem parte de uma força hegemônica.

Se a luta por hegemonia tem como espaço prioritário a sociedade civil, corno romper a tradicional subor~ção des ta ao Estado no caso da sociedade brasileira?

A sociedade civil foi descoberta no Brasil a paE

(39)

tir da luta de resistência contra o terror da

ditadura.

2o

No entanto, dado O seu caráter atomizado,

nem

sempre esta

luta significou o efetivo fortalectmento da sociedade civil.

Quase sempre o quadro que se apresentou foi o de um mosaico

de movimentos sociais fragmentados em demanda com o

Estado,

exigindo-lhe o cumprimento de suas funções públicas.

·Não obstante tenha a ditadura tentado despojar o

. Estado de sua dimensão política, tentando imprimir ao apara

to administrativo uma pretensa neutralidade, ela não obteve

contudo o fim desejado -- esvaziar das disputas sociais o seu

conteúdo político.

o que se teve, no entanto, foi que este caráter P2

lítico dos movimentos sociais ficou limitado inicialmente a

idéia de uma política em oposição

à

política do Estado.

2

I

Este quadro, no entant.o, vem sendo revertido. A pró

pria burguesia hoje amplia sua dominação para a esfera da

50

ciedade civil, ou melhor, aos recursos coercitivos ela alia

cada vez mais os mecanismos organizadores do consentimento.

Podemos observar, então, os meios de comunicação de massa

pr~

curando garantir a todo custo a hegemo.nia burguesa; reste mes

mo sentido, temos a velha figura do "coronel" sendo

substi

tulda pela imagem dos modernos líderes da UOR e seu correIa

to nas grandes cidades

o t-tovimento Democrático Urbano. Ca

20 Sobre esta questão ver WEFFORT, F. Por Que Democracia? 4~ edição. Suo Paulo, Brasiliense, 1986.

21 HOIS!S, J.A. Sociedade Civil, Cultura política e Democra

(40)

be

às classes populares, portanto, assegurar na sociedade oi

vil firmes posições.

Uma sociedade civil forte e bem organizada

será,

neste momento de transição, condição para inscrever as con

quistas das classes populares no campo normativo da

institu

cionalidade, rompendo a tradição secular da conciliação

na

vida política brasileira.

Cab~

chamar atenção para o

fa~o

de que, neste pro

cesso de construção da hegemonia dos trabalhadores a

partir

da ocupação de espaços na sociedade civil, os movimentos

50

ciais urbanos puxam o eixo da luta não para a esfera das

re

lações de produção, mas para o campo das relações de

domina

çao.

Neste sentido, a unidade dos grupos sociais em açao se

f~z

no plano político.

Sabemos que não só a inserção do individuo no

pr~

cesso produtivo leva-o a constituir uma classe.

Sob este

po~

to de vista, teríamos, na teoria formulada

por J.larx,

três

classes fundamentais, definidas por sua fonte de renda:

os

assalar~ados,

os capitalistas e os proprietário de terra. Há

que se considerar, todavia, os jogos de alianças e exclusões

entre os grupos sociais, a luta poli tica de q\.lE.! nos fala Marx

em A Miséria da Filosofia.

Estas considerações justificam o fato de ter se

0E

tado, neste trabalho, pelo conceito de classes populares. Re

força-se aqui a idéia de Moisés de que tal conceito

encon

tra-se ligado ao

(41)

te heterogêneo, cuja

no plano ~rgânico de

unidade

é

alcançada

seu papel ao nível

-nao

do

sistema de produção, mas diretamente no plano

da política.·1I22.

Os movimentos sociais urbanos se organizam

gera!

mente a partir da tomada de consciência de determinadas con

tradições por parte de um pequeno grupo.

Inicia-se então um

processo de mobilização.

Muitas vezes os organizadores

do

movimento sao pessoas que têm sua origem fora do grupo.

Ao

contrário das bases do movimento,

para as quais importa uma

contradição especIfica a ser superada, move os organizadores

uma ideologia, um projeto político para a sociedade.

Neste

sentido, eles cumprem o papel de int.electuais das classes po

pulares, sendo responsáveis por levar a massa

ã

passagem de

uma concepção de mundo ocasional' e desagregada a uma

coneeE

çao de mundo unitária e coerente; procuram realizar a

unida

de entre a conscjência prática e a consciência teórica de mo

do a levar a massa a autoconsciência crItica. A consciência

crítica

é

adquirida, portanto, na luta pela

cons~rução

de

u

ma hegemonia.

Neste ponto coloca-se a questão da relação entre a

escola e os novos movimentos sociais urbanos.

Gestando uma nova cultura política, os novos movi

mentos sociais urbanos participam de um trabalho

de

constitui

22 MOIStS, J .A. O Esta.do, as Contradições Urbanas e os Mo

·vimentos Sociais. In: HOIS~S, J.A. et alii. Cidade,

Povo e Poder. Rio de Janeiro, Paz e Terra/CEDEC, 1982,

(42)

çao de hegemonia; sendo a escola um de seus mais importantes

aparelhos, na medida em que " difunde um modo de ser e uma con

cepção do mundo, se torna também ela um campo de disputa no

processo de constituição da hegemonia de uma classe.

Ao contrário do que tem pregado a teoria reproduti

vista, tão em voga nos anos setenta e que levou ao abandono

da escola pública corno campo de. luta, a escola nao e

unica

ment~

instrumento a serviço da ordem burguesa.

Nas palavras

de Snyders:

U( ••• ) ela e o terreno em que se defrontam as forças do progresso e as fQrças conservadoras

( . . . ). A escola; simultaneamente reprod.!:.

çao das estruturas existentes C . . . ) mas tam

bém ameaça ã ordem estabelecida e possibilirl~

de de libertaçio." 2l

A escola apresenta - se, portanto, como um dos locais

privilegiados para o desenrolar da luta contra a

hegemonia

burguesa, pois na sociedade capitalista, ela tem o duplo

e

paradoxal papel de reforçar e corroer as estruturas da ordem

vigente, ou seja, ao mesmo tempo que difunde valores e

cren

ças que reforçam a ideologia dominante, a escola

instrument~

liza as crianças das classes populares com o código da cultu

ra letrada, impedindo que esta seja manipulada contra elas;

além disso,

é

papel da escola a transmissão do saber histori

2' SNYDERS, Georges. Escola, Classe e Luta de Classe, MOraes

(43)

caménte acumulado pela humanidade; este saber sistematizado

é

de grande importância para a superação do senso comum

e,

portanto, para a compreensão da realidade.

Acreditamos que as práticas educacionais escolares

se determinam pelas lutas mais amplas da sociedade, no emba

te pela hegemonia entre os diversos grupos sociais. Corno nos

diz Arroyo,

U( ••• )

e

fundamental entender como se consti tuem as classes enquanio sujeitos da açio p~ litica parR que se equacione um projeto educ~

tivo que seja do interesse da classe trabalha dor·a."24

A escola se constitui um instrumento na luta

dos

trabalhadores ao lhes possibilitar o acesso

à

herança cultu

ral legada pela humanidade .

No entanto . a

instr"umentaliza

çao do trabalhador pela cultura letrada

é

condição

necessá

ria, mas nao suficiente para o fortalecimento e ampliação de

suas lutas. Há que se construir uma nova escqla para que se

transforme a realidade social;

é

necessário contudo a

trans

formação dessa realidade para que se crie uma escola que a

tenda efetivamente aos interesses das classes populares.

A importância dê analisar a forma de

articul~ção

da luta pelas necessidades básicas com as lutas por escola e

(44)

a articulação destas com a conquista de uma

nova cidadania

significa atribuir às relações que se estabelecem entre

os

novos movimentos sociais urbanos e a escola- uma forma de ex

pressão da inserção dos homens no mundo da produção material

e social.

Se a constituição do Estado burguês no Brasil foi

incapaz de gerar o cidadão nos mesmos moldes daquele

consa

grado pelas revoluções burguesas clássicas, a luta das elas

ses populares aponta hoje na direção de uma cidadania de no

vo tipo, fundamentada nas práticas sociais e políticas destas

classes.

A construção de uma nova cidadania, baseada

numa

nova cultura democrática

é

o desafio que este tão extenso

p~

riodo de transição nos coloca.

(45)
(46)

No urbano começam a sintetizar-se. em qualquer direção, os problemas da expansão do capitalismo no Brasil ( ..• ). Não

ha

pratic~

mente qualquer dimensão da vida nacional que não se reflita imediatamente num problema ur bano ou num probtema que explode como urba

ne •.. 11

(Francisco de Oliveira)

A primeira importante revolução na história da hu manidade

é

atribuída, pelos historiadores, ao fato de o ho mem, na passagem do período paleolítico para o neolítico, pr~ ticando a agricultura e a domesticação de -animais, ter aban donado o nomadismo, tornando-se sedentário. A partir daI, o desenvolvimento das forças produtivas pro priciará a proãução de um excedente alimentar, que dispensará uma parcela da po pulação dos encargos da produção agrícolaj esta apropria-se do excedente produzido, isolando-se espacialmente e passando a exercer uma relação de dominação sobre o restante da sacie dade. A rede político-administrativa que vai se tecendo p~ ra o exercício desta dominação

é

concomitante ao aparecime~

to da cidade. Essa resulta, portanto, do processo de divi

são da sociedade em classes.

(47)

metrópole.

Tal processo exigia a existência de

serviços · ur

banos, conferindo às cidades um caráter polltico-administrati

vo, tornando-as centro de controle.

"o

cariter medtocre da urbanizaçio no Br~sil

" .' (\ .• ) refletia ( .•. ) o travejamento es.trutu

ral da produção, quase sempre monocultora e fundada no trabalho compllls~rio, escravo, des tituíndo a cidade como mercado tanto das mer cadorias quanto da força de trabalho.'I25

Apenas no período que vai da segunda metade do

cuIa XIX até a final dos anos vinte, com a expansão da econo

mia cafeeira, ocorreu o controle social e político do campo

sobre a cidade.

Constituiu-se então um grupo dominante

cem

capacidade de controle sobre o excedente aqui gerado,

lmpri

mindo ao Estado nacional um caráter oligárquico.

A partir da década de trinta, no entanto, o

eixo

da economia deslocou-se para a produção urbano-industrial; o

Estado foi se configurando enquanto

Est~do

burguês, adotando

um novo modo de acumulação de capital e dirigindo sua

açao

no sentido de regular os fatores de produção.

Desse

modo,

a legislação trabalhista, deste perIodo, se inseriu nas no

vas condições do processo de acumulação, atraindo às cidades

25

OLIVEIRA,

Francisco. AcumulaçãQ Monopolista, Estado

baniz~ção: A Nova Qualidade do Conflito de Classes: In: .

MOIS!S,

J.A . et alii. Contradi ões Urbanas e mentos Sociais. Rio de Janeiro, CEDEC Paz e · Terra,

65-76.

-e Ur 69-:-Movi

(48)

".

um contingente populacional que deveria constituir um exérci

to industrial de reserva.

Cidades como o Rio de Janeiro

e

são Paulo passaram a superconcentrar atividades produtivas,

assim como a força de trabalho indispensável

à

sua expansão.

·Ocorreu então

um

processo de "urbanização por expansão de p!:.

riferias".26 Esse processo provocon, por um lado, a emergê!2

eia de novas necessidades no que se refere aos equipamentos

de c.onsumo coietivo, por .. outro lado, teve-se corno

resultado

o fenômeno da segregação urbana. 27

No que toca

às

demandas por equipamentos de

consu

mo coletivo, as soluções foram buscadas ao nível do Estado.

Segundo ·Moisés,

"E

interessante observar,

r~ter social exigido p~la

portento, como o c~

so~ução dos mas urbanos confirmava, dessa maneira,

pr:ob1.!

aspe~

tos do consenso social, criado pela ideologia dominante, segundo a qual cabia ao Estado, c~

mo 'provedor I de toda a populaçio ( .•• ), ate~

der às necessidades mais prementes da popu1~ çao e, ass~m, resolver a problemática, que p~

recia crescer sempre mais."28

26

MOlS2s, J.A. et alii. Cidade, Povo e Poder. neiro, CEDEC/Paz e Terra, 1982.

Rio de J.

l7

titi1iza-se aq~i o conceito de segregaçio urbana de Cas te1ls para quem ela se refere i . '1 • • • tendincia

i

organiza

çio do espaço em zonas de forte homogeneidade social in terna e com intensa disparidade social entre elas, sendo esta disparidade compreendida não só em termos de diferen ça, como tambem de hierarquia." (CASTELLS, M. A Questãõ Urbana . . Rio d·e Janeiro, Paz e Terra, 1983:210).

28 MOlS!S, J.A. op. cit.:18.

(49)

Emboxa o Estado populista buscasse o apoio das

ma~

sas urbanas, procurando muitas vezes contornar os problemas

imediatos da população da periferia, ele não poderia garan

tir, no entanto, uma solução real para as novas

contradiçõe~

A ambigüidade que costurava o pacto populista

é

abandonada,

no perIodo Kubitschek, em favor da internacionalização da e

conomia do país.

A Reforma Urbana posta como ponto de pauta nas dis

cus soes sobre as Reformas de Base pretendidas pelo governo

Goulart, em 1963, e que previa transformações substanciais no

que tocava

à

especulação imobiliária e equacionarnento do pro

blema habitacional· e demais questões ur.banas, foi

abortada

pelo golpe d e 1964.

No governo

a~toritário,

pautado por um

pensamento

que procurava despojar o

co~teúdo

político de

SU3

açao, apre

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