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Discutindo autogestão: um diálogo entre os pensamentos clássico e contemporâneo e as influências nas práticas autogestionárias da economia popular solidária.

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Academic year: 2017

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O

T

* Dout or anda PPGA/ EA/ UFRGS * * Mest r e PPGA/ EA/ UFRGS

D

ISCUTINDO

A

UTOGESTÃO

:

UM

DIÁLOGO

ENTRE

OS

PENSAMENTOS

CLÁSSICO

E

CONTEMPORÂNEO

E

AS

INFLUÊNCIAS

NAS

PRÁTICAS

AUTOGESTIONÁRIAS

DA

ECONOMIA

POPULAR

SOLIDÁRIA

D e i se Lu i z a d a Si l v a Fe r r a z * P a t r í ci a D i a s* *

R

ESUMO

su r gim en t o dos Em pr een dim en t os Au t ogest ion ár ios f om en t a u m a discu ssão det a-lhada acer ca da aut ogest ão. No int uit o de com pr eender a abr angência dessa t em át ica, est e ensaio apr esent a não só a or igem e o significado do t er m o, m as os pr essupos t os e os ideais básicos de sua const r ução. Par a t ant o, buscam os na v er t ent e socio-lógica a or igem da au t ogest ão, abor dan do dois en foqu es: o m ar x ist a e o pr ou dh on ian o. Est a r eflex ão t eór ica ex ige ainda consider ar a r eapr opr iação desse conceit o pelas ciências adm inist r at iv as. À luz dessas const r uções, av er iguam os com o o conceit o e a pr áx is est ão sen do en t en didos pelos est u diosos da Econ om ia Popu lar Solidár ia n o Br asil. Por con se-g u in t e, con t r ap om os os p r essu p ost os d os au t or es clássicos aos d os con t em p or ân eos e, com isso, per cebem os a necessidade de um a r elat iv ização do conceit o de aut ogest ão par a as dist in t as r ealidades en con t r adas n os Em pr een dim en t os Econ ôm icos Au t ogest ion ár ios. Desse m odo, esper am os inst igar nov os debat es a r espeit o desse assunt o, a fim de cons-t r u ir m os colecons-t iv am en cons-t e u m a v ia alcons-t er nacons-t iv a ao siscons-t em a hegem ôn ico.

A

BSTRACT

(2)

H

Introdução

á, cir culando pelos cenár ios acadêm icos, o pr essupost o de que a Econom ia Popular Solidár ia pode vir a inser ir, na lógica m er cant il, um a nova dinâm ica: a da r ecipr ocidade. Singer ( 2000) e Fr ança Filho ( 2002) m encionam que os Em pr eendim ent os Econôm icos Aut ogest ionár ios t iv er am sua r ev iv ência ou seu sur gim ent o, no Br asil, a par t ir da década de 80 do século passado. Dent r e as car act er íst icas desses em pr eendim ent os, dest acam os a noção de solidar iedade, bem com o a cr iação de novos ar ranj os or ganizacionais. Por assim ser, os Em pr e-endim ent os Aut ogest ionár ios t endem a “ com binar os obj et iv os sociais e polít icos de sua ação com a elaboração de at ividades econôm icas” ( SI LVA JUNI OR e FRAN-ÇA FI LHO, 2002, p.1) . Por t ant o, esses em pr eendim ent os est ar iam apt os a pr at i-car a aut ogest ão. Por conseguint e, est udiosos dessas iniciat iv as ( SI NGER, 2000; GAI GER, 2003; dent r e out r os) e seus incent ivador es apr egoam que a aut ogest ão ser á a r esponsáv el pela per pet uação dessa for m a de or ganização alt er nat iv a às for m as capit alist as.

Par t indo do pr essupost o da possibilidade da aut ogest ão ser um a for m a al-t er naal-t iva de gesal-t ão or ganizacional que esal-t á sendo efeal-t ivada pelos pr aal-t icanal-t es da Econom ia Popular Solidária, nos propom os a analisar com o o conceit o foi const ruído em sua vert ent e sociológica e com o foi apropriado pela Adm inist ração. Tem - se por obj et ivo, à luz dessas const ruções, averiguar com o t al conceit o est á sendo ent endi-do pelos est udiosos da Econom ia Popular Solidária no Brasil. Por fim , est e ensaio pr et ende fom ent ar a discussão acer ca da aut ogest ão e at ender, por t ant o, a um a dem anda realizada por Albuquerque ( 2003) . O aut or alert a que o t erm o aut ogest ão – ao t er se t ornado corrent e com a globalização das t écnicas de adm inist ração – deve est ar subm et ido à “ cont ínuas reflexões, dada a possibilidade de explicações falaciosas e equivocadas sobre o assunt o” ( ALBUQUERQUE, 2003 p. 23) .

Est rut uram os est e t rabalho de m odo que, no próxim o it em , apresent a- se o conceit o de aut ogest ão segundo a abor dagem sociológica. No it em subseqüent e, discorrem os sobre a apropriação desse conceit o pelas ciências adm inist rat ivas e, a

post er ior i, discut im os o conceit o e a pr át ica da aut ogest ão na Econom ia Popular

Solidária, para, ent ão, poderm os elaborar um paralelo ent re os pressupost os clás-sicos e os cont em porâneos, t raçando nossas considerações acerca desse assunt o.

Autogestão: uma abordagem sociológica

A au t ogest ão1, qu an do abor dada sob u m a per spect iv a sociológica, apr

e-sent a duas ver t ent es par a a discussão, quais sej am : a aut ogest ão sob o enfoque m ar xist a e a aut ogest ão sob o enfoque pr oudhoniano. Vale dest acar que nenhum deles u sou a palav r a au t ogest ão em seu s est u dos; m as após o su r gim en t o do t er m o, no início dos anos de 1960, seu uso foi t ão gener alizado que o m esm o t or nou- se um ver dadeir o “ saco de gat os”. Resum idam ent e, consider am os que a au t ogest ão pode ser en con t r ada em Pr ou dh on qu an do o m esm o f ala sobr e as associações m út uas; j á em Mar x, a aut ogest ão apar ece com o o aut ogover no dos pr odut or es associados ( GUI LLERM e BOURDET, 1976) . Segundo Guiller m e Bour det ( 1976, p. 9) , o sent ido or iginal da palavr a, num a per spect iva m ar xist a, significa “ a liv r e associação de hom ens iguais num a sociedade sem classes”.

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Autogestão sob uma visão proudhoniana

Pr ou dh on é con sider ado, por Pr est e Mot t a ( 1 9 8 1 ) , o pai da au t ogest ão, pois foi o pr im eir o que buscou est abelecer em suas obr as os fundam ent os de um a sociedade aut ogest ionár ia. Pr oudhon acr edit av a que a aut ogest ão é v iáv el dev ido a um a dada capacidade que a sociedade t em de gover nar se e de or ganizar -se. Sen do assim , a au t ogest ão gan h a o sign if icado de “ u m con j u n t o social de gr u pos au t ôn om os associados t an t o n as su as fu n ções econ ôm icas de pr odu ção quant o nas suas funções polít icas” ( PRESTE MOTTA, 1981, p. 133) , de for m a que a or ganização da sociedade é a or ganização dos t r abalhador es.

Essa organização dos t rabalhadores ocorreria m ediant e a especialização e a produção colet iva. Na visão proudhoniana, o produt o do t rabalho seria o result ado de um a união solidár ia de associações m út uas e, com o t al, é de pr opr iedade da sociedade com o um ser colet ivo. Est a, por sua vez, se encont ra em relação perm a-nent e de int erdependência com o t rabalho e com o t rabalhador. Em virt ude disso, a apr opr iação do r esult ado do t r abalho pelos det ent or es do capit al é cr it icada vee-m ent evee-m ent e por Proudhon, pois represent aria a subvee-m issão do hovee-m evee-m ao hovee-m evee-m ; ou sej a, a condição básica par a a efet iv idade de um a sociedade aut ogest ionár ia não é at endida: a liberdade do hom em t rabalhador ( PRESTE MOTTA, 1981) .

Acr escida ao pr essupost o da liber dade do indiv íduo, est á a consciência de um a sociedade com o um ser colet ivo que perm it iria a criação da individualidade do hom em superior colet ivo. Esse hom em colet ivo ou a sociedade em si se m anifest aria a part ir de dois at ribut os básicos: força colet iva e razão colet iva. O prim eiro seria o result ado da união dos t rabalhadores e o segundo seria o result ado “ do choque de opiniões, de sua lut a e de suas t rocas, que depurariam a subj et ividade im anent e às razões individuais” ( PRESTE MOTTA, 1981, p. 142) . Am bos os at r ibut os negam a necessidade da ex ist ência de um Est ado que m edeie as r elações sociais, pois a força colet iva seria a im pulsionadora da prát ica social que, ao lado da razão social, perm it iria a const it uição da ciência social e o aut ogoverno das sociedades.

O aut ogov er no ocor r er ia dev ido ao r espeit o pelas int er - r elações dos gr u-pos, que se or ganizar iam a par t ir da união das for ças indiv iduais em oposição a out r as for ças individuais. Est as se agr upar iam em gr upos m aior es, em oposição a ou t r os agr u pam en t os, e assim su cessiv am en t e, at é for m ar em u m a só r ede de i n t e r - r e l a ç õ e s . Es s a i d é i a d e r e d e , p a r a Pr o u d h o n , t o r n a r i a f a l a c i o s a a hier ar quização social que, por sua vez, cor r obor a o plur alism o social. Nesse sent i-do, ser ia iner ent e a essa r ede a exist ência de cer t as leis que dever iam ser consi-der adas para per m it ir o equilíbr io e o avanço da sociedade. Trat am - se da lei ser ial e das du as leis an t in ôm icas – a do an t agon ism o com pet it iv o e a do equ ilíbr io m út uo ( PRESTE MOTTA, 1981) .

A lei ser ial pode ser ent endida com o o t rabalho int egrador. Já a lei do ant a-gonism o com pet it ivo est á r elacionada às r elações fundam ent ais de com pet ição, e as leis de equ ilíbr io m ú t u o, às r elações de cooper ação. Nesse sen t ido, Pr est e Mot t a ( 1981, p. 146) explica que:

O ant agonism o, r econhecido com o lei da hum anidade e da nat ur eza, não cons-t icons-t u i apen as u m a lu cons-t a n egacons-t iv a, m as pode lev ar a em pr een dim en cons-t os e ao pr o-gr esso. Decor r e daí que a via de um socialism o aut ogest ionár io é de or ganizar o a n t a g o n i sm o h u m a n i t á r i o , d e f o r m a q u e a s f o r ça s se co m b a t a m n u m a p a z evolut iva. [ ...] é pelo t r abalho e t am bém pela sua conj unção com a lei do equi-líbr io m út uo que o ant agonism o se t or na com pet ição pr odut iva e não lut a ar m a-da ( PRESTE MOTTA, 1981, p. 146) .

Talvez sej a pela cr ença na capacidade do t rabalho com o m eio int egrador e na busca do equilíbr io m út uo, que Pr oudhon opt ou por um a post ur a não r evolucio-nár ia. Est a, por sua vez, é cr it icada por Mar x que o denom inou com o um socialist a conser vador ou um socialist a bur guês, pois, par a Mar x e Engels ( 2002) :

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m as r ef or m as ad m in ist r at iv as q u e se r ealizam n essas r elações d e p r od u ção, por t ant o, que nada alt er am na r elação ent r e capit al e t r abalho assalar iado, m as, n o m elh or d os casos, r ed u zem p ar a a b u r g u esia o ôn u s d e su a d om in ação e sim plificam - lhe o or çam ent o do Est ado ( MARX e ENGELS, 2002, p.75) .

Nesse sent ido, Guiller m e Bour det ( 1976) m encionam que os int er esses da “ classe oper ár ia em pír ica” que Pr oudhon r epr esent a ( por ser ele filho de oper ár io) n ão são con t r adit ór ios aos in t er esses da bu r gu esia, m as apen as opost os, u m a vez que am bos desej am o aum ent o do capit al, m as discor dam quant o à dist r ibui-ção do m esm o. Con t u do, a def esa de Pr ou dh on acer ca da au t ogest ão n ão se r est r in giu m er am en t e à dist r ibu ição do “ bolo”, assim com o afir m am Gu iller m e Bour det ( 1976) , pois, par a o pr im eir o, a pr opr iedade pr ivada é a negação da soci-edade igualit ár ia, de m odo que m ant er essa negação é alij ar a gr ande par cela da população às m esm as opor t unidades que possuem os que se apr opr iam da r enda ger ada pela pr opr iedade via t rabalho de out r em ( PRESTE MOTTA, 1981) . Dest ar t e, ou t r o pr essu post o r elev an t e par a a ef et iv ação da au t ogest ão é a pr opr iedade colet iva dos m eios de pr odução. Ent r et ant o, essa pr opr iedade – posse – colet iva dos m eios de pr odução pelos gr upos aut ônom os não pr escinde do fim da pr opr ie-dade pr ivada. Nisso r eside um a das gr andes diver gências ent r e Pr oudhon e Mar x, pois, par a est e, a aut ogest ão apenas ser á r ealizada em um a sociedade que abolir a pr opr iedade pr ivada e superar as cont r adições ent r e capit al/ t rabalho. Vej am os as consider ações de Mar x e de out r os pensador es m ar x ianos.

Um breve entendimento sobre a visão marxista da autogestão

Mar x acr edit av a que apenas a supr essão da bur guesia, por v ia da r ev olu-ção, per m it ir ia a conver são do pr olet ar iado em classe dom inant e. Assim , essa se apossar ia das ant igas r elações de pr odução e as elim inar ia, de m odo que, ext in-guir ia a exist ência da oposição de classes. “ No lugar da ant iga sociedade bur gue-sa com suas classes e suas oposições de classe sur ge um a associação em que o livr e desenvolvim ent o de cada um é a condição par a o livr e desenvolvim ent o de t odos” ( MARX e ENGELS, 2002, p. 62) .

Ou, ainda ( MARX, 2007, p. 93) :

Em um a sociedade fut ur a, na qual t enha t er m inado o ant agonism o de classes, n a q u al n em h av er ia m ais classes, o u so n ão ser ia f ix ad o p elo m in im u m d o t em p o d e p r od u ção; p or ém o t em p o d e p r od u ção social a ser d ed icad o aos difer ent es obj et os ser ia det er m inado pelo seu gr au de ut ilidade social.

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após a der r ot a da bur guesia, os m eios de pr odução dev em ser de pr opr iedade ex clusiv am ent e est at al? Pr opr iedade est at al cont r olada por conselhos de t r aba-lhador es? Pr opr iedades com unais? Pr opr iedades com unais dir igidas por associa-ções cooper at iv adas? A pequena pr opr iedade ( em pr eendim ent os fam iliar es) dev e ser per m it ida? Com o esses m odelos de pr opr iedade ev oluir ão par a a não- pr opr i-edade? A im plant ação da or ganização r acional da pr odução ( planificação da eco-nom ia) dev e ser dir igida ex clusiv am ent e pelo Est ado?

Est as int er r ogações, algum as das m uit as exist ent es, descor t inam t oda um a div er sidade de ações possív eis. Ressalt am os, apenas br ev em ent e, um a per t inen-t e con cepção elabor ada por Mészár os ( 2 0 0 6 ) qu e lev a em con inen-t a o balan ço da ex per iência da sociedade pós- capit alist a de t ipo sov iét ico. Para o r efer ido aut or, o sist em a de sociom et abolism o do capit al pr ecisa ser r om pido pela su per ação t ot al da subor dinação do t r abalho ao capit al – o que não ocor r eu na União Sovié-t ica. Par a o auSovié-t or ( 2006, p. 920) , a concr eSovié-t ização desse pr ocesso de insSovié-t iSovié-t uição do socialism o necessit ar ia r em over o capit al de t oda e qualquer r elação social. Mészár os ainda r eflet e acer ca das bases dessa nov a sociedade, as quais ser ão det er m ina-das a par t ir de um sist em a de pr odução e de consum o com unal socialist a, cuj os pr incipais pr incípios de fundam ent os são:

[ ...] a r egulação pelos pr odut or es associados, do pr ocesso de t r abalho or ient ada pela qu alidade em lu gar da su per posição polít ica ou econ ôm icas de m et as de pr odu ção e con su m o pr edet er m in adas e m ecan icam en t e qu an t ificadas; a in st i-t uição da coni-t abilidade socialisi-t a e do legii-t im o planej am eni-t o de baixo par a cim a, em v ez de pseu doplan os cien t íf icos im post o à sociedade de cim a par a baix o , condenados a per m anecer ir r ealizáv eis por causa do car át er insupor t av elm ent e con f lit an t e desse t ipo de sist em a; a m ediação dos m em br os da sociedade por m eio da t r oca planej ada de at ividades, em vez da dir eção e dist r ibuição polít icas ar bit r ár ias t ant o da for ça de t r abalho com o de bens no sist em a do capit al pós-capit alist a do t ipo soviét ico ou da fet ichist a t r oca de m er cador ias do pós-capit alism o; a m ot iv ação de cada pr odu t or por in t er m édio de u m sist em a au t odet er m in ado d e in cen t iv os m or ais e m at er iais, em v ez d e su a r eg u lam en t ação p ela cr u el im posição de nor m as st ak hanov ist as ou pela t ir ania do m er cado; t or nar signifi-cat iv a e r ealm ent e possív el a r esponsabilidade v olunt ar iam ent e assum ida pelos m em b r os d a socied ad e p or m eio d o ex er cício d e seu s p od er es d e t om ad a d e decisão, em v ez da ir r esponsabilidade inst it ucionalizada que m ar ca e v icia t odas as v ar iedades do sist em a do capit al. A necessidade de sua im plem ent ação não r esu lt a d e p on d er ações t eór icas ab st r at as, m as d a cr ise est r u t u r al cad a v ez m ais pr ofunda do sist em a do capit al global ( MÉSZÁROS, 2006, p. 50)

Ant unes ( 2002) é m ais sucint o ao descr ev er os pr incípios que const it uir ão essa nova sociedade. Par a ele, o fundam ent al é que o exer cício do t r abalho sej a sinônim o de aut o- at ividade e que est a est ej a volt ada par a supr ir as necessidades hum anas efet ivas e não par a ger ação de valor de t r oca. Sendo assim , nesse “ ou-t r o m undo” o ou-t r abalho ser á enou-t endido com o fr uição, com o cr iador da vida hum ana, e não com o seu dest r uidor

A der r ot a do sist em a de sociom et abolism o do capit al não é um at o único da sociedade. Mar x ( 2007) , em O 18 Br um ár io, aler t a que a r ev olução social é um p r o c e s s o c o n t ín u o . D e s s e m o d o , p a r a a i m p l e m e n t a ç ã o d e u m a o r d e m sociom et abólica alt er nat iv a e aut o- sust ent áv el, é pr eciso super ar dialet icam ent e as cont r adições int r ínsecas ao capit al, sendo, fundam ent alm ent e, a cont r adição capit al/ t r abalho a pr im eir a a ser vencida.

Essa post ur a r ev olucionár ia assum ida pelos pensador es m ar x ist as t or na a aut ogest ão um a m udança r adical que elim inar ia t odo e qualquer t ipo de pr opr ie-dade, as classes sociais e levar ia o Est ado a per ecer. No ent ant o, para que essa m udança r adical ocor r a, faz- se necessár io à ex ist ência de um pr olet ar iado não alienado que poder ia, pela consciência de sua condição, chegar a um a r evolução ( GUI LLERM e BOURDET, 1976) .

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het er ogest ão ( PRESTE MOTTA, 1981) . Per cebem os, ent ão, que os obj et iv os dos dois pen sador es con v er gem par a o m esm o desígn io, ou sej a, a elim in ação da su bm issão do h om em ao capit al, m edian t e u m a or gan ização social au t oger ida. Eles discor dav am m en os pelo con t eú do da au t ogest ão do qu e pela f or m a qu e essa se concr et izar ia, ou sej a, pela r efor m a ( Pr oudhon) ou pela r evolução ( Mar x) . A discor dância desses aut or es est á na for m a com que eles pensam o social e as r elações sociais.

Pr oudhon, ao olhar par a o social, vê nele cont r adições que podem ser r esol-vidas pelo equilíbr io; per cebe um a “ t eor ia est át ica do equilíbr io dos cont r ár ios”. O equilíbr io ser ia a m anut enção do que há de bom , e a elim inação do que há de m au, nos pólos da cont r adição. Par a Mar x , as cont r adições de Pr oudhon são cont r adi-ções de seu pensam ent o e não das r elaadi-ções sociais r eais ( MARX, 2007) . Ao ser em cont r adições do pensam ent o, podem ser equilibr adas idealm ent e, m as isso, por si só, não t r ansfor m a as r elações sociais concr et as. De m odo que, par a Mar x ( 2007) , as pr opost as de Pr oudhon são r efor m ist as à m edida que est e, m esm o não afir -m an d o d ir et a-m en t e a i-m or t alid ad e d a v id a b u r g u esa, o f az in d ir et a-m en t e ao divinizar as cat egor ias econôm icas. Nas palavr as de Mar x ( 2007, p. 56) :

[ ...] o senhor Pr oudhon não afir m a dir et am ent e que a v ida bur guesa é par a ele u m a v er d ad e et er n a: ele o d iz in d ir et am en t e, d iv in izan d o as cat eg or ias q u e ex pr essam as r elações bur guesas sob a for m a de pensam ent o. Tom a os pr odu-t os d a socied ad e b u r g u esa p or ser es esp on odu-t ân eos, d oodu-t ad os d e v id a p r óp r ia, et er n a, desde qu e se apr esen t am a ele sob a f or m a de cat egor ias, de pen sa-m en t o. Assisa-m , n ão se elev a acisa-m a do pen sasa-m en t o bu r gu ês. Por oper ar sobr e pensam ent os bur gueses supondo- os et er nam ent e v er dadeir os, ele busca a sín-t ese desses pensam ensín-t os e seu equilíbr io, e v ê apenas que seu m odo asín-t ual de se equilibr ar é o único m odo possível. [ ...] o m ovim ent o hist ór ico que r evolucio-nar ia o m undo at ual se r esolve par a ele [ Pr oudhon] no pr oblem a de descobr ir o j ust o equilíbr io, a sínt ese de dois pensam ent os bur gueses [ m onopólio e concor -r ência – lei do ant agonism o com pet it iv o] .

Em Mar x, são as r elações sociais concr et as que são cont r adit ór ias. A cont r a-dição não é do Espír it o consigo m esm o, m as ent r e hom ens r eais em condições hist ór icas e sociais r eais.

Não se t r at a, com o na concepção idealist a da hist ór ia, de buscar um a cat egor ia em cada per íodo, m as sim de per m anecer sem pr e no solo r eal da hist ór ia; não de ex plicar a pr áx is a par t ir da idéia, m as de ex plicar as for m ações ideológicas a par t ir da pr áx is m at er ial. [ ...] Tal concepção m ost ra que a hist ór ia não acaba se r esolv en do n a “ con sciên cia de si”, com o “ espír it o do espír it o”, m as qu e em cada u m a de su as f ases, en con t r a- se u m r esu lt ado m at er ial, u m a r eu n ião de for ças de pr odução, um a r elação hist or icam ent e cr iada com a nat ur eza e ent r e os in div ídu os, qu e cada ger ação t r an sm it e a ger ação segu in t e; u m a m assa de for ças pr odut iv as, de capacidades e de condições que, em bor a sendo em par t e m od if icad a p ela n ov a g er ação, p r escr ev e a essas su as p r óp r ias con d ições d e ex ist ência e lhe im pr im e um det er m inado desenv olv im ent o, um car át er par t icu-lar. Dem onst ra, assim , que as cir cunst âncias fazem os hom ens assim com o eles fazem as cir cunst âncias ( MARX e ENGELS, 2006, p. 66) .

Desse m odo, t oda a r elação social é condicionada por sua hist ór ia e, t am -bém , condicionant e da m esm a. E super ar as cont r adições pr esent es nas pr át icas sociais é um a t ar efa a ser r ealizada pelos oper ár ios – suj eit os hist ór icos.

Vale dest acar que t ant o Pr oudhon quant o Mar x escr everam acer ca do con-t eú do au con-t ogescon-t ion ár io em u m a época dif er en con-t e da n ossa, época m ar cada pela oposição r evelada do capit al/ t r abalho. I sso nos leva a r elat ivizar os pr essupost os apon t ados pelos dois pen sador es, u m a v ez qu e, h odier n am en t e, a capt u r a da subj et ividade do t r abalhador o t or nou um agent e quase im possibilit ado de t om ar consciência de sua condição de subm issão, encobr indo dessa m aneir a t al ant ago-nism o ( ALVES, 2000) .

(7)

r e o r g a n i za çã o p r o d u t i v a d a e co n o m i a ca p i t a l i st a . A n o v a o r g a n i za çã o e a m undialização da econom ia ger ar am a ex clusão de um a m assa de indiv íduos do m er cado for m al de t rabalho ( ALVES, 2000) . A esses indivíduos r est ou a alt er nat iva de se associar em e const r uír em um a or ganização labor al pr ópr ia. Ant es de ent en-der m os com o se dá a aut ogest ão nesses em pr eendim ent os, cabe ident ificar m os a m aneir a que esse conceit o foi ent endido pelos pensador es da gest ão, ou sej a, a abor dagem adm inist r at iv a.

Autogestão: uma abordagem administrativa

Misoczky, Oliveira e Passos ( 2003, p. 1) salient am que o t em a da aut ogest ão sob um a per spect iv a de “ aut ogov er no e colocada com o cam inho par a a const r u-ção de um out r o m odo de viver em sociedade, é pr at icam ent e ausent e no cam po da adm in ist r ação”. Nesse sen t ido, Far ia ( 1 9 8 5 ) dest aca qu e a au t ogest ão t em sido confundida com o um a sim ples for m a de adm inist r ar em pr esas. O aut or consi-der a que aquela t am bém é um a for m a de gest ão, por ém , não pode ser consiconsi-der a-da apenas com o um a fer r am ent a adm inist r at iva de ger enciam ent o, um a vez que engloba o plano econôm ico, polít ico e social, t al com o afir m am os no it em ant er ior. No qu e con cer n e ao plan o econ ôm ico, a au t ogest ão n ão descon sider a a necessidade de um planej am ent o. Ent r et ant o, não delega esse “ encar go ( e seus pr ivilégios) a um a m inor ia de especialist as” ( FARI A, 1985, p. 76) . No que t ange a “ fábr ica”, a aut ogest ão r epr esent a o cont r ole t ot al do “ pr ocesso de pr odução por t odos os pr odut or es” ( FARI A, 1985, p. 78) .

Nesse sent ido, essa for m a de ger ir a or ganização pr opõe a elim inação das hier ar quias e a posse t ot al dos bens e do conhecim ent o de pr odução, além da p ar t icip ação d ir et a d e t od os os en v olv id os com a em p r esa em seu p r ocesso decisór io.

Par a Bor denav e ( 1994) , o gr au e nív el de par t icipação v ar iam confor m e o cont r ole dos m em br os sobr e as decisões e o “ quão im por t ant e são as decisões de que se pode par t icipar ”. Tendo com o par âm et r o esses dois fat or es, e com base em Tragt em ber g ( 2005) , é possível concluir que a par t icipação social efet iva de m ulhe-r es e hom ens se dá quando os m esm os possuem , geulhe-r enciam e usufulhe-r uem , eqüit a-t iv am ena-t e, os bens da sociedade. I sso im plica a pr opr iedade colea-t iv a dos m eios de pr odução, t om adas de decisões que pr ivilegiem o consenso e dist r ibuição dos r esult ados do t r abalho a t odo o ser hum ano, segundo as necessidades de cada um e de cada um a ( TRAGTEMBERG, 2005; BORDENAVE, 1994) . Nessa sociedade au t oger ida, t odos podem decidir o “ qu ê, com o e qu an do dev e ser pr odu zido e para quem , com o e quando deve ser dist r ibuído” ( FARI A, 2004a, p. 22) .

Ent r et ant o, nas em pr esas, a par t icipação não é pr at icada seguindo as con-sider ações desses aut or es. Result ado: um a confusão ent r e aut ogest ão e gest ão par t icipat iv a.

Confor m e apont a Albuquer que ( 2003, p. 21) , a aut ogest ão t em sido efet u-ada com o um a m at r iz de conhecim ent os, “ r elacionu-ada a det er m inados m ét odos ou t écnicas adm inist rat ivas”. Nesse sent ido, Pir es ( apud I CAZA e ASSEBURG, 2004, p.57) , r essalt a que a aut ogest ão foi r eduzida a um a sim ples pr át ica ger encial que t em sido r eiv in dicada par a salv ar em pr esas da falên cia e ev it ar o au m en t o do d esem p r eg o.

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financeir os; desse m odo, dificilm ent e, a gest ão par t icipat iva pode ser consider ada o cam in h o qu e lev ar á as em pr esas a se con st it u ír em com o em pr een dim en t os au t og est ion ár ios.

Sob esse ân gu lo, podem os com pr een der m elh or a in v est igação f eit a por Albuquer que ( 2003) , r efer ent e à aut ogest ão e às conseqüências posit iv as e ne-gat iv as par a os em pr eendim ent os que a adot am . O quadr o apr esent ado abaix o foi esquem at izado por Cav edon e Fer r az ( 2 0 0 4 ) , e apr esent a as colocações de Albuquer que ( 2003) .

Qu a dr o 1 - Pon t os Posit iv os e N e ga t iv os da Au t oge st ã o

Fon t e: CAVEDON e FERRAZ , ( 2 0 0 6 ) .

Segundo um a abor dagem pr oudhoniana, a neut r alização das conseqüênci-as negat ivconseqüênci-as da aut ogest ão ser ia efet uada pela pr át ica da het er ogest ão em seus aspect os posit ivos. Segundo um a visão m ar xist a, Far ia aler t a que:

Au t oger ir n ão é dem ocr at izar a econ om ia capit alist a, m as m u dar seu s f u n da-m ent os, ou sej a, aut oger ir a econoda-m ia é det er da-m inar quais são os pr odut os út eis aos h om en s e n ão os q u e p er m it ir ão au m en t ar ao m áx im o o lu cr o d a classe pr opr iet ár ia ou o poder do Est ado cent ralizado ( FARI A, 1985, p. 76) .

Po r t a n t o , o b se r v a m o s q u e n o â m b i t o d a s ci ê n ci a s a d m i n i st r a t i v a s a aut ogest ão ainda é pr at icada e est udada - num a lim it ada dim ensão par t icipacionist a – apenas com o um a for m a de aum ent ar o lucr o da classe pr opr iet ár ia dos m eios de pr odução. No âm bit o dos est udos da Econom ia Popular Solidár ia, há a cr ença de que aut ogest ão encont r a ali um m eio m ais pr ofícuo par a sua im plant ação. I sso m er ece ser m elhor analisado, o que far em os no pr óxim o it em .

P o n t o s p o sit iv o s d a a u t o g e st ã o P o n t o s n e g a t iv o s d a a u t o g e st ã o

Am p lia- se a cap acid ade p r od u t iv a d os t r ab alh ad or es, p or q u e em u m am b ien t e m ais dem ocr át ico; ex p er iên cia p r ofis-sion al m elh or con ser v ad a n a em p r esa; r ed u ção d a r ot at iv id ad e dos t r ab alh ad or es.

[ . . . ] A p ar t icip ação dos t r ab alh ad or es n a g est ão r ed u z a cap acid ad e p r od u t iv a, pois ela h ip ot eca d ois at r ib u t os essen ciais d os d ir ig en t es: su a au t or id ade e seu p od er d iscr escion al.

Os t r abalh ador es cu id am d a q u alid ade d e su a p r od u ção p or qu e t em u m a p er cep ção m ais p osit iv a d o seu t r ab a-lh o, u m sen t id o elev ad o d e su a r esp on-sab ilid ad e e o d esej o de au m en t ar seus r en d im en t os, d et er m inad os p ela p r od u t iv id ad e d a em p r esa.

Não fica ob j et iv ad o n a d iscu ssão d os p r ocessos aut og est ion ár ios q u ais os est ím u los m ais efet iv os, em t od o caso fica im p lícit o qu e, d epen d en do d e com o se or g an iza o t r ab alh o, os est ím u los m at er iais ou d e p ar t icip ação ab r em p ossibilid ad es p ar a u m a polít ica de em u lação e m an ip u lação;

I m p licação pessoal d o t r ab alh ad or sob r e a p r od ut iv id ad e d e seu s coleg as é m aior p or q u e d esap ar ece o con fr on t o t r adicio-n al eadicio-n t r e p at r ão e em p r eg ad o. Seadicio-n do q u e, n esse caso, a p r essão d o g r u p o cor r esp on d e a u m p r ocesso d e v ig ilân cia m ú t u a, q u e r ed u z o absen t ism o e p u ne a p r eg uiça e o d esp er dício.

É p r eciso t er p r esen t e q ue, n o q u ad r o d e u m t r ab alho em eq u ip e, a m ed iação d a p r od u t iv idade in d iv idu al é m u it o d ifícil.

Au m en t o d a eficácia or g an izacion al. Um am b ien t e p ar t icip at iv o facilit a a com u n icação; est a fav or ece a id en t ifi-cação, d e in eficácias or g an izacion ais q ue os t r ab alh ad or es n ão t er iam n ecessár ia-m en t e in t er esse d e iden t ificar eia-m u ia-m con t ex t o n ão- coop er at iv o [ . . . ] .

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O Conceito da Autogestão na

Economia Popular Solidária

O surgim ent o de associações econôm icas de Econom ia Popular Solidária re-present a um a respost a às crises do sist em a econôm ico at ual, t ornando- se alt erna-t iv as em face ao desem pr ego, à concenerna-t r ação de r enda e, em conseqüência, à exclusão social. Gaiger ( 2004) reforça que essas experiências de geração de t raba-lho e r enda são for m as paliat iv as de com bat e a pobr eza e a m isér ia, m as que, progressivam ent e, podem vir a const it uir um a alt ernat iva econôm ica solidária.

O processo de criação e at uação desses novos at ores do solidarism o econô-m ico represent a a int eração ent re a respost a às necessidades surgidas do cont ex-t o sócio- econôm ico e a consex-t rução de idenex-t idades. Aex-t reladas a isso, as associações de t rabalhadores que buscam a resolução dos problem as de m aneira colet iva aca-bam por cr iar um a nova concepção do pr ópr io t r abalho ( I CAZA, 2004) . Todav ia, Pedrini, Prim e Sant os ( 2004) salient am que a const rução de um a ident idade colet i-v a ocor r e de m odo pr ocessual, dinâm ico e int er at ii-v o. Gaiger ( 2004) esper a que essas associações de t rabalhadores apresent em a int ernalização de oit o princípios, quais sej am : aut ogest ão; dem ocracia; part icipação; igualit arism o; cooperação; aut o-sust ent ação; desenv olv im ent o hum ano e r esponsabilidade social.

Sob um olhar sociológico e ant r opológico, Fr ança Filho e Laville ( 2004, p.167-169) r eflet em sobr e os em pr eendim ent os da Econom ia Popular Solidár ia dest a-cando cinco gr andes t r aços car act er íst icos: ( a) plur alidade de pr incípios econôm i-co s, v i st o q u e e ssa s i n i ci a t i v a s a p r e se n t a m d i st i n t a s f o n t e s d e r e cu r so s: com er cialização e pr est ação de ser viços, poder público ( gover no ou ONGs) e pr á-t icas r ecipr ociá-t ár ias ( á-t r abalho v oluná-t ár io, doações) ; ( b) auá-t onom ia insá-t iá-t ucional, a qual se r efer e à independência desses em pr eendim ent os em r elação à possibili-dade de cont r ole por out r as inst it uições, obt endo um a aut onom ia de gest ão e ao m esm o t em po não im pedindo par cer ias ou ar r anj os inst it ucionais; ( c) dem ocr at i-zação dos pr ocessos decisór ios, que pr essupõe for m as de or ganizações colet iv as com par t icipação dem ocr át ica dos seus associados nos pr ocessos decisór ios, sen-do cont r a qualquer for m a het er onom ia de gest ão; ( d) sociabilidade com unit ár io-pública, em que as em pr esas solidár ias desenv olv am um m odo de sociabilização que com bine os padr ões com unit ár ios de or ganização e r elações sociais com as pr át icas pr of ission ais, n ão sen do t oler adas r elações im pessoais n o t r abalh o, e v alor izando as r elações com unit ár ias e o pr incípio da alt er idade; e ( e) finalidade m ult idim ensional, que indica int egr alização por par t e da or ganização t ant o da di-m ensão econôdi-m ica quant o das didi-m ensões: social, cult ur al, ecológica e polít ica; edi-m que a pr im eir a é só um m eio par a a r ealização de um obj et ivo cent r ado em algum a das ou t r as dim en sões.

Em se t r at ando, ainda, dos conceit os envolvidos na Econom ia Solidár ia, Je-sus et al. ( 2004, p.271) ut ilizam alguns cr it ér ios e/ ou indicador es de aut ogest ão p r e ce i t u a d o s p e l a Asso ci a çã o Na ci o n a l d e Tr a b a l h a d o r e s d e Em p r e sa s d e Aut ogest ão e Par t icipação Acionár ia – Ant eag. São est es: ( a) dem ocr at ização das t ar efas que env olv am r aciocínio; ( b) m ot iv ação dos t r abalhador es – int eligência colet iva e cr ença no pr oj et o; ( c) viabilidade do pr oj et o e r ent abilidade; ( d) I nt egr ação da em pr esa em r edes de negócios; ( e) im plant ação de t écnicas m oder nas e efet i-vas de gest ão com envolvim ent o e r ealização das pessoas; e ( f ) par cer ia de t ra-balho com sindicat os de t r abalhador es que apóiem pr oj et os aut ogest ionár ios.

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colet ivo do em pr eendim ent o. Por fim , aut onom ia, últ im a car act er íst ica com pr een-dida, t r at a da const r ução e consolidação dos pr ocessos de decisão de m aneir a a m inim izar a dependência a out r em ( JESUS et al., 2004, p.274) .

Out r os aut or es t am bém cont r ibuem par a o ent endim ent o desses t r aços e princípios da aut ogest ão. Ent re est es dest acam os I caza ( 2004) , cuj a opinião sali-ent a o car át er aut ônom o e independsali-ent e dos em pr eendim sali-ent os em r elação aos agent es ex t er nos. Essa per cepção é cor r obor ada por Lisboa ( 2000) , que t r at a a criação do set or solidário com o um a const rução colet iva e aut ônom a por part e da sociedade, em que a ação governam ent al não será decisiva. Carvalho e Pires ( 2004, p.5) reit eram essa perspect iva ao m encionarem o conceit o de Enriquez, que pres-supõe a aut ogest ão com o um a prát ica de aut onom ia plena de um colet ivo de t raba-lhadores, a part ir e durant e seu processo de produção, “ que só será possível at ra-vés da busca de um a aut onom ia volt ada para o bem com um e o int eresse geral”.

Alm eida, Villar e Nakano ( 2004, p.174) assum em que um pr ocesso pr odut ivo aut oger ido im plica, t am bém , “ dim ensões não m at er iais, t ais com o a liber dade, a a u t o n o m i a e a a u t o d et er m i n a çã o ”, em q u e a p a r t i ci p a çã o é co n q u i st a d a e aut opr om ovida. Eles dest acam as idéias de Benevides ao consider ar que os suj ei-t os devem or ganizar - se a fim de com par ei-t ilhar decisões sociais e políei-t icas, r om pen-do a ver t icalidade absolut a pen-dos poder es aut or it ár ios, obt enpen-do o r econhecim ent o e a absolut a r eivindicação da t it ular idade e da cr iação dos seus dir eit os, e “ consoli-dando a sit uação de suj eit o polít ico cient e de dir eit os e dev er es na sociedade” ( BENEVI DES, 1998, apud ALMEI DA, VI LLAR e NAKANO, 2004, p.174) . Par a eles, essa par t icipação ex ige:

[ . . . ] p r ocessos con t ín u os d e sociab ilização, d e p r od u ção d e sociab ilid ad es, d e educação r eflex iv a e em ancipador a, posse de infor m ações t ot alizador as e com plex as e, sobr et udo, a capacidade de os suj eit os pr oduzir em ou induzir em cam -pos de conflit os capazes de ger ar ou inv ent ar nov os v alor es, códigos, pr át icas e dir eit os par a si e par a t oda a sociedade ( ALMEI DA, VI LLAR e NAKANO, 2 0 0 4 , p. 1 7 4 ) .

Por conseguint e, os aut or es afir m am que par t icipar é um “ exer cício de liber -dade e de capaci-dade de ação dot ada de vont ade, int encional”, acar r et ando t onom ia, aut odet er m inação e aut ogov er no. Ent r et ant o, no ent endim ent o dos au-t or es, não é possív el im aginar a Econom ia Solidár ia sem um suj eiau-t o auau-t ônom o independent e do gr upo. Por isso, incor por a- se o conceit o de solidar iedade “ com o valor que r ege a lógica da r elação dos difer ent es suj eit os que, ao viver em j unt os, pr oduzem a em pr esa solidár ia”. Os t r abalhador es associados que conquist am a par t icipação e a aut onom ia, negando m ecanism os de dom inação, const it uindo- se at or es aut ônom os, t or nam - se capazes de aut ogest ão ( ALMEI DA, VI LLAR e NAKANO, 2004, p.174- 175) .

En t r e o s p r e s s u p o s t o s r e l a t i v o s a o s Em p r e e n d i m e n t o s Ec o n ô m i c o s Aut ogest ionár ios é dest acada a vinculação ent r e as car act er íst icas solidár ias e as em pr eendedor as, ou sej a, há a necessidade da ar t iculação da “ lógica em pr esar ial com a lógica solidár ia” para o “ êxit o dos em pr eendim ent os”. Apesar das fragilida-des ( f in an ceir as, com pet it iv idade, r espost a ao m er cado) , os em pr een dim en t os pr oduzem “ efeit os t angív eis e v ant agens r eais aos seus t r abalhador es, com par a-t ivam ena-t e à ação individual e às r elações de a-t rabalho assalar iadas”. E se a-t raa-t ando de conceit os de cooper at ivism o e em pr eendim ent o, é desej ável “ pensar o signifi-cado de em pr eendedor com o int r ínseco de solidár io e v ice- v er sa” ( I CAZA, 2004, p.44- 45) .

Por sua vez, Oliveir a ( 2004) pr essupõe um gr au de solidar ism o par a os em -p r e e n d i m e n t o s a sso ci a t i v i st a s q u e co m -p r e e n d e a t r i b u t o s j á m e n ci o n a d o s: aut ogest ão dos em pr eendim ent os; o pr ocesso de dem ocr acia dir et a; a par t icipa-ção efet iv a dos associados; a dist r ibuiicipa-ção igualit ár ia dos r esult ados e benefícios; a cooper ação no t r abalho e, t am bém , as ações de cunho educat ivo.

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neces-sidades e av an ços em r elação às pr át icas dos em pr een dim en t os, con sider ados por eles passív eis de car act er íst icas aut ogest ionár ias, sendo est as apr esent adas no it em a seguir.

Economia popular solidária e a autogestão

Fr ança Filho, ao analisar o caso br asileir o, apont a que a Econom ia Solidár ia r efer e- se a iniciat ivas de gr upos sociais, na m aior ia das vezes, de base popular, fr en t e às pr oblem át icas locais, por m eio de at iv idades econ ôm icas r egidas por pr incípios de solidar iedade e dem ocr acia. Essas ex per iências apr esent am - se sob for m as de cooper at iv ism o, associat iv ism os e, em alguns casos, de or ganizações não gover nam ent ais - ONGs. ( FRANÇA FI LHO e LAVI LLE, 2004) .

Em out r as pesquisas consider adas nest e est udo, ver ificam os que, além das cooper at iv as e associações, são analisados em pr eendim ent os econôm icos solidá-r ios ou au t ogest ion ásolidá-r ios, qu an do assim den om in ados pelos associados. Ou t solidá-r os at or es desse novo sist em a, os quais abar cam um papel im por t ant e na exper iência nacional, são as or ganizações de r efer ência, as quais são definidas por Vieit ez e Nakano ( 2004, p.143) com o “ ent idades que r epr esent am , ar t iculam e coor denam ou t r as em pr esas de econ om ia solidár ia e qu e, por v ezes, t am bém assu m em o papel de fom ent ar o sur gim ent o de novas em pr esas”. Essas análises cor r espondem a iniciat ivas sit iadas em diver sos locais do país ( RS, SC, PR,SP, MG, DF, PE; CE,...) e r efer em - se a difer ent es set or es da econom ia, ent r e os quais dest acam os a agr icult ur a, a agr oindúst r ia, as indúst r ias ( t êxt il, calçadist a, m et alm ecânica) , o com ér -cio, os ser viços ( educação, m édicos, consult or ias) , ent r e out r os.

Em ger al, os em pr eendim ent os com pr eendem at ividades de t r abalho, pr es-t ação de ser v iços, com er cialização ou consum o, bem com o a com binação enes-t r e t ais r am os. Alguns aut or es, ao analisar t ais ex per iências de associat iv ism o, dife-r enciadife-r am as m ot iv ações pelas quais fodife-r am cdife-r iadas, v ist o as especificidades de cada set or e o pr ópr io st at us or iginal dos t r abalhador es/ associados.

Car v alh o e Pir es ( 2 0 0 4 , p. 1 9 4 - 1 9 5 ) obser v ar am u m con j u n t o de f at or es m ot ivacionais par a cr iação de um Em pr eendim ent o Econôm ico Aut ogest ionár io: a) a “ t er ceir ização”, em geral, de um set or pr odut ivo de um a em pr esa pr ivada, cuj os t r abalhador es dem it idos são r econt r at ados por m eio de um a cooper at iv a; b) as “ associações” de em pr eendim ent os sem fins lucr at ivos, or ganizadas par a at iv ida-des de ger ação de r enda; c) a “ m obilização feit a pela I gr ej a ou Est ado” ( agent e ex t er n o) , m u it as v ezes ligada a pr oj et os sociais e com u n it ár ios, n o sen t ido de cont r ibuir com a est r ut ur a física, ver bas e assist ência t écnica; d) o “ pr ocesso de m obilização social e lut as popular es” r epr esent ado pelo cont ingent e de t r abalha-dor es e desem pr egados na busca de t r abalho e m eios de pr odução; ou ainda, a “ or ganização espont ânea de gr upos” em que os associados opt am pelo sist em a aut ogest ionár io com o o m ais adequado par a a cr iação de um a em pr esa.

As diver sas pr át icas for m ador as do m ovim ent o da Econom ia Popular Solidá-r ia apSolidá-r esent am algum as pSolidá-r oblem át icas na sua oSolidá-r igem que Solidá-r eflet em nas ações e discur sos dessas or ganizações. Essas pr oblem át icas der iv am de m at r izes t eór ico/ con ceit u ais div er sif icadas de acor do com o lu gar de at u ação e os m ov im en t os sociais aos quais os em pr eendim ent os est ão ligados. Nos set or es popular es ur -banos, os associados, em ger al or iundos do m undo infor m al car act er izado pelo t r abalho por cont a pr ópr ia, r est r ingir am as suas at uações apenas a um a alt er na-t iva de ger ação de na-t r abalho e r enda par a sobr evivência fam iliar ou com unina-t ár ia. Já n o m eio r u r al, os agr u pam en t os de pequ en os agr icu lt or es associam - se par a a busca de dir eit os, com o os pr ot est os r elat ivos à r efor m a agr ár ia ou às lut as pela pr odução ecológica. Por últ im o, nos set or es indust r iais, as associações de t r aba-lhador es decor r em de dem issões e de alt os níveis de desem pr ego, e est as r epr e-sent am a cr iação de alt er nat ivas de t r abalho, de for m a que a aut ogest ão r eflet e um a pr át ica liber t ador a par a o m ovim ent o oper ár io ( I CAZA, 2004) .

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de at uação. Ou sej a, apr esent am - se difer ent es ent r e si, t ant o na or ganização do t r abalho quant o na pr odut iv idade.

Essas or ganizações t am bém difer em nos aspect os for m ais ( t am anho, est r u-t ur a) e nos qualiu-t au-t ivos ( níveis de solidar iedade, auu-t ogesu-t ão, dem ocr acia, par u-t ici-pação) . Ao const at ar essas div er gências, I caza ( 2 0 0 4 ) apr esent a quat r o pr inci-pais t ipos de em pr eendim ent os segundo a pr esença ou não de t r aços solidár ios e de cooper ação. Os pr im eir os em pr eendim ent os cit ados são os cooper at iv os com t r aço pr edom inant em ent e colet iv o e solidár io, nos quais as t om adas de decisões apr esent am boa par t icipação dos associados nas assem bléias e dem ais pr oces-sos decisór ios. Essas exper iências com binam um a alt er nat iva de m udança da sit u-ação de v ida ( opções econ ôm icas) , in spir adas por idéias e v alor es pessoais e colet iv os. O segundo t ipo de em pr eendim ent o é de car át er associat iv o, baseado na ar t iculação e cooper ação de pr odut or es indiv iduais. Nesse caso, as decisões t am bém são colet iv as, m as apr esent am cent r alização ou ainda lider ança por al-guém do gr upo na oper acionalização das at ividades da or ganização, além da pr o-dução ser individual, em que cada pr odut or define com o ser á a sua par t icipação. O t er ceir o em pr eendim ent o é de car át er fam iliar, com diver sos níveis de solidar ieda-de e cooper ação, os quais se car act er izam por ieda-decisões sob a lógica da hier ar quia fam iliar ou com unit ár ia, apr esent ando, assim , fr agilidade na gest ão. Por últ im o, a aut ora apresent a os em preendim ent os com t raço predom inant em ent e em presarial com pet it iv o, nos quais pr edom inam a gest ão cent r alizada num a equipe t écnico-ger encial e cont am com gr ande núm er o de assalar iados.

A classificação de I caza ( 2004) apont a o quant o os diver sos em pr eendim en-t os esen-t udados esen-t ão pr óx im os ou disen-t anen-t es das pr em issas da Econom ia Popular Solidár ia e da aut ogest ão. Na t ent at iva de cont r apor m os o conceit ual e o pr agm á-t ico, pelo m enos em par á-t e, idená-t ificam os as dificuldades r elaá-t iv as aos pr eceiá-t os aut ogest ionár ios que são com uns a essas ex per iências, apr esent adas nest e t r a-b alh o, en sej an d o, assim , u m av an ço em d ir eção à r ealid ad e d a ap licação n a con t em por an eidade da au t ogest ão.

N o q u e t a n g e a a u t o n o m i a , o s Em p r e e n d i m e n t o s Ec o n ô m i c o s Aut ogest ionár ios apr esent am em m enor ou m aior gr au dependência das ent ida-des de gover no ou or ganizações de pr om oção e assessor ia. É fr ágil a pr esença de or ganizações aut ônom as, pr ópr ias dos at or es sociais dos quais fazem par t e. E é com um ident ificar a r ealização de convênios, pr oj et os, fundos int er nacionais com diver sos at or es econôm icos, sem cont ar com a lim it ação das dir et r izes dos m er ca-dos desses em pr een dim en t os.

Por sua vez, as pr em issas de dem ocr acia e par t icipação exer cidas por par t e dos associados, apesar da cooper ação e do t r abalho colet iv o, m uit as v ezes, são infr ingidas pelo sur gim ent o de lider anças fam iliar es ou com unit ár ias. Do m esm o m odo, esses dois pr incípios são fer idos quando ocor r e a delegação da gest ão do em pr eendim ent o a um a dir et or ia ou um conselho, pr incipalm ent e, par a t r at ar das quest ões adm inist r at ivas do cot idiano. E m esm o que, em t ese, sej am r espeit adas t ais pr em issas, a baixa escolar idade, a falt a de capacit ação e qualificação t écnica-pr of ission al, a f alt a de con h ecim en t o das at iv idades e dos écnica-pr ocessos in t er n os fr agilizam o pr ocesso decisór io dem ocr át ico e igualit ár io.

O nív el de env olv im ent o é out r o aspect o que desfav or ece a r eal par t icipa-ção nos Em pr eendim ent os Econôm icos Aut ogest ionár ios. Nem t odos os associa-dos assum em da m esm a m aneir a pr oj et os e r esponsabilidades. Ainda r elacionan-do os con ceit os de par t icipação e igu alit ar ism o, em m u it as or gan izações dit as par t ícipes da Econom ia Solidár ia, os aut or es ver ificar am a pr esença de r em uner a-çõ e s d i f e r e n ci a d a s, h i e r a r q u i ca m e n t e , d e a co r d o co m o t e m p o d e se r v i ço , capacit ação t écnica e pr opr iedade de m eio de pr odução. Em alguns casos, as t a-xas de invest im ent o são apar ent em ent e iguais par a t odos os m em br os, cont udo, não há igualdade em r elação ao que foi ganho.

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com a am pliação e div er sificação pr ogr essiv a do espect r o de ação e da falt a de r eflex ão sobr e o solidar ism o aut ogest ionár io. Nessa per spect iv a, o espír it o em -pr een dedor é r edu zido e, em ger al, r e-pr esen t ado por lider an ças f or m adas em exper iências for a dos ideais solidár ios, r eflet indo um a concent r ação na busca por t r abalho e r enda. Essa sit uação é agr av ada dev ido à am bigüidade da aj uda do Est ado, à falt a de elos com a com unidade ou m esm o ao déficit de r edes, pr ovocan-do dispar idade ent r e os ideais e as iniciat ivas de um sist em a aut ogest ionár io.

Não obst ant e, Econom ia Solidár ia é apr esent ada com o pr om ot or a de avan-ços na cam inhada alt er nat iv a ao at ual sist em a econôm ico ex clusiv ist a. Ent r e es-t es, deses-t acam os o cr escim en es-t o da ar es-t icu lação local e n acion al en es-t r e difer en es-t es set or es, bem com o a cr iação de vias par a o desenvolvim ent o local por m eio dos Em pr eendim ent os Econôm icos Aut ogest ionár ios, em vir t ude do aum ent o das polí-t icas públicas par a o for polí-t alecim enpolí-t o da Econom ia Solidár ia ou de apoio de oupolí-t r os agent es ex t er n os, com o incubador as, un iv er sidades, fundações, ONGs e ou t r as or ganizações de r efer ência.

Per cebem os que, segundo os est udiosos r efer enciados nest e est udo, par a se efet ivar a pr át ica de um a Econom ia Popular Solidár ia e Aut ogest ionár ia, é pr ciso o desenv olv im ent o de aspect os com o: aum ent o do env olv im ent o do em pr e-endim ent o com a com unidade local; vont ade colet iva de desenvolvim ent o dos in-t egr anin-t es dos gr upos, com o apr im or ar a for m ação e a capaciin-t ação in-t écnica e pr o-f ission al, m as n ão a ser v iço da em pr egabilidade, apr egoada pelos gest or es; e ainda, m udança do ent endim ent o dessas iniciat iv as, por par t e da sociedade, no que t ange à quest ão do valor m or al dos pr odut os e não ao seu valor financeir o.

O est udo de Oliv eir a ( 2 0 0 4 ) r ev elou que, nos em pr eendim ent os com um gr au de solidar ism o m ais elevado, ocor r em pr át icas aut ogest ionár ias e de coope-r ação m ais significat ivas além de secoope-r em m ais favocoope-r áveis às condições de viabilida-de econôm ica. Todav ia, essa aut ogest ão ainda est á longe viabilida-de ser alcançada par a a m aior ia das inst it uições consider adas de Econom ia Popular Solidár ia, as quais se en con t r am d ef icit ár ias em v ár ios asp ect os, sej am f in an ceir os, p r od u t iv os, t ecnológicos, ger enciais e, t am bém , nos cooper at iv os e solidár ios, o que im plica necessidades de nov os incent iv os e condições par a a am pliação desse sist em a.

No âm bit o das ações de aux ílio ao desenv olv im ent o dos Em pr eendim ent os Econôm icos Aut ogest ionár ios, dest acam os as seguint es car ências: de est r at égias m ais am plas par a a pr odu ção; de opções de fin an ciam en t os; de r eflex ões qu e viabilizem sobr epor à lógica em pr esar ial a solidár ia e; a de polít icas sociais par a o fav or ecim ent o de cr iação de nov as socializações.

Cavedon e Fer r az ( 2004) , a par t ir do est udo de em pr eendim ent os conside-r ados com o peconside-r t en cen t es à Econ om ia Popu laconside-r Solidáconside-r ia, salien t am qu e a v isão m er am ent e adm inist r at iva da aut ogest ão deve ser ent endida m enos em seu con-ceit o or iginal do que com o um pr ocesso de gest ão int er no às or ganizações que, não necessar iam ent e, liga- se aos âm bit os sociais e polít icos. Sob esse enfoque, as au t or as m en cion am q u e a au t og est ão, h od ier n am en t e, p od e ser ab or d ad a com o um sist em a ou com o um pr ocesso, ou sej a:

[ . . . ] pode ser abor dada de duas m aneir as não ex cludent es; ela pode ser consi-der ada com o um sist em a aut ogest ionár io, o qual env olv e os pr eceit os sociológi-cos d a au t og est ão e com o u m p r ocesso au t og est ion ár io, cu j o eix o d e an álise consist e nas r elações e nas car act er íst icas t écnicas dos gr upos env olv idos ( pr o-cessos, f er r am en t as et c. [ u t ilizad os] p ar a o d esen v olv im en t o d os t r ab alh os) ( CAVEDON e FERRAZ, 2004, p. 3) .

Seguindo as colocações das aut or as, dist inguir a aut ogest ão em pr ocesso e sist em a não ser ia est ar apenas dist inguindo o que ser iam as associações m út uas – sua gest ão int er na – e a int er dependência ent r e essas associações, confor m e j á m encionava Pr oudhon? Novam ent e, por t ant o, t er íam os a aut ogest ão a ser v iço de um a r efor m a social, at endendo ao anseio de pequenas m udanças que sust en-t ariam o sen-t aen-t us quo da sociedade capien-t alisen-t a.

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de Em pr esas de Aut ogest ão e Par t icipação Acionár ia, que é consider ada um br aço d a Cen t r al Ún ica d os Tr ab alh ad or es e t em com o ob j et iv o f om en t ar in iciat ivas aut ogest ionár ias e capacit ar os t r abalhador es envolvidos com essa em pr esa par a a pr át ica da aut ogest ão. É r elev ant e conhecer m os com o essa ent idade define a aut ogest ão: “ a aut ogest ão é um m odelo de or ganização em que o r elacionam en-t o e as aen-t iv idades econôm icas com binam pr opr iedade e/ ou conen-t r ole efeen-t iv o dos m eios de pr odução com par t icipação dem ocr át ica da gest ão” ( ANTEAG, 2000, apud VARGAS, 2002, p.2) .

Por t ant o, per cebem os que o conceit o ut ilizado pela Ant eag par a a dissem i-nação da aut ogest ão, v ia cur sos de for m ação, est á consider ando apenas um as-pect o desse com plex o conceit o, qual sej a: o econôm ico. Eles est ão pr eocupados com a pr opr iedade dos m eios de pr odução e com a par t icipação dem ocr át ica na gest ão, ou sej a, com a elim inação da fam osa díade capit al/ t r abalho e, por via de conseqüência, com o fim da hier ar quização. Cont udo, não encont r am os nos pr es-su p ost os d a au t og est ão d a An t eag u m a b u sca p ela ex p an são d a at u ação d os envolvidos par a o âm bit o social e polít ico, t al com o apr esent am os nas per spect i-v as m ar x ist a e pr oudhoniana.

No q u e t an g e à p ar t icip ação d em ocr át ica d os t r ab alh ad or es n a g est ão, Var gas ( 2002) ident ificou, em um a iniciat iva or ient ada pela Ant eag no Rio Grande do Sul, que as assem bléias ocor r em espor adicam ent e e que os assunt os debat i-dos n elas são os qu e os dir igen t es con sider am com o cr u ciais, de m odo qu e a par t icipação dem ocr át ica n ão ocor r e efet iv am en t e. Podem os, en t ão, con sider ar que a aut ogest ão t em sido com pr eendida m ais à luz dos pr essupost os adm inis-t r ainis-t ivos do que sociológicos ( inis-t aninis-t o que esse conceiinis-t o chegou a ser ensaiado com o um a for m a de gest ão nas em pr esas pr ivadas) . Por ém , não passou de um a pseudo-aut ogest ão, pois além de desconsider ar os aspect os sociais e polít icos do concei-t o, n ão aconcei-t en deu n em aos pr essu posconcei-t os do âm biconcei-t o econ ôm ico, u m a v ez qu e a condição de pr opr iedade colet iva dos m eios de pr odução não foi exer cida.

Tendo em vist a esse panoram a da aut ogest ão e dos Em pr eendim ent os Econ ôm icos Au t ogest ioEcon ár ios, eEcon t eEcon dem os ser r elev aEcon t e ideEcon t ificar os poEcon t os coEcon -v er gent es e di-v er gent es dos dois conceit os e de suas pr át icas. O it em a seguir v er sar á sobr e isso.

Autogestão: uma construção social através dos tempos

A apr opr iação do conceit o pelo cam po adm inist r at ivo elegeu um aspect o da aut ogest ão par a dar r elevo, pr efer indo discut ir essa for m a de gest ão apenas sob o enfoque econôm ico, em det r im ent o dos dem ais. Assim , o conceit o per deu em cont eúdo e sim plificou se. Por conseguint e, influenciou os incent ivador es dos Em -pr eendim ent os Econôm icos Aut ogest ionár io a a-pr egoar em a aut ogest ão m ais com o um a for m a de gest ão r efor m ist a do que com o um a via r evolucionár ia.

Quando Gaiger ( 2004) salient a os oit o pr incípios da Econom ia Popular Soli-dár ia, ele est á dist in gu in do car act er íst icas qu e são in t r ín secas ao con ceit o de aut ogest ão e as t r at ando separ adam ent e, com o se “ coisas” independent es fos-sem . Na v er t en t e clássica, não hav ia a possibilidade de pensar em au t ogest ão sem ent endê- la com o um pr ocesso dem ocr át ico, par t icipat ivo, igualit ár io, de coo-per ação, aut o- sust ent áv el e que pr opor cionasse o desenv olv im ent o hum ano e o da sociedade. En t r et an t o, o r efer ido au t or acr escen t a a essas car act er íst icas a aut ogest ão, t or nando a m esm a um pr ocesso int er no de gest ão do “ negócio”. Ao encont r o de Gaiger ( 2004) , t em os Jesus et al. ( 2004) , que apr egoam a aut ogest ão a par t ir de cinco cr it ér ios, t odos de or dem econôm ica.

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-r e n o s e s t u d o s a c e -r c a d a a u t o g e s t ã o n o s Em p -r e e n d i m e n t o s Ec o n ô m i c o s Aut ogest ionár ios, um a vez que os aut or es não m encionam a que eficácia e a que eficiência est ão se r efer indo. Cont udo, podem os ident ificar que, em ger al, os pes-quisador es est ão pr ocurando encont rar, por m eio desses dois aspect os, a v iabili-dade financeir a dos em pr eendim ent os, par a que os m esm os se aut o- sust ent em . Ent r et ant o, Cav edon e Fer r az ( 2 0 0 4 ) m encionam que nesses em pr eendim ent os não é possív el consider ar apenas os r esult ados econôm icos quando se t r at a de aver iguar se um a iniciat iva é eficaz. Par a as aut or as:

[ . . . ] as iniciat iv as de EPS podem ser consider adas eficient es quando est iv er em ger ando t r abalho e r enda, possibilit ando assim a inser ção de indiv íduos na t eia social, m as só poder ão ser consider adas iniciat iv as eficazes, quando além dessa in ser ção gar an t ir em t am bém o alcan ce de obj et iv os sociais da com u n idade n a qual est ão inser idas. O r esult ado da eficácia das iniciat ivas de Econom ia Popular, por t ant o, não é m ensur ado, som ent e, pelo seu aspect o financeir o, m as sim pelo desenv olv im ent o da com unidade local ( CAVEDON e FERRAZ, 20 06 , p. 9 6) .

Com par t ilhando com a visão das aut or as, Fr ança Filho e Laville ( 2004) con-sider am que a quest ão econôm ica na Econom ia Popular Solidár ia deve ser apenas um m eio par a a r ealização de out r os obj et iv os que v isem o âm bit o social e/ ou polít ico. Nesse sent ido, os aut or es acr escent am im por t ância às últ im as quest ões em det r im ent o do econôm ico. No ent ant o, fazem isso quando est ão discut indo o conceit o de Econom ia Popular Solidár ia e não o de aut ogest ão. I sso cor r obor a a n ossa colocação an t er ior d e q u e h ou v e u m em p ob r ecim en t o d o con ceit o d a aut ogest ão, t ant o que, hodier nam ent e, foi pr eciso buscar um novo que abar casse os aspect os que for am subt r aídos daquele. Um a r elação um t ant o sim plist a, m as que exem plifica essa subst it uição do conceit o est á na colocação de Lisboa ( 2000) , que t r at a a Econom ia Popular Solidár ia com o um a const r ução colet iva e aut ônom a por par t e da sociedade – ou sej a, as associações m út uas de Pr oudhon.

Ent r et ant o, não são t odos os aut or es que r est r ingir am a aut ogest ão a um a visão ger encialist a. Alm eida, Villar e Nakano ( 2004) r est it uír am a ela seus pr essu-post os iniciais ou, pelo m enos, pr ocur ar am dissem inar a idéia de aut ogest ão vin-culada à const r ução de um hom em super ior colet ivo, e da pr esença da lei ser ial, da lei do ant agonism o com pet it ivo e do equilíbr io m út uo, t al qual os ensinam ent os de Pr ou dh on . En con t r am os t al r elação qu an do per cebem os qu e o discu r so dos au t or es est á alicer çado pela idéia da con st r u ção de u m su j eit o au t ôn om o qu e, m ediado pelo sent ido da solidar iedade, se int egr a a um gr upo e nele, e com ele, é capaz de cr iar cam pos de conflit o nos quais ser ão negociados novos valor es, códi-gos, pr át icas, dent r e out r os.

Pedr in i, Pr im e San t os ( 2 0 0 4 ) per t en cem à m esm a cor r en t e dos au t or es cit ados acim a; ent r et ant o, aler t am que a const it uição desse hom em super ior cole-t iv o é um a conscole-t r ução social que dem anda cole-t em po. I caza ( 2004) denom ina esse pr ocesso con st r u t iv o com o a cr iação de iden t idades. Ela m en cion a, ain da, qu e essa cr iação, acr escida da in t er - r elação dos gr u pos, per m it ir á a for m u lação de um a nov a concepção do t r abalho, a qual a aut or a não chega a afir m ar ser um a m udança r adical, m as pelas pist as deixadas, per cebem os a influência da abor da-gem da r efor m a social e não da via r evolucionár ia.

Ao vincular m os o conceit o da aut ogest ão ut ilizado at ualm ent e com os pr es-supost os clássicos da sociologia, per cebem os que houve, de um m odo ger al, um a nova significação do m esm o, ocor r endo per da de cont eúdo. Essa nova ver são da aut ogest ão, a qual foi influenciada por um a abor dagem das ciências adm inist r at i-vas, r eflet iu na pr át ica do conceit o da aut ogest ão de t al m odo que podem os iden-t ificar, nos Em pr eendim eniden-t os Econôm icos Auiden-t ogesiden-t ionár ios, obj eiden-t ivos que buscam , a pr ior i, os fins econôm icos.

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a-m en t e, n a afir a-m ação de qu e a dea-m ocr acia e a par t icipação, n essas in iciat iv as, ser iam pr ej udicadas pela baixa escolar idade, a falt a de capacit ação e a qualifica-ção t écnica pr ofissional. Todav ia, acr edit ando na possibilidade de encont r ar m os n ov as f or m as d e or g an ização n esses em p r een d im en t os, n ão ser ia in coer en t e avaliá- los a par t ir de ant igos pr essupost os que for am const r uídos visando um t ipo específico de em pr esa – usando um conceit o im pr egnado pelo v iés adm inist r at i-vo? Adem ais, não est ar íam os subest im ando a capacidade dos indivíduos de or ga-nizar em - se ent r e si, com o acr edit ava Pr oudhon, em vir t ude da falt a de um ensino for m al que est á adequado segundo às nov as pr er r ogat iv as da cham ada gest ão das com pet ên cias? Não esqu eçam os qu e o pr ópr io sist em a edu cacion al est á a ser viço da r epr odução dos valor es capit alist as, for necendo m ão- de- obr a t écnica e especializada segundo necessidades da r epr odução do capit al.

Ao analisar m os a Econom ia Popular Solidár ia, per cebem os que, ideologica-m ent e, ela apr oxiideologica-m a- se, eideologica-m par t e, do conceit o pr econizado por Pr oudhon, o qual t r at a a aut ogest ão com o a capacidade de associações m út uas e or ganização co-l et i v a d o s t r a b a co-l h a d o r es. Na p r á t i ca , a a p r o x i m a çã o en t r e a m b o s – EPS e aut ogest ão, na concepção pr oudhoniana – est á r est r it a ao associat iv ism o econô-m ico. Ueconô-m a pr át ica econô-m ais r efor econô-m ist a do qu e r ev olu cion ár ia, pois a efet iv ação da au t ogest ão, n esses em pr een dim en t os, t en de a n ão pr oblem at izar a su bm issão dos indivíduos que só possuem sua for ça de t r abalho par a vender diant e daque-les que dom inam o capit al. Os em pr eendim ent os de EPS são pr át icas m ar ginais que pouco t êm cont r ibuído par a a const r ução de um a “ livr e associação de hom ens iguais num a sociedade sem classes”, pr eceit uada pela cor r ent e m ar xist a ( GUI LLERM e BOURDET, 1976) .

No ent ant o, nessa sociedade em que o hegem ônico é o individualism o, pode par ecer ut ópico pensar que, em cur t o pr azo, a sociedade ex cluída do núcleo do set or pr odut iv o pudesse se or ganizar e elim inar o sist em a capit alist a de m odo a r om per com as classes sociais. Cont udo, per cebem os que pode haver um a t ent a-t iva, ainda que fr ágil, de um novo fazer econôm ico, polía-t ico e social. Par a a-t ana-t o, pr ecisam os bu scar en t en der a au t ogest ão desses em pr een dim en t os com o u m a m an eir a d e f azer alg o d if er en t e d o q u e est á sen d o f eit o n o seio d o sist em a h egem ôn ico.

Não est am os buscando com isso for m ular hipót eses cor r et as que acar r et a-r iam em a-r esu lt ad os p osit iv os ou n eg at iv os, at é p oa-r q u e a-r ef u t am os a p ost u a-r a posit iv ist a de caus efeit o. Est am os apenas lev ant ando pr oposições a ser em t r a-balhadas pelos est udiosos da Econom ia Popular Solidár ia e pelos incent iv ador es desses em pr eendim ent os, par a fom ent ar m os um a discussão pr ofícua acer ca des-se assunt o, um a vez que acr edit am os que é pr eciso consider ar t odos os aspect os da au t ogest ão, bem com o as especificidades de cada in st it u ição e do con t ex t o nos quais elas se inser em . Por t ant o, a única cer t eza que t em os at é o m om ent o é que o conceit o de aut ogest ão que a Ant eag busca efet uar nos em pr eendim ent os por ela or ient ados não at ende as quest ões sociais e polít icas, t am pouco at ent a par a as especificidades de cada com unidade. Essa afir m ação é um t ant o quant o penosa, um a vez que cor r obor a a fr agilidade do set or sindical, t endo em vist a o enfr aquecim ent o dessa inst it uição enquant o r epr esent ant e da classe t r abalhado-r a. Essa inst it uição podeabalhado-r ia buscaabalhado-r seu abalhado-r ecabalhado-r udescim ent o nesse out abalhado-r o espaço que se abr e, pr ocur ando ar t icular com os excluídos do m er cado de t r abalho for m al a const r ução de um a sociedade igualit ár ia m ediant e um a post ur a polít ica m ais efe-t iv a. Essa ar efe-t iculação dev e, conefe-t udo, esefe-t ar conscienefe-t e de que

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