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Luca Belli e Luiz Fernando Moncau
28 de fev 2016
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m dos mais polêmicos debates no âmbito da governança da internet, referente à neutralidade de rede, ganhou na Índia proporções inimagináveis, opondo a gigante das redes sociais (Facebook) e defensores dos direitos digitais ao longo da consulta organizada pela autoridade indiana de telecomunicações (TRAI). Decidido no dia 08 de fevereiro em meio a muita polêmica, o debate possui consequências notáveis para o futuro da internet.
A resposta do regulador indiano foi firme e audaciosa. O governo de um país onde a penetração da Internet é de somente 20% poderia facilmente ceder à tentação de “serviços básicos” para todos, ainda que a decisão de quais seriam estes serviços fosse feita por entidades cujo objetivo principal é – naturalmente – a maximização do interesse privado.
Mas o debate indiano foi especialmente instrutivo pela conduta do Facebook. A inovação que impressionou na estratégia da empresa foi a postura ativista de mobilização dos seus usuários. Nesse sentido, a rede social desenvolveu uma funcionalidade
(http://techcrunch.com/2015/12/17/savefreebasics/) para incentivar os seus usuários indianos a defender o Free Basics, enviando informações de propaganda em suporte do zero rating e
encorajandoos a pressionar a TRAI. Mimetizando o comportamento de outras empresas de internet que conclamam seus usuários a defender seus serviços (como o Uber, por exemplo), a empresa quis mostrar que sua proposta encontrava eco na vontade dos cidadãos.
O resultado da tentativa pode ser visto como um grande erro estratégico. Nenhum outro sujeito ou entidade interessada na consulta podia dispor de tal mecanismo de influência no processo decisório da agência, dando evidente vantagem ao Facebook. Qual exemplo seria melhor do que este para ilustrar os potenciais riscos para a liberdade de opinião e de captura de processos de participação devidos ao tratamento discriminatório da informação?
O embate de visões na Índia evidencia a necessidade de que os governos nacionais considerem as diferentes opções de expansão do acesso à internet – não somente no curto prazo – e alimentará o debate latinoamericano (http://www.digitalrightslac.net/pt/haciatierrasmaslibresen internet/) e brasileiro, atualmente em fase de consulta sobre a regulamentação do Marco Civil da Internet (http://pensando.mj.gov.br/marcocivil/). O Facebook revelará sua face ativista e
mobilizadora dos consumidores na campanha pelo “Free Basics” também no Brasil?
O caso indiano é mais um exemplo da relação indissolúvel entre politicas digitais e políticas econômicas que cada Estado é chamado a compreender a fim de ser o verdadeiro protagonista do seu desenvolvimento. Que política, afinal, o Brasil vai querer?
Luca Belli é Doutor em Direito Público pela Universidade Paris 2. Pesquisador no Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro. Foi Especialista de Neutralidade da Rede pelo Conselho da Europa e é autor do livro "Net Neutrality
Compendium"
Luiz Fernando Moncau é Gestor do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV DIREITO RIO