INSTITUTO DE FÍSICA DE SO CARLOS
TIAGO BARBIN BATALHO
Tratamento algébrio e omputaionalmente
eiente para a interação entre sistema
e meio ambiente
Tratamento algébrio e omputaionalmente
eiente para a interação entre sistema e
meio ambiente
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Físia do Instituto de
Físia de SãoCarlos daUniversidade de São
Paulo, paraobtenção dotítulodeMestre em
Ciênias.
Área de onentração: FísiaBásia
Orientador: Prof. Dr. MiledHassan Youssef
Moussa
Versão orrigida
(versãooriginal disponível naUnidade quealojao Programa)
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Ficha catalográfica elaborada pelo Serviço de Biblioteca e Informação do IFSC,
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
Batalhão, Tiago Barbin
Tratamento algébrico e computacionalmente
eficiente para a interação entre sistema e meio
ambiente / Tiago Barbin Batalhão; orientador Miled
Hassan Youssef Moussa - versão corrigida -- São
Carlos, 2012.
115 p.
Dissertação (Mestrado - Programa de Pós-Graduação em
Física Básica) -- Instituto de Física de São Carlos,
Universidade de São Paulo, 2012.
1. Dissipação quântica. 2. Decoerência. 3. Equações
mestras quânticas. 4. Redes de osciladores
MARIAAMÉLIA BARBIN BATALHO
Meus primeiros agradeimentosnão poderiam ir para outros a não ser osmeus pais,
a quem dedio essa dissertação. Reonheço toda o arinho, a dediação e esforço que
elessempredemonstraramparagarantirumavidafelizeonfortávelaosseuslhos,tanto
enquantoaindamoravaomelesquantonosúltimosseisanosemqueestouemSãoCarlos.
Agradeço também o suporte familiarque sempre tive por parte de avós e tios, de quem
aprendimuito, e de irmão e primos.
Gostaria de fazer um agradeimento espeial a meu orientador, Miled Moussa, por
quem fui apresentado a muitos temas interessantes, que me motivaram em diferentes
momentosdemeumestrado,eomquemonsideroquedesenvolviumarelaçãodeamizade
além da relação de orientador-aluno, que me valeu bons onselhos em momentos de que
deles preisei.
Agradeçoaosinúmerosprofessoresqueonheidurantetodoesseperíododegraduação
emestrado, pelas boas aulas queministraram e pelaótima relaçãoque mantiveom eles
forada salade aula, e queespero queontinue porum longo tempo.
Agradeço tambémaos professores que tive antes dauniversidade, no InstitutoSanta
ÚrsuladeRibeirãoPreto,emespeialaoprofessorSérgio,quemeestimulouemepreparou
parapartiipar de Olimpíadas de Físia,oque posso dizer quefoi oprinipalmotivoque
me levou à deisão de ursar Físia e optar pelo exelente Instituto de Físia de São
Carlos.
Agradeço ainda aoapoio naneiro de Capes eFapesp, de quem fui bolsista durante
aesrita dessa dissertação.
Noampopessoal,sougratoportertidováriasamizadesdurantediversosperíodosde
minhavida,inluindomuitosdequemperdioontatomasaindaguardoboaslembranças.
Algunsdeles, noentanto,estiveram a meulado durante vários anos já,e seique
ontinu-aremosjuntosainda por muito mais. Amigos queme foramimportantes, desejo-lhes um
profundoagradeimento. CitoaquiRodrigoVeiga, FelipePenha, LuianoFalqueto,Cora
Gentil Neto, Paulo Moryia, Camillo Valenia, e Wilson Merado. Apesar de nos
onhe-ermos há no máximo dois anos, voês foramimportantes nesse período, ada um à sua
maneira.
Por m, um agradeimento a uma pessoa que entrou em minha vida há pouo mais
de um ano e tem sido espeial desde então, Laís Serrão. Agradeço a ela por todos os
momentos que passamos juntos, portodos os momentos emque ela meapoiou nabusa
de meus desejos e sonhos, e pelos momentos em que tive a oportunidade de retribuir.
Desejo a elaum exeelentefuturo, om muita feliidade, assim omosei que eladeseja o
BATALHO,T. B.Tratamentoalgébrioeomputaionalmenteeienteparaainteração
entre sistema e meio ambiente. 2012. 113 p. Dissertação (Mestrado em Ciênias)
-Institutode Físiade São Carlos,Universidade de São Paulo, São Carlos,2012.
Realizamosnessetrabalhoumtratamentoabrangentedainteraçãoentreumsistema
quân-tioeomeio ambientemodeladoomoum onjuntode osiladoresharmnios. Partimos
para isso de um tratamento prévio de redes de osiladores harmnios quântios
dissi-pativos. Utilizando a função araterístia, transformamos a equação de von Neumann
em uma equação diferenial, e explorando a sua linearidade, essa é transformada em
uma equação vetorial, uja resolução é omputaionalmenteeiente. Nosso formalismo,
que parte de uma rede de osiladores harmnios, não neessariamente dividida entre
sistema e meio ambiente, permite que se ontorne a neessidade da hipótese de
aopla-mento súbito sistema-reservatório para o tratamento exato da evolução do sistema. Em
seguida,mostramos queessa evolução pode ser sempredesrita poruma equação mestra
naformausualdeLindblad,embora osoeientes queadenempossamserdependentes
dotempo. Issoabre novaspossibilidadespara adinâmiadosistema,e levaaefeitos que
podem ser lassiados de não-Markovianos, embora sejam desritos por uma equação
mestra ompletamente loal no tempo. Ressaltamos que, por ser baseado em uma
so-lução exata, o método pode ser apliado para qualquer intensidade de aoplamento, e é
onsideravelmentemais simplesdoqueoutrosmétodosdisponíveisparaesse m,omoos
baseados em integraisde trajetória. Por m, utilizamos simulações omputaionais para
exploraravalidadedasaproximaçõesdeondasgirantesedeBorn-Markov, eosfenmenos
quepodem ser observados nos regimesem queelas deixam de ser válidas.
Palavras-have: Dissipação quântia. Deoerênia. Equações mestras quântias. Redes
BATALHÂO, T. B. Algebri and omputationally eient treatment for the
system-environmentinteration. 2012. 113 p. Dissertação(Mestrado emCiênias) -Institutode
Físiade São Carlos,Universidade de São Paulo, São Carlos, 2012.
We present a omprehensive treatment of the interation of a quantum system with an
environmentmodeledasasetofharmoniosillators. Westartfromaprevioustreatment
of a network of quantum dissipative harmoni osillators. Using the harateristi
fun-tion, we transform the von Neumann equation in a dierential equation, and exploring
its linearity, this is transformed in a vetor equation, whose solution is omputationally
eient. Our method,whoseorigin liesona network not neessarilydivided intosystem
andreservoir,allowsustoirumventtheneessity ofthesudden-ouplingapproximation
for the exat treatment of the system evolution. After this, we show that this dynamis
an always be desribed by a master equation in standard Lindblad form, although its
oeients may be funtions of time. This opens new possibilitiesfor the system
dyna-mis,and leadtoeets that maybeallednon-Markovian,even if theyare desribed by
a ompletelyloal-in-timemaster equation. It should be emphasized that, as it is based
onanexat solution,the methodmay beappliedfor anystrength ofthe system-reservoir
interation,anditisonsiderablysimplerthanotheravailablemethods, suhasthose
ba-sedonpathintegrals. Finally,weemployomputer simulationstoinvestigatethe validity
of the rotating-wave and Born-Markov approximations, and the phenomena that migth
beobserved inregimes inwhihthey fail tobe valid.
Keywords: QuantumDissipation. Deoherene. Quantum masterequations. Networks of
Figura2.1 Topologiadeumarededeosiladoresompletamenteinteragentes,
orrespondente ao Hamiltoniano 2.1. Figura extraída de, 1
om
permissãodoautor. . . 28
Figura3.1 Topologiade uma rede de osiladores na onguraçãoentral, ou
estrela, orrespondenteao Hamiltoniano3.1. Figuraextraída de, 1
om permissão doautor. . . 60
Figura4.1 Elementosde matrizde
S
eS
OG
,representandoo deaimentodasquadraturas. Em linha heia, os elementos
S
2
,
2
eS
2
,
1
, represen-tandoumestadoiniialdesloadonaquadraturademomento. Emlinhatraejada,oselementos
S
1
,
1
e−
S
1
,
2
,representandoumestado iniial desloado naquadratura de posição. Emlinha pontilhada,o quadratura iniial e a quadratura ortogonalna aproximação de
ondas girantes . . . 70
Figura4.2 Elementos diagonaisde
S
eS
OG
,emesala logarítmia. Similaràgura 4.1 . . . 70
Figura4.3 Espetro de Fourier dos elementos diagonais de
S
eS
OG
, omajusteLorentziano. A largurade ada ajuste éindiada. . . 71
Figura4.4 Taxa de deaimento variável no tempo. A taxa varia de forma
linear emtemposurtos, mas atingeum valoronstante, e
onsis-tente om osajustes mostrados nas guras4.2 e4.3. . . 72
Figura4.5 Detalhe da evolução das quadraturas em tempos urtos. . . 72
Figura4.6 Evoluçãodaquadratura iniialnoreferenialgirante, om a
apro-ximação de ondas girantes, para diferentes formas de ruído. No
inset, as densidades espetraisde aordoom a equação 3.13 . . . 73
tér-mio atemperaturazero . . . 74
Figura 4.9 Evoluçãodaenergiamédiadoosiladorparaumestadoiniialom
|
α
|
= 7
. . . 75Figura 4.10 Evolução dapureza de um estado iniialoerente, para diferentes
intensidades de aoplamento . . . 75
Figura 4.11 Evoluçãodaenergiamédiapara reservatórios Lorentzianosa
tem-peraturazero. As urvas pontilhadas apresentam omportamento
Markoviano, enquantoaurvaheiaapresentaumomportamento
não-Markoviano . . . 77
Figura 4.12 Evoluçãodaenergiamédia parareservatórios Lorentzianosa
tem-peraturazero,naaproximaçãodeondasgirantes. Asurvas
ponti-lhadasapresentamomportamentoMarkoviano, enquantoaurva
heia apresenta um omportamentonão-Markoviano . . . 78
Figura 4.13 Evolução de uma quadratura para reservatórios Lorentzianos, na
aproximaçãodeondasgirantes. Asurvaspontilhadasapresentam
omportamentoMarkoviano,enquantoaurvaheiaapresentaum
omportamentonão-Markoviano . . . 80
Figura 4.14 Evoluçãodoparâmetro
γ
1
(
t
)
daequaçãomestra,queorresponde a uma taxa de deaimento. Para reservatórios não Markovianos,1 Introdução 21
2 Tratamentoalgébrio dainteração sistema-reservatório 25
2.1 Dinâmia unitárialinear . . . 26
2.1.1 Ondasgirantes e aaproximação de James . . . 30
2.1.2 Equações de Heisenberg . . . 32
2.1.3 Representação de estadosoerentes . . . 33
2.1.4 Funçãoaraterístia . . . 36
2.1.5 Transformação simplétia . . . 39
2.1.6 Mapa Gaussiano . . . 41
2.2 Dinâmia reduzida . . . 42
2.2.1 Traço pariale função araterístia. . . 43
2.2.2 Mapa Gaussiano . . . 46
2.2.3 Fidelidadedaevolução . . . 47
2.4 Variáveisdisretas . . . 54
3 O limite doreservatório ontínuo 59 3.1 Dinâmia de um modo . . . 59
3.1.1 Aoplamento de oordenadas . . . 60
3.1.2 Aproximação de ondas girantes . . . 63
3.2 Limite doontínuo . . . 64
4 Simulação eiente de um reservatórioestruturado 67 4.1 Grandezas relevantes . . . 67
4.2 Aoplamento frao . . . 68
4.2.1 Quadraturas . . . 69
4.2.2 Forma espetral doruído . . . 72
4.2.3 Termalização . . . 73
4.3 Comportamentonão-Markoviano . . . 75
4.3.1 Equação mestra . . . 78
5 Conlusões eperspetivas 81 REFERÊNCIAS 83 APÊNDICES 88 A Meânia Quântia no espaço de fase 91 A.1 Funções de quasi-probabilidade . . . 91
A.1.1 Regras de ordenamento. . . 92
B Equação Mestra (derivação mirosópia) 97
B.1 Forma de Lindblad . . . 102
C Dinâmia efetivade James 105
C.1 Hamiltonianoefetivo . . . 105
C.2 Equação mestra efetiva . . . 108
INTRODUÇO
O problema da dissipação em Meânia Quântia remonta ao trabalho de Weisskopf e
Wigner, 2
de 1930, em que se alula a largura natural de linha (espetros de transições
atmias)atravésdateoriaquântia daradiação. Apartirdestetrabalho,diversas
ontri-buições foram apresentadas no intuito de formalizar o tratamento de sistemas quântios
abertos, 36
mas apenas om o trabalhode Senitzky, 7
de 1960, é quese onsidera
explii-tamente a interação entre o sistema de interesse om um reservatório térmio quântio.
Senitzkyestavapartiularmenteinteressado,noâmbitodaÓptiaQuântia,noproblema
dadissipação de um mododaavidade om fatorde qualidade nito.
No ontexto da Físia de Estado Sólido, mais espeiamente no estudo do
ompor-tamentode junçõesJosephson abaixas temperaturas, Koh eolaboradores 8
apresentam
um tratamentopelo qualproura-sepreservar noâmbito daMeâniaQuântia, a
equa-ção de Langevin, utilizada para a desrição do movimento de uma partiula lássia de
massa
m
emummeiovisoso àtemperaturaT
eonstantedeamorteimentoη
. Oproe-dimento adotado por Koh e olaboradores onsisteem substituir a orrelação temporal
entre as forças estoástiaslássias queatuam sobre a partíula, desritapela relação
idêntia, pelasua ontrapartida quântia
h
F
(
t
1
)
F
(
t
2
)
i
=
1
2
π
Z
Ω
0
e
−iω
(
t
1
−t
2
)
η
~
ω
coth
~
ω
2
k
B
T
dω ,
(1.2)em que
k
B
india a onstante de Boltzmann eΩ
uma frequênia de orte,adequa-damente esolhida. Evidentemente, para intervalos de tempo de interesse, nos quais
|
t
1
−
t
2
| ≫
Ω
−
1
, a orrelação quântia reupera o resultado lássio no limite de altastemperaturas
k
B
T
≫
~
|
t
1
−
t
2
|
−
1
, e dele diverge, onforme se espera, para o regime de
baixas temperaturas.
No trabalho seminal de Caldeirae Leggett, 9
o proedimentoadotado proura
oni-liar os aspetos fundamentais das referênias, 7,8
introduzindo, por um lado, um
reserva-tório térmio quântio, modelado por um onjunto de osiladores harmnios quântios,
e prourando, de outro lado, reuperar o omportamentolássio nolimite de altas
tem-peraturas. Para otratamento daevolução temporaldo aoplamentosistema-reservatório
térmio, Caldeira e Leggett reorrem à teoria do funional de inuênia de F
eynman-Vernon. Apósa derivação dooperador densidade douniverso, elimina-seasoordenadas
doreservatório ereupera-seo operador densidade reduzido dosistema de interesse.
Aindaqueoutrostrabalhos tenhamrealizadotarefas semelhantes aodesenvolvimento
de Caldeirae Leggett, 10 12
atravésde ténias outras queofunional de inuênia, os
re-sultados derivados apliam-se aoregime de amorteimentofrao, aquele onsideradopor
Weisskopf-Wigner. Aoontrário,omodelode CaldeiraeLeggettontemplaigualmenteo
regimedeamorteimentoforte,prestando-seportantoaumamploespetrode apliações,
inlusivenoâmbitodaFísiade EstadoSólido,paraoqualfoioriginalmentedesenvolvido
(tratamentoda inuênia dadissipação no tunelamento quântio em sistemas
marosó-pios 13
).
A físia dos sistemas quântios abertos foi também amplamente empregada na
pro-posição de modelos para o proesso da medida quântia. No iníio da déada de 1980
nossa ompreensão doproesso de deoerênia de estados quântios (ou da transição da
dinâmiamiropara amarosópia,oqueompreendeparte doproessode medida)foi
onsideravelmente ampliadapelo trabalhopioneirode W. Zurek. 14,15
Centrado na
inter-pretação de vonNeumann 16
meioambiente. Dessaforma,ainteraçãoom oaparatode medidainduza supressãodos
termos de oerênia de fase do operador densidade reduzido do sistema. A ontribuição
deZurek, noentanto,mais queembasadanumtratamentorigorosodafísiadainteração
sistema-meio ambiente, apresenta onsideraçõesgerais sobre o que deveria representar o
aoplamento sistema-aparato de medida (modelado de forma fenomenológia omo que
um toy model). Neste enário, o modelo de Caldeira e Leggett propiia a Zurek uma
plataformaadequadapara uma melhorompreensãodomeanismode deoerêniade
es-tadoseparaaderivaçãodequantidadesesseniais àmedidaquântia omo,porexemplo,
otempode deoerênia.
Emsetratandodemodelosmirosópiosdoproessodedeoerêniadevemostambém
menionar aimportanteontribuiçãode Joos-Zeh, 17
pela quala emergênia das
proprie-dadeslássiasdeorredaasserçãodequeosistemaquântioatuaomoentroespalhador
de partíulas leves do meio ambiente. Ghirardi-Rimini-Weber-Pearle(GRWP), 18 20
num
passoadianteàspropostasde Zurek,Caldeira-LeggetteJoos-Zeh,abordamoproessode
medidaporumaequação de Shrodinger estoástia, ujaevoluçãodesreve não somente
oproessodedeoerênia,omotambémaompetiçãopelaqualapenasumdoselementos
dadiagonaldo operadordensidade reduzido sobrevive aoproesso de medida.
Nas últimas déadas, as ténias para o tratamento de sistemas quântios abertos
têm sido amplamente utilizados no ontexto da teoria da informação quântia, em que
álulosdadelidade de proessostaisomoaimplementaçãode operaçõeslógias
quân-tias 21
e o teletransporte de estados, 22,23
são prementes. Mais que isso, estas ténias, e
fundamentalmente as equações mestras quântias, tem sido empregadas na tarefa de se
ontornar, ou superar, os meanismos de deoerênia, no intuito de maximizar as
de-lidades das operações de informação quântia. Citamos aqui, dentre outas, as ténias
de engenharia de reservatórios, 24 26
subespaços livres de deoerênia, 27
desaoplamento
dinâmio, 2833
eporm, guardando semelhançasom odesaoplamentodinâmio,a
pos-sibilidadedodesaoplamentoefetivoentre osistemaeoreservatórioatravésdautilização
de estados quântios não estaionários. 34
Portanto, o advento da teoria da informação
quântia ontribui para uma maior visibilidade da físia dos sistemas quântios abertos,
voltada basiamente, até adéadade 1980, paraa fundamentaçãodameânia quântia,
Motivados pelateoria dainformaçãoquântia, mais espeiamentepelotratamento
de perdas em iruitos de informação quântia, diversos trabalhos voltaram-se para a
análise da dissipação em redes de sistemas aoplados. Dentre estes, itamos as
realiza-çõesnasRefs., 1,35
queabordamredesdeosiladoresharmniosnãoideais,quaisquer que
sejam suas topologias, ou seja, a forma pela qual os osiladores aoplam-se entre si, o
onjunto das magnitudes destes aoplamento, e por m, o onjunto de suas frequênias
naturais. Os desenvolvimentos alançados nas Refs. 1,35
permitiram a derivação de
re-sultados interessantes omo dispositivos para o armazenamento dinâmio de estados em
redesdeosiladores 36
eaengenhariadesubespaçoslivresdedeoerênianapresença,além
dadissipação, do meanismo de difusão deorrenteda temperaturanita doreservatório
térmio. 37
Em função dos desenvolvimentos obtidos em redes de osiladores dissipativos, e da
resente atenção voltada para a físia dos sistemas quântios abertos, nesta dissertação
voltamos nossa atenção para as redes tratadas nas Refs. 1,3537
para o desenvolvimento
de uma abordagem alternativa para o tratamento da interação sistema-reservatório
tér-mio. Pinçando um dos osiladores da rede omo o sistema de interesse, e onsiderando
os demaisosiladores omo o reservatório térmio, derivamos então um tratamento
algé-brio eomputaionalmenteeientepara a interaçãosistema-reservatório térmio. Esta
ténia,de omplexidade polinomial,é portantoadequada paraotratamentode redes de
sistemasquântios abertos e, onsequentemente, àsapliaçõesmais reentes dateoria da
informaçãoquântia.
Noapítulo2propomosométodoparaotratamentoexatodainteraçãoentresistemae
um reservatórioestruturado, enquantooCapítulo3éreservado àanálisedolimitede um
reservatório ontínuo. Simulações omputaionais, que objetivam demonstrar aspetos
peuliares do método por nós desenvolvidos, são apresentadas no Capítulo 4, e por m,
TRATAMENTO ALGÉBRICO DA
INTERAÇO SISTEMA-RESERVATÓRIO
Nesseapítulo,estudaremososproessoslinearesquepodemoorreremumaredede
osi-ladores. Vários sistemas físiosse omportam omo osiladores quântios, espeialmente
quandoseenontram próximosàposiçõesde equilíbrio. Vibraçõesde umarede ristalina
(fnons), íons emuma armadilhainia, e vibraçõesdo ampo eletromagnétio, em que
ada modo(dado por um vetor de onda e uma polarização) orresponde a um osilador.
Ténias de Óptia Linear, om o uso de materiais óptios omo polarizadores, lâminas
birrefringentes,separadoresdefeixes(beam-splitters),permitemmanipularoestadodessa
rede de osiladores de forma linear.
Nosso fooprinipalserá namodelagemdadinâmia não-unitáriade sistemas
quân-tios abertos. Os postulados da Meânia Quântia (espeiamente a evolução unitária
governada pela equação de Shrödinger) se apliam a sistemas fehados. Para tratar os
sistemasabertos, modelamosum reservatório omo sendouma oleção de modos
harm-nios(em geral um número muito grande)que interagemlinearmenteom o sistema. No
ontexto de deaimento atmio (modelo de Wigner-Weisskopf), esses modos são os do
amposeletromagnétionoespaçolivrequeirunda oátomo. Noontexto de avidades,
são os modos do ampo eletromagnétio fora da avidade que se aoplam om o modo
da avidade através do espelho om reetividade inferior a um. Qualquer que seja sua
a-e usualmente nenhuma formade manipulação oudeteção.
Oonjuntosistemaabertoereservatório,omumentehamadode universo,ongura
umsistemafehadoepossui umadinâmiaunitária. A partirdessadinâmia,alulamos
adinâmiadosistema(omumentehamadadedinâmiareduzida),everiamosqueelaé
não-unitária. Essadinâmianão-unitáriaégeradaporumaequaçãomestra,generalização
da equação de von Neumann, que depende apenas de operadores do sistema e inlui
os efeitos do reservatório de maneira fenomenológia. Mostraremos que, permitindo a
possibilidade de oeientes dependentes dotempo, uma equaçãomestra loal notempo
pode desrever qualquer tipo de dinâmianão-unitária.
Aevoluçãolineartem apropriedadede manteruma lassemuitoimportantede
esta-dos, os gaussianos. Esses estados são ompletamentedeterminados pelos seus momentos
deprimeiraesegundaordem,eontêmosestadosoerentes. Comoessesformamumabase
ompleta (na verdade, super-ompleta),qualquer estado iniialpode ser expandido omo
uma superposição de estados Gaussianos. Desse modo, espeiar omo estes evoluem
é equivalente a espeiar o mapa ompleto da evolução. Não há portanto neessidade
de onsiderar o espaço de Hilbert ompleto, que tem dimensão innita, pois o problema
pode ser ompletamente resolvidono espaço de fase, queé um espaço vetorial de
dimen-são nita,omreursos omputaionaispolinomiaisnonúmero
N
de modos. Essa últimaondição implia quea dinâmiaé simulávellassiamente.
Veremos nesse apítulo que as equações de Heisenberg exigem o onheimento da
dinâmia ompleta do universo para que o omportamento do sistema seja onheido.
Apresentaremos então o método da função araterístia, que permite que alulemos
apenasasinformaçõesqueserãorelevantespara determinaradinâmiadosistema,sendo
onsequentemente um métodomais eonmio do pontode vistaomputaional.
2.1 Dinâmia unitária linear
as formas quadrátias são aeitáveis, pois o estado fundamental deve ser bem denido.
UmHamiltonianoquadrátioquepossuaumestadofundamentalbemdenido éhamado
de positivo-denido. Consideramos que o aoplamento entre os diferentes modos se dá
atravésdesuas oordenadas
q
ˆ
k
;essa éasituaçãoomumparasistemasmassivos,masnãoapresentarealmenteuma perda de generalidade. Dito isso, onosso pontode partida será
oHamiltonianopositivo-denido (aquiomo emtodoorestodadissertação seráadotado
~
= 1
)H
=
N
X
k
=1
1
2
m
k
ˆ
p
2
k
+
m
k
̟
2
k
2
q
ˆ
2
k
+
1
4
N
X
k,j
=1
λ
k,j
(ˆ
q
k
−
q
ˆ
j
)
2
,
(2.1)que é geral no sentido de que todos os modos podem estar aoplados om todos os
de-mais, omo mostrado na gura 2.1. Cada modo é araterizado por uma massa
m
k
euma frequênia natural livre
̟
k
, e o aoplamento entre os modos é araterizado poroeientes
λ
k,j
que formam uma matriz real e simétria. Esse Hamiltoniano permite otratamento do regime de aoplamento forte entre os osiladores, para o qual os
aopla-mentos são da mesma ordem de grandeza das frequênias, sem que os modos normais
resvalem para regimesnão físios (omofrequênias negativas,emque não háum estado
de menor energiabem denido).
Sem perda de generalidade, os oeientes
λ
k,j
são simétrios. É útil separar esseHamiltonianoem termosque representam a dinâmiaisoladade ada grau de liberdade,
H
k
=
1
2
m
k
ˆ
p
2
k
+
N
X
j
=1
λ
k,j
2
q
ˆ
2
k
,
(2.2)eum termo de aoplamentoentre eles
H
C
=
−
1
2
N
X
k,j
=1
λ
k,j
q
ˆ
k
q
ˆ
j
.
(2.3)A partir dos Hamiltonianos livres,denimos uma frequênialivre
ω
k
=
v
u
u
t
̟
2
k
+
1
m
k
N
X
j
=1
Figura2.1Topologiade uma rede deosiladores ompletamente interagentes, orrespondente ao
Ha-miltoniano2.1. Figuraextraídade, 1
ompermissãodoautor.
além dos operadores de riação edestruição
ˆ
q
k
=
r
1
2
m
k
ω
k
a
k
+
a
†
k
(2.5a)
ˆ
p
k
=
r
m
k
ω
k
2
−
ia
k
+
ia
†
k
.
(2.5b)Isso permiteesrever oHamiltonianolivreomo um osiladorde frequênia
ω
k
(dife-renteda frequênia livre
ν
k
):H
k
=
ω
k
a
†
k
a
k
+
1
2
A onstante de aoplamentoentre osmodos pode ser denida omo
g
k,j
=
λ
k,j
2
√
m
k
ω
k
m
j
ω
j
,
(2.7)eos termosde aoplamentoentre os osiladores,
H
C
=
−
1
2
N
X
k,j
=1
g
k,j
a
k
+
a
†
k
a
j
+
a
†
j
,
(2.8)podem ser divididos em dois tipos. O primeiro orresponde a uma troa de interações
entre osmodos, naforma
a
†
k
a
j
; são hamadosde termospassivos ougirantes. O primeironomeéonsequêniadaonservaçãodonúmerototaldeexitações;osegundovemdofato
de que, emum referenial girante, taistermos variam lentamente no tempo. O segundo
tipo (
a
k
a
j
) representa uma interação ativa, ou ontra-girante, que ria ou destrói paresde exitações nos modos.
Além desses termos, podemos ter termos de bombeamento lássios, naforma linear
forma
H
B
=
i
N
X
k
=1
β
k
a
†
k
−
β
∗
k
a
k
,
(2.9)ouquadrátia,
H
Q
=
1
2
N
X
k
=1
η
k
a
†
k
2
−
η
∗
k
a
2
k
,
(2.10)O Hamiltoniano quadrátio mais geral possível (inluindo bombeamentos) pode ser
esritode uma formamais ompata omo
H
=
N
X
k,j
=1
G
k,j
a
†
k
a
j
+
1
2
N
X
k,j
=1
F
k,j
a
†
k
a
†
j
+
F
k,j
∗
a
k
a
j
+
i
N
X
k
=1
β
k
a
†
k
−
β
k
∗
a
k
.
(2.11)A ondição de hermitiidadedo Hamiltonianoimplia que amatriz
G
é hermiteana,ea matriz
F
é simétria:G
k,j
=
G
∗
j,k
(2.12a)Como ilustração,para oHamiltoniano2.1, asmatrizes
G
eF
assumem a formaG
k,j
=
δ
k,j
ω
k
−
(1
−
δ
k,j
)
g
k,j
(2.13)F
k,j
=
−
(1
−
δ
k,j
)
g
k,j
.
(2.14)Como já dito, arenormalizaçãodas frequênias naturais dada pelaequação 2.4é
ne-essáriaparaevitarsituaçõesnãofísias.Aondição matemátiaparaqueoHamiltoniano
seja positivo-denidoé quea seguintematrizde dimensão
2
N
sejapositivo-denida(issoé,possuia todos os auto-valores positivos):
H
=
ℜ
(
G
+
F
)
ℑ
(
F
−
G
)
ℑ
(
F
−
G
)
ℜ
(
G
−
F
)
≥
0
.
(2.15)2.1.1 Ondas girantes e a aproximação de James
O Hamiltoniano2.11 é a soma de termos de dinâmialivre de ada osilador
(equa-ção 2.6) e termos de aoplamento entre os modos (equação 2.8). O primeiro, por ter
uma solução trivial,pode ser usado para denir umarepresentação de interação, em que
os operadores de ampo
a
k
ea
†
k
variam no tempo governados pelo Hamiltoniano livre,enquanto o estadovarianotempogovernado peloHamiltonianode interação
H
I
=
−
1
2
N
X
k,j
=1
g
k,j
a
†
k
a
j
e
i
(
ω
k
−ω
j
)
t
+
a
k
a
†
j
e
−i
(
ω
k
−ω
j
)
t
−
1
2
N
X
k,j
=1
g
k,j
a
†
k
a
†
j
e
i
(
ω
k
+
ω
j
)
t
+
a
k
a
j
e
−i
(
ω
k
+
ω
j
)
t
.
(2.16)Esse Hamiltoniano está na forma da equação C.3 do apêndie C (que é por sua vez
baseado na referênia 38
), permitindo utilizar as ténias alidesritas para obter um
mente notempo. Assumimosque para a maioriados modos valeque
ω
k
≈
ω
j
, ouseja,|
ω
k
−
ω
j
|
<<
|
ω
k
+
ω
j
|
.
(2.17)Assim, oúltimotermo doHamiltoniano2.16varianotempo deformamuito mais
rá-pidadoqueoprimeiro. Aprimeiraaproximaçãode James,queonsisteemsimplesmente
desprezá-los,é hamado de aproximaçãode ondasgirantes:
H
RW A
=
−
1
2
N
X
k,j
=1
a
†
k
a
j
e
i
(
ω
k
−ω
j
)
t
+
a
k
a
†
j
e
−i
(
ω
k
−ω
j
)
t
.
(2.18)Na notaçãoda equação 2.11, issoé equivalente afazer
F
k,j
= 0
.A segunda aproximação de James é desrita pelas equações C.31 e C.33. Um fato
uriosoqueoorreéque oHamiltonianoefetivode segunda ordem (C.31)ontém apenas
termosgirantes daforma
a
†
k
a
j
,mesmoquandoonsideramosostermosontra-girantesnoHamiltonianode interação:
H
2
=
−
1
4
X
k,j
X
n6
=
k,j
g
k,n
g
j,n
1
ω
n
+
ω
k
+
1
ω
n
+
ω
j
!
e
i
(
ω
k
−ω
j
)
t
a
†
k
a
j
.
(2.19)É possível também mostrar que o termo dissipativo é pequeno. No limite de
ao-plamento frao, em que uma expansão em série de potênias nos aoplamentos
g
k,j
fazsentido,ostermosontra-girantesrepresentamapenasumaleveorreçãonadinâmia,que
é dominada pelos termos girantes. Isso, no entanto, não oorre quando os aoplamentos
2.1.2 Equações de Heisenberg
Umpossível método 39
para resolveradinâmiageradapeloHamiltoniano2.11 são as
equaçõesde Heisenberg
d
dt
a
k
=
−
i
N
X
j
=1
G
k,j
a
j
+
F
k,j
a
†
j
+
β
k
(2.20a)d
dt
a
†
k
=
i
N
X
j
=1
G
∗
k,j
a
†
j
+
F
k,j
∗
a
j
+
β
k
∗
.
(2.20b)Embora essa equaçãoestejadenida emumespaço deHilbertde dimensão innita,a
relação entre os operadores no tempo
t
e os operadores notempo0
é uma relação linearemum espaçovetorial de dimensão nita:
a
k
(
t
) =
N
X
j
=1
U
k,j
(
t
)
a
j
+
V
k,j
∗
(
t
)
a
†
j
+
ω
k
(
t
)
(2.21a)a
†
k
(
t
) =
N
X
j
=1
U
k,j
∗
(
t
)
a
j
†
+
V
k,j
(
t
)
a
j
+
ω
∗
k
(
t
)
.
(2.21b)As equações de Heisenberg 2.20 são equivalentes aos sistemaslineares
d
dt
U
k,n
=
−
i
N
X
j
=1
(
G
k,j
U
j,n
+
F
k,j
V
j,n
)
(2.22a)d
dt
V
k,n
=
i
N
X
j
=1
G
∗
k,j
V
j,n
+
F
k,j
∗
U
j,n
,
(2.22b)e
d
dt
ω
k
=
−
i
N
X
j
=1
G
k,j
ω
j
+
F
k,j
ω
j
∗
+
β
k
(2.23a)d
dt
ω
∗
k
=
i
N
X
j
=1
G
∗
k,j
ω
j
∗
+
F
k,j
∗
ω
j
+
β
∗
O segundo índie é mantido xonas equações2.22, e portanto o problema se separa
em
N
sistemas lineares independentes (um para ada valor den
= 1
, . . . , N
). Cada umdesses sistemas tem dimensão
2
N
, e todos têm a mesma forma (mesmas equações); adiferençase enontraapenas nas ondiçõesiniiais.
U
k,n
(0) =
δ
k,n
(2.24a)V
k,n
(0) = 0
.
(2.24b)A ondição iniialpara a equação 2.23 é
ω
k
(0) = 0
.
(2.25)As equações2.21 são a soluçãoompleta doproblema, poisovaloresperado de
qual-quer operador pode ser alulado omo
D
f
n
a
†
k
o
,
{
a
k
}
E
t
=
D
f
n
a
†
k
(
t
)
o
,
{
a
k
(
t
)
}
E
0
.
(2.26)
2.1.3 Representação de estados oerentes
As equações de Heisenberg 2.20 possuem a mesma forma que a equação lássia de
movimento. No entanto, não é apenas nesse sentido que podemos dizer que a evolução
ditada pelo Hamiltoniano quadrátio é lássia. Tal evolução também pode, sob ertas
irunstânias, preservar o aráter lássio dos estados mais lássios possíveis de uma
rede de osiladores, que são os estados oerentes. Esses estados são hamados de
lás-sios porque possuem a mínima inerteza possível, sendo bem loalizados em ambas as
quadraturas:
∆
x
1
= ∆
x
2
=
1
a
, que são por sua vez proporionaisaos operadores de posição e momento.ˆ
x
1
=
1
√
2
a
+
a
†
(2.28a)
ˆ
x
2
=
1
i
√
2
a
−
a
†
(2.28b)
Matematiamente,umestadosoerentede
N
modoséumauto-estadodosoperadoresa
k
,a
k
|
α
1
,
· · ·
, α
N
i
=
α
k
|
α
1
,
· · ·
, α
N
i
.
(2.29)Na equação 2.20, vemos que, se
F
k,j
= 0
(o que signia realizar a aproximação deondasgirantes),osoperadores evoluídos
a
k
(
t
)
sãoumafunçãoapenasdosoperadoresa
j
,eportantoum estado oerentepermanee oerente durante todaa sua evolução. O estado
oerente de
N
modos é um estado produto; um proesso passivo não é apaz de riaremaranhamento nesse aso (no entanto, outros estados iniiais separáveis podem evoluir
para um estado emaranhado).
|
α
1
i ⊗ · · · ⊗ |
α
N
i → |
α
1
(
t
)
i ⊗ · · · ⊗ |
α
N
(
t
)
i
,
(2.30)om
α
k
(
t
) =
N
X
j
=1
U
k,j
(
t
)
α
j
+
ω
k
(
t
)
(2.31)Os valores médios dos momentos de primeira ordem seguem as suas trajetórias
lás-sias, aompanhadas pela nuvem de inerteza quântia araterístia de um estado
oe-rente. 39
A simpliação trazida à análise é onsiderável, pois a ondição
V
= 0
impliaque adimensão daequação 2.22 éreduzida de
2
N
paraN
,d
dt
U
k,n
=
−
i
N
X
j
=1
G
k,j
U
j,n
(2.32)d
dt
ω
k
=
−
i
N
X
j
=1
G
k,j
ω
j
+
β
k
.
(2.33)A ondição
F
k,j
= 0
, ou seja,a ausênia de termos dotipoa
k
a
j
oua
†
k
a
†
j
,é de grandedesprezados. Esse proedimento éonheido omo a aproximaçãode ondasgirantes.
Devidoàssuaspropriedades,éinteressanteexpandirumestadoqualqueremumabase
de estados oerentes. A hamada representação
P
de Glauber-Sudarshan orresponde àexpansãodiagonal:
ρ
=
Z
d
2
N
{
α
}
P
(
{
α
}
)
|{
α
}i h{
α
}|
.
(2.34)Na representação de Shrodinger, aevolução nessa formaébastantesimples,
ρ
(
t
) =
Z
d
2
N
{
α
}
P
(
{
α
}
)
|{
α
(
t
)
}i h{
α
(
t
)
}|
,
(2.35)om
α
k
(
t
)
dado por2.31 eU
(
t
)
eω
(
t
)
obedeendo às equações 2.32 e 2.33. No aso deum estado iniial oerente, a função
P
(
{
α
}
,
{
α
∗
}
)
se reduz a uma delta de Dira, e aequação 2.35 india imediatamenteque o estado permane oerente, mas om os valores
médiosevoluindode aordoom a equação de movimentolássia.
Para o aso mais geral, é possível transformar a equação de von Neumann para o
operador densidade em uma equação diferenial parial para a função
P
, busando umaorrespondênia entre super-operadores no espaço de Hilbert e no espaço de fase onde a
função
P
édenida (um super-operador éuma operaçãolinear queassoiadoisoperado-res). No espaçode Hilbert,os super-operadores queatuamsobre
ρ
sãoa multipliação,àesquerdaouà direita,pelos operadores
a
k
oua
†
k
. No espaçode fase,eles orrespondemaombinaçõesde
P
e derivadas:a
k
ρ
→
α
k
P
(2.36a)ρa
k
→
α
k
P
−
∂P
∂α
∗
k
(2.36b)
a
†
k
ρ
→
α
∗
k
P
−
∂P
∂α
k
(2.36)
ρa
†
k
→
α
∗
A equação de vonNeumann para oHamiltoniano2.11 se traduzomo
∂P
∂t
=
−
i
N
X
k,j
=1
G
∗
k,j
α
∗
j
+
F
k,j
∗
α
j
∂P
∂α
∗
k
+
i
N
X
k,j
=1
G
k,j
α
j
+
F
k,j
α
∗
j
∂P
∂α
k
−
2
i
N
X
k,j
=1
F
k,j
∂
2
P
∂α
k
α
j
−
F
k,j
∗
∂
2
P
∂α
∗
k
α
∗
j
+
N
X
k
=1
(
β
k
∗
α
k
−
β
k
α
∗
k
)
P .
(2.37)Napresençadostermosontra-girantes,essaequaçãoenvolvederivadasdesegundaordem.
Veremos na próxima subseção que é possível obter uma equação diferenial de primeira
ordem quedesreva a evolução darede de osiladores mesmona presença desses termos.
2.1.4 Função araterístia
Noasoqueestamosestudando,oespaçodeHilbertédesneessariamenteompliado,
omasua dimensãoinnita,poistodasasrelaçõesentreobserváveisemdiferentestempos
são lineares. Por esse motivo, mudaremos também a desrição do estado quântio para
uma forma denida emum espaço de fase, noqual a evolução linear orresponde a uma
simples deformação desse espaço. Dentre as formas possíveis de se fazer isso, a que se
mostramaisonvenienteéatravésdafunçãoaraterístiadeordenamentosimétrio,que
é simplesmente o valor esperado do operador de desloamento (equação A.9), e ontém
todaa informaçãosobre o estado.
Utilizamosomesmométododebusarumaorrespondêniaentreossuper-operadores
noespaçodeHilbertenoespaçodefase. Essaorrespondêniaédiferentedoasoanterior,
e édada por
a
k
ρ
→ −
∂χ
∂α
∗
k
−
α
2
k
χ
(2.38a)ρa
k
→ −
∂χ
∂α
∗
k
+
α
k
2
χ
(2.38b)a
†
k
ρ
→
∂χ
∂α
k
−
α
∗
k
2
χ
(2.38)ρa
†
k
→
∂χ
∂α
k
+
α
∗
k
.
Essa diferença tem duasorigens. A primeiraéque estamosonsiderandouma função
araterístia,que é uma transformada de Fourier da função de quase probabilidade. A
segundaéqueafunçãoaraterístiaquedenimosorrespondeaoordenamentosimétrio
dooperadordedesloamento,enquantoafunção
P
estáassoiadaaoordenamentonormal.Com essas onsiderações, hegamos àequação diferenial
∂χ
∂t
=
−
i
N
X
k,j
=1
G
∗
k,j
α
∗
j
+
F
k,j
∗
α
j
∂χ
∂α
∗
k
+
i
N
X
k,j
=1
G
k,j
α
j
+
F
k,j
α
j
∗
∂χ
∂α
k
+
N
X
k
=1
(
β
k
∗
α
k
−
β
k
α
k
∗
)
χ ,
(2.39)que possui uma solução bastante simples na forma de um produto de um termo de
des-loamentoede um termode uxo noespaço de fase,dada peloansatz(uma hipótese,ou
proposta de solução,que deve ser testada):
χ
(
{
α
k
}
, t
) = exp
N
X
k
=1
(
α
k
ω
˜
∗
k
−
α
∗
k
ω
˜
k
)
!
χ
(
{
α
k
(
t
)
}
,
0)
.
(2.40)Oprimeirotermo doladodireitoorresponde aodesloamentodoespaçode faseausado
pelos termos de bombeamento,e obedeem às equações
d
dt
ω
˜
k
=
−
i
N
X
j
=1
G
k,j
ω
˜
j
+
F
k,j
ω
˜
j
∗
+
β
k
(2.41a)d
dt
ω
˜
∗
k
=
i
N
X
j
=1
G
∗
k,j
ω
˜
j
∗
+
F
k,j
∗
ω
˜
j
+
β
k
∗
,
(2.41b)idêntias às 2.23. Além disso, obedeem às mesmas ondições iniiais, e são portanto
iguais:
˜
ω
k
(
t
) =
ω
k
(
t
)
.
(2.42)A função araterístiamantém a sua forma(a menos de um desloamento)durante
transformação induzidapor
d
dt
α
k
=
i
N
X
j
=1
G
k,j
α
j
+
F
k,j
α
∗
j
(2.43a)
d
dt
α
∗
k
=
−
i
N
X
j
=1
G
∗
k,j
α
∗
j
+
F
k,j
∗
α
j
.
(2.43b)Essas equações são similaresàs equações de Heisenberg 2.20, eesrevemos a solução
naforma
α
k
(
t
) =
N
X
j
=1
˜
U
k,j
(
t
)
α
j
+ ˜
V
k,j
∗
(
t
)
α
∗
j
(2.44a)
α
∗
k
(
t
) =
N
X
j
=1
˜
U
∗
k,j
(
t
)
α
∗
j
+ ˜
V
k,j
(
t
)
α
j
.
(2.44b)As equações análogasa 2.22 são
d
dt
U
˜
k,n
=
i
N
X
j
=1
G
k,j
U
˜
j,n
+
F
k,j
V
˜
j,n
(2.45a)
d
dt
V
˜
k,n
=
−
i
N
X
j
=1
G
∗
k,j
V
˜
j,n
+
F
k,j
∗
U
˜
j,n
.
(2.45b)Para estabeleer uma relação entre os oeientes
U,
˜
V
˜
e os oeientesU, V
,alu-lamos osmomentosde primeira ordema partir dafunção araterístia:
h
a
k
i
t
=
N
X
j
=1
˜
U
j,k
(
t
)
h
a
j
i
0
−
V
˜
j,k
∗
(
t
)
D
a
†
j
E
t
+
ω
k
(
t
)
(2.46a)D
a
†
k
E
t
=
N
X
j
=1
˜
U
j,k
∗
(
t
)
D
a
†
j
E
0
−
˜
V
j,k
(
t
)
h
a
j
i
t
Uma omparaçãoentre asequações2.21 e2.46 permiteonluir que
˜
U
j,k
(
t
) =
U
k,j
(
t
)
(2.47a)˜
V
j,k
(
t
) =
−
V
k,j
(
t
)
.
(2.47b)Com essas assoiações, podemos reesrever as equações 2.45 emtermos de
U
eV
naforma:
d
dt
U
n,k
=
i
N
X
j
=1
U
n,j
G
∗
j,k
−
V
n,j
F
j,k
(2.48a)
d
dt
V
n,k
=
−
i
N
X
j
=1
V
n,j
G
j,k
−
U
n,j
F
j,k
∗
.
(2.48b)Essas equaçõese as 2.22 têm uma diferença importante. Naquelas, o segundo índie
era mantido xo, o que signia que ada oluna de
U
eV
pode ser alulada de formaindependente das demais. Nessas, o primeiroíndie é mantido xo, e as matrizes
U
eV
sãoonstruídaslinha porlinha. Essa diferençavêmdofatode queafunçãoaraterístia
édenida nãonoespaçode fasepropriamentedito,mas noespaçode fasedual(que estão
relaionadospor uma transformada de Fourier, mas têm a mesmaestrutura).
2.1.5 Transformação simplétia
Na representação de Shrodinger, os estados emtempos diferentes de um sistema
fe-hadosãorelaionadosporumatransformaçãounitária. NarepresentaçãodeHeisenberg,
omesmo fatoé expresso pelaregra de transformação das relações de omutação
h
ˆ
A
(
t
)
,
B
ˆ
(
t
)
i
=
U
†
(
t, t
0
)
h
ˆ
A
(
t
o
)
,
B
ˆ
(
t
o
)
i
Apliado àstransformações2.21, isso impliaem
N
X
m
=1
(
U
k,m
V
j,m
−
U
j,m
V
k,m
) = 0
(2.50a)N
X
m
=1
U
k,m
∗
U
j,m
−
V
k,m
∗
V
j,m
=
δ
k,j
.
(2.50b)Isso deneumaestrutura simplétia(propriedades daestrutura simplétiasão disutidas
noapêndieD). Expliitamente, a matrizde dimensão
2
N
denida pelos bloosW
=
{
U
} {
V
∗
}
{
V
} {
U
∗
}
,
(2.51)satisfaz a relação
W
T
Ω
W
= Ω
,
(2.52)onde
Ω =
0
I
−I
0
.
(2.53)É importante dizer que a denição usual de matriz simplétia são as matrizes de
entradas reais que satisfazem 2.52; omo
W
assim denido não é real, não é tambémuma matriz simplétia. Porém, é possível obter uma matriz simplétiarelaionada a
W
onsiderando a transformação das quadraturas, que por serem reais impliam em uma
matriz de transformação real:
Z
=
{ℜ
(
U
+
V
)
} {−ℑ
(
U
+
V
)
}
{ℑ
(
U
−
V
)
}
{ℜ
(
U
−
V
)
}
.
(2.54)Uma transformação simplétia e linear é a ontrapartida no espaço de fase de uma
2.1.6 Mapa Gaussiano
Na linguagem da teoria de informação quântia, um mapa é uma operação linear
apliada a um operador densidade, que resulta em um outro operador densidade. Para
isso,essa operaçãodeveser, além de linear,ompletamentepositiva. 40
A evolução de um
sistemapodeser expressapor umafamíliade mapas,ada um dos quaisassoiaoestado
iniialao estadoem um instante espeíode tempo:
ρ
(
t
) =
U
t
(
ρ
(0))
.
(2.55)A equação 2.40 é um exemplo de mapa no espaço de fase, pois fornee uma regra
paraobterafunção arateristianotempo
t
(olado esquerdodaequação)emtermosdafunção arateristianoinstanteiniial (que aparee noseu lado direito).
A solução2.40preservaaformaGaussianadafunçãoaraterístia. Comoosestados
quepossuem essa formasão de grandeimportânia(poisontém osestadosoerentes, os
omprimidos e os térmios) , é interessante tratar a evolução gerada pelo Hamiltoniano
quadrátiopela alteração que ele ausa nos momentosde primeirae segunda ordem que
denem um estado Gaussiano:
x
(
t
) =
W
(
t
)
r
(0) +
ω
(
t
)
(2.56a)C
(
t
) =
W
(
t
)
V
(0)
W
T
(
t
)
,
(2.56b)onde
x
(
t
)
eC
(
t
)
são o vetor de quadraturas ea matrizde ovariânia, respetivamente:x
(
t
) =
{h
a
k
i}
nD
a
†
k
Eo
t
(2.57)
C
(
t
) =
{h
a
k
a
j
i − h
a
k
i h
a
j
i}
n
1
2
D
a
k
a
†
j
+
a
†
j
a
k
E
− h
a
k
i
D
a
†
j
Eo
n
1
2
D
a
†
k
a
j
+
a
j
a
†
k
E
−
D
a
†
k
E
h
a
j
i
o
nD
a
†
k
a
†
j
E
−
D
a
†
k
E D
a
†
j
Eo
t
.
(2.58)
uma orrespondênia unívoa entre esses parâmetros e um onjunto de mapas noespaço
de Hilbert.
ρ
(
t
) =
U
W,ω
(
ρ
(0))
.
(2.59)Essas transformações são denidas emum espaçovetorial de dimensão nita, querese
linearmenteomonúmerodegrausdeliberdade. Épossívelportantosimulardeforma
e-ienteessemapa emum omputadorlássio,om reursos queresem polinomialmente
om número de graus de liberdade. Para que seja possívelrealizar omputação quântia
om um sistema de variáveis ontínuas, é preiso uma fonte de não-lassialidade, que
podevirde duasmaneiras. A primeiraéatravésde termosnão-linearesnoHamiltoniano,
omo por exemplo o efeito Kerr (que gera um termo na forma
a
†
1
a
1
a
†
2
a
2
); nesse aso, a análise aqui feita não se aplia. A segunda maneira é através de um estado iniialnão-Gaussiano,quepodeserumestadodenúmeroouumestadode faseúbia. 41
Asequações
2.56aindasãoválidas,poissão deduzidaspeloformalismode Heisenberg semqualquer
hi-pótese sobreo estadoiniial. Apenaso omportamentodos momentosde ordemsuperior
são afetados quando o estado iniialnão é Gaussiano.
2.2 Dinâmia reduzida
Um sistema quântio aberto interage om graus de liberdade sobre os quais um
ex-perimentador não tem qualquer tipo de ontrole ou possibilidade de efetuar a medida.
Embora essas interações possam edevamser levadas emontapelateoria, é onveniente
que ao nal a desrição seja realizada apenas em termos de graus de liberdade sobre os
quais se tem aesso experimental. Esses últimos referem-se ao sistema de interesse,
en-quanto os primeiros referem-se ao reservatório. O sistema e o reservatório onsiderados
emonjunto éhamado de universo.
Ouniversoformaumsistemafehadoepossuiuma dinâmiaunitária,omoestudado
na seção 2.1. Porém, o reservatório possui em geral um grande número de graus de
liberdade, muito maiordo queo dosistema. Uma soluçãogeral dadinâmia douniverso
Veremos nessa seção que o método de Heisenberg exige o onheimento da dinâmia
ompletadouniverso,enquantoométododafunçãoaraterístiapermitequealulemos
apenas asinformaçõesque serão relevantes para determinara dinâmiadosistema.
Paraomeçar aanálise,separamos asdimensõesdoespaçode fase emdois onjuntos:
S
=
{
1
, . . . , N
S
}
(2.60a)R
=
{
N
S
+ 1
, . . . , N
}
.
(2.60b)Ofatode queestamosinteressadosapenas noomportamentodosistemaimpliaque
osúnios observáveis de interesse são da forma
ˆ
F
=
F
{
a
k
(
t
)
}
k∈S
=
F
(
N
X
j
=1
U
k,j
a
k
+
V
k,j
∗
a
†
j
)
k∈S
.
(2.61)Preisamos portantoapenas dos oeientes
U
k,j
eV
k,j
para os quaisk
∈ S
, ouseja,preisamosde apenas
N
S
linhasdeU
eV
,istoé,apenasumanoasoemqueosistemadeinteressereduz-seaum únioosilador. AsequaçõesdeHeisenberg sãoresolvidas
oluna-por-oluna; resolvê-la ompletamente implia em uma grande quantidade de informação
(nosentidolássio)queéaluladaeentãodesartada. Aequação2.48,deduzidaapartir
daequaçãodiferenial paraa função araterístia,éresolvida linha-por-linha,e
preisa-mos resolverapenas
N
S
linhaspara obter adinâmiadosistema, aoinvésdasN
olunasdométodode Heisenberg. Isso pode representarum onsiderável ganhoomputaional.
2.2.1 Traço parial e função araterístia
No espaço de Hilbert, o proedimento para eliminar os graus de liberdade do
reser-vatório é o traço parial. No espaço de fase onde a função araterístia é denida, o
proedimento análogo é alulá- la na origem do sistema de oordenadas referente ao