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Migração, brain drain e o papel das diásporas no desenvolvimento globalizado

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Academic year: 2017

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FACULDADE BOA VIAGEM

CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - CPPA MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL - MPGE

JORGE SARDO JR.

MIGRAÇÃO,

BRAIN DRAIN

E O PAPEL DAS DIÁSPORAS NO

DESENVOLVIMENTO GLOBALIZADO

(3)

JORGE SARDO JR.

MIGRAÇÃO,

BRAIN DRAIN

E O PAPEL DAS DIÁSPORAS NO

DESENVOLVIMENTO GLOBALIZADO

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Gestão Empresarial da Faculdade Boa Viagem, como parte dos requisitos para a obtenção do título de mestre em Gestão Empresarial, área de concentração:

Mercados e Relações Internacionais.

Orientador: Professor Olímpio José de Arroxelas Galvão, Ph.D.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais que sempre foram os grandes incentivadores de minha vida acadêmica.

Ao Leo Tabosa por esses 11 anos de convivência e amizade.

Ao pessoal do projeto Dekassegui Empreendedor do SEBRAE pela cooperação na elaboração de meu projeto.

À Glória Masako Takemoto Hamasaki da ABD – Associação Brasileira de Dekasseguis e a Cláudio Suzuki do Instituto Tomodati, que, devido ao interesse e dedicação de ambos ao tema, tornaram possível a pesquisa junto aos decasséguis.

Ao Prof. Augusto César Oliveira pela ajuda em estatística e coleta de dados.

À Profa. Tercina Barbosa O. Vergolino pela grande ajuda na confecção e formatação do formulário de pesquisa.

Ao Prof. Fernando Mendonça Dias pela grande contribuição para a melhoria do trabalho, durante a defesa do projeto desta dissertação.

À Profa. Hajnalka Halasz Gati (querida Hoi) pela ajuda e carinho.

Ao Prof. José Raimundo O. Vergolino pela cooperação na pesquisa e pelas sugestões durante a defesa do projeto desta dissertação.

(6)

RESUMO

Esta dissertação consiste num estudo sobre os fenômenos brain drain e brain gain e a contribuição das diásporas no desenvolvimento de indústrias de alta tecnologia em seus países de origem. A forma como as diásporas desses países se desenvolveram e criaram redes sociais transnacionais foram críticas para o desenvolvimento tecnológico desses países. Num período curto, a partir dos anos 1980, cada um à sua maneira criou e consolidou setores mundialmente reconhecidos como de alta tecnologia. Faz-se, também um estudo das diversas formas que os migrantes podem ajudar no desenvolvimento de seus países de origem, como: remessas monetárias, remessas sociais, transferência de tecnologia, comércio bilateral e contribuindo para o bem estar e redução da pobreza. O estudo mostra a contribuição dos Decasséguis que voltaram ao Brasil após anos de trabalho no Japão e montaram empresas próprias, mostrando os efeitos positivos do brain circulation, onde se verifica ganhos em três direções: no país de destino, no país de origem do migrante e os ganhos do próprio migrante, na forma de capital, como também a qualificação do capital humano.

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ABSTRACT

This research studied the phenomena of brain drain and brain gain and how diasporas have contributed to the development of high-end technology’s industries at their country of origin.

Results indicated that the way how diasporas develop and create transnational social networks is fundamental to the technological development of their country of origin. In a short period

of time, from the 1980’s on, each country created and consolidated, on its own way,

worldwide well-known industrial sectors, such as the one related to high-end technologies. Furthermore, this study also investigated a diversity of ways how migrants can help to leverage the development of their countries of origin, such as through wired transferences of money, social remittance, transferences of technologies, bilateral commerce and contributions to the overall welfare and reduction of poverty. Finally, this research also had the purpose to show the contribution from Dekasseguis to the development of Brazil. After many years of work in Japan, Japanese descendents went back to Brazil to start up their own enterprises and doing so, they showed positive effects of brain circulation in three directions: of the country of origin, of the arrival country, and of their own – in both ways monetary and intellectual capital.

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – PIB TOTAL – NORDESTE EM RELAÇÃO AO BRASIL (%) ... 25

GRÁFICO 2 – RECEITAS ANUAIS DO HSP – (US$ 100 milhões) ... 56

GRÁFICO 3 – ESTUDANTES NA CHINA POR ESPECIALIDADE (%) ... 69

GRÁFICO 4 – GASTOS COM P&D EM PAÍSES SELECIONADOS (US$ 100 MILHÕES) ... 69

GRÁFICO 5 – GASTOS RAZÃO P&D/PIB EM PAÍSES SELECIONADOS (%) ... 70

GRÁFICO 6 – INDÚSTRIA TI-BPO ÍNDIA ... 82

GRÁFICO 7 – IDADE ... 95

GRÁFICO 8 – IDADE I... 95

GRÁFICO 9 - SEXO ... 96

GRÁFICO 10 – ESTADO CIVIL ... 96

GRÁFICO 11 – GRAU DE INSTRUÇÃO ... 97

GRÁFICO 12 – GRAU DE INSTRUÇÃO DO (A) PARCEIRO (A) ... 97

GRÁFICO 13 - FILHOS ... 98

GRÁFICO 14 – PROCESSO DE VIAGEM ... 98

GRÁFICO 15 – TAMANHO DA FAMÍLIA... 99

GRÁFICO 16 - IMIGRANTES ... 99

GRÁFICO 17 – NÚMERO DE VIAGENS AO BRASIL ... 100

GRÁFICO 18 – TEMPO NO JAPÃO ... 101

GRÁFICO 19 – RAZÃO DA MIGRAÇÃO ... 101

GRÁFICO 20 – TIPO DE MIGRAÇÃO ... 102

GRÁFICO 21 – SETOR DE TRABALHO NO JAPÃO ... 102

GRÁFICO 22 – TIPO DE TRABALHO ... 103

GRÁFICO 23 – NÚMERO DE MUDANÇAS NO EMPREGO ... 103

GRÁFICO 24 – RAZÕES DA MUDANÇA ... 104

GRÁFICO 25 – FAIXA DE RENDA ... 104

GRÁFICO 26 – CAUSA DO RETORNO ... 105

GRÁFICO 27 – A IDEIA DA EMPRESA ... 105

GRÁFICO 28 – CRIAÇÃO DA EMPRESA ... 106

GRÁFICO 29 – CATEGORIA DA EMPRESA ... 106

GRÁFICO 30 – ATIVIDADE EMPRESARIAL ... 107

GRÁFICO 31 – TEMPO DE FUNCIONAMENTO SOB SUA ADMINISTRAÇÃO ... 107

GRÁFICO 32 – APOIO INSTITUCIONAL... 108

GRÁFICO 33 – INSTRUÇÃO X SALÁRIO ... 109

GRÁFICO 34 – INSTRUÇÃO X SALÁRIO I ... 109

GRÁFICO 35 – QUANTIDADE DE VEZES QUE MUDOU DE EMPREGO ... 110

GRÁFICO 36 – RAZÃO MUDANÇA EMPREGO/FAIXA SALARIAL ... 110

GRÁFICO 37 – CAUSA DO RETORNO X NÍVEL DE INSTRUÇÃO ... 111

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - POPULAÇÃO E RENDA DAS PRINICPAIS REGIÕES DO BRASIL (1956) ... 24

TABELA 2– ESTOQUE DE EMIGRANTES E EMIGRANTES DE ALTO NÍVEL – AMÉRICA LATINA (2009) ... 31

TABELA 3– EMIGRAÇÃO (ESTOQUE OU TAXAS) DE TRABALHADORES ESPECIALIZADOS EM PAÍSES SELECIONADOS (EXCLUI PAÍSES COM POPULAÇÃO INFERIOR A QUATRO MILHÕES) ... 33

TABELA 4 - REMESSAS DE TRABALHADORES PARA PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO 1995-2010 (US$ bilhões) ... 35

TABELA 5 – FLUXO DE RECURSO AOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO (US$ bilhões) ... 36

TABELA 6 – MAIORES RECEBEDORES DE REMESSAS – 2010E ... 37

TABELA 7 – REMESSAS DE TRABALHADORES EM US$ PER CAPITA ... 38

TABELA 8 – TAXA CRESCIMENTO DO PIB – PAÍSES SELECIONADOS – PERÍODO 1980-1999 (%) ... 53

TABELA 9 – PATENTES – PAÍSES SELECIONADOS – (1970-1999) ... 54

TABELA 10 HSP - TAXA DE GASTOS COM P&D / RECEITAS (%) ... 57

TABELA 11 – ESTUDANTES DE DESCENDÊNCIA CHINESA EM OUTROS PAÍSES E AQUELES QUE RETORNARAM (x 10.000) ... 63

TABELA 12 – ESTUDANTES NA CHINA POR ESPECIALIDADE (x1000) ... 68

TABELA 13 – RELAÇÃO P&D/PIB – CHINA ... 70

TABELA 14 – PATENTES POR SETOR ... 70

TABELA 15 – INDÚSTRIA TI – ÍNDIA, 1993-99 (US$ milhão) ... 73

TABELA 16 - SALÁRIOS INTERNACIONAIS ANUAIS - INDÚSTRIA DE SOFTWARE - 1994 76 TABELA 17 TAXAS DE DEPENDÊNCIA EM TI ... 79

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LISTA DE SIGLAS

ABD Associação Brasileira de Dekasseguis AOD Assistência Oficial ao Desenvolvimento BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BPO Business Process Outsourcing

CEPAL Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe FMI Fundo Monetário Internacional

HSP Hsinshu Science Park

IED Investimento Estrangeiro Direto

IMD Institute of Management and Development IT Information Technology

ITRI Industrial Technology Research Institute NASSCOM Associação Nacional de Software e Serviços

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ONU Organização das Nações Unidas

P&D Pesquisa e Desenvolvimento PC Personal Computer

PIB Produto Interno Bruto

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas STP Parques de Tecnologia em Software

(11)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 13

2. OBJETIVOS ... 18

2.1. OBJETIVO GERAL ... 18

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 18

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 19

3.1. A QUESTÃO DA MIGRAÇÃO DE FATORES SOB A ÓTICA DE MYRDAL ... 19

3.2. MIGRAÇÃO INTERNACIONAL ... 26

4. BRAIN DRAIN VS. BRAIN GAIN ... 29

4.1. TENDÊNCIAS NA MIGRAÇÃO DE TRABALHO ESPECIALIZADO DOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO ... 29

4.2. A QUESTÃO DAS REMESSAS ... 33

4.3. MIGRAÇÃO, CRESCIMENTO E BEM-ESTAR ... 39

4.4. DIÁSPORA: COMÉRCIO, INVESTIMENTO E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA ... 40

4.5. TRAZENDO OS MIGRANTES DE VOLTA PARA CASA ... 41

4.6. MIGRAÇÃO CIRCULAR ... 43

5. METODOLOGIA DE PESQUISA ... 47

5.1. ESTUDOS DE CASOS ... 48

5.2. SURVEY ... 48

5.2.1. Limitações ... 49

6. ESTUDO DE CASOS: TAIWAN, CHINA E ÍNDIA ... 50

6.1. INTRODUÇÃO ... 50

6.2. TAIWAN ... 51

6.2.1. Introdução ... 51

6.2.2. A diferença ... 53

6.2.3. Industrial Technology Research Institute – ITRI ... 55

6.2.4. Hsinshu Science Park- HSP ... 55

6.2.5. A Indústria de Semicondutores ... 57

6.2.6. As Empresas de Venture Capital ... 58

6.2.7. Redes Sociais ... 58

6.2.8. Conclusão ... 59

6.3. CHINA ... 60

(12)

6.3.2. O papel da diáspora ... 61

6.3.3. A volta da diáspora ... 61

6.3.4. Capital Social ... 63

6.3.5. Empresas de Venture Capital ... 64

6.3.6. Empreendedorismo e as novas empresas ... 65

6.3.7. Os Science Parks ... 66

6.3.8. Conclusão ... 71

6.4. ÍNDIA ... 72

6.4.1. Introdução: A Emigração aos Estados Unidos ... 72

6.4.2. O Setor IT-BPO ... 72

6.4.3. O início da mudança ... 76

6.4.4. O importante papel da diáspora ... 77

6.4.5. A utilização da indústria de TI na Índia ... 78

6.4.6. Conclusão ... 80

6.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 82

6.5.1. Os Pontos Fortes ... 82

6.5.2. Os desafios ... 84

6.5.3. Um exemplo a ser seguido? ... 87

7. UM ESTUDO DE CASO SOBRE OS DECASSÉGUIS EMPREENDEDORES NO BRASIL ... 88

7.1. INTRODUÇÃO ... 88

7.2. DECASSÉGUI MÃO DE OBRA ESPECIALIZADA ... 90

7.3. DECASSÉGUIS EMPREENDEDORES ... 90

7.4. A PESQUISA ... 94

7.4.1. Introdução ... 94

7.4.2. Características pessoais ... 95

7.4.3. A Temporada no Japão ... 101

7.4.4. O Retorno ao Brasil ... 104

7.4.5. Cruzando Dados ... 108

7.4.6. Conclusão ... 112

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 113

9. REFERÊNCIAS ... 116

(13)

1.

INTRODUÇÃO

No século 19, entre os anos 1850-1873, iniciou-se o que se chamou de “o começo da maior migração de povos da história” (MELLO, 1999, p. 67). Tal fato decorreu da nova divisão internacional do trabalho, gerada pela Revolução Industrial inglesa, estendendo-se, em seguida, a outros países da Europa continental. Conforme Mello (op. cit.), “para a Europa manufatureira e imperial, não se tratava apenas de exportar seus produtos e seus capitais, mas também os excedentes demográficos criados pelo êxodo de suas populações rurais”. Em 30 anos, mais de 9 milhões de europeus emigraram para as Américas e para a Austrália.

No período entre 1846 e 1930, houve um deslocamento de 52 milhões de emigrantes europeus, sendo que 72% foram para os Estados Unidos, 21% para a América Latina e 1% para a Austrália. Nesse período houve crescimento expressivo, entre 15% a 40%, na população dos Estados Unidos, Argentina Canadá e Brasil (COGO, 2006, p. 14).

Da metade do século 19 em diante, também ocorreu uma intensa migração de asiáticos, particularmente da China para a América do Norte e da Índia para o Caribe (JACKSON, 2005, p. 3).

Já no início do século 20, restrições começaram a ser impostas aos migrantes que se dirigiam aos Estados Unidos, tais restrições tornaram-se cada vez mais seletivas à medida que o tempo passava e variava de acordo com os interesses das políticas internas americanas.

Nas décadas de 1960 e 1970 o fluxo migratório inicia uma mudança de direção citando-se, como exemplo, o caso dos espanhóis, que preferiram deslocar-se para outros países europeus, e não mais para a América Latina (COGO, 2006, p. 15).

Em termos globais, estima-se que 75 milhões de migrantes viviam fora de seu país de origem em 1960. Em 2005, esse número aumentou 155%, alcançando 191 milhões, representando 3% da população mundial, equivalendo ao 6º país mais populoso do mundo (SANDERSON R. et al., 2009, p.301). Em 2010, esse número saltou para 215 milhões, de acordo com o Banco Mundial.

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entender, por exemplo, como a globalização afeta os deslocamentos espaciais da população. Em tempos mais recentes, o horizonte do migrante não se restringe a mudanças inter-regionais, a cidades próximas. Seu horizonte é o mundo – visto nos canais modernos de comunicação, como cinema, na televisão, na internet, na comunicação entre parentes e amigos. O migrante moderno vive num mundo onde a globalização dispensa fronteiras, muda parâmetros diariamente, ostenta luxos, esbanja informações, estimula consumos, gera sonhos e, finalmente, cria expectativas de uma vida melhor.

Na realidade, a onda atual de globalização abriu uma janela de oportunidade para o capital humano para se aglomerar onde ele já é abundante e também mais bem remunerado, ou seja, na maioria dos países desenvolvidos. Esta tendência natural tem sido reforçada pela introdução gradual de políticas seletivas de migração em muitos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – OCDE, desde os anos 80.

Quais seriam as consequências desta saída de capital humano para os países em desenvolvimento, que são aqueles que perdem seu capital humano? Num mundo de concorrência perfeita, a livre mobilidade de trabalho seria uma curva ascendente: os migrantes recebem maiores salários, os nativos nos países receptores podem ter acesso a parte desse aumento dos ganhos dos imigrantes, e os cidadãos dos países de origem desses imigrantes podem beneficiar-se do aumento da razão terra/trabalho e capital/trabalho.

A fuga de cérebros (Brain Drain) é largamente ligada à perda por países em desenvolvimento, para os desenvolvidos, de seus talentos e cérebros, principalmente sua mão de obra especializada. Da mesma maneira existe a fuga de cérebros dentro de um país ou região, para os chamados centros consolidados, no caso do Brasil o Centro-Sul.

A ênfase que as teorias econômicas deram ao brain drain - ao impacto negativo sobre o crescimento de renda per capita e a perda de capital humano - tem mudado, mais recentemente, através de estudos que mostram o lado positivo sobre a qualificação do capital humano nos países que recebem essa mão de obra, como também o crescimento econômico do país de origem, fenômeno chamado de brain gain.

(15)

As remessas globais aos países em desenvolvimento provenientes dos migrantes têm crescido sistematicamente: em 2004, o total das remessas foi de US$ 204,5 bilhões, sendo que mais de US$ 144 bilhões se destinaram aos países em desenvolvimento, num crescimento de 57%, desde 2001. Para 2010 o Banco Mundial estima essas remessas em US$ 325 bilhões (WORLD BANK – 2011).

Vários países têm criado programas de incentivo para o retorno de cidadãos qualificados que moram no exterior.

Na Jordânia a “diáspora talentosa” está voltando (KHANNA, 2008, p. 213), trazendo tanto

conhecimento profissional como também capital para investimento em alta tecnologia. “A

Jordânia pretende exportar conhecimento, não gente”, comenta um programador de

computação, gabando-se e passeando pelo principal campus de tecnologia do país.

Outro exemplo de sucesso é a volta da diáspora do Curdistão. Ao contrário do brain-drain da Síria e do Iraque, os Curdos estão trazendo de volta seu capital e talento. Muitos estão familiarizados na Alemanha e podem potencialmente fazer para o Curdistão o que os Turcos da Alemanha fizeram pela Turquia. Outros Curdos expatriados estão ajudando a formar uma nova universidade em Sulaymaniyah, que já possui visitantes de faculdades Europeias e Americanas.

China e Índia são responsáveis, juntas, por 25% de todos os estudantes estrangeiros matriculados em faculdades e universidades e, cerca de 28% de todos os estudantes internacionais nos Estados Unidos. Porém, ambos os países estão fazendo esforços importantes para impulsionar suas capacidades educativas e de inovação. Esses investimentos, com certeza, são oportunos no sentido de suprir as necessidades do aumento rápido das populações e para ajudar o desenvolvimento econômico.

A China aumentou seu orçamento para educação de alto nível de US$ 4 bilhões em 1998 para mais de US$ 10 bilhões em 2003, e obteve um crescimento de perto de cinco vezes no número de estudantes que completaram o ensino médio e 3º grau. A Índia fez investimentos substanciais na educação superior tirando recursos de fontes públicas e privadas.

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estão criando oportunidades atrativas no sistema educacional doméstico, como a promessa de trabalhos com altos salários e status socioeconômico mais elevado.

Outro aspecto do brain drain diz respeito à formação de mestres e doutores, onde existe uma concorrência acirrada entre países que recrutam e mantêm esses cérebros em seus territórios. Os Estados Unidos são considerados um imã para atrair os talentos estrangeiros (BATALOVA, 2007, p.1). Mais de um terço dos ganhadores de prêmio Nobel nos Estados Unidos é imigrante. Mas os Estados Unidos não são, hoje em dia, o único país procurando atrair os melhores e mais brilhantes. No mercado educacional global, em termos comparativos, o percentual de alunos estrangeiros diminuiu sua participação de todos os estudantes internacionais de 25,3% em 2000, para 21,6% em 2004. Ao mesmo tempo o percentual de outros países cresceu consideravelmente, como Nova Zelândia, Austrália e Japão (BATALOVA, 2007, p. 3).

Outra razão pela qual os Estados Unidos estão diminuindo sua participação é devido aos esforços agressivos de recrutamento pela Austrália, Nova Zelândia, Canadá, França e Reino Unido. Esses países escolheram uma combinação do estilo americano de ensino, em inglês, e sem taxas de inscrição ou subsídios a essas taxas para atrair os estudantes estrangeiros. Além disso, eles criaram meios para imigração permanente após a graduação.

Da mesma forma, países não Ocidentais, como Cingapura, Quatar e Malásia, estão utilizando programas criativos para se tornarem centros importantes em educação internacional, como também para usar os estudantes estrangeiros como geradores de renda. Cingapura, por exemplo, oferece incentivo e subsídios para universidades importantes, como MIT e a John Hopkins para instalarem uma filial de seu campus no país.

No contexto dos pontos acima discutidos, esta dissertação pretende estudar as principais implicações do brain gain.

Faz parte do estudo uma análise da experiência de outros países, destacando-se, de forma especial, os casos de Taiwan, Índia e China.

(17)

É importante ressaltar que a diáspora empreendedora estimula o desenvolvimento empresarial, criando empregos e facilitando a inovação. O investimento direto que os emigrantes proporcionam cria capital econômico, social e político, nos seus países de origem, através de suas redes sociais internacionais. Esses empreendedores possuem vantagem sobre outros investidores no país de origem, pois têm experiência da cultura local, capital social e da língua. Há uma ligação positiva entre desenvolvimento econômico e empreendedorismo. Considerando-se o papel importante que as redes dos imigrantes e da diáspora têm no sentido de estimular o empreendedorismo e também na ajuda às pessoas em conseguirem emprego, deve ser o principal ponto nos quais os governos devem focar na ajuda do estímulo à diáspora empreendedora (NEWLAND et al., 2010, p. 3).

(18)

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Analisar as diversas manifestações do Brain Drain e do Brain Gain no mundo contemporâneo.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Examinar os principais aspectos da migração internacional nas últimas décadas;  Analisar a grande mudança, sob a perspectiva teórica e empírica, quanto ao impacto

das migrações em termos de Brain Drain e Brain Gain;

(19)

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. A QUESTÃO DA MIGRAÇÃO DE FATORES SOB A ÓTICA DE

MYRDAL

Myrdal foi um economista de tradição clássica e neoclássica que criticou seriamente as teorias convencionais da migração de fatores, tanto entre países, quanto entre regiões de um mesmo país. Suas ideias são consideradas como ponto de partida para novas teorias sobre o crescimento econômico a partir dos anos 50.

A noção de equilíbrio dos modelos de economistas clássicos e neoclássicos é questionada, pois, segundo o autor, não há tendência automática de redução de desigualdades sociais e não existem mecanismos automáticos de convergência espacial.

As livres forças de mercado, numa economia capitalista, tendem a funcionar de forma diferente daquela prevista nos modelos clássicos e neoclássicos, pois várias premissas desses modelos não se materializam.

Grandes diferenças entre países, tanto em níveis de renda, quanto com relação a taxas de crescimento para períodos mais recentes, confirmam as afirmações (MYRDAL – 1957): há um grupo pequeno de países prósperos e um grupo muito grande de países extremamente pobres; os países ricos registram um processo de desenvolvimento econômico contínuo, enquanto nos pobres o progresso médio é mais lento; de modo geral as desigualdades econômicas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento têm aumentado.

Myrdal assinala que forças de mercado, operando livremente, sem intervenção governamental, ao invés de provocar tendências equilibradoras e convergentes, tendem a aumentar, e não diminuir, as desigualdades de desenvolvimento entre as regiões. As forças de mercado, operando livremente, tendem a provocar, na maioria dos casos, uma concentração de recursos e de atividades econômicas em certas áreas do espaço regional e gerar um círculo vicioso, que Myrdal denominou de Processo de Causação Circular Cumulativo. Um processo pelo qual as regiões ricas se enriquecem cada vez mais e as pobres ficam cada vez mais pobres.

Myrdal cita o Prof. C.E.A. Winslow, apud Myrdal, em livro dedicado aos aspectos

(20)

doença formavam um círculo vicioso. Homens e mulheres eram doentes, porque eram pobres; tornaram-se mais pobres porque eram doentes e mais doentes porque eram mais pobres”.

Um dos motivos é porque um país ou região que, por qualquer razão, começou a crescer mais rapidamente, desenvolve uma série de vantagens econômicas sobre as outras, vantagens que vão se acumulando cada vez mais ao longo do tempo. Em geral, os países industrializados são os que mais crescem. Segundo o autor, a maior parte das poupanças totais do mundo não soviético originava-se em uma área menor, onde as rendas eram altas. À medida que novas invenções elevavam a procura de capital, quase toda a poupança disponível era ali investida.

Essas vantagens decorrem de dois fatores básicos: da acumulação de economias externas ou de aglomeração e da acumulação de economias que resultam do aumento do tamanho da economia que cresce, ou seja, do aparecimento de economias espaciais de escala. Esses dois conceitos podem ser definidos como segue: a) economias de aglomeração: resultam das vantagens de se ter muitas atividades econômicas em um só lugar – infraestrutura, sistemas de comunicações (ferrovias, estradas, portos, etc.), universidades e institutos de pesquisa, etc. Quanto mais indústrias e outras atividades econômicas se localizarem em uma dada área geográfica, mais facilidades são criadas para novas indústrias e mais outras atividades econômicas se instalarem. Economias de aglomeração criam um círculo virtuoso de crescimento. b) Economias de escala resultam do crescimento do tamanho das regiões. Quando a região fica maior ou mais rica, o mercado fica maior, o tamanho das fábricas tende a ser maior, para atender a um mercado maior, e indústrias maiores, em geral, desenvolvem amplas vantagens: elas se beneficiam de economias de escala em seus processos produtivos e passam a ter uma capacidade cada vez maior de controlar o mercado.

Ainda segundo o autor, a única vantagem econômica que um país ou região pobre possuía, a de ter mão de obra mais barata, é uma vantagem absolutamente insuficiente para contrabalançar as vantagens das economias externas e de escala que a região rica começa a desenvolver em relação a outras regiões.

A análise do processo de crescimento desigual entre países ou regiões começa mostrando que o desenvolvimento maior de um dado território pode provocar dois tipos de efeitos sobre outros espaços, que poderão ser favoráveis, ou não.

(21)

Os efeitos centrífugos: maiores importações de produtos das regiões pobres pelas ricas, aumento do emprego e da renda; a região rica absorve parte da população pobre e desempregada das regiões atrasadas; desenvolvimento da região rica pode promover difusão de inovações e progresso técnico nas regiões pobres, ou seja, quando o desenvolvimento da rica é muito grande e se dissemina para as mais pobres, provocando também seu desenvolvimento.

É possível conceber situações em que o desenvolvimento da região rica chegue a provocar grandes impactos transformadores nas atrasadas. Por exemplo, forçar uma reforma agrária ou outras reformas estruturais nas economias das regiões mais atrasadas, de tal forma que essas reformas ou mudanças estruturais terminem provocando a eliminação dos entraves ao desenvolvimento dessas regiões. Nesses casos, os efeitos da presença de uma região que começa a se desenvolver e se modernizar, podem ser altamente benéficos para outras regiões.

Por outro lado, o desenvolvimento de regiões pode provocar efeitos negativos, efeitos que inibem, que bloqueiam o desenvolvimento das mais atrasadas. Para Myrdal, esses efeitos atuam exatamente em sentido contrário aos efeitos pregados nos modelos dos economistas clássicos e neoclássicos.

No modelo neoclássico, parte da população deixa as regiões pobres e se dirige para as ricas. Isso é considerado altamente positivo nesses modelos, porque reduz a pressão demográfica nas regiões pobres, reduz o desemprego e gera uma tendência ao aumento dos salários nessas regiões. Myrdal não questiona a direção dos fluxos de mão de obra. As evidências empíricas mostram que isso realmente acontece: por exemplo: entre os anos 1960 e 1965, mais de 100.000 espanhóis tiveram como destinos prioritários Argentina, Venezuela, Brasil e Uruguai, já nas décadas de 1960 e 1970 o fluxo começa a mudar e mais de um milhão prefere se deslocar da Espanha para outros países europeus (COGO, 2006, p. 14); os milhões de migrantes do sul americano para outras regiões dos Estados Unidos; Brasil, entre 1950 e 1990, quando 50 milhões de brasileiros deixaram seu lugar de origem: cidade, estado ou região.

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média dos que migram é superior à qualidade média dos que não migram, causando o Brain Drain.

A saída da população da região mais pobre deprime ainda mais sua base econômica e o seu potencial produtivo. Ao invés de contribuir para um processo de convergência de níveis de renda per capita, tende a enfraquecer ainda mais o potencial de crescimento da região pobre.

Na região rica o efeito da migração é o oposto. Sua população aumenta, aumentando seu mercado e seu potencial produtivo, ou seja, sua capacidade de crescer ainda mais, através de novas indústrias e estas de tamanhos maiores. A região mais rica, portanto, beneficia-se cada vez mais das economias de aglomeração e das economias de escala.

Outros efeitos questionados da teoria neoclássica referem-se aos movimentos de capital. Esses modelos mostram que o capital desloca-se das regiões ricas para as pobres, porque nas regiões pobres os salários são mais baixos e os lucros seriam maiores, porque o capital é escasso. Neste caso, Myrdal questiona o sentido do deslocamento do capital. Segundo este autor, são poucos os capitais e empresários da região rica bem como, também, de outros países que se sentem realmente atraídos pelas regiões mais pobres, somente porque os salários são mais baixos. Poucas são as empresas que procuram apenas trabalho barato. A empresa moderna está à procura de trabalho qualificado, disciplinado, com certa tradição fabril, de melhor nível educacional, ou seja, mais produtiva e não barata apenas. A mão de obra barata não tem muita utilidade se for desqualificada e pouco produtiva. Os poucos exemplos em que a oferta de mão de obra foi eficaz em levar a indústria para as regiões atrasadas – a mudança da indústria têxtil da Nova Inglaterra para o extremo sul dos Estados Unidos é um deles, segundo o autor, sendo considerada uma exceção a uma regra geral. Há forças que operam na direção oposta, entre as quais as economias externas nos centros já estabelecidos de expansão econômica. Normalmente, é a mão de obra que tem de se mover para as localidades de demanda crescente e ali empreender o difícil esforço de ajuste aos métodos e valores diferentes de uma sociedade em expansão.

(23)

De acordo com Myrdal, livre do jogo do mercado, sem intervenção do governo, faz com que o processo de desenvolvimento tanto entre países, quanto dentro destes, torne-se profundamente desequilibrado, com predominância dos efeitos das forças centrípetas ao invés das centrífugas. O crescimento tende a se concentrar cada vez mais nas regiões ricas, em detrimento das mais pobres.

A pobreza torna-se sua própria causa. Na região pobre cria-se um círculo vicioso, que alimenta a pobreza; na rica, cria-se um círculo virtuoso que cria cada vez mais riqueza.

As críticas de Myrdal às teorias convencionais do crescimento e também em relação à migração vão ao encontro às novas teorias de migração, que mostram que os centros consolidados são os que mais atraem a mão de obra, que o capital humano aglomera-se onde ele já é abundante e também mais bem remunerado, ou seja, na maioria dos países desenvolvidos, sendo os Estados Unidos o principal destino ainda nestas últimas décadas.

A contenção do crescimento industrial nas províncias mais pobres do sul da Itália, causada pelo cancelamento das barreiras tarifárias internas, depois da unificação política no século 19, é um exemplo dessa situação, a indústria nas províncias do norte teve tão forte liderança, que dominou o novo mercado nacional resultante da unificação política, e sufocou as iniciativas industriais nas províncias do sul.

Essa diferença inter-regional pode ser observada ainda hoje na Itália, como também no Brasil.

Tomando-se primeiramente a Itália, por exemplo, podemos citar a diferença regional entre o Norte desenvolvido e industrializado com o Sul, relativamente menos desenvolvido (GALVÃO - 2010). A Itália criou, em agosto de 1950, a Cassa Per Il Mezzogiorno, com o intuito de operar temporariamente por 10 anos, tempo que as autoridades italianas julgavam suficiente, para a deflagração de um processo de superação dos problemas básicos que afligiam as regiões sulistas. Dez anos depois se inaugurou no Brasil a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE, que tomou a Cassa como modelo para sua criação.

(24)

Em termos de União Europeia, considerando-se dados para 2004, das 268 regiões dos 27 países membros, todas as regiões do Sul italiano registravam PIBs per capita abaixo da média da União, enquanto todas as do Centro-Norte apresentavam o mesmo indicador acima da média da UE.

No aspecto de distribuição espacial de renda nacional, o Brasil apresenta quase total semelhança com a Itália.

No caso do Brasil, a SUDENE foi criada em 1960 com intuito também de diminuir as desigualdades regionais brasileiras entre o Sul/Sudeste e o Nordeste.

Em 1959, Celso Furtado lança UMA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO PARA O NORDESTE, que serviu como base para a SUDENE. Um dos aspectos apresentados pelo autor foi a diferença do PIB per capita entre as regiões, como está demonstrado na tabela abaixo:

TABELA 1 - POPULAÇÃO E RENDA DAS PRINICPAIS REGIÕES DO BRASIL (1956)

Renda total Renda per capita

População (Bilhões (Milhões Região (Mil hab.) de Cr$) de US$) Cr$ US$ Norte 3.958 25,0 441 6.316 111 Nordeste 18.714 102,2 1.303 5.461 96 Centro-Sul 37.135 636,9 11.233 17.151 303 Brasil 60.080 764,1 13.476 12.718 224

Fonte: Uma Política de Desenvolvimento Econômico para o Nordeste - SUDENE -1979, p.15

(25)

GRÁFICO 1 – PIB TOTAL – NORDESTE EM RELAÇÃO AO BRASIL (%)

Fonte: IBGE. Contas regionais

Como contraponto às críticas de Myrdal às teorias de crescimento regional, podemos citar atualmente o caso do Nordeste brasileiro, que apresenta uma inversão em sua direção migratória.

Entre os anos 1950 e 1990 houve um êxodo de nordestinos migrando para o Centro-Sul brasileiro, região com vantagens econômicas maiores que o Nordeste, como apresentado anteriormente. Esse fluxo parece que está se invertendo neste século, com o começo da volta de parte da diáspora, principalmente aquela que se qualificou. É notório o crescimento de áreas que estão apresentando vantagens econômicas, como é o exemplo de SUAPE em Pernambuco. A demanda por trabalho aumentou de tal forma, que há falta de pessoal capacitado para funções de médio a alto níveis. Há, por exemplo, cerca de 120 decasséguis contratados pelo estaleiro Atlântico Sul, que são especializados em soldagem, com salários equivalentes àqueles do Centro-Sul brasileiro.

13,4

14,1

12 12,2

13,7

12,9

13,9

13,5

13 13,1

10,5 11 11,5 12 12,5 13 13,5 14 14,5

(26)

3.2. MIGRAÇÃO INTERNACIONAL

De acordo com o World Bank, cerca de 3% da população mundial mudou de seu país de origem para viver e trabalhar em algum outro lugar (MURRUGARRA et al., 2010, p. 3). O aumento na migração desde os anos 90 e a importância das remessas como fonte de financiamento para desenvolvimento, estão pressionando os governos no sentido de considerarem melhores formas de aproveitamento desse fluxo de capital, através de políticas de migração com condições mais adequadas.

Os primeiros estudos de imigração mostravam que os migrantes deslocavam-se de seu país de origem para outros, tendo a dura necessidade de se acostumar às culturas locais, perdendo laços com o país de origem. Hoje, a globalização permite a esses imigrantes manterem-se conectados a seus países de origem, enquanto vivem nos países de destino, sem perder seus laços culturais (PAGE et al, 2006, p. 246). Isso diminui a perda de identidade e a separação com seu país de origem.

Há fortes evidências que mostram a contribuição dos imigrantes para o desenvolvimento econômico de seus países de origem. Há literatura mostrando o impacto de desenvolvimento de transferências de dinheiro, conhecimento e habilidades dos migrantes, através de várias formas de relacionamentos mantidos com seus países de origem.

Durante a Guerra Fria aparecem migrações voluntárias de profissionais qualificados, que deu o nome à Fuga de Cérebros, ou Brain-Drain. É uma movimentação de capital humano muito grande, que está acima de fronteiras nacionais.

O impacto econômico das remessas dos imigrantes aos países de origem é um fenômeno importante a considerar. Em 2002, estas somaram cerca de 25 bilhões de dólares enviados aos países da América Latina, volume que cresceu cerca de 12,4% durante a última década, conforme dados da CEPAL, sendo considerada a segunda fonte de financiamento externo para a região, atrás apenas do IED - investimento estrangeiro direto (COGO, 2006, p. 12).

(27)

construídas através do tempo. Por exemplo, migrantes de alguns países da África Subsaariana imigram para seus antigos países colonizadores, como França, Reino Unido, Bélgica, Espanha e Portugal. Como exemplo, Portugal possui 20% de estrangeiros que imigraram de antigas colônias como Cabo Verde e Angola (PAGE et al. – 2006, p. 249).

O dicionário New Oxford English Dictionary define a palavra empreendedor como “uma

pessoa que organiza e opera um negócio, correndo riscos maiores que os normais.” A palavra deriva do verbo francês entreprendre, que significa empreender. “Um empreendedor responsabiliza-se por novos empreendimentos de risco, e se tiver sucesso este criará prosperidade e empregos” (NEWLAND et al., 2010, p.20).

Na última década, há uma atenção voltada, por governos e outras organizações, no intuito de explorar o papel da diáspora empreendedora na geração de investimentos para seus países de origem, criando empregos, espalhando inovação e estimulando a criação de redes sociais. Os emigrantes e seus descendentes são encorajados a investir em seus países de origem. Essas iniciativas partem para empresas privadas ou também de parcerias público-privadas. Essas organizações têm papéis múltiplos, oferecendo vários serviços para estimular e apoiar o empreendedorismo entre membros de grupos de diásporas (NEWLAND et al., 2010, p.2 - 10).

As organizações funcionam oferecendo apoio em 5 principais elementos de suporte aos empreendedores em seus países de origem: redes sociais, mentoria, treinamento, investimento, capital de risco e parcerias.

As organizações que têm como objetivo as redes sociais, são as que oferecem oportunidades à diáspora, profissionais e líderes locais, a possibilidade de encontros para discussões de possíveis negócios e investimentos nos países de origem. Algumas organizações, como a Mexican Talent Network e The African Network oferecem fóruns para as redes pessoalmente, enquanto que outras como The Business Development Network oferecem oportunidades, via internet, para as redes mantendo contatos entre os empreendedores e financiadores (NEWLAND et al., 2010, p. 10 - 11).

(28)

oportunidades de empregos em suas empresas. A mentoria é muito importante no sentido de ajudar aos membros da diáspora empreendedora ganhar conhecimento em negócios, para evitar, entre outras possibilidades, a perda de capital investido e tendo como foco a sustentabilidade do novo investimento.

Uma importante organização não governamental de mentoria formada em 1992 por empreendedores do Vale do Silício, com raízes na Índia, é a The Indus Entrepreneurs - TiE. É aberta a qualquer cidadão, porém, a maioria de seu pessoal é de origem Sul Asiática. O principal interesse é desenvolver o empreendedorismo na região entre Paquistão e Índia, com o objetivo principal em programas especiais para mulheres empreendedoras, jovens empreendedores, novas empresas de venture capital e grupos específicos de indústrias. Em parceria com a Microsoft, a TiE implementou um programa que fornece a empresas que estão começando, acesso livre a software e suporte técnico com a rede da TiE, sua mentoria e serviços educacionais.

As organizações de treinamento ajudam a diáspora empreendedora que aspira novos negócios a adquirir conhecimento de técnicas para montar e gerenciar um negócio de sucesso. Esses programas de treinamento vão de transferência de conhecimento de elementos experientes da diáspora para os empreendedores no país de origem, ao oferecimento de aulas de administração de empresas para guiar na ajuda de conseguir financiamento para iniciar um negócio. Algumas oferecem treinamento específico aos moldes do país de origem do empreendedor. O princípio desses grupos é de que treinando e educando novos empreendedores se promoverão o sucesso e a sustentabilidade de seus negócios, considerada uma questão muito importante, para que não haja prejuízo em empreendimentos com perdas de valores investidos.

As organizações de investimento arranjam fundos para início de negócios ou aumento de capital, na forma de fundos de parcerias público-privados ou matching grants, para as diásporas empreendedoras que apresentem ideias criativas em negócios, que possam difundir desenvolvimento pelo país de origem. Algumas organizações ajudam no controle do dinheiro oferecido, enquanto outras se envolvem no processo, controlando a destinação do dinheiro gasto ao longo da implementação do projeto.

(29)

estratégicas com outros capitalistas, líderes comerciais, engenheiros e outros profissionais. (NEWLAND et al., 2010, p. 16)

Outro significado da palavra argonauta1 é de pessoa com espírito de aventura e que se lança à conquista de bens ou ideais. Os novos argonautas são grupos de empreendedores educados nos Estados Unidos, mas nascidos no estrangeiro, que embarcam numa aventura arriscada em busca da riqueza. Suas armas são: seu conhecimento em mercados de tecnologia e sua agenda de contatos globalizada. Os novos Argonautas estão numa posição forte para mobilização de capital e especialistas para começarem empresas globais successful venture. O sucesso deles faz com que se pense mais detalhadamente sobre o crescimento de países e regiões (SAXENIAN, 2006, p. 99).

4.

BRAIN DRAIN

VS.

BRAIN GAIN

4.1. TENDÊNCIAS NA MIGRAÇÃO DE TRABALHO

ESPECIALIZADO DOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

Durante as últimas quatro décadas, o número de migrantes especializados dos países em desenvolvimento tem aumentado muito. A ONU estima que o número de migrantes com alto grau de conhecimento no sentido Sul-Norte, entre os anos 1961 e 1972 foi de 300.000 (UNCTAD, 1975). Em 1990 eram mais de 2,5 milhões de imigrantes com alto nível de educação dos países em desenvolvimento somente nos Estados Unidos (DOCQUIER et al., 2004, p. 5).

Os Estados Unidos, dentre os países da OCDE, são o maior destino dos trabalhadores especializados. A Comunidade Europeia está em segundo lugar, seguida do Canadá e Austrália. Entre os países que não fazem parte da OCDE, aqueles que formavam a antiga União Soviética têm a maior comunidade de expatriados (4,2 milhões), a antiga Iugoslávia está em segundo lugar (2,2 milhão), seguida da Índia (1,9 milhão).

A América Latina e África são as duas regiões do mundo em desenvolvimento que têm a maior parte de migrantes especializados e altamente especializados residindo nos países desenvolvidos; 14 dos 30 países com a maior taxa de emigração de trabalhadores especializados estão na África.

1Argonauta - conforme o dicionário Houaiss da língua portuguesa

(30)

Na tabela 2 podemos observar o número de expatriados e o percentual sobre a população total do país. Também é apresentado o percentual de expatriados de alto nível da América Latina nos países da OCDE, como também o percentual de emigração de físicos sobre o total dos mesmos. Os cinco países com o maior número absoluto de imigrantes da América Latina são: México, Colômbia, Porto Rico, Brasil e El Salvador, porém quando analisamos os números em termos percentuais sobre a população total, verificamos que os 7 maiores percentuais estão acima de 40%, indicando uma imigração muito alta. O Brasil, neste sentido, apresenta um percentual de 0,7%, ficando na última posição dentro da América Latina. É curioso ressaltar que entre os 7 maiores países em termos percentuais de imigração, apenas um deles –

Guiana – apresenta uma renda per capita média baixa, enquanto dentre os outros, 3 apresentam renda média alta e 2 renda alta.

(31)

TABELA 2– ESTOQUE DE EMIGRANTES E EMIGRANTES DE ALTO NÍVEL – AMÉRICA LATINA (2009)

Fonte: Base de dados compilada do World Bank – Elaboração do autor

Os casos da África, Nigéria e África do Sul são comparáveis. Usando estimativas de taxas de emigração com objetivos educacionais e por país de origem, com base em dados da OCDE (DUMONT; LEMAITRE, 2004, apud PAGE et al., 2006, p. 259), na amostra pesquisada, a

Estoque % % % PIB Renda

Emigrantes população Emigração Emigração US$ per capita

X 1000 nível 3o. Grau Físicos bilhão US$

Porto Rico 1.706,0 42,7 nd nd Alta nd nd

Bermuda 15,7 24,1 nd nd Alta nd nd

Aruba 13,7 12,8 nd nd Alta nd nd

Ilhas Caimã 3,9 7,0 nd nd Alta nd nd

Guiana 432,9 56,8 89,0 1,8 Média Baixa 1,1

-Jamaica 985,5 36,1 85,1 41,6 Média Alta 14,1 4.990

Grenada 68,3 65,5 85,1 98,6 Média Alta 0,6 5.550

St. Vincent e Grenadines 41,1 37,6 84,5 nd Média Alta 0,6 5.110

Haiti 1.009,4 9,9 83,6 36,5 Baixa 7,0 660

Trinidade e Tobago 358,6 26,7 79,3 4,7 Alta 20,6 16.490

St. Kitts e Nevis 31,9 61,0 78,5 34,9 Média Alta 0,5 10.100

Santa Lúcia 40,4 23,2 71,1 78,4 Média Alta 0,9 5.170

Antigua e Barbuda 42,8 48,3 66,8 34 Média Alta 1,1 12.070

Belize 50,2 16,1 65,5 3,7 Média Baixa 1,2 3.820

Dominica 69,3 104,1 64,2 98,4 Média Alta 0,4 4.870

Barbados 105,2 41,0 63,5 1,9 Alta nd nd

Bahamas 44,1 12,8 61,3 nd Alta nd nd

Suriname 204,4 39,0 47,9 7,2 Média Alta 2,7 4.990

El Salvador 1.269,1 20,5 31,0 4,7 Média Baixa 21,0 3.370

Nicarágua 728,7 12,5 29,6 5,2 Média Baixa 5,8 1.000

Cuba 1.219,2 10,9 28,7 3,8 Média Alta nd nd

Honduras 569,7 7,5 24,4 3 Média Baixa 14,2 1.820

Guatemala 871,9 6,1 24,2 5,6 Média Baixa 35,6 2.620

República Dominicana 1.035,8 10,1 21,6 30 Média Alta 44,7 4.510

Panamá 141,1 4,0 16,0 5,6 Média Alta 23,7 6.710

Mexico 11.859,2 10,7 15,3 8,5 Média Alta 860,8 8.920

Colombia 2.122,1 4,6 10,4 5,7 Média Alta 221,2 4.930

Ecuador 1.147,8 8,3 9,5 2,7 Média Baixa 55,6 3.920

Uruguai 353,4 10,5 8,1 2,4 Média Alta 35,3 9.360

Costa Rica 125,3 2,7 7,2 4,6 Média Alta 28,8 6.230

Chile 633,6 3,7 6,1 5,1 Média Alta 153,4 9.420

Peru 1.090,8 3,7 5,8 5,7 Média Alta 119,4 4.150

Bolívia 684,6 6,8 5,8 5,1 Média Baixa 16,7 1.620

Paraguai 510,4 7,9 3,9 3,8 Média Baixa 14,7 2.270

Venezuela 521,5 1,8 3,4 2,4 Média Alta 327,2 10.150

Argentina 956,8 2,4 2,5 2,9 Média Alta 299,5 7.570

Brasil 1.367,1 0,7 2,2 0,6 Média Alta 1547,1 8.040

Emigração 2010 Emigração qualificada 2000

(32)

África tem 9 entre 15 países com as maiores taxas de emigração de pessoas especializadas. Migrantes de alto nível – doutores, enfermeiras, mestres, engenheiros, cientistas e técnicos –

mudaram-se de Gana, e recentemente, da Nigéria e da África do Sul por melhores salários e melhores condições de vida no exterior. A América Latina e o Caribe apresentam a maioria dos que permanecem no exterior. Pequenos países dessas regiões têm mais de 40% de sua população especializada vivendo no exterior.

O mercado de trabalho para pessoal especializado nos Estados Unidos é talvez o mais interessante dos países da OCDE (PAGE et al., 2006, p. 259). A política de imigração desse país consistentemente mostra uma tendência à admissão de imigrantes especializados sob um critério econômico.

Com relação aos países que recebem os imigrantes (DOCQUIER et al., 2004, p. 10), há duas tendências na evolução dos padrões migratórios entre 1990 a 2000: qualidade é cada vez mais importante e, os países com renda baixa são os mais afetados pelo brain-drain.

(33)

TABELA 3– EMIGRAÇÃO (ESTOQUE OU TAXAS) DE TRABALHADORES

ESPECIALIZADOS EM PAÍSES SELECIONADOS (EXCLUI PAÍSES COM POPULAÇÃO INFERIOR A QUATRO MILHÕES)

Estoque emigração em

2000 Taxa de emigração em 2000

Taxa de emigração em

2000

30 maiores 30 maiores taxas 30 menores taxas

1 Reino Unido 1.542.011 Haiti 81,6% Suécia 4,4% 2 Filipinas 1.260.879 Somália 58,6% Egito 4,2%

3 Índia 1.021.613 Gana 42,9% China 4,2%

4 Alemanha 1.016.007 Moçambique 42,0% Índia 4,2% 5 China 906.337 Serra leoa 41,0% Moldávia 4,2%

6 México 901.347 Vietman 39,0% França 3,9%

7 Canadá 566.833 Nigéria 36,1% Líbia 3,8%

8 Itália 470.331 Madagáscar 36,0% Mianmar 3,4% 9 Vietnam 446.895 El Salvador 31,5% Venezuela 3,3% 10 Estados Unidos 428.078 Nicarágua 30,9% Brasil 3,3% 11 Coréia do Norte 422.518 Líbano 29,7% Burkina Faso 3,3% 12 Coréia do Sul 384.497 Croácia 29,4% Bielo-Rússia 3,0%

13 Polônia 379.266 Cuba 28,9% Nepal 2,7%

14 Cuba 336.419 Hong Kong 28,7% Geórgia 2,6% 15 Japão 331.892 Papua Nova Guiné 28,2% Azerbaijão 2,6% 16 França 301.717 Sri Lanka 27,5% Espanha 2,6%

17 Irã 282.587 Quênia 26,3% Argentina 2,5%

18 Taiwan 280.710 Angola 25,6% Autrália 2,3% 19 Federação Russa 263.041 Senegal 24,1% Paraguai 2,3% 20 Jamaica 260.850 Honduras 21,8% Tailândia 2,2% 21 Hong Kong 254.805 Rep. Dominicana 21,7% Indonésia 2,0%

22 Brasil 254.467 Uganda 21,6% Japão 1,5%

23 Holanda 240.494 Guatemala 21,5% Federação Russa 1,3% 24 Ucrânia 237.395 Burundi 19,9% Cazaquistão 1,1% 25 Colômbia 232.596 Ruanda 19,0% Uzbequistão 1,0% 26 Irlanda 220.545 Sérvia e Montenegro 17,4% Quirguistão 0,7% 27 Rumênia 217.198 Etiópia 17,0% Arábia Saudita 0,7% 28 Peru 183.915 Reino Unido 16,7% Tadjiquistão 0,7% 29 Paquistão 174.884 Tanzânia 15,8% Estados Unidos 0,5% 30 Nova Zelândia 172.582 Slováquia 15,3% Turcomenistão 1,0%

Fonte: Docquier et al., p. 9

4.2. A QUESTÃO DAS REMESSAS

(34)

concorrem com os nativos na obtenção de empregos, reduzindo salários. Porém, existe um grande número de economistas que discordam até das próprias teorias econômicas que ensinam que há uma redução de salários pela maior oferta de mão de obra. Tais economistas assinalam que a economia beneficia-se do efeito do aumento da oferta de trabalho, e que no longo prazo o efeito da migração tende a ser pequeno (SOMMERVILLE et al., 2009, p. 3).

À medida que se avança no sentido de maiores e mais completas pesquisas do impacto da migração sobre salários, conclui-se que esse impacto é pequeno. Há outros fatores analisados, pois os imigrantes não substituem os nativos em todos os cargos. Há outros fatores que afetam os salários, como educação, novas tecnologias e mudanças geográficas.

Os imigrantes não competem em todos os cargos, em grande parte por suas limitações do idioma. Por outro lado existe uma vantagem comparativa dos nativos sobre os imigrantes nos trabalhos onde eles apresentam mais experiência.

Apesar de tudo, o impacto da imigração é pequeno, por várias razões. Os imigrantes por não terem experiência em todo tipo de trabalho, não podem substituir os nativos indiscriminadamente. Os imigrantes, fazendo parte da economia local, ajudam no aumento da demanda de bens e serviços, com consequente aumento na demanda por trabalho. Eles colaboram no aumento de eficiência no mercado de trabalho, contribuindo para consequente aumento na economia do país de destino, como também ao país de origem, através das remessas.

As remessas de trabalhadores atualmente aparecem como a maior fonte de financiamento externo para o desenvolvimento (PAGE et al., 2006, p. 260). Devido a essa magnitude, tem havido uma atenção muito maior pelos governos dos países industrializados, assim como dos países em desenvolvimento, no impacto que causam essas remessas, tanto nos países que mandam as remessas, como principalmente naqueles que as recebem.

(35)

TABELA 4 - REMESSAS DE TRABALHADORES PARA PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO 1995-2010 (US$ bilhões)

Fonte: Base de dados compilada do World Bank – Elaboração do autor

Outro fator importante é a representatividade dessas remessas no PIB, totalizando 0,7% no PIB mundial, 2% no PIB dos países em desenvolvimento e números expressivos em países de renda baixa (5,4%) e os do Sul da Ásia (4,8%).

Nos últimos 10 anos o crescimento das remessas tem ultrapassado o dos fluxos de IED e de AOD (tabela 5). No México ela é maior que o IED. Em muitos países as remessas são maiores que os ganhos com suas mais importantes exportações. No Sri Lanka as remessas são maiores que a exportação de chá e no Marrocos é maior que a receita com turismo.

Outro fato importante é que durante a crise mundial, no final da última década, houve uma redução expressiva no IED global em cerca de 40%, enquanto que a redução das remessas foi de apenas 5,5%.

Conforme análise do Banco Mundial, durante a crise, as remessas aos países em desenvolvimento permaneceram praticamente inalteradas, pois elas são remetidas por todos os imigrantes ao longo dos anos, e não somente pelos que imigraram mais recentemente. As remessas também são uma parte dos ganhos dos imigrantes, portanto eles continuam fazendo remessas a suas famílias mesmo em períodos de crise.

1995 2000 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010e % PIB(2009)

Mundo 101,3 131,5 237,0 274,9 317,9 385,0 443,2 416,0 440,1 0,7

Países em Desenvolvimento 55,2 81,3 159,3 192,1 226,7 278,5 324,8 307,1 325,5 2,0

Renda Baixa 2,2 4,1 8,1 10,1 13,0 16,6 22,0 22,5 24,3 5,4

Renda Média 53,0 77,1 151,2 182,1 213,7 261,9 302,9 284,6 301,1 1,8 Renda Alta - OCDE 44,3 48,4 72,9 77,2 85,2 100,1 110,8 102,1 107,2 0,3

Renda Alta - Não OCDE 1,7 1,8 4,8 5,5 5,9 6,4 7,5 6,8 7,4 0,4

Leste da Ásia e Pacífico 8,9 15,8 40,0 50,3 57,4 71,1 85,5 85,7 91,2 1,9 Europa e Ásia Central 6,5 10,4 16,0 23,3 28,4 39,3 45,8 35,4 36,7 1,3 América Latina e Caribe 13,3 20,2 43,4 50,1 59,2 63,3 64,6 56,9 58,1 1,5 Oriente Médio e Norte da África 13,3 13,1 23,2 25,1 26,5 32,1 35,9 33,7 35,4 3,1

Sul da Ásia 10,0 17,2 28,7 33,9 42,5 54,0 71,6 74,9 82,6 4,8

(36)

TABELA 5– FLUXO DE RECURSO AOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO (US$ bilhões)

1995 2000 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010e

IED 95 149 208 276 346 514 593 359 nd

Remessas 55 81 159 192 227 278 325 307 325

AOD 57 49 79 108 106 107 128 120 nd

Débito Privado e

Portfolio Equity 83 27 93 165 211 434 157 85 nd

Fonte: World Bank 2011

A tabela 6 apresenta os 30 países maiores recebedores de remessas em 2010. De acordo com o Banco Mundial, Índia, China, México e Filipinas são os maiores recebedores dentre os países em desenvolvimento.

(37)

TABELA 6 – MAIORES RECEBEDORES DE REMESSAS – 2010E

Fonte: Base de dados compilada do World Bank – Elaboração do autor

Em 2003, os países com renda média alta receberam o equivalente a US$ 73,55 em remessas per capita, comparadas a US$ 15,87 per capita nos países com baixa renda (tabela 7). América Latina, Oriente Médio e Norte da África receberam as maiores remessas per capita, enquanto a África Subsaariana recebeu a menor remessa em termos de valor per capita, US$ 8,52 em 2003, e apresentou um pequeno aumento na taxa.

Países US$ bilhões Países % do PIB

Índia 55,0 Tarjiquistão 35

China 51,0 Tonga 28

México 22,6 Lesoto 25

Filipinas 21,3 Moldóvia 23

França 15,9 Nepal 23

Alemanha 11,6 Líbano 22

Bangladesh 11,1 Samoa 22

Bélgica 10,4 Honduras 19

Espanha 10,2 Guiana 17

Nigéria 10,0 El Salvador 16

Paquistão 9,4 Jordânia 16

Polônia 9,1 República Kyrguistão 15

Líbano 8,2 Haiti 15

Egito 7,7 Jamaica 14

Reino Unido 7,4 Bósnia e Herzegovinia 13

Vietnã 7,2 Sérvia 13

Indonésia 7,1 Bangladesh 12

Marrocos 6,4 Filipinas 12

Rússia 5,6 Albânia 11

Sérvia 5,6 Togo 10

Ucrânia 5,3 Nicarágua 10

Romênia 4,5 Guatemala 10

Austrália 4,3 Cabo Verde 9

Brasil 4,3 Guiné-Bissau 9

Guatemala 4,3 Senegal 9

Holanda 4,1 Armênia 9

Colômbia 3,9 Grenada 9

Jordânia 3,8 Sri Lanka 8

Portugal 3,7 Gâmbia 8

(38)

TABELA 7 – REMESSAS DE TRABALHADORES EM US$ PER CAPITA

Fonte: Global Development Finance and World Development Indicators 2005, apud PAGE et al, p. 267

Acredita-se que os dados oficiais sobre remessas são subestimados. Em 2003, o FMI estimou que transferências e remessas não oficiais ao mundo em desenvolvimento somaram US$ 10 bilhões ao ano. Outro estudo estima que as remessas globais sejam cerca de 2,5 vezes o valor das remessas relatadas no Balanço de Pagamentos do FMI (PAGE et al., 2006, p. 266).

Levantamentos recentes feitos pelo Banco Mundial mostram que os valores das remessas em 2008 chegaram a cerca de US$ 338 bilhões, quase 17% dos U$S 289 bilhões em 2007 (IRVING et al., 2010, p.1).

O Banco Mundial promoveu uma importante pesquisa em 2008 com os principais bancos centrais e outras instituições nacionais de 176 países. Os formulários de pesquisa foram enviados entre março e maio de 2008. Em dezembro de 2009 a pesquisa foi recebida de 114 países (33 na África) com um total de respostas de 65%.

Não existem informações precisas sobre remessas tanto dos países que enviam quanto daqueles que recebem, porém arquivos com dados de remessas existem há mais ou menos 11 anos nos países que enviam as remessas, e apenas cinco anos para os que as recebem. O entendimento dessa diferença é devido ao fato de que esses valores dos países que remetem são pequenos em relação a seus PIBs, ocorrendo o contrário com os países que recebem as remessas. Além disso, muita coleta de dados é feita através de fontes informais, porque um valor muito alto de remessas é feito através de meios informais.

São considerados meios informais, valores transportados por pessoas e outros meios não informados por bancos ou operadores de transferências monetárias.

1990 1995 2000 2001 2002 2003

Mundo 13,12 18,00 21,28 23,26 26,05 29,70

Renda média Baixa 4,03 7,49 9,30 9,93 11,41 12,94

Renda média Alta 20,15 28,35 40,71 51,62 57,10 73,55

Renda Baixa 4,56 6,72 9,92 10,68 13,70 15,87

América Latina e Caribe 13,34 28,29 39,57 46,72 53,49 64,57

Sul da Ásia 5,00 8,10 11,82 11,61 15,84 18,81

Leste da Ásia e Pacífico 2,07 5,68 9,25 11,03 14,79 17,74

Oriente Médio e Norte da África 49,34 48,69 45,85 50,67 50,68 53,91

Europa e Ásia Central 6,86 17,13 23,16 24,03 24,37 27,32

(39)

Há também uma diferença muito grande entre os valores informados pelos bancos centrais na pesquisa e aqueles informados nas estatísticas de balanço de pagamentos ao Fundo Monetário Internacional - FMI. Citam-se aqui, dois exemplos de discrepâncias muito altas: as remessas recebidas informadas por Gana ao FMI em 2007 foram de US$ 105 milhões, enquanto que informações na pesquisa do Banco Mundial foram de US$ 1,8 bilhão (18 vezes maior). Em Madagáscar a diferença foi de 15 vezes.

Outro problema importante é a supervisão das transferências de remessas. Esse controle varia de acordo com o tipo de provedor de serviços. O mais recente processo de remessa é através de servidores via telefones celulares. Embora ainda não seja uma ferramenta muito ativa, há 4 países que estão fazendo uso constante dessa ferramenta, a saber: Brasil, Indonésia, México e Filipinas. Por outro lado nos países recebedores de remessas, elas chegam mais comumente através de bancos, seguido de operações de transferências monetárias, correios e empresas de câmbio.

As formas legais de remessa tendem a ser inibidas por seus altos custos, tanto para os migrantes que mandam como para os que recebem as remessas. Na pesquisa também se verificou que falta de filiais bancárias próximas ao migrante e dificuldade ao acesso a contas bancárias, são outros fatores que favorecem remessas ilegais. Outro fator percebido como inibidor de remessas legais são os controles rígidos de cambio pelos canais formais.

Na pesquisa a maioria dos bancos centrais citou que para o aumento nas transferências legais, há necessidade de melhores estatísticas e estudos sobre migração. Por outro lado há um percentual alto de bancos centrais que informaram a existência de incentivos para investimentos de remessas de migrantes que transferem seu dinheiro para o país de origem. Por exemplo, os três maiores incentivos são: opções de investimento atrativas, diminuição em taxas e projetos de fundos de investimentos.

4.3. MIGRAÇÃO, CRESCIMENTO E BEM-ESTAR

(40)

Muitos estudos concordam que as remessas são usadas principalmente para gastos com despesas familiares, como manutenção de casas e consumo em geral (PAGE et al., 2006, p. 281).

Há várias pesquisas sobre o impacto das remessas no crescimento do PIB. De acordo com Adelman e Taylor (apud PAGE et al., 2006, p. 282) cada dólar que um migrante mexicano manda para casa ou traz de volta com ele, aumenta o PIB do México em cerca de US$ 2,69 a US$ 3,17. Massey e Parrado (apud PAGE et al., 2006, p. 282) sugerem que, para cada US$ 2 bilhões em remessas que entram no México, há um aumento na produção, sobretudo na agricultura e nos serviços de mais de US$ 6,5 bilhões.

A importância das remessas é extremamente abrangente principalmente em países em desenvolvimento. Há vários estudos que mostram que o volume das remessas é muito importante em termos relativos como também em termos absolutos; as remessas têm preenchido a lacuna deixada por reduções de fluxo de capital privado desde meados de 1990, como também pela redução de ajudas internacionais; há dados estatísticos mostrando que as remessas têm papel importante no alívio da pobreza, se não na redução dela (JACKSON, 2005, p.8).

Um estudo empírico do cruzamento de dados de alguns países feito pelo Banco Mundial mostra que a migração geralmente tem um forte impacto estatístico na redução da pobreza, um aumento de 10% na migração leva a uma redução de 1,9% na pobreza e, mais especificamente, um aumento de 10% na taxa de remessa em relação ao PIB leva a uma redução de 1,6% na pobreza (JACKSON, 2005, p.8).

4.4. DIÁSPORA: COMÉRCIO, INVESTIMENTO E TRANSFERÊNCIA

DE TECNOLOGIA

(41)

o papel da diáspora conclui que o comércio, difusão de tecnologia e formação de capital são facilitados pelos migrantes. O argumento é que os migrantes facilitam o comércio e o investimento bilateral entre os países de origem e os que recebem os migrantes, porque eles ajudam a superar as assimetrias de tecnologia e outras imperfeições do mercado (BLACK et al., 2004 apud PAGE et al., 2006, p. 295).

Para os países que enviam a mão de obra, a diáspora pode ser importante e facilitadora de pesquisa e inovação, transferência de tecnologia, e desenvolvimento de competências. Japão, Coréia, e Taiwan são exemplos de economias que têm dispensado muita atenção à sua diáspora como fonte de conhecimento de práticas internacionais. Os governos desses países promoveram o retorno dos estudantes qualificados ou estabeleceram redes de troca de conhecimento com eles (PACK; PAGE, 1994, apud PAGE et al., 2006, p. 295).

O envolvimento da diáspora em seu país de origem pode ocorrer de várias formas: acordos de licença de transferência de tecnologia e know-how para firmas pertencentes ou geridas pela diáspora em ambos os países; investimento direto em empresas locais, através de joint venture; redes de cientistas e profissionais para promoverem pesquisas nos países de residência para necessidades nos países de origem; retorno para emprego permanente no país de origem depois de experiência no país de residência.

Atraídos principalmente pelos altos salários vindos das exportações, muitos residentes da Coréia do Sul e Taiwan, que foram treinados no exterior, particularmente nos novos setores como computação e eletrônica, retornaram para trabalhar em seus países de origem. Por exemplo, os cidadãos que estudaram no exterior respondiam por todos os pós-graduados empregados na indústria eletrônica de Taiwan, no início dos anos 90. Muitos desses profissionais treinados no exterior tornaram-se gerentes e tiveram papel importante na construção da indústria de semicondutores de Taiwan

4.5. TRAZENDO OS MIGRANTES DE VOLTA PARA CASA

(42)

20 anos de suporte à diáspora, inclusive oferecendo uma grande variedade de investimentos para seus cidadãos que vivem no exterior do que para estrangeiros.

Os governos estão notando que os migrantes podem ter um papel importante na criação de redes lucrativas em seus países de origem. Num esforço de entender e se aprofundar nessa fonte de facilidades e remessas, troca de conhecimento e transferência de tecnologia, alguns países estão criando políticas para incentivar contatos de longo prazo e de longa distância entre os emigrantes e seus países de origem. Isto faz com que os imigrantes façam parte do desenvolvimento econômico de seu país de origem, sem necessariamente retornarem para casa. Por exemplo, 10 países da América Latina aprovaram novas leis que permitem dupla cidadania, são eles: Brasil, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, El Salvador, México, Panamá, Peru e Uruguai.

A questão central sobre migração não é se ela deveria ser maior ou menor, mas quais políticas, adaptadas às suas circunstâncias, que os países devem adotar para aumentar o impacto da migração e das remessas que esta gera na economia de seus países de origem. Alguns exemplos (PAGE et al., 2006, p. 313): como fazer com que as remessas sejam mais efetivas como ferramentas de redução da pobreza e de maior desenvolvimento nos países de origem dos imigrantes; como diminuir o impacto da emigração de pessoal com alto nível educacional, principalmente profissionais de educação e saúde, nos países de baixa renda; como gerir a migração de uma forma benéfica tanto para os exportadores de trabalho como para o importadores de trabalho.

Assim como os países industrializados prepararam campanhas de recrutamento de pessoal qualificado, os países em desenvolvimento também criaram formas para recrutamento e retenção de talentos em seus territórios. Recentemente, a OCDE publicou dados da Inglaterra, que mostram que, em 2000, o governo Inglês lançou plano de cinco anos, num total de £20 milhões, para atrair de volta os principais cientistas expatriados e a migração dos principais pesquisadores do Reino Unido (JACKSON, 2005, p. 14).

Imagem

TABELA 4 - REMESSAS DE TRABALHADORES PARA PAÍSES EM  DESENVOLVIMENTO 1995-2010 (US$ bilhões)
TABELA 5  – FLUXO DE RECURSO AOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO (US$ bilhões)     1995  2000  2004  2005  2006  2007  2008  2009  2010e  IED  95  149  208  276  346  514  593  359  nd  Remessas  55  81  159  192  227  278  325  307  325  AOD  57  49  79  108  1
TABELA 7 – REMESSAS DE TRABALHADORES EM US$ PER CAPITA
GRÁFICO 2 –  RECEITAS ANUAIS DO HSP – (US$ 100 milhões)
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