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Consórcio público regional de resíduos sólidos do Seridó/RN: perspectivas de um novo modelo de gestão

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Academic year: 2017

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WAGNER LUIZ ALVES DA SILVA

CONSÓRCIO PÚBLICO REGIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO SERIDÓ/RN: PERSPECTIVAS DE UM NOVO MODELO DE GESTÃO

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Urbanos e Regionais, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Estudos Urbanos e Regionais.

Orientador: Prof. Dr. Fábio Fonseca Figueiredo.

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Seção de Informação e Referência

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Silva, Wagner Luiz Alves da.

Consórcio público regional de resíduos sólidos do Seridó/RN: perspectivas de um novo modelo de gestão / Wagner Luiz Alves da Silva. – Natal, RN, 2015.

152f.

Orientador: Fábio Fonseca Figueiredo.

Dissertação (Mestrado em Estudos Urbanos e Regionais) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas Letras e Artes –Pós-graduação em Estudos Urbanos e Regionais

1 Resíduos sólidos - Dissertação. 2. Política ambiental – Dissertação. 3. Consórcios públicos – Dissertação. I. Figueiredo, Fábio Fonseca. II.Título.

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AGRADECIMENTOS

Após seis anos de distanciamento da Universidade, decidi pelo regresso às suas salas de aulas para fazer uma pós-graduação. Isso não foi uma tarefa fácil, tive que me readaptar, relembrar, vivenciar e, sobretudo, me apropriar de uma nova área de conhecimento.

Passados dois anos cheios de idas e vindas, foram literalmente, milhares de quilômetros percorridos, divididos entre as aulas, reuniões de orientações e eventos em Natal, o trabalho em Currais Novos e as coletas de dados em Caicó. Tudo isso dividindo as atenções com o trabalho, os amigos, a família e um amor. O resultado foi um intenso desgaste físico e mental, mas que hoje posso afirmar, com plena convicção, que valeu a pena.

Chegado o fim deste ciclo, vejo que o ato de reconhecer e agradecer são uma maneira sublime de enxergar que alguém não conquistaria algo sem a ajuda do outro. Pois bem, nessa dissertação de Mestrado, muitos pensamentos positivos, muitas palavras de incentivo, muitas mãos trabalharam para que esse produto fosse finalizado.

Pois bem, tentarei aqui pontuar cada pessoa que contribuiu diretamente para este trabalho, muitas vezes só me ouvindo, outras discutindo conceitos ou dando ideias valiosas.

Dessa forma, agradeço...

Ao alicerce que aos 32 anos de idade ainda me sustenta, meus pais, os quais depositaram em mim os seus sonhos, torcendo e esperando silenciosamente o meu sucesso. Hoje, mais uma etapa está concluída e, sem o apoio e o apreço deles, nada disso seria possível. Especificamente, agradeço a cada um, meu pai (João Batista), homem sertanejo, forte, trabalhador cheio de vida que não mediu esforços para que eu chegasse até aqui e ver em mim a sua vitória. À minha mãe (Maria de Fátima), mulher simples, dedicada, leal e generosa que, dentro das suas limitações, também não falhou um segundo para comigo. Muito obrigado!

Aos meus irmãos de sangue, Abrantes, Lana e Jefferson, mas em especial ao primeiro que me deu a mão em um momento muito importante em minha vida.

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____________________________________________________________________________________________________ tudo o que sinto por ti: “Vieste na hora exata, com ares de festa e luas de prata, vieste com a cara e a coragem, com malas, viagens, pra dentro de mim, meu amor”.

Aos todos os meus familiares que me deram força, torcendo por mim a cada passo dado. Agradeço em especial a minha tia/irmã Ceicinha, pessoa iluminada por Deus, sempre escutando os meus planos, pensamentos e confidências. Deus a abençoe enormemente.

Ao meu orientador, Fábio Fonseca, que por um acaso nos conhecemos, tivemos uma conversa, e estou aqui agradecendo a ele como meu brilhante orientador. Quero que saiba que foi um prazer ser um de seus primeiros orientandos no PPEUR, pois esta forma de orientação sem vaidades, sem imposições e restrições, com um olhar holístico e crítico foi o grande diferencial em toda a minha vida acadêmica. Serei eternamente agradecido.

Aos meus eternos amigos e geógrafos da turma 2001.1: Jane, Janaína, Juliana, Mariluce e Geovany. Muito obrigado por esses 14 anos de amizade!

À minha amiga do lado esquerdo do peito, Wagna, que torceu e ainda torce fervorosamente pelo meu sucesso. Obrigado!

“[...] há um amigo mais chegado do que um irmão”. Como bem diz o livro dos Provérbios, este é meu amigo/irmão Fabinho. Agradeço pela amizade sincera há 23 anos, além de ter confeccionado a bela capa desta dissertação.

Aos meus colegas do IFRN – campus Currais Novos, especialmente a

meus amigos Leonardo Rodrigues, Andreílson Oliveira (Diretor Acadêmico) e Maura Bezerra, pelas coberturas nas minhas ausências e pelo apoio na minha formação. Ainda agradeço a bibliotecária Kátia Câmara que gentilmente normalizou esta dissertação.

À minha família do IFRN (esposas e filha): Érika, que gentilmente fez as correções ortográficas do meu projeto de pesquisa e desta dissertação; a Lúcia que deu valiosas orientações e contribuições; a Elenir e Jane pelo incentivo real para que eu obtivesse sucesso nessa caminhada.

Aos todos os meus alunos do IFRN – Currais Novos que fazem eu me reinventar a cada aula com suas inquietações acadêmicas. Em especial, agradeço ao meu orientando/filho Thauan, que gentilmente realizou as transcrições das entrevistas.

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____________________________________________________________________________________________________ pesquisa. Novamente a professora Maria do Livramento e ao professor Patricio Valdivieso pela disponibilidade em participarem da banca de defesa desta dissertação.

Aos colegas mestrandos da turma 2013 do Programa de Pós-graduação em Estudos Urbanos e Regionais, em especial a Rafael e Jenair, pelas trocas de aflições e experiências.

A todos os professores, servidores e terceirizados dessa magnífica Universidade Federal do Rio Grande do Norte pelo acolhimento e formação de qualidade a mim ofertado. Agradeço em especial a Sara Raquel pelos primeiros incentivos e pelos conselhos dados.

Ao Departamento de Políticas Públicas e Programa de Pós-graduação em Estudos Urbanos e Regionais pela disponibilidade constante em resolver as nossas questões.

Ao grupo do Socioeconomia do Meio Ambiente e Política Ambiental (SEMAPA), em especial a Anna Lidiani, pela amizade constituída.

A todos aqueles que me repassaram informações importantíssimas para a pesquisa, especialmente ao Prefeito de Caicó e atual Presidente do Consórcio do Seridó (Roberto Germano), a Bibi Costa (ex-prefeito de Caicó), a Joseílson Oliveira (Cáritas Diocesana de Caicó), a Daniel Gustavo (técnico da Prefeitura de Currais Novos), a minha amiga Emília Margareth e ao grande “Cabelo”, da Prefeitura de Caicó, pessoa que abriu os caminhos na obtenção de dados valiosíssimos.

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____________________________________________________________________________________________________ Clube da Esquina N° 2

(Lô Borges)

Por que se chamava moço Também se chamava estrada Viagem de ventania Nem lembra se olhou prá trás A primeiro passo asso asso ... Por que se chamavam homens Também se chamavam sonhos

E sonhos não envelhecem

Em meio a tantos gases lacrimogênios

Ficam calmos calmos calmos... E lá se vai Mais um dia ah ah... E basta contar compasso E basta contar consigo Que a chama não tem pavio De tudo se faz canção E o coração na curva de um rio rio rio rio...

De tudo se faz canção E o coração na curva de um rio ...

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RESUMO

A problemática dos resíduos sólidos que envolve a gestão, o gerenciamento e a destinação desses é uma questão que permeia todas as esferas da sociedade, o qual denota implicações ambientais que contribuem para o debate da crise ambiental em curso. Nessa perspectiva, esse estudo tem por objetivo investigar e conhecer o papel que os consórcios, em especial o Consórcio Público Regional de Resíduos Sólidos do Seridó/RN, têm na gestão dos resíduos, com o propósito de observar suas fortalezas e debilidades, com o intuito de concluir se estes são uma solução adequada para a problemática dos resíduos sólidos. Ao estudarmos uma região que está passando por um processo de organização institucional pautada nos resíduos sólidos, o foco transformou-se em um ponto de investigação acadêmica interessante. Se tratando de uma pesquisa qualitativa, foram realizadas leituras de autores pertinentes ao objeto e dos seguintes marcos legais, a saber: a Política Nacional de Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007), a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) e a Lei de Consórcios Públicos (Lei nº 11.107/2005). A região consorciada possui cerca de 290.000 habitantes, sendo geradas 40.000 toneladas de resíduos ao ano. Quanto à destinação final dos resíduos, todos os municípios da região depositam seus resíduos a céu aberto, ou seja, em lixões. Na análise sobre o Consórcio do Seridó, foi identificado um rol de questões que estão dificultando a sua implementação. As demandas passam, principalmente, pela esfera política, mas também por aspectos financeiros, técnicos e logísticos. Espera-se que, com a efetivação do Consórcio através da construção das suas estruturas de apoio (Estações de transbordo e Aterro Sanitário), um novo modelo de gestão dos resíduos sólidos seja implantado.

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ABSTRACT

The problem of solid waste that involves the management, the management and the allocation of these is an issue that permeates all spheres of society, which denotes environmental implications that contribute to the discussion of the environmental crisis in progress. From this perspective, this study aims to investigate and understand the role that consortia, especially the Regional Public Waste Consortium Solid Seridó/RN have waste management, in order to observe their strengths and weaknesses in order to conclude whether they are an appropriate solution to the problem of solid waste. In studying a region that is undergoing a process of institutional organization guided in the solid waste, the focus turned into an interesting academic research point. Since this is a qualitative research, readings were taken of relevant authors to the object and the following legal frameworks, namely: the National Basic Sanitation Policy (Law nº 11.445/2007), the National Policy on Solid Waste (Law nº 12.305/2010 ) and the Law on Public Consortia (Law nº 11.107/2005). The consortium region has about 290.000 inhabitants, generated 40.000 tons of waste a year. As for the final disposal of waste, all municipalities in the region deposit their waste in the open, or in garbage dumps. In the analysis of the Consortium Seridó, a list of issues that are hindering their implementation has been identified. The demands come mainly from the political sphere, but also financial, technical and logistical. It is expected that with the realization of the Consortium by building its supporting structures (overfill Station and Landfill), a new model of solid waste management is implemented.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Síntese das Etapas Metodológicos da Pesquisa... 27 Figura 2 – Esquema Representativo do Desenvolvimento Sustentável... 37 Figura 3 – Custo para Implantação dos Aterros Sanitários... 67 Figura 4 – Fluxograma de Operações do Consórcio de Resíduos

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LISTA DE FOTOGRAFIAS

Fotografia 1 – Lixão de Currais Novos/RN... 112 Fotografia 2 – Lixão de Caicó/RN... 113 Fotografia 3 – Estruturas do Serviço de Coleta Seletiva no lixão de

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1 – Localização da Província Ciudad Real na Espanha... 70

Mapa 2 – Regionalização da Gestão dos Resíduos Sólidos na Província Ciudad Real, Espanha... 71

Mapa 3 – Província de La Pampa, Argentina... 77

Mapa 4 – Localização da Região Metropolitana de Santiago no Chile... 79

Mapa 5 – Municípios integrantes de consórcios públicos intermunicipais de Resíduos Sólidos Urbanos dos municípios participantes do SNIS em 2011.. 82

Mapa 6 – Localização do Consórcio Brasil Central no estado de Goiás... 84

Mapa 7 – Consórcios de Resíduos Sólidos do Estado do Rio de Janeiro com destaque para o Consórcio Noroeste... 88

Mapa 8 – Localização do Consórcio Intermunicipal de Gestão de Resíduos Sólidos no estado do Rio Grande do Sul... 90

Mapa 9 – Municípios potiguares selecionados pelo Diagnóstico do IDEMA... 94

Mapa 10 – Mapa da Destinação Final dos Resíduos Sólidos Urbanos, 2002... 96

Mapa 11 – Regionalizações/Consórcios criadas pelo PEGIRS-RN... 98

Mapa 12 – Localização dos municípios, por Consórcios, que participaram das Oficinas de Trabalho do PEGIRS-RN... 102

Mapa 13 – Primeiro Cenário Pré-estabelecido para a Regionalização do Seridó... 105

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Ficha de Interpretação da Entrevista Compreensiva... 31 Quadro 2 – Modelo do Policy Cycle, segundo Klaus Frey (2000)... 57

Quadro 3 – Tratamentos e programas de resíduos sólidos de alguns

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – População das Comunas associadas para a gestão dos

resíduos sólidos na Região Metropolitana de Santiago (Chile)... 80 Tabela 2 – Consórcios Intermunicipais de Saneamento, 2010... 81 Tabela 3 – Quantitativo dos participantes das Oficinas de

Trabalho e Seminários de Consolidação do PEGIRS-RN... 101 Tabela 4 – População total, População Atendida pela Coleta e Geração

de Resíduos Sólidos dos municípios do Consórcio do Seridó/RN... 109 Tabela 5 – Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos nas

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMSO Associação dos Municípios da Microrregião do Seridó Oriental ASCAMARCA Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Caicó

CBC Consórcio Brasil Central

CEAMSE Coordinación Ecológica Area Metropolitana Sociedad del Estado CIGRES Consórcio Intermunicipal de Gestão de Resíduos Sólidos

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CMMD Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento CMRS Consórcio Metropolitano de Resíduos Sólidos

CNUDS/Rio+20 Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável

CNUMAD Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

COOPERNOVOS Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Currais Novos

CONRESOL Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos

CoProBa Consorcio Provincial para la Basura de La Pampa

EIA-RIMA Estudo de Impacto Ambiental – Relatório de Impacto Ambiental EMERES Empresa Sanitaria de la Región Metropolitana

FUNASA Fundação Nacional de Saúde

FUNCERN Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Norte

IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEMA Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPTU Imposto Predial Territorial Urbano

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MMA Ministério do Meio Ambiente

MPF Ministério Público Federal

ONU Organização das Nações Unidas

OPAS Organização Panamericana de Saúde

PEGIRS-RN Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Rio Grande do Norte

PEV Posto de Entrega Voluntária

PERS Plano Estadual de Resíduos Sólidos PNMA II Programa Nacional de Meio Ambiente PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos PNSB Política Nacional de Saneamento Básico

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

Rio-92 Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

RMN Região Metropolitana de Natal

RN Rio Grande do Norte

RSS Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde

RSU Resíduos Sólidos Urbanos

SEA Secretaria de Estado do Ambiente

SEMARH-RN Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte

SNIS Sistema Nacional sobre Saneamento

SNSA Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental

TAC Termo de Ajustamento de Conduta

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SUMÁRIO DA DISSERTAÇÃO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS... 19

1.1 METODOLOGIA DA PESQUISA... 26

1.1.1 Procedimentos Metodológicos... 26

1.1.2 Forma de Obtenção e Análise dos Dados... 27

1.1.3 Delimitação da Amostra de Entrevistas... 33

1.2 ESTRUTURAÇÃO DOS CAPÍTULOS... 34

2 A CRISE AMBIENTAL, OS RESÍDUOS SÓLIDOS E A SOCIEDADE ATUAL... 36

2.1 DE ESTOCOLMO À BRUNDTLAND: ENTENDENDO A CRISE AMBIENTAL E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL... 36

2.2 A RIO-92: REVISITANDO AS IDEIAS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL... 42

2.3 ECOS DA RIO-92: A AGENDA 21 BRASILEIRA E A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS... 46

3 A ÁREA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS, CONSÓRCIOS PÚBLICOS E SUA RELAÇÃO COM OS RESÍDUOS SÓLIDOS... 53

3.1 INCURSÕES NO CAMPO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS... 53

3.2 A FORMULAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS... 58

4 CONSÓRCIOS PÚBLICOS: ALGUMAS IMPRESSÕES... 62

4.1 ARRANJO LEGAL DE UM CONSÓRCIO... 62

4.2 ARRANJO TÉCNICO DE UM CONSÓRCIO... 65

4.3 EXPERIÊNCIAS DE CONSÓRCIOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS... 69

4.3.1 Exemplos de Consórcios no Exterior... 69

4.3.1.1 Espanha... 69

4.3.1.2 Argentina... 75

4.3.1.3 Chile... 78

4.3.2 Exemplos de Consórcios no Brasil... 81

4.3.2.1 Goiás... 83

4.3.2.2 Rio de Janeiro... 87

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DOS RESÍDUOS NO RIO GRANDE DO NORTE...

5.1 A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO RIO GRANDE DO NORTE... 93

5.2 ELABORAÇÃO DO PLANO ESTADUAL DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS... 97

5.3 A GESTÃO CONSORCIADA DOS RESÍDUOS EM CIDADES POTIGUARES... 99

5.4 A ASCENÇÃO DO CONSÓRCIO PÚBLICO REGIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO SERIDÓ... 104

6 PERSPECTIVAS DE UM NOVO MODELO DE GESTÃO DO CONSÓRCIO DO PÚBLICO REGIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO SERIDÓ... 111

6.1 A GESTÃO DOS RESÍDUOS DA REGIÃO DO SERIDÓ NA ATUALIDADE. 112 6.2 ASPECTOS DIFICULTADORES DA IMPLEMENTAÇÃO DO CONSÓRCIO... 122

6.3 O CONSÓRCIO E SEUS DESDOBRAMENTOS FUTUROS... 128

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 135

REFERÊNCIAS... 137

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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Na realização de estudos referentes às questões ambientais, a problemática dos resíduos sólidos emerge como um importante campo de estudo, com demandas que vão desde a geração, passando pelo gerenciamento até a destinação final dos resíduos. A partir de 2007, no Brasil, foi sancionada a Política Nacional de Saneamento Básico (PNSB - Lei nº 11.445/2007) que, mais tarde, deu margem a promulgação da Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos.

A referida Lei se configura como um marco importante na problemática dos resíduos que, preocupada com a gestão integrada dos mesmos, delega responsabilidades compartilhadas, tanto para a sociedade, quanto para a classe empresarial e para o Poder Público. Contudo, os objetivos e seus respectivos prazos são desafiadores; a título de exemplo, podemos citar o prazo final para a erradicação dos lixões, expirado em agosto de 2014.

Sobre o vencimento desse prazo, os gestores municipais estão realizando um movimento para que uma nova data seja estipulada, tendo por principal justificativa a dificuldade em implementar efetivamente as metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Vale salientar que os gestores estão passíveis de serem multados, pois segundo a Política em tela, a deposição de resíduos em lixões se configura como crime ambiental grave.

Colocadas estas preocupações, a PNRS, em sua fase de implantação, tem desafios emergentes e de grande envergadura, especialmente em um país como o Brasil, com dimensões continentais e com municípios extremamente diferentes nos seus aspectos naturais, econômicos, culturais e sociais. Acerca deste entendimento, Figueiredo (2012), quando estuda a gestão de resíduos sólidos em diversos países, aponta que há diferenças entre os países centrais (desenvolvidos) e os periféricos (subdesenvolvidos) no que se refere à gestão dos resíduos sólidos. Para o autor, a

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importância que as administrações públicas dão à problemática socioeconômica e ambiental proveniente dos resíduos; b) o poder político e econômico das corporações que contaminam o meio ambiente quase que indiscriminadamente e c) a cultura social de pouco interesse com as questões ambientais. A estes três fatores se soma a fragilidade das municipalidades em fazer cumprir as normativas ambientais, que não raro são brandas e pouco eficientes. Os países em vias de desenvolvimento convivem com realidades distintas já que em algumas localidades o tratamento de resíduos se dá à semelhança do que ocorre nos países centrais, ao passo que em localidades menos dinâmica sócio-economicamente desses países os métodos utilizados são a coleta e o descarte dos resíduos em áreas distantes da cidade (FIGUEIREDO, 2012, p. 09).

Quanto à destinação final dos resíduos em países periféricos, “[...] é prática social descartar os resíduos em lixões públicos designados pelas municipalidades e em áreas clandestinas, o que propicia a formação de pequenos lixões nas periferias das cidades” (FIGUEIREDO, 2011), diga-se de passagem, em quase todas as municipalidades do Brasil, independentemente de tamanho ou recursos financeiros, uma vez que 50,8% dos municípios destinam seus resíduos para vazadouros a céu aberto, mais conhecidos por lixões (IBGE, 2010).

Destarte, a presente pesquisa analisa a questão intrínseca ao meio ambiente nos municípios brasileiros, mais precisamente a problemática dos resíduos sólidos, tendo como foco os municípios localizados na região Nordeste do Brasil. Ao estudarmos uma região que está passando por um processo de organização institucional pautada na gestão dos resíduos sólidos, o foco transformou-se em um ponto de investigação acadêmica ainda mais interessante. Destaca-se que a região objeto de estudo está oficialmente agrupada por meio da criação do Consórcio Público Regional de Resíduos Sólidos da Região do Seridó, sendo que nesta dissertação o denominamos de Consórcio do Seridó, o qual foi criado no ano de 2009, que é o objeto de investigação desta dissertação.

Destacamos que a realização desse estudo tem como pano de fundo a organização político-territorial brasileira, estabelecida pela Constituição Federal de 1988, possibilitando que os entes federativos possam se unir para mitigar/solucionar questões que perpassam as suas esferas, tendo em vista que

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literatura sobre federalismo e políticas públicas: superposição de ações; desigualdades territoriais na provisão de serviços; e mínimos denominadores comuns nas políticas nacionais (ARRETCHE, 2004, p. 24).

Nessa via, a pesquisa tem como recorte espacial a regionalização feita pelo Consórcio Público de Resíduos Sólidos do Seridó analisando a sua evolução em nível político-institucional, que nada mais é um processo de reunião dos municípios com a finalidade de gerir seus resíduos sólidos sob a ótica da regionalização determinadas pelas orientações do Consórcio.

A região consorciada possui 289.371 habitantes (IBGE, 2009), sendo geradas 40.222,36 toneladas de resíduos ao ano (RIO GRANDE DO NORTE, 2012). Quanto à destinação final dos resíduos, todos os municípios da região depositam seus resíduos a céu aberto, ou seja, em lixões. A escolha da região para a realização da pesquisa se deu pelo fato de a mesma ser uma das primeiras do Brasil e a primeira do Rio Grande do Norte a reunir-se legal e especificamente na forma de consórcio público regional de resíduos sólidos.

Salientamos ainda que as primeiras inquietações para o desenvolvimento deste estudo dissertativo acerca da implementação do Consórcio Público Regional de Resíduos Sólidos do Seridó/RN, remontam uma atividade de consultoria desenvolvida junto a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte (SEMARH-RN), para a elaboração do Plano estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Rio Grande do Norte (PEGIRS-RN), onde diversas ações foram desenvolvidas, quer sejam leituras, visitas técnicas, reuniões, entrevistas etc. Em seguida, novamente em uma atividade laboral, participamos da institucionalização do Consórcio do Seridó.

Retornando a esfera internacional, o cenário da gestão dos resíduos sólidos nos “países da América Latina e Caribe apresenta problemas em todas as etapas do fluxo de resíduos, persistindo precárias formas de disposição final como os lixões públicos e formação de pequenos lixões clandestinos nas periferias das cidades” (FIGUEIREDO, 2012, p. 10). De acordo com Abramovay, Speranza e Petitgand (2013, p. 51),

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dos municípios brasileiros terem levado adiante seus planos de resíduos, entrando no círculo vicioso de que não podem receber recursos federais para continuá-los, o que dificulta ainda mais o próprio planejamento.

Dessa maneira, inferimos que a problemática dos resíduos sólidos na região do Seridó remonta a quase todos os municípios brasileiros, isto é, demonstra a fragilidade técnica e financeira associada à falta de compromisso do Poder Público em equacionar essa problemática.

Do ponto de vista de contribuições teóricas para o entendimento da problemática, temos a Agenda 21 brasileira que foi instituída na II Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92). Dessa forma, vemos como a Agenda 21 contribui para a investigação do assunto, bem como propõe conjecturas para um melhor gerenciamento dos resíduos sólidos. Nessa via, a dimensão econômica do documento que preconiza a mudança dos padrões de produção e consumo, conclui que seu principal objetivo é a

[...] conscientização da sociedade quanto à necessidade de adotar novos hábitos de produção e padrões de consumo, especialmente em relação aos recursos hídricos e à energia, privilegiando o emprego de tecnologias limpas, a utilização racional dos recursos naturais, a redução da geração de resíduos, e o incentivo à certificação da cadeia produtiva (AGENDA 21 BRASLIEIRA, 2004, p. 35, grifo nosso).

É importante frisar que a escolha por esse documento, que é importante para uma reflexão acerca da crescente geração de resíduos, foi feita pelo fato de os gestores que estão à frente da gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos no Brasil estarem preocupados em formas de destinação única e exclusivamente adequadas a normas técnicas, esquecendo-se de estratégias de prevenção na geração de resíduos.

Ainda no tocante a Agenda 21 brasileira, trazemos a concepção dos 3R, que significa Reduzir, Reutilizar e Reciclar os Resíduos Sólidos. Assim, vemos o seguimento de uma hierarquia ordenada quanto a sua execução, uma vez que

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seja, a redução na quantidade de resíduos gerados; a reutilização desses quando não possa evitar a sua geração e, por fim, a reciclagem dos materiais quando não houve possibilidade de se reutilizar os resíduos) (FIGUEIREDO, 2012, p. 01).

Adentrando em uma análise do Consórcio Público Regional de Resíduos Sólidos do Seridó, os seus documentos também direcionam para a implantação de programas de educação ambiental e coleta seletiva para os municípios que fazem parte do mesmo (FUNCERN, 2011).

Dessa maneira, em uma análise com profundidade dessa problemática, destacamos que “para refletir sobre os resíduos sólidos urbanos é necessário levar em conta aspectos espaciais, ambientais, de saúde, sociais, culturais e institucionais” (JACOBI, 2012, p. 31).

A contribuição do presente estudo versa sobre uma visão estratégica ao processo de gerenciamento dos resíduos sólidos, pois é prática recorrente nesses estudos a não preocupação no que se refere aos processos de prevenção, redução e reutilização dos resíduos antes de serem gerados e direcionados ao seu destino final.

A partir da confecção desse estudo, embasado por leituras de autores pertinentes à temática e somado com a investigação empírica, alcançou-se um entendimento acerca do gerenciamento de resíduos sólidos regional, mas também descortinando as ideias de como essa gestão consorciada será capaz de contribuir em um plano socioambiental para a resolução dos problemas relativos aos resíduos sólidos na região do Seridó Potiguar.

Dessa maneira, adentrando nas questões que envolveram a construção da problemática da dissertação, o Poder Público, ao criar mecanismos e fomentar a participação social nas decisões inerentes à problemática dos resíduos sólidos, sancionou a PNSB em 2007 e, em 2010, foi a vez da PNRS. Esta última norma enfatiza que as questões referentes à reciclagem e à situação dos catadores de materiais recicláveis são “os principais desafios que estão colocados para viabilizar e consolidar a coleta seletiva com inclusão dos catadores [e] envolvem os acordos setoriais que vão sendo firmados com o setor privado, no âmbito da Política Nacional de Resíduos Sólidos e da logística reversa” (BEZEN, 2012. p. 58).

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____________________________________________________________________________________________________ efetivação da lei. Houve um embate entre o Poder Público e o Setor Produtivo, no qual ficou comprovado que “a grande dificuldade da aprovação da PNRS, que [tornou-se] um empecilho inclusive do ponto de vista político, foi a ideia da responsabilidade pós-consumo que se traduziu no conceito de logística reversa, presente na lei” (FELDMANN, 2012. p. 37). Ou seja, determinados tipos de materiais classificados como poluidores perigosos terão a sua coleta, tratamento e destinação final sob a responsabilidade do gerador.

Atualmente, na esfera do gerenciamento de resíduos sólidos aliado à Educação Ambiental, programas de coleta seletiva são implantados em cidades, condomínios residenciais, escolas, universidades, hospitais, ou seja, onde quer que sejam gerados resíduos. Aliando a isso, inúmeras tecnologias de reciclagem aparecem constantemente prometendo equacionar a crescente geração de resíduos, como a incineração que será debatida no Capítulo 5 desta dissertação.

Muito embora existam estratégias e marcos legais que orientem a redução da geração de resíduos, de acordo com Philippi Jr. et al. (2012, p. 239),

[...] os programas [de coleta seletiva] estão acostumados a ensinar que a reciclagem é a solução perfeita para a questão dos resíduos. Na verdade, considerando que nem todos os resíduos gerados pela população são recicláveis, que o processo de reciclagem consome ingentes quantidades de energia e que os recursos naturais não são infinitos, fica claro que a única forma de ter sucesso na gestão sustentável da produção, do consumo e dos resíduos é, como a Lei n. 12.305 indica, reduzir ao mínimo a geração, aumentar ao máximo a reutilização e a reciclagem, e promover a disposição final e o tratamento ambientalmente adequado dos rejeitos.

Portanto, a reciclagem, em verdade, deve ser uma das últimas soluções para se pôr em prática quando já estiverem esgotadas as possibilidades de redução e de reutilização. É aqui que o foco dos programas educativos e de gestão deveriam estar.

Dessa maneira, o problema fundamental investigado neste estudo sustentou-se a partir da seguinte pergunta de pesquisa: O Consórcio Público Regional de Resíduos Sólidos do Seridó/RN é uma alternativa viável para gerir bem os resíduos sólidos e os recursos no contexto da economia sustentável dos municípios envolvidos?

(27)

____________________________________________________________________________________________________ assim dizendo, quando existe um consórcio, os resíduos são geridos de maneira melhor.

Portanto, o estudo pode ser classificado como uma pesquisa qualitativa, tendo por objetivo investigar e conhecer o papel que os consórcios, em especial o Consórcio Público Regional de Resíduos Sólidos do Seridó/RN1, têm na gestão dos resíduos, com o propósito de observar suas fortalezas e debilidades, com o intuito de concluir se estes são uma solução adequada para a problemática dos resíduos sólidos.

Quanto aos objetivos específicos, procura-se realizar uma leitura crítica acerca da crise ambiental instaurada a partir dos anos 1970, aliado a criação do conceito de Desenvolvimento Sustentável e seus rebatimentos na questão dos resíduos sólidos. Verificam-se as contribuições das grandes conferências sobre meio ambiente, promovidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), para o entendimento da questão dos resíduos sólidos, notadamente a implementação das ações da Agenda 21 brasileira. Em seguida, analisa-se o processo de formulação da PNRS a partir do conceito do Ciclo das Políticas Públicas, identificando o jogo de interesses na arena decisória e enfatizando questões relevantes como a logística reversa e a inserção de catadores de materiais recicláveis. Também foi feito um mapeamento dos principais estudos sobre gestão e gerenciamento de resíduos sólidos já realizados no Rio Grande do Norte, com a finalidade nos auxiliar no entendimento da situação da problemática em tela. Finalmente, atenta-se a uma leitura crítica do processo de implementação dos Consórcios Públicos de Saneamento Básico ou Resíduos Sólidos no Rio Grande do Norte, em especial do Consórcio Público Regional de Resíduos Sólidos do Seridó.

1

(28)

____________________________________________________________________________________________________ 1.1 METODOLOGIA DA PESQUISA

A gestão compartilhada dos resíduos sólidos dos municípios do Seridó remete a um contexto urbano e regional do objeto de estudo, o qual demonstra o caráter da pesquisa. Portanto, examinando o Consórcio Público Regional de Resíduos Sólidos do Seridó/RN por meio de uma dinâmica político-ambiental, o estudo se debruça sobre uma questão que perpassa os limites municipais, isto é, a gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos.

Dessa maneira, o campo das políticas públicas, mais precisamente no que concerne à gestão, e as políticas públicas urbanas e regionais compreende um conjunto de teorias para o desenvolvimento desta pesquisa, pois se entende que a construção e a implementação das políticas públicas relacionadas aos resíduos sólidos, associadas aos processos de decisão, são inquietações positivas e revelaram resultados significantes.

Em seguida, estão estipulados os passos seguidos para a obtenção dos dados primários e secundários que subsidiaram a escrita desta dissertação de mestrado.

1.1.1 Procedimentos Metodológicos

(29)

____________________________________________________________________________________________________

Figura 1 – Síntese das Etapas Metodológicas da Pesquisa

Fonte: Elaborado pelo autor.

Com base na Figura 1, estabelecemos os caminhos metodológicos que foram percorridos nesta dissertação, os quais serão descritos em seguida.

As pesquisas qualitativas procuram investigar casos na sua totalidade, uma vez que o evento vai ser analisado sobre vários aspectos (histórico, social, cultural etc.), procurando estabelecer uma visão completa, conhecendo em profundidade e finalizando com as interpretações. Nestas, a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de uma pesquisa descritiva.

Do ponto de vista de seus objetivos, este tipo de pesquisa é enquadrado como uma pesquisa exploratória, visando proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses.

1.1.2 Forma de Obtenção e Análise dos Dados

Com relação à obtenção dos dados, esta se realiza por meio de técnicas de pesquisa descritas nesta seção. As mesmas foram feitas através de documentos oficiais (federal, estadual e municipais) e documentos do setor privado (Consultoria responsável pela estruturação do Consórcio).

• Pesquisa exploratória; Investigação quali-quantitativa; Construção de uma realidade detalhada.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

• Divide-se em três partes:

•1) Pesquisa exploratória; 2) Trabalho de campo; 3) Análise e tratamento do material empírico e documental.

FORMA DE OBTENÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

• Entrevista compreensiva (Kaufmann, 1996), com a realização de seis entrevistas abrangendo os três setores da sociedade

(30)

____________________________________________________________________________________________________ Para a obtenção das informações acerca do problema em análise, a obtenção dos dados compreende as seguintes etapas:

1ª) Pesquisa exploratória: envolve levantamento bibliográfico e documental, que é uma forma de investigação feita a partir de materiais já publicados, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e materiais disponibilizados em sítios eletrônicos referentes à temática de estudo, a qual embasa a elaboração do arcabouço teórico e conceitual da dissertação.

Dentre as vantagens desse tipo de procedimento metodológico, destaca-se que esta modalidade “permite ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente” (GIL, 1996, p. 45).

No que se refere à pesquisa documental, os objetivos são focados na avaliação e processo de criação do Consórcio, resgatando o seu histórico, verificando a sua concepção e os procedimentos técnicos e operacionais do objeto de estudo. Deve-se estar atento principalmente a técnicas de análise que levem em conta o problema da fidedignidade das informações e o recurso sistemático à comparação com outras fontes de dados.

Segundo Goldemberg (2005), essa situação de combinação de metodologia é conhecida como triangulação, tendo por objetivo atingir a máxima amplitude na descrição, compreensão da área de estudo e explicação. A ideia dessa integração parte do pressuposto que os limites de um método será contrabalanceado pelo outro.

Para tanto, fez-se uma garimpagem de dados a partir de relatórios técnicos (especialmente os produtos do Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Rio Grande do Norte – PEGIRS-RN) e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte, órgão público que fomentou a criação do Consórcio do Seridó, bem como da Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Norte (FUNCERN) – instituição responsável pela concepção do Consórcio (produtos técnicos escritos que compõem o Consórcio Público Regional de Resíduos Sólidos do Seridó/RN).

(31)

____________________________________________________________________________________________________ documentos serve de embasamento para uma visualização mais ampla do funcionamento do Consórcio do Seridó.

Também se realizam análises de exemplos que estimularam a compreensão (outras experiências de Consórcios de Resíduos Sólidos), definindo como um estudo de caso, sendo “classificada como um tipo de pesquisa exploratória e descritiva [que] visam a aumentar o entendimento sobre fenômenos sociais complexos” (DESLANDES; MINAYO, 2011, p. 26).

2ª) Trabalho de campo: pesquisa desenvolvida por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e das entrevistas semiestruturadas de caráter compreensivo (KAUFMANN, 1996), que “podem ser conjugados com análises de documentos, filmagens e fotografias” (GIL, 1996, p. 53). Com relação ao registro fotográfico, este consiste em um levantamento de imagens das áreas de destinação final de resíduos sólidos (lixões) dos municípios de Caicó e Currais Novos, os quais representam os maiores quantitativos populacionais e de geração de resíduos em 25 municípios do Consórcio. Outro alvo de registro visual foi a experiência de coleta seletiva municipal na cidade de Caicó.

As entrevistas semiestruturadas também se caracterizam como valiosas ferramentas de pesquisa e, no que diz respeito a sua elaboração, não existindo rigidez de roteiro, explora-se mais amplamente algumas questões através de um formulário confeccionado, que nada mais é que uma coleção de questões, na qual são obtidas as respostas por meio do informante. Assim, a principal característica dessa ferramenta é um roteiro que apresenta questões com respostas semiabertas, não previamente codificadas, nas quais o entrevistado pôde discorrer livremente sobre um tema proposto ou pergunta formulada. Entende-se que a ação do pesquisador tem o papel “de criar nas pessoas interrogadas uma atitude favorável, a disposição para responderem francamente às perguntas [...]” (QUIVY; CAMPENHOUDT, 1995, p. 184).

(32)

____________________________________________________________________________________________________ 3ª) Análise e tratamento do material empírico e documental: desenvolvido através de sucessivas passagens pelo referencial teórico, a partir do qual o problema de pesquisa foi preliminarmente definido, pela coleta de dados, pelo seu tratamento e pela interpretação, de modo a poder elaborar o relatório final de pesquisa (CORTES, 1998).

Para a redação desta etapa de tratamento de dados, elaboramos uma ficha de interpretação para cada entrevista com base em Kaufmann (1996). Nesta ferramenta, procuramos identificar a interpretação das informações e o que revelaram os trechos escolhidos, bem como os seus sentidos e associações. Salientamos ainda que cada entrevista foi dividida em três categorias, a saber: o Consórcio na atualidade, o qual destaca a situação do mesmo no momento da entrevista; os aspectos dificultadores - procuram enumerar os fatores que impedem o Consórcio de ser inteiramente implementado; e o Consórcio e suas perspectivas, que ensejam o cenário desejado pelos entrevistados do mesmo.

(33)

Trechos Selecionados

Análise

Interpretação: O que Revelam os

Trechos Escolhidos? Sentidos e Associações

1. O CONSÓRCIO NA ATUALIDADE

a) Gestor Ambiental da Prefeitura Municipal de Currais Novos:

“[...] se eles forem concedidos e executados como dever ser, acredito que a proposta ela possa surtir efeitos e resultados muito proveitosos”.

“A gestão consorciada, acredito, que ela traz benefícios no que diz respeito, primeiramente, na gestão de recursos, a mobilidade, logística, transporte, destino e disposição final dos resíduos sólidos que são gerados entre todos os territórios participantes”.

“[...] nós estamos integrados a ele desde sua concepção, estamos no aguardo de que a Secretaria do Estado de Meio Ambiente ela venha consolidar a execução do plano primeiramente através da construção das estruturas que foram propostas pelo plano para o município de Currais Novos, em seguida iremos implantar a coleta seletiva, nós temos um projeto de divulgação midiática aprovado na FUNASA, estamos só esperando os recursos para aplicar devidamente essa política. Nós temos também, atualmente, uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis que já está operando junto à prefeitura de Currais Novos. Nós a contratamos para que ela pudesse realizar o serviço de coleta”.

2. ASPECTOS DIFICULTADORES

a) Gestor Ambiental da Prefeitura Municipal de Currais Novos:

Embora o discurso do entrevistado seja o de ação dos prefeitos da região, o mesmo transparece que o Estado do RN deveria agir no sentido de implementar o Consórcio.

a) Gestor Ambiental da Prefeitura Municipal de Currais Novos:

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“As principais dificuldades, na verdade, estão no estabelecimento de diretrizes a partir dos gestores municipais que fazem parte do Consórcio Público Intermunicipal. Acredito que eles vivem em uma certa crise de indicação, com relação a quem vai entrar com o que, então em uma época desta, de crise financeira, eles estão bastante alertas com relação a disposição de recursos para custear as operações do consórcio. Então, na minha opinião, a principal barreira é esta, a financeira”.

“O outro motivo, que eu acho que também seja relevante é a dificuldade deles se integrarem no processo de gerenciamento destes resíduos, acredito que eles não sabem ainda como irão executar na prática esta gestão compartilhada”.

3. O CONSÓRCIO E SUAS PERSPECTIVAS

a) Gestor Ambiental da Prefeitura Municipal de Currais Novos:

“Acredito que ainda precisam ser feitos alguns ajustes, os gestores públicos, quero dizer os prefeitos, precisam assumir esta realidade com maior preocupação, precisam assumir esse problema como sendo uma questão prioritária para atendimento as normas da lei e principalmente também para a gestão dos resíduos sólidos dentro do seu território, que até hoje não viu os municípios assumirem essa tarefa com maior eficácia e eficiência”.

(35)

____________________________________________________________________________________________________ Seguindo as etapas sugeridas, em seguida estão os procedimentos utilizados para definição e seleção da amostra.

1.1.3 Delimitação da Amostra de Entrevistas

A escolha da amostra da pesquisa é um momento importante, principalmente se a mesma for classificada como qualitativa, assim, o número de atores entrevistados deve ser capaz de retratar as nuances do objeto, uma vez que cada informação deverá revelar caminhos para a compreensão do objeto de estudo. Dessa forma, ao lermos Kaufmann (1996, p. 07), o mesmo demonstra o conceito de Entrevista Compreensiva, e afirma que nesta metodologia, “mais que constituir uma amostragem se trata de bem escolher os informadores”.

O autor supracitado ainda destaca que “na entrevista o objetivo é romper com a distância, com a hierarquia. O tom é mais próximo quando as pessoas se colocam como iguais num diálogo” (KAUFMANN, 1996, p. 08). Isso é importante, pois a postura do entrevistador é capaz de deixar o entrevistado à vontade para discorrer sobre o assunto em tela e fornecer dados valiosos para a pesquisa.

Destarte, no processo de desenvolvimento da pesquisa, realizaram-se entrevistas com representantes do Poder Público (estadual, regional e municipais) e sociedade civil organizada. Os resultados das entrevistas foram confrontados com a literatura acerca da problemática dos resíduos sólidos nas cidades da região. Em particular, é possível identificar se as orientações da Agenda 21 brasileira juntamente com a concepção dos 3R proporcionam uma melhoria ambiental da região em estudo, do ponto de vista da minimização da geração de resíduos sólidos. Concomitantemente, consultaram-se mais informações na Política Nacional de Resíduos Sólidos, sendo uma contribuição legal importante neste trabalho.

Os critérios para escolha dos entrevistados contemplam os três setores da sociedade, pautando-se em pessoas que participaram da concepção do Consórcio e/ou que ainda estão envolvidas no acompanhamento do mesmo, responsáveis pela execução. As entrevistas foram realizadas junto aos seguintes atores sociais, totalizando cinco roteiros de entrevistas aplicados.

(36)

____________________________________________________________________________________________________ Presidente do mesmo. Um funcionário da Prefeitura Municipal de Caicó também foi entrevistado, levando em consideração que o mesmo foi apontado pelo prefeito municipal como uma referência na área. Na Prefeitura de Currais Novos, entrevistamos o Coordenador de Meio Ambiente, pois foi verificado que o mesmo está acompanhando o processo de implementação do Consórcio.

A esfera privada foi contemplada com um técnico (Engenheira Sanitarista) que coordenou os trabalhos de criação do Consórcio, sendo contratada pela consultoria (Fundação de Apoio à Educação e ao Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Norte).

Como parte do Terceiro Setor, foi realizada uma entrevista com o ex-prefeito de Caicó que estava à frente da gestão municipal e do Consórcio por ocasião de sua criação, além de um representante da sociedade civil organizada que é o responsável pela implementação da coleta seletiva em Caicó (Cáritas diocesana), o qual participou das discussões do Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Rio Grande do Norte, bem como da criação do Consórcio.

Após a realização das entrevistas, iniciam-se as análises dos dados obtidos com o objetivo de validar informações por meio de comparações com elementos obtidos através das informações documentais. Portanto, “a análise [foi] feita para atender aos objetivos da pesquisa e para comparar e confrontar dados e provas com o objetivo de confirmar ou rejeitar a(s) hipótese(s) ou os pressupostos da pesquisa” (CORTES, 1998, p. 06).

1.2 ESTRUTURAÇÃO DOS CAPÍTULOS

Os capítulos da dissertação procuram seguir uma sequência de compreensão clara e objetiva, totalizando cinco capítulos - inclusive contando com este capítulo introdutório.

(37)

____________________________________________________________________________________________________ aparece com evidência. É nesse evento que é publicada a Agenda 21 global, documento que funciona como um rol de compromissos planetários para com o meio ambiente e, inclusive, muitos países adotam esse documento e elaboram as suas agendas locais. No nosso caso, a Agenda 21 brasileira introduziu a hierarquia dos 3R, como estratégia de preocupação a ser seguida com os resíduos sólidos.

No capítulo terceiro, as políticas públicas são o objeto de análise, mais especificamente o conceito do Ciclo das Políticas Públicas enquanto uma ferramenta de ação dos governos. Como parâmetro de discussão, utiliza-se o conceito de Formulação para explicarmos a concepção da PNRS e seus desdobramentos.

No quarto capítulo, os aspectos legais e técnicos de um consórcio são debatidos e também são observadas experiências de consórcios de resíduos sólidos em três países distintos, a saber, Espanha, Argentina e Chile. No Brasil, também são considerados três consórcios, sendo um no estado de Goiás, outro no Rio de Janeiro e um terceiro no Rio Grande do Sul. Também são realizadas leituras sobre as concepções legais e técnicas de consórcios.

Discutida a formulação da PNRS, é hora de verificarmos como a implementação dessa Lei se materializa no Rio Grande do Norte, sendo objeto de discussão do quinto capítulo. Para tanto, iniciamos com um resgaste histórico acerca da problemática dos resíduos sólidos no plano estadual (início do século XXI), passando pela criação do PEGIRS-RN e, findando, no Consórcio do Seridó, que é o objeto de estudo deste trabalho.

O sexto capítulo inicia com uma explanação sobre a situação atual da gestão dos resíduos sólidos dos municípios da região em estudo. Também procuramos identificar as discussões recentemente já realizadas acerca do problema. Apresentam-se dados coletados junto aos atores sociais diretamente ligados ao Consórcio, procurando entender sobre o estado atual de seu funcionamento e o cenário futuro. Assim, a realidade do Consórcio do Seridó se apresenta tal como ela está configurada no espaço geográfico, principalmente no tocante a implementação parcial do mesmo.

(38)

____________________________________________________________________________________________________

2 A CRISE AMBIENTAL, OS RESÍDUOS SÓLIDOS E A SOCIEDADE ATUAL

O presente capítulo trata de uma breve leitura acerca da crise ambiental instaurada no mundo desde os anos 1970. Para tanto, analisaremos a evolução do conceito de Desenvolvimento Sustentável tendo por base os grandes eventos sobre meio ambiente promovidos pela ONU, a partir da Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, na Suécia, até a Rio+20 e seu principal documento, a Agenda 21 global.

Dessa maneira, como questão motriz desse capítulo, partimos do entendimento que o “Desenvolvimento Sustentável é a referência comum entre os autores que se dedicam ao estudo da inter-relação entre sociedade e meio ambiente” (MONTIBELLER FILHO, 2004, p. 45). Assim, no decorrer do texto, poderemos averiguar um conjunto de críticas e sugestões acerca da fragilidade desse conceito.

As realizações dos grandes eventos sobre meio ambiente estiveram pautadas em preocupações com o desequilíbrio ecológico planetário que culmina na chamada crise ambiental. Estes trouxeram contribuições para o entendimento e as estratégias de ação, ao mesmo tempo que causaram um choque de interesses entre grupos de países com padrões de vida diferentes. Outro ponto que merece ser mencionado é o aproveitamento desses momentos por parte do mercado para a apropriação e [re]formulação de conceitos, culminando em uma teia de conflitos e interesses.

2.1 DE ESTOCOLMO À BRUNDTLAND: ENTENDENDO A CRISE AMBIENTAL E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

(39)

____________________________________________________________________________________________________ corpo e expressão política na adjetivação do termo desenvolvimento, fruto da percepção de uma crise ambiental global” (NASCIMENTO, 2012, p. 52).

Ao realizarmos uma leitura da obra de Alier (2007, p. 01), o chamado Ecologismo dos Pobres, percebemos que o seu ponto central é o fato de os pobres (nações e parcelas de nações) sofrerem mais com os impactos dos problemas ambientais, embora estes, com frequência, se favoreçam mais da conservação dos recursos naturais. O autor traz ainda um panorama do aumento das tensões pelo acesso a recursos naturais e da relação entre crescimento econômico e uso destes recursos, listando uma série de conflitos, entre eles, o racismo ambiental, a biopirataria, a dívida ecológica, o feminismo ambiental, com ênfase no “ecologismo dos pobres”.

Pois bem, sobre a construção do conceito do que vem a ser Desenvolvimento Sustentável, este apareceu por meio do Relatório Brundtland, o qual foi elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMD). Assim, Desenvolvimento Sustentável seria aquele que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades (BRUNDTLAND, 1987). Destarte, este conceito possui três componentes basilares, a saber: o social, o econômico e o ecológico (Figura 2).

Figura 2 – Esquema Representativo do Desenvolvimento Sustentável

(40)

____________________________________________________________________________________________________ Fazendo uma leitura da Figura 2, percebemos a inconsistência real que pode ser materializada em um conceito vago e frágil, onde, de maneira didática, cada um deles deverá se conectar com o outro de maneira harmoniosa, culminando no parâmetro desejado, ou seja, o Sustentável. Entretanto, a partir de um artigo elaborado por Nascimento (2012), o mesmo coloca o esquecimento de duas dimensões que merecem importância. A primeira seria a política, já que a ausência desta geraria uma despolitização do Desenvolvimento Sustentável, pois

[...] em parte isso se deve ao fato de que a questão da sustentabilidade coloca no centro do debate interesses de natureza geral e não aqueles específicos de grupos ou classes sociais. Isso escamoteia a assimetria de poder no âmbito da sociedade (NASCIMENTO, 2012, p. 56).

Com relação à segunda dimensão, a cultura, o autor destaca que

[...] não será possível haver mudança no padrão de consumo e no estilo de vida se não ocorrer uma mudança de valores e comportamentos; uma sublimação do valor ter mais para o valor ter melhor; se a noção de felicidade não se deslocar do consumir para o usufruir; se não se verificar a transferência da instantaneidade da moda para a durabilidade do produto; se não tivermos pressões para a adoção e valorização, por exemplo, do transporte público e, se possível, para o melhor transporte, o não transporte (NASCIMENTO, 2012, p. 57).

Percebemos, assim, que essa questão implicaria em uma mudança radical nos estilos de vida de parcela considerável da população mundial, notadamente dos países desenvolvidos e expressivos grupos de pessoas de países emergentes com seus modos de vidas baseados no consumismo. Portanto, concordando com o autor, enxergamos que se essas duas dimensões fossem acrescidas ao conceito em tela, estas somariam um teor mais consistente à leitura e à aplicabilidade do conceito de Desenvolvimento Sustentável.

(41)

____________________________________________________________________________________________________ Acometida por problemas ambientais localizados nos países nórdicos em 1968, foi o governo sueco quem propôs “a realização de uma conferência mundial que possibilitasse um acordo internacional para reduzir a emissão de gases responsáveis pelas chuvas ácidas. O resultado foi a aprovação da Conferência de Estocolmo, em 1972” (NASCIMENTO, 2012, p. 53).

Resumidamente, na Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano (CNUMAD), mais conhecida como Conferência de Estocolmo, foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), sendo a primeira agência ambiental global. O evento contou com a participação de 113 países, sendo boicotada pelos países do bloco socialista e foi presidida pelo canadense Maurice Strong, definindo a data de cinco de junho como o Dia Mundial do Meio Ambiente.

A reunião de Estocolmo se realiza em meio ao impacto provocado pelo relatório do Clube de Roma – Limits to Growth (MEADOWS et

al., 1972), que propunha a desaceleração do desenvolvimento industrial nos países desenvolvidos, e do crescimento populacional, nos países subdesenvolvidos. Também previa uma ajuda dos primeiros para que os segundos pudessem se desenvolver (NASCIMENTO, 2012, p. 53).

O Clube de Roma foi fundado em 1968 e é um grupo de pessoas que se reúnem para debater um vasto conjunto de assuntos relacionados a política, economia internacional e, sobretudo, ao meio ambiente e o Desenvolvimento Sustentável. Vemos assim, que foi a partir desse momento que emergiu uma crise ambiental global, em que diversos problemas ecológicos passaram a ser expostos e debatidos.

Nascimento (2012) destaca que foi nesta Conferência que foram colocados face a face o grupo de países classificados como Primeiro e Terceiro Mundo (conforme a nomenclatura da época), ou como Alier (2007) denomina o último grupo de os pobres do mundo. Esse conflito entre os dois grupos de países também foi apontado por Figueiredo e Cruz (2013, p. 63), quando os mesmos destacam que

(42)

____________________________________________________________________________________________________

conferência da ONU se caracterizou por disputas sobre a distribuição geoespacial dos investimentos económico-industriais.

Assim, o grupo dos países de Primeiro Mundo estava preocupado com a crescente degradação ambiental que ameaçava a sua qualidade de vida e que poderia comprometer a sua economia, e os outros estavam torturados em não sofrerem restrições à exportação de seus produtos primários e não terem seu desenvolvimento interrompido. A saída encontrada para alavancar o crescimento econômico dos países de Terceiro Mundo era a transferência das “indústrias sujas” que poluíam consideravelmente os países de onde eram originárias. Assim, muitos países que desejavam se industrializar abriram as suas fronteiras para esse capital, alimentando o discurso de desenvolvimento dessas nações periféricas.

De maneira geral, os anos 1970, ficaram conhecidos como a década da institucionalização do ambientalismo, que nada mais é que “um conjunto de ações teóricas e práticas visando à preservação do meio ambiente” (MONTIBELLER FILHO, 2004, p. 31). Ainda de acordo com Brundtland, o conceito de Desenvolvimento Sustentável detinha-se a comparar as “necessidades2” destas e das próximas gerações. Portanto,

[...] na forma ampliada por economistas conservacionais, a comparação passou a ser entre “padrões de vida”. Mas está ausente das duas versões a liberdade de os seres humanos salvarguardarem aquilo que valorizam e aquilo que atribuem importância. Nossa razão para valorizar determinadas oportunidades não precisa sempre derivar da contribuição que elas oferecem ao nosso padrão de vida (VEIGA, 2006, p. 72).

A contradição entre “padrões de vida” e valorização de certos atributos pelas populações (NASCIMENTO, 2012) é a crítica feita ao modelo de desenvolvimento sustentável criado, onde a harmonia entre os três segmentos primários é o elemento central que deve ser atingido, uma vez que, caso algum destes se sobressaísse, o desenvolvimento sustentável não seria alcançado.

Outro desdobramento da confecção do relatório atingiu o campo da política partidária com a multiplicação, nos anos 1980, dos Partidos Verdes em

2

(43)

____________________________________________________________________________________________________ diversos países (MONTIBELLER FILHO, 2004). No Brasil, o Partido Verde surgiu somente em 1993, principalmente decorrente do processo de redemocratização do país e a eminência de segundas eleições diretas para presidente.

Ainda considerando o conceito de Desenvolvimento Sustentável, Sachs (2008, p. 36), em uma análise romanesca dos seus três componentes e suas interações, enfatiza que este

[...] obedece ao duplo imperativo ético da solidariedade com as gerações presentes e futuras, e exige a explicitação de critérios de sustentabilidade social e ambiental e de viabilidade econômica. Estritamente falando, apenas as soluções que considerem estes três elementos, isto é, que promovam o crescimento econômico com impactos positivos em termos sociais e ambientais, merecem a denominação de desenvolvimento [...].

O conceito do autor supracitado se expressa de maneira didática e, até certo ponto, Sachs (2008) é claro em enfatizar o que vem a ser o desenvolvimento e os impactos positivos no cumprimento das medidas sustentáveis, o que repercutiria em formas de solidariedade. No entanto, novamente Nascimento (2012) expõe uma preocupação que remete a uma fórmula vaga, sendo identificada uma força e uma fraqueza no conceito. O mesmo destaca que esse paradoxo deixa em aberto quais seriam as necessidades humanas atuais, e mais ainda as das gerações futuras.

Dentre as obras de Leff, uma delas traz três possíveis níveis que se entrelaçam à cultura ecológica na perspectiva do Desenvolvimento Sustentável, sendo eles:

a) Conjunto de princípios éticos que conformam uma nova cultura democrática, que induz valores ecológicos e transforma comportamentos na proteção da natureza; b) Processo de valorização do equilíbrio ecológico, das identidades étnicas e das práticas culturais de gestão ambiental, que procura internalizar as condições ecológicas e comunais de conservação da base de recursos nas condições gerais na reprodução ampliada do capital; c) Princípio de produtividade cultural dentro de um paradigma alternativo de produção, onde a produtividade ecológica e a inovação tecnológica então entrelaçadas com os processos culturais que definem a produtividade social global (LEFF, 2009, p. 332).

Imagem

Figura 1 – Síntese das Etapas Metodológicas da Pesquisa
Figura 2 – Esquema Representativo do Desenvolvimento Sustentável
Figura 3 – Custo para implantação dos aterros sanitários
Figura 4 – Fluxograma de operações do Consórcio de Resíduos Sólidos Urbanos de  Castilla da Mancha S/A
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Referências

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