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Poesia e infância: o corpo em viva voz.

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Academic year: 2017

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Poesia e infância: o corpo em viva voz

Ângela Fronckowiak*

Resumo: Neste#artigo#busco#problematizar#a#possibilidade#desaャadora,#colocada#ᄑ#escola#da# infᆵncia,#de#perceber#o#v゙nculo#da#leitura#de#poemas#com#sua#potᅫncia#enquanto#experiᅫn-cia#poンtica#que#pode#ser#conquistada#em#viva#voz#por#um#corpo#que#sente.#No#momento# em#que,#no#cenᅡrio#educacional#brasileiro,#discute-se#o#curr゙culo#das#escolas#de#Educa보o# Infantil,#o#texto#defende,#a#partir#dos#aportes#teヤricos#da#imagina보o#criadora#em#Gaston# Bachelard;#da#pedagogia#poンtica#em#Georges#Jean;#da#performance vocal#em#Paul#Zumthor;# e#da#experiᅫncia#em#Walter#Benjamin,#a#abordagem#da#literatura#nᅩo#como#ᅡrea#do#conhe-cimento#ou#campo#disciplinar,#mas#como#linguagem#que#emerge#da#corporeidade.#

Palavras-chave: infᆵncia;#experiᅫncia#poンtica;#educa보o#infantil;#poesia;#literatura.#

Poetry and childhood: the body in live voice

Abstract: This#article#seeks#to#discuss#the#challenging#possibility,#placed to the childhood school,#of#perceiving#the#bond#of#the#poems#reading#with#its#strength#as#a#poetic#experience# that#can#be#conquered#in#live#voice#by#a#body#that#feels.#At#the#moment#in#which,#at#the# Brazilian#educational#scenario,#the#organization#of#the#elementary#schools#curriculum#has# been#discussed,#the#text#defends,#based#onthe#theoretical#framework#of#Gaston#Bachelard's# creative#imagination;#on#the#poetic#pedagogy#in#Georges#Jean;#on#Paul#Zumthor's#vocal# performance#and#on#Walter#Benjamin's#experience,#the#approach#to#literature#not#as#a# knowledge#area#or#a#subject#matter,#but#as#language#that#emerges#from#corporeality.# Key words: childhood;#poetic#experience;#childhood#education;#poetry;#literature.#

Carrego meus primórdios num andor. Minha voz tem um vício de fontes. Eu queria avançar para o começo. Chegar ao criançamento das palavras. Lá onde elas ainda urinam na perna.

Antes mesmo que sejam modeladas pelas mãos. Quando a criança garatuja o verbo para falar o que não tem.

Manoel de Barros – Livro sobre nada

(2)

Era#uma#vez#uma#professora#que#gostava#de#crianᄇas,#de#poesia#e#dos#alunos# grandes#com#quem#convivia#na#universidade.#Estes,#pouco#conャantes#no#poder# de#suas#vozes#e#de#suas#intuiᄇᆱes#leitoras,#se#negavam#a#ler#em#voz#alta#atン#mesmo# trechos#em#prosa,#jᅡ#que#os#poemas,#nᅩo#raro,#eram#considerados#leitura#dif゙cil#e# inacess゙vel.#“Será assim também na infância da palavra, antes de serem modeladas por mãos de escola?”#ョ#ela#se#indagava.#

E#havia#um#grupo#de#crianᄇas.#Elas#tinham#entre#3#e#6#anos#e,#como#uma# ィturmaカ#de#Educa보o#Infantil#de#uma#escola#iluminada#pelo#sol,#cheia#de#verde,# de#pᅡtio#onde#podiam#andar#e#correr,#ouviam#mワsica,#inventavam#histヤrias,#mo -delavam#argila,#pintavam#em#folhas#grandes#e#comungavam#juntos#espaᄇos#que# eram#de#todos.#

E#essa#que#fui#eu#escolheu#dizer#poemas#para#as#crianᄇas#nᅩo#alfabetizadas#dessa# escola#uma#vez#por#semana#durante#dois#anos.#Eu#gostava#de#espiᅡ-las#experimentan -do#a#poesia,#saboreava#com#elas#o#poンtico de#forma#lワdica,#barulhinho#monocヤrdio# de#fonte:#igual#sempre#diferente.#Fazendo#isso#muito#tempo,#com#a#delicadeza#de# quem#des-cobre#os#princ゙pios,#eu#crianᄇava,#inventando#jogos#de#brincar#palavras,# ャccionando#jeitos#de#magicar#a#vida,#a#minha,#num#andor.#ᄃs#vezes,#pares#de#olhos# nᅩo#pareciam#muito#interessados#naquilo#que#os#corpos#atentos#demonstravam# ouvir.#Eu#reュetia#sobre#essas#contradiᄇᆱes.#

Julgando#que#conhecia#o#que#buscava,#mas#sem#nem#imaginar#o#que#ia#encontrar,# eu#me#inventei#pesquisadora.#E#estive#com#mais#crianᄇas,#explorei#novos#poemas,#

e#outros,#e#repeti#a#leitura#de#alguns#tantas#vezes#quantas#foram#solicitadas,#entre -gando#ao#ler#um#sentir-pensar#silencioso.#Algo#lento#se#fazia#em#mim.#

E#era#uma#vez#uma#pesquisadora#a#quem#sugeriram#que#contasse,#para#outras# gentes#adultas#e#sンrias#e#muito#ocupadas,#mas#igualmente#crianceiras,#aquilo#que# tinha#encontrado.#“Mas não há novidade em dizer que nesses encontros entrevi o hu-mano brincando a poesia!” ョ#pensou,#pensei.#Depois,#avanᄇando#lᅡ#para#o#comeᄇo# de#quando#o#que#eu#vivera#nᅩo#era#palavra,#garatujei#o#que#ainda#nᅩo#sabia#que# sabia.#Ficou#assim:#

Brincar o corpo que ouve e ficciona – o que não se ensina e se

aprende com a poesia

O#grupo#de#crianᄇas#da#escola#tinha#acabado#de#ouvir#o#poema#ィSerenataカ,#de# Capparelli#(1989,#p.76):#

. A palavra “poético” deriva do verbo grego poiein e seu significado está associado a “criar”, “fazer” através da linguagem.

. Experiência oportunizada pelas pesquisas Poesia e infância: a pedagogia poética de Georges Jean

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Miau,#miau,#miau# queremos#mingau# queremos#mingau#

Mia o gato no telhado mia#o#gato#no#varal# mia o gato na bacia mia#o#gato#no#quintal# Miau,#miau,#miau# queremos#mingau# queremos#mingau# Mia#o#gato#no#xadrez# Mia o gato no hospital mia#o#gato#na#coxilha# mia o gato musical

Miau,#miau,#miau# queremos#mingau# queremos#mingau#

Na#leitura#valorizei#o#efeito#sonoro3#imprimido#ao#texto,#melopeia (Pound,# [198-];#1988)#que#reverbera#a#musicalidade#de#uma#exヤtica#composi보o#felina.#A# um#sヤ#tempo,#poema#e#leitura#foram#uma#experiᅫncia#miada#em#viva#voz.#

3. No poema, a percepção sensória da palavra “serenata” é evocada em muitos procedimentos compositivos: ) o paralelismo gerado pela repetição de “mia o gato”, ao longo da segunda e quarta estrofes, evolui para o ritornelo – uma forma especial de paralelismo em que as repetições se fazem integralmente não só sob o aspecto da ideia, mas também no do(s) vocábulo(s) que a expressa(m): isso acontece na repetição da primeira estrofe ao longo do texto; ) o ritornelo, nesse poema, configura-se como estribilho, já que o conjunto dos versos que compõem a primeira estrofe é repetido integralmente, reforçando a melodia; 3) o poema é composto, com exceção das seis sílabas poéticas do primeiro verso do estribilho, só por redondilhas (facilmente memorizáveis do ponto de vista sonoro): menores no estribilho e maiores na segunda e quarta estrofes; 4) as rimas externas alternadas “varal/quintal” e “hospital/musical” são, do ponto de vista sonoro, consoantes. Essa identidade de sons finais semelhantes a partir da tônica extrapola a simples correspondência rímica dos versos, na medida em que reforça a onomatopeia – reprodução do miado dos gatos – já percebida no poema. Note-se que o “al” final dessas palavras realiza-se foneticamente como “au” na linguagem oral, retomando a única rima do estribilho: “Miau, miau, miau / queremos mingau/ queremos mingau”.

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Houve#silᅫncio#e#foi#em#silᅫncio#que#as#crianᄇas#viram.#E#como#sei#que#elas#viram?# Seus#olhos#se#distanciaram#de#mim,#que#era#seu#livro#vivo,#e#seus#corpos#ョ#presentes# e#distraidamente#atentos#ョ#iniciaram#um#passeio#espontᆵneo#de#quatro-apoios#pelo# tapete,#repetindo#o#miado#da#gataria#e#transformando#em#imagem-corpo#a#sono -ridade#acolhida.#Num#instante#estavam#lambendo#patas,#ronronando,#esfregando# os# focinhos# no# peito,# se# espreguiᄇando# no# tapete,# ᅡgeis# e# elᅡsticos.# Ali,# diante# de#minha#voz#ョ#potᅫncia#de#uma#cena#iniciada#ョ,#moviam-se#os#mais#diferentes# gatos,#nas#mais#diversas#posiᄇᆱes,#dizendo:#“miau, miau, miau/ queremos mingau/ queremos mingau”.#Depois,#o#longo#exerc゙cio#de#experimentar#uma#percep보o#de# gato#ョ#cada#qual#a#sua#ョ#cansou#a#bichanada,#e#as#crianᄇas#voltaram#novamente#ᄑ# roda,#dispostas#a#conversar:#

Vocês sabem o que é uma serenata?#(eu)# – É um tipo de música!#(Daniel,#4#anos)# – E quando é que a gente ouve essa música?#(eu)# – No casamento!#(Mateus,#5#anos)#

Ora, é quando a gente tá muito feliz!#(Bianca,#4#anos)#

Pela#primeira#vez,#tive#certeza#de#que#a#imagem,#fanopeia#instigada#pela#leitura# dos#versos,#nᅩo#advinha#diretamente#deles,#nem#representava#as#palavras#do#poema,# assim#como#nᅩo#copiava#o#real#projetado#pelo#texto.#As#crianᄇas#tinham#desfrutado# de#uma#espンcie#de#brincadeira#cujo#divertimento#forjara#um#processo#corporal.# Mas#o#que#tinham#lido#a#partir#da#minha#leitura?#

A# tentativa# de# deャnir# a# palavra# ィserenataカ# vinculava-se# mais# ᄑ# experiᅫncia# corpヤrea#assumida#durante#a#audi보o#do#que#ᄑ#necessidade#de#racionaliza보o.#Da# alquimia poética proporcionada#pela#escuta#do#poema#nᅩo#adveio#uma#narra보o# discursiva#ャel#aos#sentidos#do#texto.#Nᅩo#foi#isso#que#presenciei#nas#manifestaᄇᆱes# por#meio#da#linguagem#corpヤrea#(a#gestualidade#e#a#m゙mica),#nem#nas#expressas# em#linguagem#verbal#(as#respostas).#

Ambas#as#situaᄇᆱes#indicaram#que#eu#nᅩo#estava#diante#de#representaᄇᆱes#do# poema,#mas#de#um#modo#ャccional#de#descrever#um#processo,#simulando#uma# inven보o#nᅩo#linear#e#criadora.#E,#embora#nᅩo#acessassem,#ainda,#a#extensᅩo#do# conteワdo#semᆵntico#da#palavra#serenata,#nᅩo#agregando#ᄑ#ideia#da#composi보o#

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melヤdica#o#fato#de#ser#executada#ᄑ#noite,#ao#sereno,#a#serenata#ン,#como#disseram,# ィum#tipo#de#mワsicaカ.#

Ou#seja,#as#crianᄇas#moviam-se#dentro#de#um#horizonte#prヤximo#de#signiャca보o.# Havia#ainda#a#singularidade#de#que,#do#mesmo#modo#como#os#gatos#repetem#a# cantilena#de#mios#na#busca#de#conquistar#sua#necessidade#de#alimento,#no#poema,# o#que#pode#ser#metᅡfora#de#serenata,#o#seresteiro#repete#a#serenata#para#conquistar,# atravンs#da#mワsica,#a#felicidade#do#amor#da#amada.#Por#isso#o#casamento?#Ou#a# evoca보o#do#casamento#e#da#felicidade#foi#apenas#imagem#gratuita,#sem#rela보o# nenhuma#com#o#poema#e#com#o#contexto#da#pergunta?#

E,#como#eu#queria#achar#intenᄇᆱes#pedagヤgicas#que#possibilitassem#ᄑ#poesia# sair#do#c゙rculo#que#ン#a#sua#morte,#provocava#a#mim#mesma,#buscando#desaャar#o# paradoxo#de#ィpretender#que#toda#a#cultura#a#que#podemos#chamar#grosso#modo# literᅡria#seja#um#conhecimento#anal゙tico#[...],#discurso#exclusivamente#reservado# ao#deleite#de#algunsカ#(Jean,#[199-],#p.#36).#

Entᅩo,#retornei#a#Bachelard#e#pude,#aャnal,#distinguir#ョ#com#ele#ョ#a#imagina보o# enquanto#experiᅫncia#da#novidade,#aberta#e#evasiva.#Nᅩo#era#mais#poss゙vel,#depois# das#situaᄇᆱes#vividas#com#as#crianᄇas,#aceitᅡ-la#como#a#faculdade#de#formar imagens,# pois#ela#ン,#antes,#a#ィfaculdade#de#deformar as#imagens#fornecidas#pela#percep보o,#ン# sobretudo#a#faculdade#de#libertar-nos#das#imagens#primeiras,#de#mudar as#imagens.# Se#nᅩo#hᅡ#mudanᄇa#de#imagens,#uniᅩo#inesperada#das#imagens,#nᅩo#hᅡ#imagina보o,# a보o#imaginanteカ#(Bachelard,#1990,#p.1,#grifos#do#autor).#

Desse#modo,#para#o#grupo#que#ouviu#ィSerenataカ,#brincar#poesia#engendrou# a#prヤpria#a보o#imaginante.#Esse#ン#o#componente#lワdico#de#aprender#em#lingua -gens6:#brincar#movendo-se#na#conュuᅫncia#de#uma#mente#que#ン#o#prヤprio#corpo# operando.#

Nᅩo#surpreende#que#a#gᅫnese#lワdica#seja#o#aspecto#mais#enfatizado#para#justiャcar# teoricamente#o#v゙nculo#entre#a#infᆵncia#e#o#poンtico,#ou#entre#a#infᆵncia#e#a#poesia# dos#poemas.#A#aproxima보o#com#a#tradi보o#popular#e#com#os#processos#livres#de# cria보o,#distantes#da#discursividade#linear#erudita#ou#acadᅫmica,#confere#aos#textos# simplicidade#estrutural#e#sintᅡtica,#aproximando-os#do#receptor#crianᄇa,#que#ainda# nᅩo#domina#o#encadeamento#lヤgico#estrutural#da#linguagem#adulta.#

Contudo,#mesmo#que#essas#relaᄇᆱes#sejam#゙ntimas#e#inegᅡveis#(Melo,#1981),# nᅩo#se#fundamentam#apenas#como#diversᅩo#pueril.#Os#jogos#infantis#com#as#lingua -gens#tambンm#envolvem#riscos￐#Quando#avanᄇamos#ao#crianᄇamento#das#palavras,# quando#nos#dispomos#a#observar#as#crianᄇas#em#seus#encontros#com#os#textos#li

(6)

terᅡrios,#vislumbramos#a#infᆵncia#do#poンtico#e#seu#perigo:#dominar#a#materialidade# da#linguagem#verbal#ョ#som,#silᅫncio#e#imagem#ョ#para#extrair#da#leitura#(que#para# as#crianᄇas#nᅩo#leitoras#ン#uma#escuta)#aprendizagem#e#conhecimento,#a#espンcie#de# conhecimento#que#repercute#experiᅫncias#e#encontros#imaginados.#

Pondン#(2009,#[s.p.])#observa#que#ィa#inicia보o#ao#discursivo#leva#a#uma#perda# gradual# da# lヤgica# emocional# da# infᆵncia,# provocando# um# empobrecimento# da# linguagem#que#sヤ#serᅡ#restaurado#pela#arteカ.#Se#pensarmos#que#as#crianᄇas#peque -nas#nᅩo#sᅩo#artistas#e,#muito#menos,#alunos,#o#contato#com#as#artes,#entendidas# como#linguagens,#poderᅡ#recuperar#ou#dinamizar#a#a보o#imaginante,#aquilo#que#a# aprendizagem#linear#da#leitura#e#da#escrita#acaba#por#prejudicar.#

Hᅡ,#aqui,#a#aャrma보o#de#uma#circularidade#que#escapa#ᄑ#lヤgica#escolar,#segundo#a# qual#se#brinca#ou se#aprende,#mesmo#aャrmando#o#contrᅡrio.#O#processo#da#aquisi보o# da#leitura#e#da#escrita,#principalmente#a#ᅫnfase#na#leitura#da#prosa,#contribui#para# esse#empobrecimento,#ィpois#exige#que#se#galgue#palavra#por#palavra,#numa#ordem# linear.#Isto#nᅩo#acontece#com#a#poesia#que#privilegia#o#todo#e#nᅩo#as#partes,#pela# prヤpria#constitui보o#condensada#da#linguagemカ#(Pondン,#2009.#[s.p.]).#Na#escola,# e#infelizmente#desde#a#Educa보o#Infantil,#vamos#submetendo#o#corpo#que#realiza

a#a보o#imaginante#no mundo#pela#palavra#que#descreve#e#explica#o mundo:

Processos#imagンticos#de#transャgura보o,#de#transforma보o#e instaura보o#da#palavra#sᅩo#reduzidos#a#processos#de#descri보o,# explica보o#e#informa보o:#importa#ン#contemplar#e#interpretar# em#palavras#para#que,#no#fundo#do#fundo,#possamos#encon-trar#a#ilusᅩo#de#uma#verdade.#Um#real#descarnado#que#acaba# tornando-se#cego#e#vazio#para#o#trᆵnsito#de#sentidos#que#sig-niャcam#a#convivᅫncia.#(Richter;#Fronckowiak,#2007,#p.57)#

Com#isso,#nᅩo#ン#absurdo#distinguir#que,#no#brinquedo#poesia,#alンm#do#brincar,# as#crianᄇas#encontrem#

razᆱes#importantes#para#crer#que#a#aventura#humana#pode#ser# reinventada#por#todos#[...]#lendo,#escutando#e#conservando# toda#a#vida#o#que#os#poetas#dela#disseram#para#a#descrever,# a# percorrer,# a# denunciar,# a# exaltar# ou# a# explorar# nas# suas# profundezas#indiz゙veis.#(Jean,#[199-],#p.#242)#

Brincar a experiência de ler – a voz dos textos que se faz ouvir

(7)

Sem#pretender#esgotar#extensa#bibliograャa,#as#anᅡlises#sobre#essa#problemᅡtica# no#ᆵmbito#dos#estudos#literᅡrios#tᅫm#seguido#duas#direᄇᆱes#mais#evidentes:#o#exame# da#qualidade#dos#suportes,#dos#instrumentos#e#dos#mecanismos#escolares#empre -gados#para#a#forma보o#de#leitores#de#textos#verbais#em#diferentes#n゙veis#de#ensino# (Bordini,#1991;#Lajolo,#1993;#Soares,#1999;#Zilberman,#1982)#e#a#investiga보o# de#metodologias,#pol゙ticas#e#instᆵncias#de#media보o#para#promover#a#leitura#numa# concep보o#mais#ampla#(Aguiar,#2001,#2004;#Aguiar;#Bordini,#1988;#Bojunga,#1998;# Kramer,#2000;#Meireles,#1979;#Paulino#et#al.,#2001;#Perrotti,#1990;#Zilberman;# Cademartori,#1982).#ラ#pontual#ョ#e#nᅩo#deve#ser#esquecida#ョ#a#advertᅫncia#de#que#a# leitura#realizada#na#escola,#por#certo,#serᅡ#escolar#(Soares,#1999).#Mas#focar#a#apro -xima보o#com#a#literatura,#buscando#exclusivamente#instru보o#moral,#motivaᄇᆱes# para#o#estudo#da#gramᅡtica,#tema#para#datas#comemorativas#ou#belas#e#eruditas# letras#em#um#suporte#como#o#livro#didᅡtico#negligencia#as#potencialidades#que#o# encontro#com#essa#linguagem#pode#oferecer#ᄑ#forma보o#de#crianᄇas#e#adultos.#

Conceber#a#aprendizagem#enquanto#experiᅫncia#do#corpo#que#conhece#conhe -cendo#convida#a#admitir#a#potᅫncia#das#linguagens#enquanto#dimensᅩo#poンtica.# Nesse#sentido,#nᅩo#experimentamos#uma linguagem para depois fruirmos outra e

mais outra numa#sequᅫncia#linear.#Vivos,#estamos#em linguagens,#sempre#abertos#e# incompletos.#Projetamos#o#entorno#nos fazendo e nos criando,#o#que#oferece#outros# sentidos#para#a#proposi보o#educativa#da#palavra#pedagヤgica.#Em#rela보o#ᄑ#palavra# poンtica,#por#exemplo,#suscita#no#educador#a#convic보o#de#que#os#textos#a#que#as# crianᄇas#pequenas#tᅫm#acesso#chegam#a#elas#atravンs#da#leitura#do#adulto,#responsa -bilidade#desaャadora#nem#sempre#compreendida#na#extensᅩo#de#sua#amplitude.#

ラ#lendo#que#o#professor#enseja#o#encontro#das#crianᄇas#com#a#sua#linguagem# original#ョ#ainda#nᅩo#formatada#na#discursividade#adulta#ョ#e#a#valida#para#a#cogni -보o#que#emerge#da#corporeidade:#a#compreensᅩo#como#movimento#e#nᅩo#como# processamento#de#informaᄇᆱes.#ィSomos#seres#corporais,#corpos#em#movimento.# O#movimento#tem#a#capacidade#nᅩo#apenas#de#modiャcar#as#sensaᄇᆱes,#mas#de# reorganizar#o#organismo#como#um#todo,#considerando#a#unidade#mente-corpo.カ# (Nヤbrega,#2005,#p.#607).#

A#escuta#regular#de#poemas#pode#conduzir#as#crianᄇas#ᄑ#experiᅫncia#de#ler.# Experiᅫncia#entendida#na#acep보o#de#Walter#Benjamin#(1985,#1987),#que#a#dis -tingue#da#vivᅫncia#(ャnita)#daquilo#que acontece.#A#experiᅫncia#ン#o#que#acontece# a alguém e#que,#por#ter#sido#sentido,#pode#ser#narrado#e#compartilhado;#tornado,# portanto,#experiᅫncia#coletiva#(inャnita).#O#carᅡter#nᅩo#sistemᅡtico#da#experiᅫncia# de#ler#a#afasta#das#categorizaᄇᆱes#conceituais.#A#leitura#nᅩo#ン#um#conceito,#ン#um# processo:#ler.#

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de#nossas#diャculdades#para#compreender#se#devem#a#que#constantemente#tratamos# com#objetos#que,#em#realidade,#sᅩo#processos.カ#(Foerster,#1996,#p.62).#

A# leitura,# substantiva보o# do# processo# de# ler,# se# reduz# na# escola# ao# uso# de# estratégias para a#alfabetiza보o,#ィo#exerc゙cio#do#traᄇo,#a#identiャca보o#da#rela보o# entre#grafema#e#fonema,#quantidade#e#nワmero,#a#intera보o#com#diferentes#tipos# e#gᅫneros#textuais#e#a#imersᅩo#na#cultura#escrita,#esquecendo#a#implica보o#lワdica# do#movimento#dos#corpos#em#cada#um#desses#processosカ#(Richter;#Fronckowiak,# 2007,#p.57).#

Embora#se#reitere#que#ィa#alfabetiza보o#desenvolve-se#no contexto de e por meio de prᅡticas#sociais#de#leitura#e#de#escrita,#isto#ン,#atravンs#de#atividades#de#letramentoカ# (Soares,#2004,#p.10,#grifos#da#autora),#nᅩo#temos#debatido#como#essas#prᅡticas# sociais# se# conャguram# no# contexto# escolar,# onde# a# avidez# alfabetizadora# exime# sistematicamente#o#corpo#ョ#abandonado#em#um#nᅩo#lugar#ョ,#simpliャcando#sua# complexidade#cognitiva.#A#leitura#ネ#tanto#quanto#as#demais#linguagens:#dese -nho,#pintura,#ciᅫncias#da#natureza,#modelagem,#jogos#cooperativos,#danᄇa,#teatro,# matemᅡtica,#etc.,#ネ#se#reduz#a#uma#des-experiᅫncia,#ou#seja,#ᄑ#vivᅫncia#estrita#de# tンcnicas#descarnadas#da#a보o#imaginante.#Isso#constitui#enorme#violᅫncia#com#a# infᆵncia,#momento#em#que#se#estᅡ#dispon゙vel#ョ#mais#dispon゙vel#do#que#nas#demais# etapas#da#vida#ョ#para#aprender#a#ィengendrar#pensamento#com#outros#como#modo# de aprender a comviver.カ#(Richter;#Fronckowiak,#2007,#p.56).#

Ao#admitir#a#leitura#enquanto#processo#de#ler,#alguns#estudiosos#estabelecem# percursos# produtivos,# aproximando# os# conceitos# benjaminianos# de# vivᅫncia/# experiᅫncia#da#problemᅡtica#educacional,#seja#no#ᆵmbito#conceitual#da#aprendiza -gem#(Larrosa,#1996,#2002,#2004)#ou#no#das#prᅡticas#sociais#da#leitura#e#da#escrita# (Kramer,#2000).#

Menos#usuais,#mas#nᅩo#menos#relevantes,#sᅩo#os#conceitos#de#repercussᅩo#e# ressonᆵncia,#constituintes#intr゙nsecos#do#devaneio#poンtico#(Bachelard,#1993),#cujo# debate#pode#ajudar#a#aproximar#crianᄇas#e#linguagem#poンtica.#Gaston#Bachelard#nᅩo# abordou#a#leitura#da#poesia#na#perspectiva#das#crianᄇas,#embora#tenha#dedicado#um# lindo#cap゙tulo#aos#devaneios#adultos#voltados#para#a#infᆵncia#(Bachelard,#1988).#

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Com#o#grupo#de#crianᄇas#citado#foi#poss゙vel#perceber#esse#movimento#em#mui -tas#situaᄇᆱes.#Num#dos#encontros,#perguntei#se#aceitavam#o#desaャo#de#encontrar# palavras que combinam para jogar#com#versos#de#um#poema#(exerc゙cio#lワdico#da# consciᅫncia#fonolヤgica).#Verbalizada#a#sugestᅩo,#Denise,#de#5#anos,#questionou# de#modo#explicativo#para#o#grupo:#“É assim, oh: tu conhece [sic] a Marisa, aquela que te puxou a camisa?” Outros#comentᅡrios#denotaram#a#compreensᅩo#r゙mica#das# crianᄇas,#inclusive#a#aャrma보o#de#Henrique,#que#seguia#trilha#distinta:#“Que nem tem a manga de comer e a manga da camisa, né?” A#professora#da#turma#explicou# que#eles#pesquisavam#para#produzir#um#livro#com#palavras irmãs,#palavras#que#sᅩo# iguais#para#falar#e,#ᄑs#vezes,#para#escrever7,#mas#que#indicam#coisas#diferentes.#De -pois#da#explica보o,#retomei#a#brincadeira,#mas#as#crianᄇas#ainda#falavam,#querendo# manifestar#seu#entendimento#do#tipo#de#jogo#proposto,#ou#seja,#compartilhando# que#já sabiam o#que#era#uma#rima:#

Eu, a Luíza e a Bianca, a gente sempre inventa palavras assim na nossa casa e aqui na escola.#(Natᅡlia,#5#anos).

Que legal!#(eu)

E eu também já sei várias coisas que é bem igual, tipo banana, bananeira e carro, carroceiro#ョ#(Matheus,#5#anos).

Ah,#mas#isso#ン#outra#boa#inven보o#ョ#(eu)

A#observa보o#de#Matheus#trouxe#para#a#roda#a#mワsica#ィPomarカ,#referente#poンti

-co#da#sua#repercussᅩo,#composi보o#de#apenas#uma#estrofe#do#CD#Canᄇᆱes#de#brincar,# que#as#crianᄇas#ouviam#com#muita#frequᅫncia#na#escola#e#que#ele#adorava,#na#qual# Paulo#Tatit#e#Sandra#Peres#expᆱem#o#encadeamento#fruta/ᅡrvore#frut゙fera#nos#versos.# Ao#ser#encorajado#a#verbalizar#sua#compreensᅩo#sobre#rimas,#o#menino#reproduziu# o#mecanismo#de#deriva보o#que#constitui#a#can보o,#em#virtude#das#repercussᆱes# poンticas#que#a#mワsica#lhe#sugeria.#Mas#ousou#uma#nova#possibilidade#associativa# (“carro – carroceiro”)#ao#repertヤrio#de#experiᅫncias#sonoras#que#possu゙a.#

Embora#a#deriva보o#criada#nᅩo#seja#exemplar#na#linguagem#padrᅩo,#ela# de-monstra#a#introje보o#da#lヤgica#semᆵntica#do#texto#pelo#menino,#que#associa# car-roceiro#a#carro,#palavras#que#tᅫm#a#mesma#raiz#etimolヤgica.#Depois,#deixa#revelar# o#proveito#da#regra#fonolヤgica,#pois,#para#realizar#a#rima,#submeteu#a#palavra#carro# ᄑ#conven보o#empregada#nas#demais#palavras#da#can보o.#Matheus#nᅩo#sヤ#sabia#o#

7. Felizmente, a professora fazia referência de forma ilustrativa à escrita, mesmo as crianças não sendo alfabetizadas, o que nos mostra as práticas de letramento a que crianças e adultos estão imersos, desde sempre, numa sociedade letrada.

(10)

que#era#uma#rima#como#tambンm#ultrapassou#a#compreensᅩo#da#ィidentidade#de# sons#a#partir#da#vogal#tᆭnica#da#ワltima#palavra#de#dois#ou#mais#versosカ#(Trevisan,# 2001,#p.#118).#Ele#internalizou#o#mecanismo#lingu゙stico#que,#na#mワsica#ィPomarカ,# sustenta#o#ritmo#dos#versos,#estendendo-o#a#um#referente#de#ressonᆵncia#masculina# infantil,#os#carros.#

A#can보o#repercutida#pelo#menino#nas#muitas#experiᅫncias#de#sua#audi보o#na# escola#transformou-se#e#surgiu#como#proposta#de#sentido#para#mais#uma#experiᅫncia# pessoal:#falar#sobre#rimas#para#alguンm#que#entendia do#assunto,#a#profe da#poesia.# Encantado#pela#mワsica,#Matheus#desejou#contar#sobre#seu#envolvimento#com#as# “várias coisas que é bem igual” que#ele#também jᅡ#sabia.#Bachelard#(1988,#p.#3)#sintetiza# poeticamente#o#processo:#ィAo#maravilhamento#acrescenta-se,#em#poesia,#a#alegria# de#falarカ,#um#falar#que,#como#jᅡ#argumentei,#nᅩo#ン#narrativo,#mas#ャccional.#

A#escuta#de#textos#conduz#as#crianᄇas#ᄑ#experiᅫncia#poンtica#de#ler,#predispondo#ᄑ# repercussᅩo#e#ᄑ#ressonᆵncia#atravンs#da#a보o#imaginante.#O#argumento,#se#aceito,#traz#ᄑ# tona#o#tema#hermenᅫutico#da#compreensᅩo#da#linguagem,#problema#intr゙nseco#a#toda# interpreta보o#literᅡria,#com#a#ressalva#de#que#o#processo#para#as#crianᄇas#nᅩo#leitoras# se gesta na e a partir da a보o#oral#do#mediador#adulto#ョ#professor#ou#familiar.#

Essa#posi보o#ン#pouco#destacada#nos#estudos#literᅡrios,#que#procuram#conceber# os#textos#ョ#acertadamente#ョ#em#sua#imanᅫncia#ネ#excluindo#dados#biogrᅡャcos,# histヤricos#ou#psicolヤgicos#como#determinantes#diretos#de#seu#conteワdo#semᆵntico.# Partem#da#premissa#de#que#o#ィprヤprio#texto#tem#o#seu#ser#nas#palavras,#no#seu# arranjo,#nas#suas#intenᄇᆱes#e#nas#intenᄇᆱes#da#obra#de#uma#determinada#espンcieカ# (Palmer,#1989,#p.#28).#Assim,#buscam#preservar#no#texto#sua#integridade,#livrando- o#da#heresia#da#parᅡfrase.#

A#posi보o#ン#inequ゙voca.#Ler#um#texto#literᅡrio#ン#nele#encontrar#sentidos,#excluindo# inferᅫncias#ou#analogias#ᄑ#vida#factual#ou#psicolヤgica#do#seu#autor.#Nᅩo#ン#insᆵnia,# contudo,#reconhecer#que#a#autonomia#do#texto#resguarda#ョ#ainda#ョ#uma#existᅫncia# oral,#acontecimento#no#tempo#que#transporta#as#palavras#para#alンm#de#suas#acepᄇᆱes# visuais#e#conceituais.#As#palavras#escritas#que#lemos#sᅩo#palavras-eventos,#desem -penhos#orais#corporiャcados,#mas#silenciosos.#Hᅡ#uma#voz#que#fala#e#se#inscreve#no# texto.#Sua#escuta#serᅡ#uma#forma#disfarᄇada#da#leitura#oral.#Para#as#crianᄇas,#esse# desempenho#oral#terᅡ#uma#instᆵncia#intermediᅡria:#a#voz#do#adulto#leitor.#

(11)

ィcoloco-me#no#ponto#de#vista#do#leitor,#mais#do#que#da#leitura,#no#sentido#em#que# esta#palavra#designa#abstratamente#uma#opera보o.#O#que#eu#questiono#ン#o#leitor# lendo,#operador#da#a보o#de#ler.カ#(Ibidem,#p.#24).#

Para#os#pequenos#(e#os#grandes#que#deles#se#ocupam),#implicar#as#percepᄇᆱes#sen -soriais#da#a보o#de#ler#ᄑ#interpreta보o#poンtica#da#poesia#ン,#sem#dワvida,#considerar#os# efeitos#da#voz#de#cujo#corpo#ela#emana#de#forma#plena.#Para#Zumthor,#esse#processo# estᅡ#envolvido#na#prᅡtica#da#leitura#literᅡria#atravンs#da#no보o#de#performance.#

A#performance ン#sempre#constitutiva#da#forma.#Suas#regras#pragmᅡticas#ィimportam# para#a#comunica보o#tanto#ou#ainda#mais#do#que#as#regras#textuais#postas#na#obra#na# seq￀ᅫncia#das#frases:#destas#elas#engendram#o#contexto#real#e#determinam#ャnalmente# o#alcance.カ#(Zumthor,#2007,#p.#30).#Por#isso#Zumthor#distinguiu#obra#e#texto.# A#obra#compreende#a#totalidade#de#fatores#da#performance que#sᅩo#poeticamente# comunicados#no#aqui#e#no#agora:#texto,#sonoridades,#ritmos,#elementos#visuais.#O# texto#ン#a#sequᅫncia#lingu゙stica#que#tende#ao#fechamento,#cujo#sentido#global#nᅩo#ン# redut゙vel#ᄑ#soma#dos#efeitos#de#sentidos#particulares#produzidos#por#seus#sucessivos# componentes.#O#poema#seria,#entᅩo,#o#texto,#recuperᅡvel#e#leg゙vel,#mas#destitu゙do# de#seus#aspectos#aud゙veis#e#vis゙veis#da#performance (Zumthor,#1993,#p.#220).#

Entᅩo,#se,#atravンs#dos#textos,#nᅩo#podemos#mais#acessar#a#obra#ョ#pois#todos#os# textos#que#lemos#partem#de#uma#escrita#primeira#ョ,#serᅡ#o#prazer#do#corpo#sen -tindo#a#emo보o#do#texto#que#sintetizarᅡ#a#resistᅫncia#da#atitude#performᅡtica.#O# ィque#na#performance#oral#pura#ン#realidade#experimentada,#na#leitura#ン#da#ordem# do#desejo.カ#(Zumthor,#2007,#p.#35).#Assim,#hoje,#hᅡ#uma#inversᅩo#em#rela보o#ᄑ# performance medieval:#o#prazer#individual#da#experiᅫncia#de#ler#engendra#o#ritual# coletivo#no#ャm#do#percurso.#E#a#crianᄇa,#atravンs#de#sua#a보o#imaginante#a#um#sヤ# tempo#ャccional#e#corpヤrea,#mostra#isso.#

Brincar o processo de ensinar ensinando: ler as crianças lendo

No#cenᅡrio#educacional#brasileiro,#temos#acompanhado#o#debate#sobre#que# curr゙culo#propor#para#as#escolas#de#Educa보o#Infantil,#levando#em#conta#o#fato# de#que#tambンm#acolhem#crianᄇas#de#0#a#3#anos.#Pesquisadores#e#professores#tᅫm# desejado#ネ#e#argumentado#nesse#sentido#ネ#que#essas#escolas,#seguindo#as#orienta -ᄇᆱes#das#diretrizes#nacionais#e#respaldadas#no#direito#ᄑ#elabora보o#de#suas#propostas# autᆭnomas,#considerem#seu#dever#de#abordar#o#conhecimento#em#uma#concep보o# mais#complexa#do#que#aquela#que#o#fragmenta#em#conteワdos#disciplinares#ou#ᅡreas# do#conhecimento.#Essa#complexidade,#entretanto,#nᅩo#ン#sinᆭnima#de#sisudez.#

Referências

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