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Varas federais de execução fiscal: um retrato do poder judiciário

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(1)

Fundação Getulio Vargas

Escola Brasileira de Administração Pública Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa Curso de Mestrado em Administração Pública

Varas Federais de Execução Fiscal:

Um retrato do Poder Judiciário

Dissertação apresentada à Escola Brasileira de Administração Pública para a obtenção do grau de mestre em Administração Pública.

Luiz Antônio Pazos Moraes

(2)

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - RJ

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

E

VARAS FEDERAIS DE EXECUÇÃO FISCAL:

UM RETRATO DO PODER JUDICIÁRIO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR LUIZ ANTÔNIO P AZOS MORAES

APROVADA EM

PELA COMISSÃO EXAMINADORA

Prof'. Deborah Moraes Zouain Doutora em Engenharia da Produção

(3)

Fundação Getulio Vargas

Escola Brasileira de Administração Pública Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa Curso de Mestrado em Administração Pública

Varas Federais de Execução Fiscal:

Um retrato do Poder Judiciário

Dissertação apresentada à Escola Brasileira de Administração Pública para a obtenção do grau de mestre em Administração Pública. Apresentada por:

Luiz Antônio Pazos Moraes

E

Aprovado em / /

Pela comissão Examinadora

Deborah Moraes Zouain

Doutora em Engenharia da Produção

Marco Aurélio Ruedger Doutor em sociologia

(4)

À

minha família:

Elaine Garrido Vazquez,

minha esposa, que estimulou-me com sua perseverança e apoio incondicional;

Rafael Vazquez Moraes,

(5)

RESUMO DA DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

VARAS FEDERAIS DE EXECUÇÃO FISCAL: UM RETRATO DO PODER JUDICIÁRIO.

LUIZ ANTÔNIO PAZOS MORAES RIO DE JANEIRO - 2002

ORIENTADORA: Deborah Moraes Zouain

Apresenta-se neste trabalho um estudo acerca do Judiciário Federal e em particular quanto à criação das Varas Especializadas em Execução Fiscal no Rio de Janeiro. A pesquisa bibliográfica inclui uma abordagem às teorias administrativas, à formação do Estado e ao rito procedimental particular que rege os executivos fiscais. A pesquisa de campo busca retratar a realidade das Varas Especializadas em Execução Fiscal com o posicionamento de magistrados, procuradores e servidor. O conjunto das análises é dirigido para uma maior divulgação do Judiciário Federal e em particular da Varas Especializadas em Execução Fiscal.

ABSTRACT

(6)

1 - O PROBLEMA 1.1 - Introdução 1.2- Objetivos

1.2.1 - Objetivo Final

1.2.2 - Objetivos Intermediários 1.3 - Delimitação de Estudo

1.4 - Relevância do Estudo 2 - REFERENCIAL TEÓRICO

1 1 6 6 7 7 8 14 2.1 - A Justiça Federal e as Teorias Administrativas 14

2.1.1 - Base Epistemológica 19

2.1.2 - Racionalidade Funcional e Racionalidade Substantiva 23

2.1.3 - A Burocracia na Justiça Federal 27

2.1.4 - O Continuum compreendido entre Fordismo e Pós-Fordismo e

a Justiça 32

2.1.5 - Qualidade e abordagens críticas na Justiça Federal 44

2.2 - O Estado e a Justiça 63

2.3 - A Justiça Federal 81

2.3.1 - Histórico da criação da Justiça Federal no Brasil 81 2.3.2 - Competência das Varas Federais de Execução Fiscal 85

2.3.3 - A Realidade 89

2.3.4 - O Processo de Execução Fiscal 100

3 - METODOLOGIA

3.1 - Tipo de Pesquisa 3.2 - Universo e Amostra 3.3 - Seleção de Sujeitos 3.4 - Coleta de Dados 3.5 - Tratamento de Dados 3.6 - Limitações do Método

4 - PESQUISA DE CAMPO E CONSIDERAÇÕES GERAIS 4.1 - Cenário Econômico Brasileiro

4.2 - Pesquisa com os juízes 4.3 - Visão dos procuradores 4.4 - Visão do autor

5 - CONCLUSÃO 6 - BIBLIOGRAFIA

(7)

Este capítulo terá a função de determinar a grandeza e explicitação

do problema a ser pesquisado, bem como os objetivos a serem alcançados para

sua elucidação. A relevância e a delimitação do estudo também serão abordadas.

1.1 - Introdução:

o

Estado pratica suas atividades baseando-se na tripartição de

tarefas que nos remete a Montesquieu, que distingue três grandes centros de

direção, quais sejam Executivo, Legislativo e o Judiciário. Podemos agrupar

todos os trabalhos desenvolvidos em dois grandes grupos, quais sejam: a

prestação de serviços e a produção de bens e riquezas por meio de suas empresas

e fundações. Pode ser visto como a maior organização de serviços com a única

intenção de viabilizar o bem estar do povo.

Dentro da gama de servIços prestados pelo Estado foi eleito o

serviço da prestação jurisdicional. Serviço este que por muitos é desconhecido,

ou mesmo tratado com certo receio por não conhecer seus trâmites. A título de

informação é válido destacar que a prestação jurisdicional é realizada tanto pela

justiça comum, federal, militar, eleitoral e do trabalho, que são divididas em duas

instâncias e tribunais superiores. A seguir um esquema para melhor visualização

(8)

-

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---

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STJ

--

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---

J~

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---

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TSE

TRE

I

JJE

'JE - JLIZES ESTADUAIS

'JF - JCiZES FEDERAIS 'JM - JLIZES MILITARES

(9)

Insta observar que, embora o esquema sugira. T1ilo há que se falar em hierarquia entre os tribunais. mas sim em divisão de atribuições.

Neste trabalho será destacado o serVIço realizado pela Justiça Federal de Primeira Instância, particularmente os serviços prestados pela Segunda Vara Federal de Execução Fiscal - VFEF, que tem como usuários os entes públicos que exercem a função de arrecadação e fiscalização no âmbito federal. Cumpre destacar que a prestação jurisdicional está insculpida no princípio da ubiqüidade jurisdicional prevista no artigo 5°, XXXV da Constituição da República de 1988, o qual prevê que nada estará livre da apreciação do Poder Judiciário.

No que conceme às relações jurídicas de direito público, interessam-nos aquelas relacionadas aos atos que cumprem ao Estado no sentido de arrecadar recursos financeiros. Neste campo, por razões facilmente compreensíveis, a resistência à equiparação dos entes litigantes. especificamente fisco e contribuinte, pode dar lugar às mais esdrúxulas formas de injustiça.

(10)

fortalecimento de poderes socIaIs não instituídos e a criação de outros. até marginais. que acabam por atuar com desenvoltura no seio da sociedade.

o

acesso à justiça é um instrume:1to permanente de instigar a

procura de respostas para questões tais como: quais são os procedimentos possíveis para democratizar as formas de resolução de conflitos existentes nas sociedades? Como é viável materializar uma nova modalidade de ingresso democrático para os operadores (magistratura) de resolução de conflitos? E, por fim, qual é a percepção de democracia para estes operadores?

A história da administração judiciária brasileira é contemporânea do descobrimento o Brasil. Tal fato demonstra que a nossa justiça já vem sendo pensada e vem evoluindo com o passar do tempo e isto tudo deriva dos fatos sociais. Esta teoria é explicada pelo trinômio Fato, Valor e Norma, que dispõe que o fato social é valorado em seu tempo e disto resulta uma modificação na norma que então regerá a sociedade. Esta teoria é defendida por Miguel Reale e conhecida como a trimensionalidade do direito.

(11)

5

o

ideal seria que todos os litígios pudessem ser resolvidos entre as

partes sem a intervenção do Estado. porém nem sempre isto é possívei. Para que o judiciário quando acionado possa prestar bons serviços aos jurisdicionados, deve obedecer às quatro funções administrajvas: planejamento. execução, controle e coordenação. Para podermos entender a administração judiciária, precisamos saber qual a sua atividade final e intermediária.

A atividade judicante final vem a ser o julgamento de causas ou conflitos entre seus jurisdicionados. Para que um processo chegue ao ponto do julgamento é necessário a observância de preceitos processuais que necessitam de outros atores além dos magistrados, quais sejam as partes litigantes, os serventuários e os auxiliares da justiça.

A atividade judicante intermediária se faz presente em todos os outros atos que não sejam o julgamento, por exemplo: os despachos de mero expediente, as audiências. as propostas de melhoria administrativa, de infom1atização. Também se exige da magistratura a elaboração de projetos de lei visando a sua organização e administração orçamentária nos termos da Constituição Federal.

o

foco desta pesquisa será a Administração Judiciária, levando em

(12)

não adianta alargannos um dos vénices e simplesmente abandonannos os demais pois isto só mudará o ponto de estrangulamento, nada ajudando para a resolução de um problema de Administração Judiciária.

Esta relação triangular é assim exemplificada:

Pólo ativo

Pólo passivo

Eis que surge então o problema a ser pesquisado: quais os pontos de estrangulamento e fluidez na implantação das novas Varas Federais de Execução Fiscal? Que medidas devem ser implementadas para mitigar os pontos de estrangulamento e maximizar os de fluidez?

1.2 - Objetivos:

1.2.1 - Objetivo final:

o

objetivo final deste estudo é levantar qUaiS os pontos de

(13)

Fiscal e que medidas de\'em ser implementadas para mitigar os pontos ue estrangulamento e maximizar os de fluidez,

1.2.2 - Objetivos intermediários:

Para alcançar o objetivo final, objetivos intermediários foram traçados:

1. Como os magistrados vêem a criação destas Varas Especializadas e quais as dificuldades por eles enfrentadas?

2. Como os procuradores da Fazenda Pública (Fazenda Nacional, INSS e outros órgãos reguladores) vêem a criação destas novas Varas Especializadas?

3. Como o autor vê a criação destas novas Varas Especializadas?

1.3 - Delimitação do estudo:

(14)

Muito dificilmente um projeto conseguirá englobar todos os aspectos e facetas inerentes a análise de detenninado tema. Uma das dificuldades a serem enfrentadas foi a luta contra palavras que levam à redundância e ao esvaziamento, pois o tema é vasto e com muitos pontos a serem explanados.

Só serão analisados os aspectos administrativos após a implantação das VFEF, não será levada em conta a questão do custo de implantação ou qualquer outra questão de fase anterior à implantação das Varas especializadas.

o

período da análise será de abril de 1999 a dezembro de 2000,

período de implantação e adaptação das VFEF ao cotidiano.

Serào abordados fatores relativos à mudança organizacional oriunda da implantação das novas VFEF, focando a questão dos pontos de estrangulamento e fluidez desta implantação e as medidas que devem ser adotadas para mitigar os pontos de estrangulamento e maximizar os de fluidez.

1.4 - Relevância do estudo:

(15)

Por ser aSSIm. os administradores estão cada'. 2Z maIS sujeitos a

variáveis imprevIsIveis. Tal fato faz com que verdades sejam questionadas e certezas destruídas. Um modelo já não encontra lugar em nossa sociedade, pois as mudanças são constantes e as decisões, cada vez mais, devem ser tomadas rapidamente.

(16)

10

FiguraI - Totais de execuções Fiscais em curso nas VFEF.

Totais de Processos por Vara por Mês

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14000

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- 01 VFEF - 02VFEF 03 VFEF - 04VFEF - 05VFEF - 06VFEF - 07VFEF Õ

I- 2000 +--- -- ---~ - 08VFEF

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Meses

Fonte: Sistema informatizado da Justiça Federal de Primeira Instância. Figura 2 - Distribuição de Execuções Fiscais Novas

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"l:J 111

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Processos novos por Vara por

Mês

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1000 - 01 VFEF

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600 03 VFEF

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Meses

(17)

PROCESSOS SUSPENSOS POR VARA POR MÊS

1000 - - 1 VFEF

500 - - 2VFEF

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3 VFEF

O

ê§ · 500 - - 4VFEF

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z -1000 - - 5VFEF

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- - 6VFEF

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. 2000 - - 7 VFEF

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MESES

Fonte: Sistema informatizado da Justiça Federal de Primeira instância.

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TOTAL DE PROCESSOS SUSPENSOS 1999/2000

.9000 ·8000 .1000 ·0000 ·5000 .4000 ·3000 ·2000 .1 000

QUANTIDADE

Fonte: Sistema informatizado da Justiça Federal de Primeira Instância

11

FIGURA 2-A

FIGURA 2-8

(18)

12

o maior número de suspensões é a Vara que tem o menor número de processos

em trâmite.

Uns magistrados determinam a suspensão do processo por entender

que aquele processo não está tendo andamento, então não deve aparecer como

processo ativo. Outros magistrados entendem que não devem suspender por que

na verdade o processo nào acabou e que por isso continuam fazendo parte do

acervo da Vara e deve ter seu andamento promovido até que seja extinto.

Nesta diferença de entendimento encontra amparo a flagrante

diferença no número de processos de cada Vara. Isto faz com que não possamos

ter estes números como balizadores de eficiência, uma vez que os parâmetros não

são equânimes, visto que a regra não é única para todas as unidades e assim a

interpretação difere na anál ise dos dados de cada Vara.

Como podemos ver a situação é bastante preocupante, pois temos

um número reduzido de funcionários para um quantitativo elevado de processos e

derivam deste fato a morosidade no andamento processual e a dificuldade no

atendimento às partes em"olvidas.

Surge então um problema administrativo: como mitigar este ponto

de estrangulamento? Como coordenar as funções administrativas de controle para

(19)

13

uma triagem e seleção em todos os processos. de execução para que o andamento processual seja efeti\'o e de coordenação para fazer com que a Segunda VFEF com seus recursos disponíveis consiga atingir um ritmo de trabalho que possa diminuir paulatinamente o número de processos em trâmite?

Considera-se relevante a reformulação dos atuais mecanIsmos de gestão judiciária federal com o propósito de fortalecer o poder decisório e de atendimento às funções de garantia da paz, da segurança e do devido processo legal, de modo que ela possa desempenhar sua função de guardiã dos direitos sociais de forma maximizada.

Um estudo que dê tratamento especial à questão da administração judiciária federal, certamente, contribuirá para o delineamento de diretrizes para

desempenhos futuros. Eis aí a relevância do estudo.

(20)

14

A proposta que se encerra neste capítulo é a apresentação do

referencial teórico, com base na bibliografia consultada, mostrando uma

perspectiva sobre uma visão da justiça frente as teorias administrativas, sua

inserção no Estado, e, finalizando considerações acerca do histórico, da

realidade da Justiça Federal e a missão organizacional das Varas Especializadas

em Execução Fiscal.

2.1 - A Justiça Federal e as Teorias Administrativas.

Faz-se mister elucidar o fato de que cada Vara Federal - VF,

independentemente de sua especialização, é uma unidade administrativa

soberana. Isto é, cada magistrado administra a serventia do juízo de acordo com

sua orientação específica. Cada \'F obedece a um número certo de funções de

direção e supervisão que são determinadas por lei federal.

Hoje, a agenda de mudança organizacional na Justiça Federal

pode ser resumida como uma tentativa de passar de um pensamento na

corporação como um todo para unidades administrativas. Entretanto trocar um

(21)

15

iniciativas equivocadas) por outro conjunto de problemas (subotimização. territorialismos) não constitui progresso. Em muitos casos, o antídoto para as disfunções burocráticas e centralização desnecessária pode ser tão tóxico quanto o veneno que está se tentando combater.

Se existisse uma competitividade entre as justiças talvez fosse salutar, mas este é um caso paradoxal, pois se melhora por um lado piora por outro, porque não é cabível que se tenha duas justiças onde se possa escolher qual a melhor para cada caso, hipótese esta que teria grande chance de alimentar uma parcialidade judicial.

Uma forma de melhora do setor seria a criação de um mecanismo de fomento a competitividade saudável entre as Varas Federais, pois esta

é

a única forma de comparação possível.

Falta precipuamente, e isto será objeto da pesquisa de campo, uma noção de direção por parte do corpo funcional da meta objetivada pela direção do foro, talvez até mesmo por não existir tal meta.

(22)

16

rcsponsabilidade para com a melhora da instituiçào. Talvez o que falte sCJa liderança e nào gerencia.

o

desafio da transfonnação organizacional enfrentada,

atualmente, pelo Poder Judiciário como um todo é, em muitos casos, resultado direto de sua incapacidade de reinventar seus setores e regenerar as estratégias específicas de seu negócio há mais de uma década.

Recorrendo a Michael Jucius, temos o seguinte conceito de estrutura organizacional: "o arcabouço de responsabilidades e comunicações de indivíduos em cada Unidade Organizacional, da tarefa mais simples à divisão mais importante, suas funções e a relação de cada parte para com as demais e para com a organização toda.'"

Este conceito é importante para podennos entender onde estas VFEF se encaixam e como a política norteadora ditada pelo Tribunal Regional Federal influi no andamento das VFEF.

Relatos acerca da administração podem ser obtidas desde os tempos bíblicos.

I JUCIUS, Michel 1. e SCHLENDER, Willian E .. Introdução à Administração. São Paulo: Editora

(23)

17

A organizacão judiciária federal é baseada no modelo Taylorista,

esta afirmação será confirmada no momento da pesquisa.

Atualmente. as organizações conVIvem em um ambiente

turbulento devido às constantes mudanças a que o mundo está sujeito. Essa

situação de relativa instabilidade é inerente tanto às organizações privadas

quanto às públicas.

Podemos comprovar tais mudanças quando notamos que "poucas

empresas que começaram a década de 80 como líderes do setor terminaram a

década com sua posição de liderança intacta e inalterada.,,2

"O mercado aparece como o principal fator de adaptação estrutural, mais do que a própria legislação do governo com respeito a leis

anti trustes, taxas e legislação trabalhista e previdenciária.,,3

Vivemos, então, uma época de mudanças SOCIaIS, na qual o

mercado é fonte axiológica.

Nas sociedades capitalistas modernas, a propriedade de bens e a

possibilidade de usá-los no mercado são uns dos determinantes essenciais da

posição das pessoas.

2 Hamel, Gary. Competindo pelo futuro. Tradução de Outras Palavras, RJ. Ed. Campus. 1995. Página 6.

(24)

IX

Como conseqüência vemos o trabalho surgir como um valor em si

mesmo, operários, gerentes e capitalistas passam a viver em função de sua

atividade financeIra. Sentem-se realizados por trabalharem exaustivamente,

pois qualquer atividade não laborativa é considerado ócio e ócio representa

prejuízo, pois além de não se ganhar pelas horas de folga, ainda gasta-se

(25)

1\1

2.1.1 - Base Epistemológica

"As primeiras formulações de critérios de cientificidade almejam

alcançar duplo objetivo. Por um lado, visam a especificar que características

específicas básicas devem portar os enunciados que ambicionam apresentar-se

como fatualmente significantes. Por outro, intentam promover - a partir do

lugar teórico proclamado científico - o desmascaramento dos discursos que se

arrogam o direito de ser cognições,,4.

No campo de estudo da administração, que é vista como uma

ciência social aplicada, temos a teoria das organizações e nela temos o enfoque

funcionalista, que na relação sujeito-objeto privilegia o objeto em detrimento

do sujeito e tendo ainda a organização uma finalidade específica, inclusi\"e

sujeito e objeto.

De acordo com esta abordagem funcionalista, a organização e

vista em termos de comportamentos inter-relacionados. Há uma tendência

muito grande a entàtizar mais os papéis que as pessoas desempenham do que as

próprias pessoas, entendendo-se papel como um conjunto de atividades

associadas a um ponto específico do espaço organizacional, a que se pode

chamar cargo.

4 Oliva, Alberto. (Org.) Epistemologia: a cientificidade em questão. São Paulo, Papirus, 1990.

(26)

2U

"Uma organização

é

um grupo humano, composto por

especialistas que trabalham em conjunto em uma tarefa comum. São

instituições com fins especiais. Ao contrário da sociedade, da comunidade ou

da família - os agregados sociais tradicionais - uma organização não é

concebida e baseada na natureza psicológica dos seres humanos, nem em suas

necessidades biológicas. Contudo, embora seja uma criação humana, ela é feita

para durar - talvez não para sempre, mas por um período de tempo

'd ' 1,,5 conSl erave .

Uma organização é sempre especializada. Ela é definida por sua

tarefa. Não existe o caso de um Tribunal querer cuidar de doentes, nem de um

Hospital julgar conflitos. O termo organização é recente, pois só depois de

1950 começa figurar nos dicionários a palavra e a partir daí começa a ser

difundida e entendida.

A função das organizações é tomar produtivo os conhecimentos.

As organizações tomaram-se fundamentais para a sociedade em todos os países

desenvolvidos, devido

à

passagem de conhecimento para conhecimentos, ou seja uma abertura do saber e especialização por área de conhecimento.

Os conhecimentos por si mesmos são estéreis. Eles somente se

tomam produtivos se forem "soldados" em um só conhecimento unificado.

5 Drucker, Peter Ferdinand. A sociedade pós-capitalista. Editora Pioneira. 1993. São Paulo. Página 27.

BIBLIOTECA MARIO tiél~RiQUE SIMONSEN

(27)

21

Tomar isso possível é tarefa da organização, a razão para a sua existência, a sua

função.

Por todos estes fatos fica clara a importância de uma organização

ter seus objetivos bem definidos.

A idéia Tayloriana de uma única forma correta de se fazer

determinada tarefa não foi totalmente abandonada, pois acredita-se que o

executor de uma determinada tarefa precisa de uma certa liberdade, porém esta

liberdade está vinculada ao tipo de trabalho executado. Os especialistas de uma

seção de criação de uma revista têm mais liberdade que um de um

departamento burocrático.

Quando um advogado pretende dar entrada em um processo na

Justiça Federal ele primeiro protocola sua petição inicial no setor mencionado,

depois espera a distribuição de seu, então, processo para uma das Varas

Federais.

Bem, o atendimento a este advogado é feito por um técnico

judiciário que cumpre exatamente o que esta previsto nos manuais. Este técnico

recebe a petição, insere seus dados no computador, coloca uma capa e aguarda

(28)

22

Neste exemplo fica demonstrado a importância da finalidade bem

esclarecida de uma organização, pois para que o processo caminhe é necessário

que todos os departamentos se integrem harmoniosamente. O sujeito é uma

extensão do computador e é preterido em relação ao objeto da organização,

uma vez que um dado inserido errado pode acarretar meses de atraso

(29)

23

2.1.2 - Racionalidade Funcional e Racionalidade Substantiva

Segundo Guerreiro Ramos "distinguir entre racionalidade

funcional e racionalidade substancial constitui passo preliminar na pesquisa de

uma definição clara de ação administrativa,,6. Sem dúvida nenhuma é

importante sabermos distinguir qual a racionalidade que norteia as decisões e o

modus vivendi de uma organização. Não devemos nos impressionar com

discursos, mas sim sabermos entender qual a verdade daquela organização. Um

exemplo claro: Programa de treinamento. Pergunta-se este programa foi feito

por quem? Será este programa de treinamento ou de adestramento? Fica a

dúvida.

Fordismo, ou Fordismo Taylorismo, palavra advinda de uma

homenagem a Ford & Taylor, pai da racionalização produtiva. Pode ser comparado a uma filosofia, uma vez que transcende o eixo do tempo e o

aspecto meramente produtivo de uma linha de produção inserindo-se em todos

os níveis sociais, fazendo parte do cotidiano.

Analisando a Justiça Federal de pnmeIra instância e inserindo

nesta análise a lente da racionalidade funcional, vemos um exemplo típico, pois

enquadra-se perfeitamente em suas características.

(30)

Todo o trabalho é executado com a intenção de atender às necessidades dos usuários. é controlado e estimulado para que seJa superado a cada dia. Para este controle são geradas estatísticas as quais são atualizadas diariamente e a direção tanto do Foro de primeira instància quanto do Egrégio Tribunal Regional Federal as utiliza para avaliação e "ranqueamento" das Varas federais. Esta estatística também serve para a corregedoria que consegue virtualmente acompanhar o andamento da tutela jurisdicional e para o povo, pois esta mesma estatística é publicada no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro mensalmente possibilitando assim um controle também por parte do povo.

Ainda elucidando II fato aCima, Guerreiro Ramos cita en! seu

livro Gabriel Marcel: "\;1edir. contar o tempo é próprio da linha de produção e acaba por transferir-se para esfera privada dos seres humanos, principalmente nas sociedades industrializadas. O tempo nào despendido com a produção. ou não controlado pelo mercado. é considerado perdido, nesse sentido a velocidade é estimulada. Para quê,?,,7 Como vimos no parágrafo anterior esta citação de Guerreiro Ramos é perfeita para a Justiça Federal.

Além disto, segundo "George A Lundberg sugere que se considere qualquer comportamento como sucessão de posições. decorrendo dessa premissa que o tempo é dimensão inseparável de todo processo. E define

(31)

o tempo. no domínio sociológico. como "continuum de experiências resultante de respostas sucessi\'as .... '. Com esta elucidação \'emos que cada sociedade tem sua marcha e seu tempo de assimilação e substituição. Logo. no nosso caso ainda temos diversas organizações administradas segundo um conceito fordista. com uma racionalidade funcional preponderante. colocando as ambições. anseios e vontades de seu corpo funcional em segundo plano.

Vislumbramos na referida instituição uma racionalidade funcional predominante, até mesmo pela natureza do trabalho executado, pois o serviço é regulado desde a sua origem e é cercado mecanismos de controle, não só internos como também externos.

Advém deste fato arei ficação (coisificação) do corpo funcional, que para conceituar recorremos a Lucien Goldmann. "Segundo este autor. o processo de reificação consiste na transformação das relações entre o trabalho necessário

à produção de um bem e este próprio bem, em qualidade objetiva de

objeto"'). Os funcionários sào substituídos por matrículas ou funções, sobre este assunto podemos destacar uma passagem também de Guerreiro Ramos que cita "Whyte que afirma existir um conflito crônico entre indivíduo e organização. constituindo dever do primeiro enfrentá-lo inteligentemente,,1iJ, também de Guerreiro Ramos fica um segundo significado que diz que "reificação é também o que ocorre quando um tipo de objetividade, válida no plano restrito

g Ibidem. Página 17.

(32)

da racionalidade funcional. assume a forma de objetividade el11 geral. identificando-se os seus critérios com o as reiações humanas e sociais"l j. O

trabalhador veste a camisa da empresa ou do produto esquecendo muitas \ezes de si mesmo.

o

conceito de auto alienação do trabalho, segundo Guerreiro

Ramos, "resulta de perniciosa articulação do indivíduo ao trabalho, na qual ele se sente estranho a si mcsmo,,12. \Iestas circunstâncias, a organização se conduz com restrita ou nula tolerância às cOl1\'icções e preferências do indivíduo. \io caso em estudo isto também é visto, uma vez que ao funcionário é destinada a missão de produzir como um apertado r de parafusos (alusão ao filme Tempos Modernos) que ao fim dc sua jornada de trabalho continua com seus atos vinculados ao trabalho.

Como \'11110S é realmente importante entendermos qual a

orientação da organização quanto a sua racionalidade, quais os reflexos desta escolha e como o corpo funcional age devido a esta escolha. Também devemos estar atentos a continuidade o tempo e a compreensão que a passagem de um estágio a outro é um rito, e como um rito precisa de tempo de assimilação e mais ainda devemos estar atentos ao ambiente da organização, onde ela se situa e qual a sua finalidade.

lU Ibidem. Página 40.

(33)

2.1.3 A Burocracia na Justiça Federal

Para um melhor entendimento da origem burocrática da justiça no Brasil observemos a passagem abaixo transcrita:

"... a organizaçâo judicial linha se tornado o

esquema estrutural do império. Essa organizaçâo,

racionalizada e sistematizada desde o século XIV,

oferecia à Coroa os meios burocráticos de controle,

e quase imperceptivelmente a magistratura real

fi

ora esten d' d " " 1 a as co omas. ,,13

o

trecho aCima mostra-nos que desde os primórdios da

colonização brasileira, a justiça teve um papel marcante. Claro que apesar de sua dimensão burocrática as disfunções estavam presentes, mas não vamos nos ater a estes fatos. Como herança da Coroa \'eio a burocracia direcionando a forma de administração. A ênfase dada a organização judicial tem como fundamento a necessidade de o povo ter uma justiça em que pudesse confiar.

"A1ax Weber, em seu trabalho sobre a

burocracia. descre\'eu as organizações burocráticas

de lima perspectiva dimensional. Isto é, enumerou

uma sene de atributos organizacionais que,

presentes, constituem a forma burocrática da

i3 Schwartz. Stuart B .. Burocracia e Sociedade no Brasil Colonial. 1979. São Paulo. Perspectiva.

(34)

orgú11l::.açao. Essas dimensôes cii\'Ísào do

trabalho. Illcrarqllla de ullloridade. . iOrlllUS

extensÍ\'as. separaçao entre adminÍstraç'úo l'

propriedade, salário e promoçao haseados lICl

competência técnica - têm servido como base para

delineaçôes suhsequentes da estrutura

l.. . . " 1-1

uurocrallca .

"Na espec(ficação do fenômeno hurocrático,

Weher foi mais descritivo do que prescritivo, isto é.

ele constatou o fato ocorrendo nas sociedades

d . I "I;

mo emas c procurou apenas rctrata- o. .

A melhor fonna de analisannos uma organização quanto a burocracia é ver o grau de burocratização da mesma, ou seja, analisar, ponderar, quanto esta organização se enquadra nas características apontadas por Weber.

Fazendo uma comparação entre a Justiça Federal e as características enumeradas por Max Weber vislumbraremos uma organização que se adequa com algumas disfunções a proposta weberiana,

(35)

Passemos então a analisar ponto ti ponto as características da

burocracia:

1. Divisão do trabalho:

O trabalho de qualquer uma das Varas das seções da justiça federal se assemelha a uma linha de produção com cargos e funções bem definidas con forme pode ser visto às páginas I 06 e 107.

2. Tarefas orientadas por normas escritas;

Todas as tarefas são determinadas pelos códigos de processo civil ou criminal e pelos regulamentos internos do tribunal, caso tenha alguma situação não prevista o caso

é

levado ao Juiz Titular da Vara para que ele determine o que deve ser feito; deste modo, a exceção será regulamentada.

3. Cargos estabelecidos de forma hierarquizada;

Podemos apreciar a hierarquização na justiça federal no anexo I, onde veremos uma organização verticalizada com níveis e escalões definidos.

4. Seleção de pessoal feita através dos sistemas de mérito;

A forma de ingresso na justiça federal é por meio de concurso público, logo o sistema é de mérito e é feito por provas escritas, orais ou práticas.

5. Separação entre propriedade e administração;

(36)

A justiça federal tem como proprietário toda a nação brasileira uma vez que :: um dos ramos do Poder Judiciário. lcm dotação orçamentária própria e é soberana em seus gastos.

6. Profissionallzação dos participantes;

Há uma seção de treinamento que se incumbe de aperfeiçoar os servidores e capacitá-los a assumir suas obrigações inerentes aos cargos assumidos e de assumir funções comissionadas. nas quais é exigido um maior conhecimento.

" a burocracia é uma condição que existe ao longo de um contínuo e não uma condição que esteja presente ou ausente.,,16

Como um ente presente no cotidiano. a burocracia apresenta-se em quase todas as organizações que conhecemos, seja ela do primeiro, segundo ou terceiro setor. Ela está presente no continuum do tempo. não existindo assim Uilla organização futurista por não ser burocratizada. o que existe é uma organização onde o cliente. ao invés de preencher formulários de papel, preenche telas de um programa de computador, mas que tem a mesma finalidade; os funcionários continuam hierarquizados. com tarefas bem determinadas e a administração cada vez mais especializada.

(37)

31

Desta fonna. podemos dizer que a burocracia atra\'essa o tempo. as organizações e conceitos passados. comemporàncos ou futuros. lievido a nào ser um modelo rígido e prático. mas sim um modelo teórico ideal. que muitas vezes é mal interpretado c rechaçado pela sociedade em geral.

(38)

2.1.4 - O Continuum compreendido entre o Fordismo e o Pós-Fordismo e a Justiça Federal.

A idéia de administrar as organizações. sejam elas de que tamanho ou finalidade forem. é antiga. Desde as remotas épocas vemos grandes obras que só foram realizadas por ter um aparato administrativo que suportava tais empreendimentos. Desta fase. podemos citar a construção das pirâmides do Egito, a muralha da China. as tribos indígenas c até mesmo as conquistas militares e os sistemas judiciários.

o

maIs famoso teórico da eficiência do trabalho e do

que se chamava "administração científica do trabalho" foi o nortc-americano Frcderick \\'. Taylor (1865-1915). Taylor criou um sistema de três passos pelo qual a produção dc um trabalhador podia ser medida "cientificamente": segundo ele, tal sistema proporcIonana um método precIso para a detenninação de cscalas salariais. Primeiro, cle observava, cronometrava e analisava os movimentos dos trabalhadores, a fim de dctenninar quanto tempo era necessário para uma determinada tarefa. Depois, calculava os custos desses movimentos. Por fim, elaborava "nonnas", que todos

b Ih d d · . ,,17 os tra a a ores evenam cumpnr.

17 Bums, Edward McNa11. História da Ci\ilização Ocidental. Editora Globo. 1986 Porto Alegre; Rio de

(39)

33

Percursores de Taylor foram Roben Owen ( 1771-1858) e Charles Babbage (1792-1871). "Owen concebia o papel do administrador como um papel de reforma. ( ... ) Argumentava. isto sim. que a melhora das condições dos empregados levaria. inevitavelmente a uma maior produção c a maiores

I ucros. "I ~ "Babbage passou muito tempo estudando maneiras de aumentar a

eficiência das fábricas. Convenceu-se de que a aplicação de princípios científicos aos processos de trabalho não só aumentaria a produtividade como também baixaria os custos. Babbage foi um dos primeiros defensores do princípio da divisão do trabalho.,,19

Fica, então, clara a idéia de como a administração já vinha sendo pensada e posta em prática anteriormente a Taylor, mas o primeiro a editar uma obra sobre o assunto foi Taylor em 1911, com The PrincipIes of Scientific Management, sendo assim o marco inicial da ciência administrativa.

Por isso, de todos os pensadores da administração, Taylor foi o eleito.

"Em que pesem as informações fragmentárias e referências esporádicas, que hajam contribuído para aculturar ou introduzir as idéias tayloristas no Brasil. a verdadeira "chegada" do taylorismo às

IX Stoner. James A. F .. Administração. Traduzido por José Ricardo Brandão Azevedo. R.J .. Prcnticc

Hall do Brasil. 1985. Página 24

19 Stoner, James A. F .. Administração. Traduzido por José Ricardo Brandão Azevedo. R.J .. Prentice

(40)

nossas "praias culturais" ocorreu em i 929. quando o então jovem pedagogo e psicólogo Manuel Bergstrom Lourenco Filho traduziu e a Companhia Melhoramentos de São Paulo publicou a obra de Léon Walther. Techno- Psychologie du Travaii Industriel.··2u, tendo assim

73 anos de inserção no cotidiano brasileiro.

A administração científica também tem lugar no serviço público municipaL estadual ou federal e em todos os poderes executivo, legislativo e judiciário.

"Seja como for, as conseqüências identificáveis das idéias de Taylor são numerosas e evidentes neste país: a centralização das compras de material de consumo (1931); a simplificação e padronizações dos papéis de correspondência (cartas. cartões, oficios, exposições de motivos, envelopes, etc.) usados nos órgãos civis do Governo Federal (1935); a padronização dos vencimentos dos servidores públicos (1936); a criação da Comissão de Eficiência nos Ministérios (1936); a criação da Divisão de Organização do DASP (1939) ... ,,21

Passaremos, então. a explicitar como as atividades da Justiça seguem as idéias taylorianas.

20 Silva, Benedicto. Taylor e Fayol. 5' Edição. Editora da Fundação Getulio Vargas. 1987. Página 52.

(41)

"Taylor estabeleceu métodos e sistemas de racionalização do trabalho como: a lei da fadiga: o incentl\'o monetário: a produção-padrão (tempos e movimentos): a supervisão cerrada e o aumento da produtividade. ,,22

o

tempo padrão de produção na Justiça é estipulado pelas leis.

código de ritos e passível de controle por todos. Em uma indústria "'A cronometragem é o método mais empregado na indústria para medir o trabalho.,,23 Notamos que para todas as tarefas executadas na justiça federal existem tempos padrões que devem ser cumpridos, pois o não cumprimento pode acarretar sanções. Neste caso não há a figura do supervisor funcional, mas há os usuários da justiça que fazem o mesmo papel, porém em número bem maior e com poderes semelhantes. Os tempos padrões são estipulados pelos códigos processuais e regimentos internos.

Quanto aos incentivos monetários, também há uma similaridade. Existem as funções comissionadas que proporcionam um incremento salarial substancial. Com vistas a obtenção destas funções comissionadas, os servidores esforçam-se para serem os "homens de primeira e1asse", aqueles que se destacam em suas tarefas e merecem, por ISSO, o prêmio da função

comissionada. Cumpre ressaltar que estas comissões não são eternas. a qualquer tempo o JUlZ responsável pela Vara ou pela seção pode mudar os

22 Veras. Alcir. Elementos Básicos de Organização e Administração. RN Gráfica e Editora. 199 I.

(42)

servidores comissionados, com isso o esforço por se manter na função é continuado. Fica contudo um questIonamento: será a comissão um ll1centlvo, um reconhecimento ou uma escravidão'?

A unidade de comando também está presente. Todos os despachos, decisões, liminares e sentenças são proferidos pelo juiz federal da Vara, ou, no âmbito administrativo, pelo juiz federal diretor do foro. Aos diretores de Secretaria cabe a viabilização para que os despachos sejam cumpridos. O diretor coordena, com a ajuda dos supervisores, os expedientes diários.

A divisão do trabalho também está caracterizada, uma vez que o trabalho é semelhante a uma linha de produção, repetitivo, seqüencial e toma-se especializado e o toma-servidor na expectativa de tomar-toma-se o "homem de primeira classe" esforça-se por assimilar e repetir com a maior fidelidade possível o que lhe foi ensinado.

Existe um especialista em expedir ot1cios, mandados e outras correspondências, outro em expedir precatórios requisitórios, outro em alvarás e assim por diante, sendo que, dentro da estrutura, por muitas vezes só o supervisor é quem domina todas estas tarefas.

(43)

• ~ !

Assim notamos, além da di\'isão do trabalho na pseudo linha de produção. a presença do supervisor funcionaL que não é tão rude quanto os do modelo tayloriano. mas que domina todas as tarefas como aqueles: ele orienta. é um elo entre a direção e os demais funcionários e um substituto nas eventuais faltas do diretor.

Toda esta organização

é

feita para que seja atingida a maXlma produtividade, pois o volume de processos

é

significativo e

é

necessário que todos estejam empenhados para que os objetivos possam ser atingidos.

"O aXIOma de Taylor, pelo qual todo o trabalho manual, qualificado ou não, podia ser analisado e organizado pela aplicação do conhecimento, era um absurdo para seus contemporâneos. ,,24

Hoje, podemos dizer que nào eram só os contemporâneos de Taylor que nào o compreendiam. Vivemos num mundo onde a divisão persiste, mas agora com o nome de globalização: uns países fazem um tipo de trabalho, que passam para outros países que continuam a tarefa e assim por diante. O estímulo financeiro está presente e cada vez mais o trabalhador está necessitando de recursos financeiros e disposto a "correr a trás" seja qual for o sacrifício necessário. Portanto, dizer que Taylor é ultrapassado demonstra falta

(44)

de sensibilidade: esta é a hora de retletir e repensar em nossas certezas. pois. no pós-fordismo. tropeços e falta de sensibilidade não mais serão admitidos.

Dentro de um continuum que vaI do fordismo ao pós- fordismo continuamos nossa peregrinação.

Mary Parker F ollett (1868-1933), uma mulher com idéias avançadas para o seu tempo, por muitos inserida na "Teoria Transitiva que se preocupava em conservar a racionalidade do Enfoque Clássico. acrescentando-lhe

uma

pitada de humanismo através da psicologia do trabalho.,,25

Percursora da Teoria das Relações Humanas. pOIS conseguIu InserIr o elemento humano na administração, mostrou que o empregado é também importante para a produtividade, apesar de seu embasamento científico.

"Como membro da Taylor Society. Follett concorda\'a com o tàto de que a produção tinha de ser otimizada.( ... ) Salientava que "jamais podemos separar completamente o lado humano do mecânico ... "26 Esta foi uma das

participações de Follett na história da administração, mostra que a dissociação entre a força motriz do empregado e as suas expectativas pessoais é um passo a

25 Silva. Sebastião Orlando da. Estilos de administração. EDC- Ed. Didática e Científica. 1990. Rio de

Janeiro. Página 83.

26 Mary Parker Follett: profeta do gerenciamento I organizado por Pauline Graham; tradução Elianea

(45)

ser superado. o empregado não é uma máquina que liga e desliga. ele é um ser humano que tem vontades. ambições e problemas e portanto dc\'c ser lcvado em consideração.

"Os gerentes . .,deveriam dar aos trabalhadores uma chance oe desenvoh'er a capacidade ou o poder por si mesmos.n" "Considerando que poder usualmente significa poder-sobre, o poder de alguma pessoa ou grupo. é possível desenvolver a concepção de poder-com, um poder desenvolvido conjuntamente, um poder cooperativo, não coercitivo.,,28 "A autoridade deveria corresponder ao conhecimento e à experiência, a questão da obediência não depende da posição hierárquica."29

O argumento de Follett está baseado na reconstrução da fom1a de poder e autoridade, ela propõe o que hoje chamamos de empowerment. Ainda diz que o poder deveria derivar-se da situação em que o problema se encontre, isto é, para cada situação um líder e a autoridade deveria ser exercida por quem realmente conhece o assunto. na linguagem clássica pelo cspecialista na função.

Follett diz com o seu poder-com que uma cooperação entre chefes e chefiados é salutar, pois nem sempre quem detém o poder instituído é quem detém o conhecimento necessário para as tomadas de decisão por isso é necessário este intercâmbio. É necessário que exista uma via de comunicação, a

27 ibidem

(46)

-to

qual deve estar disponível para que seja evitado um desperdício, ou até mesmo um erro que poderia ser e\'itado se todos os membros estivessem abenos a novas formas de cooperaçào.

Na Justiça Federal de Primeira Instância isto é observado quando ocorrem situações administrati\as novas e geralmente quem orienta é o funcionário que lida com o assunto, assumindo inclusive todas as responsabilidades. Também cumpre ressaltar que o funcionário nào toma as providências sem antes comunicar ao juiz e ao diretor de secretaria. pois, embora seja o detentor do conhecimento técnico, a hierarquia se faz presente e

é de bom alvedrio respeitá-la.

Dentro do continuum passamos por outros pontos da reta e em cada ponto vislumbramos um tipo de "homem" característico de cada abordagem.

A teoria científica de Taylor é o lugar do "Homo Economicus". aquele incentivado por recursos financeiros e a busca pelo cargos de homem de primeira classe.

No movimento de relações humanas temos o "Homo Social", "um ser cujo comportamento nào pode ser reduzido a esquemas simples e

(47)

41

mecanicistas.,,3o Esta abordagem sugere a superação dos incentivos puramente econômicos e valoriza o grupo social.

Na escola estruturalista temos o "homem organizacional" que explica que a motivação do homem é dependente das várias organizações as quais pertence, podendo exercer diferentes papéis. "A flexibilidade toma-se mais do que uma necessidade em um tipo de vida onde tudo se transforma

·d ,,11

rapl amente ..

Na abordagem comportamentalista, um enfoque interdisciplinar, reúne pontos de outras ciências para explicar o funcionamento da organização, temos o "homem administrativo" que se comporta "racionalmente apenas com relação a um conjunto de dados característicos de determinada situação.,,32

Na abordagem sistêmica foi usada a interdisciplinaridade novamente. pOIS nesta abordagem acredita-se que muitos princípios e conclusões servem para as mais variadas ciências sob a ótica que todos os objetos podiam ser tratados como sistemas, fossem eles fisicos, biológicos ou psíquicos.

30 Motta, Fernando C. Prestes. Teoria Geral da Administração. São Paulo. Pioneira. 1996. Página 23.

l i Ibidem. Página 60.

(48)

"Lud\\ Ig Von Bertalanffy que concebeu o modelo do sistema aberto, entendido como complexo de elementos cm interação e em intercâmbio

, b' ,,1,

contmuo com o am lente ..

Por esta abordagem nào era possívcl a exístência de um departamento isolado. todos se interagem, pOIS participavam de um mesmo sistema organizacional e este sistema por sua vez interage com o meIo ambiente que está inserido, porque se isto não ocorre a organização não se alimenta e assim tende ao fim.

Na Justiça Federal de Primeira Instância este fato pode ser observado de uma forma bem clara, pois diariamente seus usuários buscam seus serviços

e

é um dever da organização atendê-los da melhor fonna possível. Também ocorre uma retroalimentação quando há dentro da própria Justiça um departamento alimenta o outro com infom1ações necessárias ao seu processo.

A visão contingencial privilegia a situação. Segundo ela "os resultados são diferentes porque as situações são diferentes.,,34 Este é o próprio espírito da equidade que norteia os juízes para suas decisões, eles devem analisar cada caso dando a devida importância não aplicando simplesmente uma regra geral. O juiz é um grande administrador de conflitos que utiliza a contingência como um de seus princípios.

(49)

"O trabalho dos administratadores é identificar Li técnica que, em detemlinada situação, em certas circunstâncias e em determinado momento, dá a melhor contribuição para a consecução dos objetivos da administração.,,35

Nesta visão nào há um tipo específico de "homem", o homem desta visão é a síntese de todos os já vistos, em cada situação aplica-se o homem que melhor se adeqüe ao objetivo a ser alcançado.

34 Stoner, James A. F .. Administração. Traduzido por José Ricardo Brandão Azevedo. R.J .. Prentice

Hall do Brasil, 1985. Página 37.

35 Stoner, James A. F.. Administração. Traduzido por José Ricardo Brandão Azevedo. R.J .. Prentice

(50)

2.1.5 - Qualidade e Abordagens Críticas na Justiça Federal

A importância da qualidade no Brasil não se questiona e isto traduz-se em um problema. Pressupõe-se que é só copiar o modelo japonês. ou o americano. ou o taiwanês que todos os problemas serão solucionados. Reside aí um grande perigo.

A onda de qualidade instala-se no Brasil por volta de 1990. Traz em seu bojo técnicas como Kaizen. Kan Ban, CCQ, JIT. CEP e TQM. também traz a necessidade das certificações pelas normas ISO e das premiações. O primeiro ponto focalizado foi o processo produtivo, depois descobriu-se na realidade, que existe um outro personagem nesta trama, surge então o cliente, que foi, então, priorizado e os esforços foram direcionados para ele.

Todas estas mudanças apontam na direção de uma reestruturação geral, vem a tona então a reen12:enharia. "Mais uma vez, utilizam-se cronômetros: Como fazer as coisas mais rápido. desperdiçando menos? A diferença entre este taylorismo do século XXI e o original é que hoje as empresas estão pedindo aos funcionários, e não aos "especialistas" que redesenhem os processos e os fluxos de trabalho,,36.

36 Hamel, Gary. Competindo para o futuro. Tradução de Outras Palavras. RJ. Ed. Campus. 1995.

(51)

Tola é a suposição que não há cuidados a serem tomados antes da implantação de um Plano de Gerenciamento da Qualidade, que é só pagar por um pacote de técnicas e elas por si só resolverão o problema. É necessário envolvimento pessoal. "As dicas aqui apresentadas têm como destinatário o dirigente máximo de uma organização em vias de implantar um Plano de Gerenciamento da Qualidade no Brasil. ( ... ) Vejamos quais são elas.,,37

1. Avalie a justificativa estratégica - A qualidade é uma variável estratégica das mais importantes, mas não devemos esquecer que ela integra, junto com outras, uma equação destinada a nortear a empresa nos seus negócios.

2. Examine as possibilidades de a direção da empresa envolverse no esforço -Não adianta ter um plano e não ter o envolvimento da alta direção, caso isso ocorra o plano esta fadado ao fracasso.

3. Descubra o momento certo para iniciar a implantação do plano - Tentar implantar um plano numa época de crise só acarretará gastos e o corpo funcional não terá condições de pensar em qualidade, em melhorias, pois estará preocupada com a manutenção do próprio emprego.

4. Comunique-se -

É importante que o plano seja anunciado e chegue a todos

os nÍ\'eis da organização, mas cuidado, use os meios de comunicação da empresa usualmente utiliza para transmitir as comunicações internas. Muito destaque pode gerar desconfiança.

(52)

Estas são algumas dicas que Júlio Lobos em sua obra citada nos alerta.

Apesar de todas estas modificações temos os fundamentos taylorianos aplicados. o tempo de execução é minimizado quando utilizada a técnica do just in rime. temos uma redução dos estoques usando o master requirement product - MRP, os insumos para produção atingem melhor nível

de qualidade também motivados pela "onda da qualidade". A conduta dos dirigentes é transfonnada de controladora para educadora.

Com estas diferenças de concepção na execução, com o uso de equipamentos especializados ocorre uma verdadeira mudança organizacional.

Na Justiça Federal de Primeira Instância o conceito de qualidade não é disseminado.

o

serviço prestado pela Justiça Federal. qual seja a tutela

(53)

..+7

Cumpre ressaltar que para cada cliente seu problema é o maIs importante e não há alternativa para ele. pois o serviço da prestação jurisdicional é monopólio do Estado. e se o Estado entende que deve manter

assim. então. deve fazê-lo de forma satisfatória.

"Essas mudanças não aconteceram da noite para o dia. Diversas forças externas, cada uma delas relacionando as perdas de rentabilidade e de participação no mercado com má qualidade, prepararam o terreno.(. .. ) Para muitos gerentes norte-americanos, porém, o despertar mais duro foi provocado pelas sérias incursões dos fabricantes japoneses devido à sua qualidade e confiabilidade superiores,,38

A extensão dessas mudanças ilustram um fenômeno que já estava ocorrendo, a globalização, que pode ser entendida como uma articulação nacional e internacional de mercados. Esta globalização ainda estava embrionária, estava dando seus primeiros sopros de vida.

Começa, então, a surgIr a necessidade de flexibilização organizacional, pois o mercado toma-se altamente competitivo.

Uma nova revolução industrial se estabelece, a revolução científica. Seguindo os preceitos da primeira na qual "a produção industrial

JX Garvin, David A .. Gerenciando a qualidade. Tradução de João Ferreira Bezerra de Souza. RJ. Ed.

(54)

apOla-se antes nas Icis da mecanlca do que em qualquer dcstrcza pessoal particular. condicionando o homem. cficazmente. ~l concorciar com suas cxigências operacionais.,·]lJ Agora quem norteia são as inovações tccnológicas baseadas na microelctrônica, tendo como carro chefe o computador pessoal. que em uma mesma máquina reúne a função de uma série de outras máquinas. A mudança tecnológica é implantada na estrutura organizacional onde encontra estruturas culturais que determinam pontos delimitadores c formas para implantação da mudança, pois com esta mudança o fluxo de informação tende a aumentar e a qualificação profissional exigida também aumenta.

Com todos estes avanços o homem passa a ter uma consciência do scu espaço. ocorrc, então. a valorização da cidadania que é produto da consciência dos indivíduos bascada na norma da lci e no princípio da igualdade. O homem conscientiza-se que ele tem uma dimensão maior que a máquina e que seus scmelhantcs gozam de igualdade. O Papa João XXIII em sua encíclica "Paz na Tcrra" (1963) já apregoa esta igualdade.

Com sua ongem marcada por esses três pontos: revolução científica, globalização da cconomla e a valorização da cidadania, a flexibilidade organizacional definida como a "diferenciação integrada do processo de produção e organização do trabalho em função das demandas externas e internas à organização sob uma trajetória de inovação tecnológica

(55)

d· · f ,,40 . em con lções de Incerteza quanto ao uturo , passa a ser o novo estagIo evolutivo, dando OrIgem ao homem funcional que é um "especialista em generalidades", pois ele executa tarefas diferenciadas, faz a manutenção periódica de seu maquinário de trabalho, controla seu desempenho e ainda participa na solução de problemas e na melhoria da qualidade de produtos e serviços, exigindo assim uma maior qualificação do empregado.

Na Justiça Federal de Primeira Instância notamos a ocorrência dos fenômenos acima descritos quando vemos uma informatização do foro em geral, o que possibilita a qualquer funcionário que sua própria seção consiga acessar informações de outras seções, com isto começa a tomar conhecimento de outros direitos c passa a reivindicá-los e também começa a poder sugerir melhoras nos procedimentos administrativos do foro. Dentro das Vara Federais o trabalho fica facilitado, pois com o computador a localização dos processos e o controle dos andamentos tomam-se mais ágeis.

Passando para uma outra abordagem epistemológica, menos utilitarista, passaremos a discorrer sobre a Teoria Crítica da Sociedade, elaborada pela Escola de Frankfurt.

Será feita uma abordagem histórica desta Escola, pOIS compreendendo sua formação, o contexto em que foi inserida consegue-se

(56)

5U

vislumbrar sua pertinência. Vale dizer que qualquer outro tipo de ~bordagem.

mais prática desta Escola estaria indo de encontro com os ideais por ela defendidos.

No seu início a Escola de Frankfurt era composta por um grupo de filósofos e sociólogos contemporâneos.

"Marcuse é um deles e o fato de seu nome ter-se tomado improvisamente célebre, enquanto os outros ficaram na sombra, deve-se à circunstância de que Marcuse soube sintetizar melhor ( ... ) e expor com maior agressividade o pensamento de seus colegas."41

"Mas os fundamentos da Teoria Crítica da Sociedade não foram lançados por Marcuse, e sim por Max Horkheimer (1895-1973) e Theodor Adorno (1903-1969). Os dois trabalharam juntos, de tal forma que é impossível distinguir. no patrimônio ideal da Escola, a contribuição de um e de outro. Juntos fundaram em 1924 o "Instituto de Pesquisas Sociais" de Frankfurt, que, com a ascensão ao poder de Hitler, foi obrigado a transferir-se em 1933 para Genebra, depois para Paris e finalmente, em 1934, para Nova Iorque, onde também se refugiaram seus membros mais representativos, inclusive Marcuse, aí continuando em seu programa de pesquisas sociais. Em 1950, Adorno e Horkheimer voltam para a Alemanha, onde retomam seus trabalhos e publicações em Frankfurt, enquanto Marcuse preferiu ficar nos Estados

(57)

::\ I

LJnidos.,,42 Temos então uma breve introdução histórica do que foi o InICIO

desta corrente epistemológica.

A Teoria Crítica Frankfurteana ficou conhecida como escola por ser um centro de estudos, e reconhecido seus membros como marxistas ocidentais. devido a sua afinidade com o pensamento marxista. não devendo "ser confundida com a "Crítica da Cultura", que a partir de Spengler, se tornou cada vez mais insistente com Ortega y Gasset, ( ... ). Contrariamente a esta corrente, a Escola de Frankfurt não olha com saudade para o passado idealizado, mas se preocupa com a construção de um futuro melhor, e, embora critique a razão, está bem longe de querer suprimí-Ia ou diminuí-la. Ela não se identifica com nenhum regime político; embora não esconda sua simpatia para algumas teses do marxismo, se distância igualmente do capitalismo e do comunismo, ambos por ela criticados.,,43

"Seu grande mérito é o de ter tentado descobrir as raízes da crise da civilização atual.,,44Como seu enfoque era crítico a escola se restringia a fazer a análise dos problemas, não tinha interesse em propor nada, pois caso propusesse estaria sendo prescritiva e funcionalista, indo assim de encontro com sua própria ideologia crítica ao positivismo e da racionalização da comunidade.

42 ibidem. Pago 192/193.

(58)

As idéias centrais da Escola segundo Nogare ( 1994) ~ào: a crítica do iluminismo ou da razão 1I1strumental. critica da ciência como técnica de manipulação, crítica da indústria cultural. Com essas idéias a Escola criticava a razão como mero instrumento auxiliar do aparato econômico que tudo abrange e domina, critica\Oa ainda a ciência iluminista que acreditava que o que não era calculável e utilitário não era válido, com isto manipulava a sociedade induzindo ao que acreditava ser certo e errado. Na crítica a indústria cultural (para Adorno era sinônimo de cultura de massa) era enfatizada a idéia que a cultura era manipulada e vendida como um bem comercial qualquer, Adorno preferia o termo indústria cultural por isso, ele entendia que cultura de massa seria um fenômeno em que a própria sociedade produziria a cultura e disseminaria por meios próprios, nào haveria o mercantilismo por trás.

Nesta concepção epistemológica a racionalidade funcional

é

duramente criticada e o mercado também é analisado como um fenômeno pernicioso a comunidade. Na visão crítica chega-se ao homem unidimensional que era dirigido pelo mercado e era reconhecido pelos produtos que consumia, sem qualquer espaço para a racionalidade subjetiva, esta é justamente a crítica feita pela Escolao

Uma grande contribuição crítica brasileira foi Guerreiro Ramos, um cientista social de grande repercussão nacional e internacional. Procura em

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Figura  10  1.~ . -.-.  ..  Utt.-.-. ..  1._.-.-. ..  _._  .......  _._.-.&#34;
Figura  11  7.000.000 .000  ' .000.000.000  5.000 .000.000  I/J  'i  a:  ~  4.000.000.000  ~  C)  3.000.00 0.000  j  z.ooo.ooo.ooo  1.000.000 .000

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