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Risco de crédito e "spread" num modelo de equilíbrio geral com mercados incompletos e possibilidade de inadimplência

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(1)

*

FUNDAÇÃO

GETÚLIO

VARGAS

RISCO DE CREDITO E SPREAD' NUM MODELO DE

EQUILÍBRIO

GERAL

COM

MERCADOS

INCOMPLETOS

E POSSIBILIDADE

DE

INADIMPLÊNCIA

DISSERTAÇÃO

SUBMETIDA

À

CONGREGAÇÃO

DA

ESCOLA

DE

PÓS-GRADUAÇÃO

EM

ECONOMIA

(EPGE)

PARA

OBTENÇÃO

DO

GRAU

DE

MESTRE EM ECONOMIA

LUÍS

HENRIQUE

BERTOLINO

BRAIDO

RIO DE JANEIRO, RJ

(2)

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos os amigos e professores da EPGE cujas discussões

foram de extrema valia para minha formação como economista.

Em particular gostaria de lembrar dos professores Marcos de Barros Lisboa.

Afonso Arinos de Melo Franco Neto, João Victor Issler e Getúlio Borges da Silveira

pelos comentários e considerações de extrema valia na elaboração desta dissertação.

Agradeço ainda ao Prof. Aloísio Pessoa de Araújo pelo acompanhamento deste

trabalho e pelos inúmeros conselhos e elucidações dados no decorrer desta trajetória.

Por fim. uostaria de agradecer aos amiízos e familiares pelo incentivo moral, ao

Banco BBM pelo incentivo financeiro dado através de premiação e ao Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo financiamento

inteizral deste trabalho.

DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação a meus pais (lsaías e Denise) e a Mariana pelo apoio,

fundamental na decisão de realizar o mestrado na EPGE, e pela compreensão ao

(3)

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 02

CAPÍTULO

I:

EQUILÍBRIO GERAL COM MERCADOS INCOMPLETOS 03

CAPÍTULO II:

MODELOS

COM

INADIMPLÊNCIA

EM

EQUILÍBRIO

GERAL

14

CAPÍTULO III:

MODELOS COM INADIMPLÊNCIA EM FINANÇAS 22

CAPÍTULO

IV:

"SPREAD" e RISCO DE CRÉDITO: Um Exercício Empírico 31

CONCLUSÃO 43

(4)

INTRODUÇÃO

Na última década, um dos campos mais férteis em teoria econômica tem sido na

área de equilíbrio geral com mercados incompletos e suas aplicações em teoria de

finanças.

Em particular, muito tem sido pesquisado a respeito de economias que

incorporem a possibilidade dos agentes não receberem parte ou o todo de suas

aplicações em ativos, isto é. há uma tentativa nas pesquisas mais recentes em

equilibno geral de incorporar na decisão do agente o risco de inadimplência.

Paralelamente a isto, tem-se desenvolvido uma ampla gama de modelos em

teoria de finanças, com o objetivo de precificar ativos que tenham risco de

inadimplência.

Desta forma, objetiva-se nesta dissertação de mestrado:

primeiramente, elaborar uma revisão bibliográfica a respeito de toda

literatura na área de equilíbrio geral com mercados incompletos (condições de

existência e unicidade do equilíbrio, otimalidade de pareto);

o segundo capítulo, destinar-se-á a discutir modelos de equilíbrio geral que

incorporem a possibilidade de inadimplência, isto é. permitam que agentes não

honrem os ativos vendidos;

posteriormente, pretende-se estabelecer uma relação entre esta teoria e os

modelos de precificação de ativos sujeitos ao risco de inadimplência, amplamente

estudados em teoria de finanças;

por fim. apôs todo o corpo teórico estar completamente solidificado,

pretende-se desenvolver modelos para cômputo de risco de crédito e "spread" em

(5)

CAPITULO I

EQUILÍBRIO

GERAL

COM

MERCADOS

INCOMPLETOS

LI - Introdução

Entende-se

por uma economia clássica, como sendo uma representação do

mundo com o intuito de explicar a coordenação de mercados num

ambiente com um grande número de indivíduos agindo independentemente de

acordo com seu próprio interesse. A primeira formalização deste pensamento deu-se

com Walras (1874) que descreveu uma economia de mercado com bens de capital e

moeda. Uma contribuição no campo da ciência normativa, foi dada por Pareto

(1896-97, 1909) que introduziu o critério de eficiência de Pareto e as primeiras

versões do primeiro e segundo teoremas de bem estar.

A síntese mais elegante do pensamento econômico nos últimos duzentos anos

neste assunto, é conhecida como teoria de equilíbrio geral de

Arrow-Debreu-Mackenzie desenvolvida separadamente pelos três autores na década de 50. Para

tanto, utilizaram-se das contribuições de Wald (1936). Von Neumann (1937) e Nash

(1950).

A principal mensagem desta escola do pensamento econômico é que quando há

mercados e preços para todos os bens e serviços na economia, não existe

externalidades. nem bens públicos (bens de consumo não excludente). nem

assimetria de informação, nem poder de mercado, então, a alocação de recursos

determinada pelo mercado é eficiente. Se além disto, os bens forem substitutos

brutos, tal alocação é única.

Como a atividade econômica (produção, troca e consumo) ocorre ao longo do

tempo, existe um grau significativo de risco. Este caso foi descrito pelo modelo

(6)

unidade do equivalente de conta caso um particular estado ocorra). Neste caso. o

instrumental analítico de equilíbrio geral Walrasiano (sob certeza) é aplicável sem

readaptações.

Porém, muitos autores (Arrow 1970. Radner 1970) classificaram tais modelos

como irrealistas. Radner. demonstrou a equivalência (se e somente se) do equilíbrio

de uma economia Arrow-Debreu com o equilíbrio em uma economia em que

existiam S estados possíveis e S ativos não redundantes que pagavam em unidades

de um determinado bem e onde existiria mercado spot para cada bem no segundo

período, após realizar-se o estado da natureza.

Desenvolveu-se também, a partir de então, uma grande literatura a respeito de

equilíbrio geral com mercados incompletos. As primeiras formulações foram

desenvolvidas baseadas nas teorias de "portfólio" de Média-Variância. Na década

de 70, os modelos multiperiódicos em tempo discreto foram muito desenvolvidos,

tanto na linha de consumidor representativo (Rubinsteim 1976. Lucas 1978). quanto

na linha de mercados incompletos (Bewley 1982. Mankiw 1986).

Discutiremos, nas próximas páginas, o equilíbrio e suas propriedades no modelo

clássico de dois períodos e mercados incompletos.

1.2 - Existência de Equilíbrio com Mercados Incompletos

A existência de equilíbrio em economias com mercados incompletos nem sempre

é garantida. O primeiro exemplo de não existência é devido a Hart (1975). Em

Magi 11 e Shafer (1990) encontramos outro exemplo, quando existem dois agentes

dois bens e dois estados da natureza.

Nesta seção deste capítulo, discutiremos algumas condições suficientes para a

existência de equilíbrio geral numa economia com um numero finito de bens.

ativos, agentes, estados da natureza e com mercados incompletos. A demonstração

de tal equilíbrio é uma variante (pouca coisa mais complicada) da demonstração

tradicional do equilíbrio Arrow-Debreu.

(7)

com ativos financeiros. Aqui. optou-se (devido a uma maior generalidade) por

apresentar a demonstração de Geanakoplos e Polemarcakis (1986) para modelos

com um numerário real. uma vez que um equilíbrio com um bem real

desempenhando o papel de numerário na estrutura de retorno dos ativos é também

um equilíbrio de mercado financeiro. Uma distinção bem clara entre os dois casos e

encontrada em Geanakoplos e Mas-Colell (1985).

Descrição do Modelo:

O modelo aqui tratado consiste numa economia de dois períodos onde no

segundo período existem S estados da natureza possíveis. O agente maximiza seu

bem estar, escolhendo uma cesta entre os C+l bens desta economia (C bens de

consumo e um numerário real) para ser consumida no primeiro período e em cada

um dos S estados do segundo período (xeR," llíSh um vetor linha de dimensão

1,(C+1)(S+1)). Para tanto, pode usar suas dotações iniciais a cada estado da natureza

(e'(s)eR ), e pode montar uma carteira com os J ativos existentes (aeR1 um vetor

coluna

de

dimensão

J,1).

O preço

de

tais

ativos

é dado

pelo

vetor

linha

qeRJ

e seus

retornos dados pela matriz R de dimensão S+1 x J. onde cada coluna desta matriz

representa o retorno de um atuo no primeiro período e nos S estados do segundo

período, pagos em unidades do bem numerário (denominado de bem 0).

Desta forma os agentes compõem suas carteiras com o intuito de transferir

unidades do bem numerário para o segundo período e lá transacionarem no mercado

à vista de forma a auferirem a cesta desejada.

Em tal mercado à vista, vigora o nível de preços dado pelo vetor linha p(s) (uma

aplicação do espaço dos estados da natureza no R"""'. onde s=0,1...S e s=0

representa o primeiro período).

Hipóteses:

i) as preferências são completas, transitivas. contínuas, monótonas e convexas.

Conseqüentemente,

existe

uma

função

V':R.t('

' "s'''>R,

contínua,

monótona

e

quase còncava que as represente, (note que um caso particular, é quando V(\)

(8)

n)

A

matriz

de

retomo

dos

ativos

(R's

'')

tem

posto

pleno

igual

a J<S.

(mercados são incompletos).

in) e1 » 0.

iv) Quando os ativos são livres, há arbitragem. Ie. se q^O 3 aeR' tq R.a>0.

v) V é uma função monótona no bem numerário em todos os estados da

natureza.

Definição 1.1: Seja AcR" e o conjunto fechado Y<zRm, a correspondência

F:A»Y é dita hemi contínua superiormente se tiver gráfico fechado (ie. p/ toda

seqüência x,,»xeA e y,,»y com xneA e yneF(xn)eY Vn. tem-se yeY). e a

imagem de qualquer conjunto compacto for limitada (ie, V BcrA compacto, o

conjunto F(B) = {yeY; yeF(x) p/ algum xeBJ é limitado).

Lema 1.1: Definindo a correspondência de demanda individual truncada em K

por:

d'(q.p.K) = {(a'.x')eargmaxY'(x) sa q.a1 = 0 e p(s).[x'(s) - e'(s)] = p().r(s).a' Vs<S},

onde a' representa a quantidade de ativos, r(s) a s-ésima linha da matriz R.

peR'c"(Sr|)

e qeR1.

e Kç

R.íC

I|(S

" x R'

é um

retângulo

fechado

com

centro

na

origem. Tem-se que. sob as hipóteses i. iii e v. d'(q.p.K) é não vazia, compacta,

valorada num convexo. e hemi contínua superiormente.

Prova:

A continuidade de V'(x) e a compacidade das restrições garantem, por Weierstrass.

que d'(q,p,K) é não vazio.

A concavidade de V'(x) garante que d'(q,p,K) assuma valores num convexo.

Por fim resta provar que tal correspondência seja compacta e hemi continua

superiormente.

Suponha que não. Tome uma seqüência de (qn,p,,)>(q,p) e (a'n,x'n) >(a',x') onde

(aUV^dK.Pn.K) e (a',x')^d>(q,pK): ie, 3 (x^.a'*),^'1^") / q.a"=0 e p(s).[x"(s) -el(s)] =

(9)

Tome agora 0<t<1 suficientemente grande para que V(tx'*)>V(x'); por continuidade,

segue-se que para n suficientemente grande tem-se V(tx'*)>V(x'n) e tomando

aVargminí/a1* - a1/; q,,.a'=0} tem-se a'*n->a'* e pfsMtx^s) - e'(s)] - po.r(s).ta'*n < 0 Vs<S o

que implica (a'n , x'n )ed'(q,p,K) para n suficientemente grande, pois (ta'*n,tx'*)>- (a'n,x'n) e é

factível. Contradição}

q. c. d.

Como a soma finita de correspondências não vazias, compactas, valorada num

convexo e hemi contínua superiormente, é ainda uma correspondência com tais

propriedades, podemos definir a conespondência de demanda agregada tiuncada em

K como sendo d(q.p.K)= I, id'(q.p.K.) a qual continua sendo não vazia, compacta,

valorada num convexo e hemi contínua superiormente.

Para usarmos um argumento tradicional de ponto fixo. precisamos construir uma

conespondência que vai de um compacto convexo num compacto convexo.

Portanto, convém aqui provarmos estas propriedades para os espaços em que

definimos nossa conespondência de demanda agregada truncada.

d(q.p.K):QxAC(s nxK-^K.

(x.a)eK que é por definição um retângulo convexo e compacto.

peACls

n que

é o simplex

o qual

sabidamente

satisfaz

tais

propriedades,

onde

ACV]l=XsAceAc=

jp(s)

e R.lC

"/1..,,,

p.(s)

= 1}.

Portanto, resta-nos mostrar que o espaço dos preços dos ativos é compacto e

convexo. Para tanto utilizamo-nos da hipótese li e iv (curiosamente, precisamos de

uma hipótese de arbitragem para garantirmos um equilíbrio sem esta).

Definição 1.2: Diz-se que qeQ respeita a condição de não arbitragem se e

somente

se não

existe

aeR1

tal

que

q.a

< 0 e R.a

> 0.

Lema

1.2:

Sob

ii e iv,

o conjunto

Q - Jq

e R.1

/ q :- R\v.

ve

R.lS"j

e um

cone

fechado e convexo. Além disto, q e intQ se e somente se q respeita a condição de

não arbitragem.

Prova:

Q e por construção um cone finito. Todo cone finito é convexo e fechado.

(10)

=> primeiramente, queremos provar que se qeintQ então q satisfaz a condição de não

arbitragem. Tome qéintQ (sabemos que intQ^0, pois, para v>>0 q=R'v e intQ, uma vez

que R tem colunas linearmente independentes e, portanto, 3 5>0; qq q'eB(q,Ô) pode ser

gerado à partir das colunas de R). e. portanto, para £>0 suficientemente pequeno, tem-se

que (q - í.a) e intQ, o que implica R'v = q - ç.a para algum v>0. Suponha que q.a < 0, isto

implica que (vR).a=q.a - Ç.a.a < 0. Tomando v'=v+5 onde ò>0 e suficientemente pequeno,

tem-se v'>>0 e v'Ra < 0, o que implica a não ocorrência Ra>0 e, portanto, prova-se que

todo qeintQ satisfaz a condição de não arbitragem.

<= Agora temos que provar que para todo q que satisfaz a condição de não

arbitragem, tem-se que q e intQ. Para isto, provaremos que se q e intQ então q não

satisfaz a condição de não arbitragem.

Pela hipótese iv, temos que se q=0 3 aeRJ tq R.a > 0 e, portanto, pelo que foi acima

demonstrado, OgintQ.

Tome agora q#eRJ e q*eintQ Como Q é convexo, podemos, pelo teorema do

hiperplano de separação, podemos encontrar um hiperplano não trivial (a#^0) Ha#={qeRJ ;

q.a# = q#.a#}, tal que, para todo qeQ temos q.a* i q#.a#. Como OeQ. q#.a#<0<q.a# V qeQ.

Como a#=0 e R tem colunas linearmente independentes (hip. ii), temos que Ra#>0, e.

portanto, q# é um preço de arbitragem.

q. e. d.

Definição 1.3: Seja Ç={(^ ), ú eeRUlS ''; AeRj(S ''} uma economia competitiva,

diz-se

que

o vetor

(x*;a*;p*;q*)

sRcllS'"

x

R."

x

RC(S

" x

Rj

representa

um

equilíbrio competitivo com um numerário real se (x*.a*) soluciona o problema do

consumidor aos preços (p*.q*). [íe. (a*.x*)ed(q*,p*)]. e é factível [ie.

(x*.a*)=(e.O)].

Teorema 1.1: Sob as hipóteses i a iv. existe um equilíbrio competitivo com um

numerário real.

Prova:

Considere que o retângulo K contenha (0 , 2.L e1) e RJ+1 x R<c-1)<Sf1'.

Define-se a correspondência <|)K : Q x AC(sf1> x K > Q x ac<s"1' x K que vai de um

compacto convexo num compacto convexo, de tal forma que (|>K(q,p,a.c) = ((^ . <|>2 , <|>3 ).

onde (|),(q,p,a,z) = {q o; argmax q.a ; q^Q} ; <|>2(q,p.a,z) = {p-A^(S"1) / - s>--S+1.

(11)

Como Q e aC(s+1) são compactos e convexos, é trivial verificar que ^ e <\>2 são hemi

contínua superiormente, não vazia, compactas e valorada num convexo. Pelo lema 1.1

tem-se que <j)3 é também uma correspondência hemi contínua superiormente, não vazia,

compacta e valorada num convexo.

Pelo teorema do ponto fixo de Kakutani (Eilenberg-Montgomery, 1946), tem-se que 3

(q*, p*, a*, z*)e<j)K(q*,p*,a*,z*) tal que:

Proposição 1: Note que como (a*,x*)ed(q*,p*,K), tem-se q*.a*=0. e como q*e {q e

argmax q.a ; qeQ} , tem-se que não existe qsQ tal que q.a*>q*.a*. Portanto, R.a*£0, pois

se para algum s, r(s).a*>0, bastaria tomarmos q=q* + (0, 0, ... , 1, 0. ... , 0).R para que

q.a*>0, e como para algum À>0 À.q e Q, isto contradiria o fato de q*e {q e argmax q.a ;

qeQ}.

Proposição 2;Pela lei de Walras, p*(s).z*(s)<0 v s. Isto implica z*c(s) < 0 para todo s

e C. pois caso contrário existiria p(s)tAc tal que para algum s teríamos

p(s).z(s)>0>p*(s).z*(s), contradizendo o fato de p*e<|)2(q,p,a,z) = {peAC(S+1) / 7 seS+1.

p(s)eargmax p'(s).z}.

Proposição 3: Mas, se q*.a* = 0 e R.a* <: 0 então a* = X, a'* = 0. Se R.a* = 0 isto é

óbvio. Se R.a* < 0 então, como R tem colunas linearmente independentes, R.(-a*) > 0 e o

consumidor i estaria melhor demandando o portfólio a' = a'* + (-a*) [pois q*.a' =q*.a'* e R.a1

> R.a'*] o que contradiria a otimalidade de a'*.

Proposição 4: Além disto, se a* = X, a1* = 0, então p*(s).z*(s) = p*0(s).r(s).a* = 0 (lei de

Walras) e como z*(s) ^ 0 (prop. 2) temos que se p*c(s) > 0 então z*(s) = 0 V s.

Desta forma encontramos um ponto fixo em que (a'*,x'*) e d'(q,p.K) V i<l. e, portanto,

satisfaz a condição de maximização do agente, truncada no conjunto K; e satisfaz a

condição de factibilidade (z* = 0 . a* = 0).

Resta-nos então, provar que aumentando o tamanho do retângulo K, o ponto fixo que

caracteriza o equilíbrio, não muda, isto é. o equilíbrio de uma economia truncada é

também equilíbrio de uma economia não truncada.

Suponha que não. Isto é. (a'*.x'*)cd'(q.p:K) V i<l, mas (a'*,x'*)ed'(q,p) para algum i<l.

Neste caso existiria (a'',x'')>- (a'*.x'*) tal que q.a" = 0 e p(s).[x"(s) - e'(s)] < po.r(s).a" vs<S

e i<l}. Tomando (a'n,x'n)=(1-1/n).(al*,x1*) + (1/n). (a'',x'') e por convexidade das

preferências, teríamos (a''.x'')>- (a'n,x'n)>^ (a'*,x'*). Tomando n suficientemente grande,

obteríamos (a'n,x'n)c K uma vez que (a1*.x'*)fTÍntK. contradizendo assim o fato de

(12)

1.3 - Pareto Otimalidade Restrita

Como vimos, sob algumas hipóteses garante-se a existência de equilíbrio para

alguns tipos de modelos, perde-se, porém, neste caso, a propriedade notável de

otimalidade de Pareto. Na verdade, quando a estrutura de mercado é incompleta, é

muito fácil encontrar uma alocação pareto superior à de equilíbrio, uma vez que ao

consumidor só é permitir escolher entre cestas que estejam tio espaço de consumo

gerado pelos ativos e o critério de Pareto permite que a realocaçào esteja fora do

mesmo.

Portanto, o tal critério é muito exigente para economias com mercados

incompletos, e isto inscitou os economistas a procurarem um critério de eficiência

mais apropriado ao caso de mercados incompletos.

Grossman (1977) apresentou uma definição, conhecida como eficiência

fracamente restrita, que tenta expurgar estas possibilidades de realocações fora do

espaço de consumo gerado pelos ativos.

Definição 1.4: Seja ç=j(>-)li ; ee rU|SI) ; ;\eRl(Vl1 j uma economia

competitiva, diz-se que uma alocação ceCçzRU(S '' é fracamente eficiente no

sentido restrito para esta economia se:

a) I,(c's - e's) = 0. para todo seS

b) para todo seS, não existe cn, ç: Ru que seja factível (ie. I,(c'm - e'm)=0). e para

todo i<l tenhamos:

[(cV).-m, :c'm] > [(c's)seS] r íel ;

c)

Não

existem

transferências

de

bens

no

tempo

0. x<ie^Ru

com

S,x'o=0

e trocas

nos portfólios ae R" com I, a' = 0 tais que para todo í tenhamos:

[c'(, - x'o ; (c'< ~ A.a'),fi|i.S|] >- \c\, ; (cls),,|i.S|J

Com essa noção de eficiência, prova-se, para modelos de um bem (C-l) e dois

períodos, que todo equilíbrio de mercados incompletos é restritamente eficiente; e

que toda alocação restritamente eficiente é equilíbrio de mercados incompletos para

(13)

alguma redistribuiçào de dotações.

Um defeito deste critério é que ele não se reduz ao critério de Pareto quando os

mercados são completos. Outro, deve-se ao fato de que este resultado não se estende

para modelos com múltiplos bens.

Além disto, a busca de um critério de eficiência que nos garanta otimalidade para

economias com mercados incompletos é infrutífera, uma vez que já se conhece um

exemplo robusto (Hart 75) de uma economia em que e possível ordenar os

equilíbrios. Tal exemplo (abaixo apresentado) apresenta uma economia com dois

equilíbrios competitivos onde uma redução no número de ativos desta economia

gerava uma melhoria no sentido de Pareto.

1.3.A - EXEMPLO DE HART (75)

Tomemos uma economia em que I=C=S=2 e J=0, isto é uma economia sem ativos

com dois estados, dois agentes e dois bens. Tome ainda que a utilidade dos dois agentes

seja dada por: kuii,(cUi ,c\1: ) - ,-r,,», (cr. ,<;,,,)

Seja p,p'eR2 dois vetores de preços que equilibram cada um dos dois mercados à

vista. Como os mercados à vista são completos, temos pelo primeiro teorema do bem

estar que se V-,(p) > V-i(p') tem-se V2(p) > V2(p), para cada um dos dois mercados; onde

Vi() representa a utilidade indireta do agente i.

Uma vez que não existe possibilidade de transferência de riqueza entre os dois

estados, tem-se que na economia inicialmente descrita os vetores (p.p)eR4 e (p',p)eR4

são equilíbrio de Radner.

Define-se agora que o agente 1 preza mais o estado 1 relativamente ao estado 2 (ie,

l

7i]] >) e, portanto, preferirá o primeiro equilíbrio uma vez que

Kv)\(p) ~ rr^VAp' )> ,t,,/-',(//) ---,((/;). Analogamente, se o agente 2 preza mais o

l

estado 2 (ie, /t,, > ) este também preferirá o primeiro equilíbrio ao segundo. Portanto, o

equilíbrio 1 aos preços (p',p) pareto domina o equilíbrio (p.p').

(14)

caso em que um equilíbrio é Pareto dominado por outro onde o segundo está dentro

do "span" do primeiro.

Para entender o motivo pelo qual equilíbrio em mercados incompletos é

ineficiente, convém olhar com mais cuidado para a definição 1.4. A condição (c)

implica que só se possa escolher cestas que pertençam ao subespaço de consumo

gerado pelos ativos, a condição (b) impõe que para uma cesta ser ótimo fracamente

restrito, ela deve respeitar a condição de não haver incentivos aos agentes

transacionarem no mercado à vista no período 1. Assim tem-se os agentes

escolhendo poitfólios com o intuito de distribuir renda entre os estados, e uma

noção de eficiência que trata os ativos como instrumento de transferência de bens

para consumo. No caso de apenas um bem, não existe, obrigatoriamente, mercado à

vista e por isso, este caso escapa desta contradição.

O conceito de eficiência ideal para o caso de mercados incompletos vem sido

vastamente discutido desde então.

Tentando captar este efeito do mercado de ativos para o mercado à vista, Stiglitz

(1982) apresentou um conceito de eficiência restrita que foi posteriormente

estendido por Geanadoplos e Polemarchakis (1986). Tal conceito é em princípio

mais adequado para caracterizar eficiência restrita em mercados incompletos.

Definição

1.5:

ceC

é restritamente

eficiente

para

economia

(>:

;e1;aJ)i-[.,

i se:

a) I,(cs - es) = 0. para todo s<S.]

b) Não existe um portfolio a'eA nem um vetor de preços à vista p nem uma

cesta c'eC tal que c' >- c1 para todo i<l e ainda que (p. c'. a') seja um equilíbrio.

Tal conceito representa a possibilidade de uma alocação de equilíbrio ser

melhorada por um planejador que possa escolher cestas que estejam dentro do

(15)

Teorema 1.2: Uma economia com mercados incompletos e genericamente1

ineficiente no conceito restrito.

Prova: ver Geanakoplos e Polemarchakis 1986.

A intuição para tal fato é que uma realocação no poitíólio tem dois efeitos sobre

o agente: um direto advindo da transferência de renda entre os estados da natureza.

e um indireto sobre os preços relativos no mercado à vista de bens. Quando os

mercados são completos a realocação de renda causada pela mudança nos preços

relativos pode ser decomposta numa combinação de ativos que é implementável via

mercado. No caso de mercados incompletos, porém, tem-se que genericamente tal

alteração nos preços causa uma redistribuição na renda que não era diretamente

implementável.

(16)

CAPITULO II

MODELOS

COM

INADIMPLÊNCIA

EM

EQUILÍBRIO

GERAL

II. 1 - Introdução

Nos últimos dez anos, mercados incompletos vem sendo um dos mais ativos

campos em teoria de equilíbrio geral. Mais recentemente tem-se

desenvolvido modelos que levam em conta o risco de inadimplência. Em tais

modelos, procura-se incorporar a possibilidade do agente não honrar parte ou todos

seus compromissos oriundos de ativos vendidos. Obviamente, a possibilidade de

agentes não cumprindo todos os seus compromissos implica a possibilidade de

agentes não recebendo todos os seus créditos, e este risco deve ser incorporado em

sua decisão.

Uma modelagem intermediária às com e sem risco de inadimplência, é a que

admite que os ativos que possuem risco de inadimplência, tenham uma garantia

previamente determinada(modelos com colateral).

Este capítulo destina-se a uma apresentação sucinta dos principais modelos e

resultados já desenvolvidos nesta linha.

II.2 - Modelo com Possibilidade de Inadimplência e sem

colateral

Vários autores (Zeme. Dubey, Geanakoplos, Diamond P.) estiveram preocupados

com o fenômeno da inadimplência e seus efeitos sobre o modelo de equilíbrio geral.

Vários modelos foram desenvolvidos com o intuito de captar este fenômeno.

Nesta seção apresentaremos um modelo em dimensão infinita, onde o agente

(17)

toma a decisão intertemporal de sua cesta de consumo, sua carteira de ativos e sua

inadimplência em cada estado da natureza datado.

A existência de equilíbrio em uma economia com risco de inadimplência, um

contínuo de estados da natureza, vários bens e dois períodos de planejamento foi

demonstrada por Araújo, Monteiro e Páscoa (1994). Os mesmos autores

demonstraram (1996) a existência de equilíbrio no caso do horizonte infinito,

mercados incompletos, vários bens, um contínuo de estados da natureza e risco de

inadimplência. Este segundo caso foi o escolhido para ser apresentado nesta seção

devido seu maior grau de generalidade.

Neste modelo, define-se uma economia {>, ;(elts)i<i,te(o,=o),SeSí(As,j)ses,j<.ii^}- na

qual a decisão do agente é caracterizada pelo seguinte problema:

Max

I p,1 J UyC^cWs)

- .<;

t-0 s,

sa

pt.s.(C'ts-e'ts)

= Ij {yt.;,.i.pt..s.As.I.0Vi,i

- D',.s.jí

- I, 7rUsO.(9\0

- (j)',.,)

V seS,

f(.) representando uma penalidade para o caso de inadimplência, cuja

representação matemática é:

p = I, I, ís X\s

(pt.sAs.,(j)Vi,

- D'l.s._j)+

d).it(s)

onde x+ = max{x,0} ; I\I - sup, sups. St >-'is < x ;

U'(.)

é uma

função

mensurável

e uniformemente

limitada

(supt

sups.

s, U'ts(-)<x).

e' = {e'ts} representa a dotação inicial do agente i. é uma seqüência de funções de forma

que a cada período tem-se uma função que descreve a dotação do agente em cada estado da

natureza

Pe(0,1) é o termo intertemporal de desconto.

p,s é o preço à vista dos C bens (nos quais os ativos pagam),

As j. representa o vetor de retorno no Rc do j-ésimo ativo, que é uma variável aleatória

contínua associada à medida de lebesgue (,is,

9',.j representa a quantidade de ativos j comprados pelo i-ésimo agente no período t,

(|>Vj representa a quantidade de ativos j vendidos pelo agente i no período t,

ti, s j o preço do ativo j no período t no estado s,

(18)

D',,s,j valor pago pelo agente títulos vendidos em t-1, 0 < D't,s,j < Pt.s.ASJ.^ e

y,s| a fração recebida pelo agente do título "j" que comprou.

Observe que a decisão do agente consiste em maximizar uma utilidade esperada

inteitemporal sujeita a uma restrição que lhe pennite gastar com consumo e compra

de ativos a cada estado da natureza de um determinado período, o valor que obter

com a venda de sua dotação, venda de ativos e ainda a diferença entre o que recebe

e paga de ativos negociados no período anterior. Neste problema o agente escolhe

ainda a cada estado datado o quanto irá pagar dos ativos que vendeu (sofrendo uma

punição pelo montante não pago). O fato de cada agente poder não pagar parte dos

títulos que vendeu, leva a cada um poder receber apenas uma fração (yts) dos ativos

que comprou.

Assim o equilíbrio é caracterizado por um vetor {p, n, C, y, (9',(J)',D')í<i} tal que:

A)

p = Jp,j,

p,:S,

-»RC

e k =

{nt},

7tt-St

>RJ

representam

vetores

de

preços spots para os C bens e para os J ativos desta economia para todos os períodos

de

tempo;

onde

p,:St

-^Rc

e 7it:

S,

>RJ,

representam

aplicações

mensuráveis

e

uniformemente limitadas que associam a cada estado da natureza s e St um vetor de

preços

em

Rc

e em

RJ

respectivamente.

B) y represente a taxa de solvência do mercado. yt:St >[0. \].

C)

C

=

{Ct},

C,:S,

>RU

representa

uma

seqüência

de

aplicações

mensuráveis e uniformemente limitadas para cada período de tempo . que associam

a cada estado da natureza um vetor de alocações para os C bens e l indivíduos; e

(G,,(j)HD,)eRJxRJ.xRj.,

tal

que

}C',.(0,,(|)í,Dj)j

i}

solucione

o

problema

de

maximização de cada consumidor aos preços (p, k) e à taxa (y).

D) {C\. (0j,c|)i,Dj)i ij sejam factíveis, ie:

X,;(C'(, - e't.) ; (8, - (t),)í -" {0;0j. VI es.

(19)

Como conseqüência, tem-se que existe um equilíbrio nesta economia no qual o

nível ótimo de inadimplência é positivo.

Este resultado é bastante intuitivo e verossímil. Mas o que há de mais

entusiástico nesta classe de modelos, é que na presença de mercados incompletos a

possibilidade de inadimplência é Pareto superior a um mundo em que todos os

ativos tenham que ser honrados. A explicação para tal fenômeno encontra-se no fato

de que a incompleteza a dos mercados impõe um custo de se levar renda para alguns

estados da natureza, isto é. como os ativos não geram todo o espaço de consumo,

não se consegue levar renda para um determinado estado da natureza sem que para

isto tenha-se que levar para algum outro. Portanto, neste ambiente, a disciplina

imposta por Arrow-Debreu (de que para todo ativo vendido o agente tenha que levar

renda para os estados em que tenha que pagá-lo) gera perda de bem estar. Tome o

exemplo abaixo como uma ilustração:

Imagine que eu compre um bem à prazo (ou seja. que eu venda um ativo me

comprometendo com o pagamento no próximo período qualquer que seja o estado

da natureza). Em um mundo Arrow-Debreu eu teria que levar renda para o próximo

período em todos os estados da natureza, mesmo àqueles que eu pondere com

probabilidade muito baixa (caso ocorra uma catástrofe e eu perca meu emprego e

todos os meus bens duráveis). Num modelo com mercados incompletos isto é

bastante custoso pois para levar renda para este estado eu teria que levar também

para alguns outros estados que porventura não me interessassem e. portanto, eu

prefiro poder vir a ser inadimplente no próximo período mesmo sujeito a uma

punição (a punição esperada é pequena pois eu atribuo probabilidade baixa a tais

eventos) e mesmo levando em conta o fato de que os ativos que eu comprar também

(20)

II.3 - Modelo com Possibilidade de Inadimplência e com

colateral

Uma grande quantidade de transações financeiras nas economias modernas são

garantidas por alguma forma de colateral. Este tipo de mercado vem ganhando

considerável atenção na literatura de finanças.

A existência de ativos com colateral numa economia com risco de inadimplência e

seus efeitos sobre o equilíbrio geral vêm sendo investigada por muitos autores. Sob

hipóteses gerais, a existência de equilíbrio é garantida neste tipo de economia.

Nesta seção, apresentamos o trabalho de Geanakoplos, J. ; Zame, B. and Dubey P.

1995. o qual apresenta um modelo de dois períodos. C bens, S estados da natureza

no segundo período. J ativos e 1 agentes.

A, e R , representa os retornos do ativo j pagos em unidades dos C bens, no 2o

período;

e1 e RlS |C . é o vetor de dotações do indivíduo i nos C bens,

U':RSI.

>R

representa

uma

função

contínua,

côncava

e estritamente

monótona;

es' e RL. c tal que es' ^ 0 p;' todo íel e seS;

Z, esc' > 0 p/ todo seS e ceC.

A primeira peculiaridade deste modelo advém do fato que os ativos, que podem

vir a inadimplência, são garantidos por um colateral. Assim, para todo A, e Rs. 3

um L, e RL. que será transferido ao proprietário do ativo j em caso de tal ativo vir a

inadimplência. Observe que tanto o ativo quanto o colateral pagam em unidades dos

C bens.

A segunda é que alguns dos bens são duráveis, enquanto, outros são perecíveis.

Portanto, os agentes não consomem estes bens e sim seus serviços, de forma que. no

segundo período, o agente poderá consumir não apenas suas dotações no estado da

natureza que se realizar, mas também os serviços dos bens duráveis que ele trouxe

no

primeiro

período.

Define-se

assim

uma

matriz

diagonal

Y,eRuc.

representando

o quanto de cada bem sobra para ser consumido em s e S. após seus serviços terem

(21)

s. ,«=j} na qual os agentes resolvem o seguinte

sido consumidos. Assim, o elemento da diagonal referente a um determinado bem.

assume valor zero caso o bem for perecível (Yscc = 0). e valor no intervalo aberto

em zero e fechado em um no caso do bem ser durável (0< YSLC<1).

O colateral pode ser pago em bens duráveis do primeiro ou segundo período e em

bens perecíveis do segundo período. Designando os bens duráveis com um

apóstrofo tem-se que: L, = L',i + L'|2 + L|2

Admite-se que em caso de inadimplência o agente além de pagar o colateral,

tenha uma perda de utilidade (pena de inadimplência). Como de costume nesta

literatura, define-se uma perda de utilidade X'S] > 0 para cada unidade (medido no

equivalente geral) de inadimplência do ativo j no estado seS.

Desta forma. define-se como sendo urna economia

jeuíYs^es^Aj.Lj.À',!),^. ,s. ,«=j}

problema:

MílX

I,6s

( U^CKC^-I.ejÀVpsfjAso-DVj]'

} ^'s

sa

p^Cr-eO + I, 171,(6', -fj-p^f, }< 0

ps(CV

- es')

+ I, (D\,

-6'jX,)

± Vp^YVíCY

+ fjL,)!

V seS

D's, > (|)', min[psA,, ; \\YX}] VseSeVjeJ

onde:

x* = max{x,0},

u's representa a distribuição subjetiva de probabilidade do agente "i",

p = (p-i ; (Ps)ses) ^ Rc+ x Rcs- representa os preços no mercado a termo,

0'j eR.a quantidade de ativos j comprados pelo i-ésimo agente no período 1.

(|)'j e R. a quantidade de ativos j vendidos pelo agente "i" no período 1,

ti, o preço do ativo j no período 1.

D'SiJc R, o valor pago (em unidades do bem numerário), no período 2 pelo agente "i"

pelos títulos vendidos em 1,

A,, valor esperado a ser recebido (em unidades do bem numerário), no estado s por

cada unidade comprada do ativo j.

(22)

A primeira restrição lhe impede de gastar com consumo, compra de ativos e seus

colaterais no primeiro período, mais do que o valor de sua dotação e o valor dos

ativos que vende neste período. As "S" seguintes, referem-se ao segundo período.

Tais restrições permitem-lhe consumir, a cada estado da natureza, o valor de sua

dotação no mesmo, mais o valor dos bens e dos colaterais que sobraram do primeiro

período, e a diferença entre o que receber e o que pagar dos ativos do período

anterior. Por fim. a última restrição lhe impõe transferir no mínimo os colaterais em

caso de inadimplência.

Caracterização do Equilíbrio:

O equilíbrio da economia í = {(U' . e');eI ; (Ys)seS : (Aj,Lj,À.'Sj)jei.ses.je.ii é dado por

E =

{p.

7i, A. (C\

eVIÀDV,}

tal

que:

A) peRC(S " e 7teRj representam vetores de preços para os C bens nos

S+l Estados e para os J ativos desta economia

B)

CeRcllS'n

representa

um

vetor

de

alocações

para

os

C bens

para

cada

estado da natureza e todos os 1 indivíduos; tal que jC^G^^D,), 1} solucione o

problema de maximização de cada consumidor aos preços (p. n) e ao nível A.

C)

{CeRU(S

]), (ei,<j)i.Di)i

,) sejam

factíveis,

ie:

y íc p1 ^ - v íh'v 1 '

~i^ 1 - e ij - ,(p , Lj

VseS

I,(t)'

= 10

Avl

-

IíDVj/I.íI)1,

seli^O.e

A,j i min[p,Asl ; p.YsL,]

Dois interessantes resultados são conhecidos nesta literatura: o primeiro

(Geanakoplos et aliil995). é que o equilíbrio com colateral é Pareto Superior a

(23)

= J(U',e'),ei ; (Ys)ses ; (A:,À'si),ei.ses.ie.il onde U é dado endogenamente. o nível ótimo

de colateral escolhido pelos agentes não elimina a inadimplência.

Estes resultados são também bastante intuitivos. Uma vez que é sabido que a

possibilidade de vir a ser inadimplente em alguns estados desejados gera uma

melhoria de Pareto. é de se esperar que a possibilidade de evitar a inadimplência

para consigo em alguns estados através do uso de colaterais também gera o mesmo

efeito.

O fato é que como os agentes ponderam diferentemente suas preferências entre

os estados da natureza, a oportunidade de negociar a inadimplência em cada um

(24)

CAPITULO III

MODELOS

COM

INADIMPLÊNCIA

EM

FINANÇAS

III. 1 - Introdução

Paralelamente a toda essa teoria de mercados incompletos, tem-se

desenvolvido em teoria de finanças modelos de precificação de títulos com

risco de inadimplência. Há invariavelmente uma ligação bastante estreita entre esses

modelos e a teoria de mercados incompletos com possibilidade de inadimplência

descrita no capítulo II, e é basicamente isto que este capítulo pretende explorar. A

teoria de finanças a este respeito, trata, basicamente, o risco de inadimplência como

sendo um evento probabilístico envolvendo uma súbita perda no valor de mercado

de uma companhia.

Apresentamos inicialmente um modelo de precificação de ativos com risco de

inadimplência tradicionalmente apresentado na literatura de finanças (ver Duffíe

andSingleton 1996 (b)).

Primeiramente, assume-se que os ativos com vencimento em T sejam

precificados em t de acordo com o valor esperado descontado de seu retorno (X,

dependente do estado e do tempo).

T

P,T = Et{Xt.exp.[-f,Rt.ds]}

onde P,T representa o preço do ativo que paga em T a variável aleatória XT dependente

do estado da natureza; Et simboliza o operador esperança condicionado em t; e Rt é a

taxa de juros ajustada à probabilidade de inadimplência.

Assim Rt é a soma da taxa de juros sem risco com um prêmio pelo risco de

inadimplência (Rt= rt + ht.Lt), onde ht simboliza a probabilidade de inadimplência e

(25)

L, a perda causada por tal.

Observe que no cálculo da taxa de juros ajustada, não levou-se em conta fatores

que determinam o "spread" não relacionados à possibilidade de inadimplência.

Apesar de normalmente ser tratado como "spread" de crédito, apenas parte desta

sobretaxa é devida a questões creditícias, boa parte dela advém de fatores

institucionais e "mercadológicos".

Tais fatores, porém, podem ter seus efeitos parcialmente acomodados neste

modelo com a introdução de um processo estocástico â, que os represente. Neste

caso temos que a taxa de juros "default-and-liquidity ajusted" seria: Rt= rt+ht.Lt.+ £,

Note que no acima exposto, ht é descrito por um processo estocástico exógeno.

Na construção de um modelo para tal processo, teríamos vários fatores ligados a

ditribuição de probabilidade do agente vir a inadimplência, entre os quais

destacam-se:

Alavancagem: a relação entre endividamento e o valor líquido da firma afeta

a probabilidade de inadimplência (não a função distribuição, mas o valor que esta

assume). A razão disto é óbvia, quanto maior o endividamento, maior a

probabilidade do valor de mercado da firma ir a zero.

Volatilidade: A volatilidade dos ganhos afeta a variância do valor de

mercado da firma e, consequentemente, afeta a distribuição de probabilidade de

inadimplência.

Reputação do tomador de empréstimo: A história de solvência do agente é

sem dúvida um fator fundamental na determinação da distribuição condicional de

probabilidade deste evento.

Outro enfoque bastante utilizado nesta área do conhecimento para mensuração do

risco de crédito, é através da análise das séries estatísticas referentes ao valor de

mercado da firma (fluxo de caixa esperado descontado).

Um dos processos mais comumente usados para descrever retorno de ativos é o

modelo normal independente e identicamente distribuído (iid), onde os retornos são

(26)

considerados temporalmente independente e possivelmente correlacionados em

dados de Cross-Section. O teorema central do limite é o arcabouço teórico que serve

de esteio para tais modelos.

Dado que a variação logarítimica de um preço é exatamente a taxa de retorno,

faz-se o uso distribuição lognormal para descrever o processo estocástico de um

preço (em particular do valor de mercado da firma).

Um processo estocástico V tem distribuição lognormal se ln(V) tem distribuição

normal. Portanto, a função densidade de probabilidade de V é dada por:

1

.exp[-

r ('nv-//)2

1

2a~ v

E

a

função

geratriz

de

momentos:

E(Vm)

=

exp[m.ji

+

(m2a2/2)]

onde

Uma vez entendido qual o processo estocástico que descreve o comportamento

do valor acionário da firma, toma-se como medida de risco de inadimplência a

probabilidade de V cair abaixo do total de dívida da firma.

Estas metodologias de cálculo, comumente encontradas na literatura de finanças,

ignoram aspectos de equilíbrio geral fazendo uma análise baseada apenas na

situação contábil de cada firma isoladamente. Além disto, como tais cálculos

baseiam-se em dados que levam algum tempo para serem captados, obtém-se na

verdade uma medida da probalidade que a firma tinha de vir à falência no momento

da coleta dos dados.

A parte que se segue neste capítulo, visa propor uma metodologia de cálculo de

risco de crédito que não incorra nestes enos do equilíbrio parcial e que permita uma

análise mais atual da situação da firma.

(27)

III.2 - Risco de Crédito e o Preço de uma Ação

O que este capítulo pretende, é propor uma metodologia de cálculo do risco de

crédito de uma sociedade anônima baseado no valor da ação no mercado

secundário. Tal método estaria coerente com um raciocínio de equilíbrio geral, uma

vez que toda informação relevante sobre um ativo (no caso a S.A.), e portanto, o

que se refere a probabilidade desta vir a ser inadimplente, estaria implícita em seu

preço.

Conforme foi visto no capítulo II, a probabilidade de inadimplência de uma ativo

é intrinsicamente determinada no equilíbrio do mercado da economia. A partir de

tais condições de equilíbrio, obtém-se que as variáveis preço de um determinado

ativo (7Ttj) e a probabilidade de inadimplência deste (ytj.(s)) guardam intima relação.

A partir deste resultado, proporemos um modelo para calcular ytj. a partir da série

temporal de 7itJ. Tal modelo estaria condizente com o princípio de equilíbrio geral e

eliminaria o problema da defasagem temporal da coleta de dados uma vez que preço

de ativos tem cotação instantânea.

Antes de apresentar tal modelo, faremos uma análise das condições de equilíbrio

para verificar a referida relação entre % e y.

As condições de equilíbrio do modelo de equilíbrio geral com inadimplência e

sem colateral, são:

£i{yt.spt..sAs,j9Yi.j

- D't.s.j

} = 0 , Vt

e s, encontramos:

Da primeira igualdade do sistema de equilíbrio temos L + J equações a partir das

quais determinamos os preços dos L bens e dos J ativos.

Uma vez obtidos os preços desta economia, os substituímos nas aplicações de

demanda obtendo C'ts; 9i ; ^ e D'M.

Então, a partir da última equação do sistema de equilíbrio obtemos yts. Fica,

portanto, evidente a relação entre y e % uma vez que: yt.s = f(D'ts) e D't.s = g(Xj).

(28)

III.3 - Modelagem em Tempo Contínuo

Assim, como resultado do modelo de equilíbrio geral, vimos que o processo

estocástico do preço de uma ação está intimamente ligado ao processo estocástico

de uma variável que caracteriza probabilidade de inadimplência do ativo, ou vice

versa.

Desta forma, proporemos um modelo no qual objetiva-se obter a probabilidade

de inadimplência da firma a partir do preço de sua ação no mercado secundário.

Para tanto, admitiremos que o processo estocástico do preço da ação que caracterize

a a capacidade de pagamento da firma. De forma que o risco de inadimplência é

definido como a probabilidade do preço da ação assumir valores maiores ou igual a

zero.

Em tal modelagem o preço da ação de uma firma (A) segue um processo

estocástico contínuo. Observe que a firma paga ou não os ativos vendidos ao fim de

cada período de tempo (discreto), porém, pode vir a inadimplência dentro de um

intervalo contínuo. Este seria o conceito matematicamente e economicamente mais

completo de inadimplência.

Admitiremos que tal variável não observável assuma um processo estocástico do

tipo movimento Browniano (ver apêndice).

Assim, definindo nx (o preço da ação no mercado secundário) como a variável de

estado estocástica que caracteriza a capacidade de pagamento da firma, teremos:

A7i(t) = )Li.At + a.AX(t) onde AX(t) é um processo de Wiener,

ou ainda:

71 (t) = 7i(t-At)

+ ji.At

+ a.co(t)

onde

co(t)

~ N(0,

a2At)

Por fim, queremos calcular a probabilidade do tempo de primeira passagem do

processo 7r(t) estar num período de tempo no qual estamos interessados em estudar

o risco de crédito. Isto é qual a probabilidade de 7t(t) assumir valor inferior ou igual

(29)

a zero pelo menos uma vez entre ti e t2. Tal fórmula é encontrada no trabalho de

Ingersoll (1987 - pg353) e é dada por:

P{min(Y(t))<O,te(t,,t2)}

=N((-Y0-^.t,)/a.(t,)12)

+ío[N((-Yr)a.t1)/a.(t1)"2)

+

onde Yo é o valor corrente da variável de estado Y(t) que segue um movimento

browniano com média \i e desvio padrão a.

No caso específico em que ti = 0, tem-se:

P{mm(Y(t))<O,te(O,t2)}=N((-Y0-n.t2)/a.(t2)'2)+exp(-2|_iYo/a2).N((-Y0+^.t2)/a.(t2)"2)

(ver Claessens and Pennacchi, 1996 - pgl24)

Este exercício estatístico será o motivo do quarto capítulo desta dissertação.

Antes, porém, cabem ainda algumas considerações teóricas a respeito de desta

proposta de medir o risco de inadimplência.

III.4 - Default e o Teorema de Modigliani-Miller

Em um trabalho clássico. Franco Modigliani e Merton Miller mostraram que na

ausência de taxas e de custos de transação, o valor da firma não dependeria do grau

de alavancagem da mesma. Isto é, seria indiferente para uma firma financiar-se via

capital próprio ou via capital de terceiro. Joseph Stiglitz, em seu trabalho "A

Re-Examination of the Modigliani-Miller Theorem," em 1969, verificou a validade de

tal teorema sob condições mais genéricas.

Na verdade, duas conclusões distintas são devidas a tal teorema:

Na ausência de risco de inadimplência o valor de mercado de uma firma seria

igual independentemente da sua composição de capital.

Na ausência de risco de inadimplência o investidor preferirá medidas que

elevem o valor de mercado da firma.

(30)

Como corolário temos que um investidor seria indiferente entre os diferentes

tipos de financiamento para a firma.

David P. Baron, em dois trabalhos (1974 e 1976), verificou os efeitos do risco de

inadimplência sobre o teorema de M-M. Na verdade, em seu trabalho de 1974, ele

mostra, utilizando o conceito de dominância estocástica, que o valor de mercado de

duas firmas com mesma função distribuição de retornos brutos é independente da

estrutura de capital de cada uma delas. Isto é, mesmo na presença de inadimplência,

o valor de mercado de firmas na mesma classe de risco é o mesmo, independendo

do fato da firma financiar-se com capital próprio ou de terceiro.

Kare Hagen em um trabalho de 1976, faz uma observação ao trabalho de Baron

no que se refere a segunda versão do teorema de M-M. Em tal trabalho, apresenta

um exemplo em que na presença de risco de inadimplência o investidor não é

indiferente a composição do capital na firma.

O resultado apresentado nesta dissertação, atesta que a probabilidade de

inadimplência de uma firma com capital aberto, estaria expressa no processo

estocástico do preço de sua ação no mercado secundário. Se o valor acionário de

uma firma, na ausência de bolhas especulativas guarda intima relação com o valor

de mercado da mesma, e se este último independe do grau de alavancagem da firma;

é bastante esperado o resultado de que o probabilidade de inadimplência seja

independente do grau de alavancagem da firma. Apenas a primeira parte do teorema

de M-M na presença de risco de inadimplência nos é suficiente para tal afirmação.

Está é talvez a maior critica desta dissertação em relação aos modelos de finanças

que ao desconsiderar aspectos de equilíbrio geral, utilizam-se de dados de balanço

(como o grau de alavancagem) para o cômputo de medidas do risco de crédito.

Assim, feito a abordagem teórica que justifique o uso do valor da ação de uma

firma para cômputo do risco de inadimplência da mesma, dedicaremos o capítulo

seguinte a construção de um modelo estatístico para tal.

(31)

APÊNDICE

O QUE

É UM

MOVIMENTO

BROWNIANO

E PORQUE

USÁ-LO

Definição 3.1: Um processo estocástico é dito independente por incrementos

se a primeira diferença das variáveis aleatórias for independente.

le, X(tj) -X(t0), X(t2) -X(ti), ... , X(tn) -X(tn.,) for independente para todo n>0 e

0< t0 < ... < tp <qc

Definição 3.2: Um processo estocástico é dito independente por incrementos

estacionário se a distribuição da primeira diferença for independente, e além disto,

X(t) -X(s) depender apenas de t-s.

Definição 3.3: Um Movimento Browniano Padrão (ou Processo de Wiener) é

definido como um processo estocástico X, independente por incrementos

estacionário, e X(t)~N(0,t)

Definição 3.4: Um processo Y é dito um (p.,cr) Movimento Browniano se Y(t) =

Y(0) + \ú + üX(t) ; onde X é um processo de Wiener e Y(0) é independente de X.

Segue-se

imediatamente

da

definição

IV

que

Y(t+s)

- Y(t)

~ N(j.is

, a2s).

Uma visão infinitesimal de um movimento Browniano é que

dX(t)=l\xY\Y(t+h)-Y(t)pode ser visto como uma versão contínua de um ruído

branco. Neste sentido Y(t) pode ser entendido com um passeio aleatório contínuo.

Teorema 3.1 (Teorema de Wiener): Seja ç a a-álgebra de Borel definida em

C=C[0,co) e X o processo estocástico coordenado em C. Existe um única medida de

probabilidade P definida no espaço mensurável (C , ç) tal que o processo estocástico

X definido no espaço de medida (C , ç , P) seja um processo de Wiener.

Desta forma denominamos P como a medida de Wiener.

Lema de Itô: Seja Y(t) um movimento Browniano, e Z(t) = / (Y,t), onde Y(t) é

(32)

um

movimento

Browniano

de

média

|a e variância

a2

, tem-se

que

a o processo

estocástico Z é descrito por:

Teorema 3.2: Todo processo estocástico contínuo independente por

incrementos estacionário é um movimento Browniano.

Este teorema nos permite definir um movimento Browniano a partir da

continuidade e da estacionariedade por incrementos estacionários, sendo a

normalidade obtida como conseqüência. Portanto, este teorema dá grande

sustentação para o uso deste tipo de movimento para descrever o comportamento do

preço de um ativo.

(33)

CAPITULO IV

"SPREAD"

e RICO

DE

CRÉDITO:

Um

Exercício

Empírico

IV. 1 - Introdução

Escolher a técnica de estimação para a medida de risco de crédito foi sem dúvida

a tarefa mais difícil deste trabalho.

Os modelos binários do tipo logit/probit seriam a primeira resposta a quem

pretende estimar a probabilidade de ocorrência de um evento. Em um artigo.

Campbell e Dietrich (1983) utilizam-se de tal técnica para estudar a inadimplência

nos 'Tnsured Convencional Residential Mortgage Loans". Porém, tais modelos são

inadequados ao caso desta dissertação, uma vez que queremos calcular a

probabilidade de uma firma que possivelmente nunca foi inadimplente vir a ser. e

tais técnicas baseiam-se em amostras de ocorrência do evento.

Seguimos os passos de Claessens & Pennacchi (1996), definindo uma variável

estocástica não observável associada ao preço da ação para caracterizar o risco de

inadimplência, e utilizando a técnica do Filtro de Kalman Extendido para tal

còmputo. Os resultados foram bastante insatisfatórios.

Por fim. optamos (conforme já descrito no capítulo 111) por modelar o processo

estocástico que caracteriza o preço da ação e tomar como medida de risco de credito

a probabilidade da primeira passagem de tal processo estocástico pelo valor zero.

Uma opção a esta metodologia seria modelar o processo do preço dentro da

metodologia arima com correção garch . Tal exercício gerou resultados com baixo

poder explicativo (ver dois exemplos no Anexo 1). e além disto, representaria um

problema adicional neste exercício, uma vez que não se é conhecida a fórmula da

(34)

IV.2 - Modelo Analítico

Obteremos nesta seção, estimativas do seguinte modelo (já apresentado no

capítulo III) para algumas empresas brasileiras.

ti (t) = Ti(t-At)

+ jLi.At

~ a.co(t)

onde

co(t)

- N(0,

a2At).

Faremos a estimação aproximando este processo estocástico por:

ti, - 7Tt_i + jj. + st onde et - N(0. a")

Para fazer tal exercício, usaremos os preços trimestrais de fechamento das ações

na Bovespa. Uma vez obtidos estimadores para os valores de (|.i,a), usaremos como

medida de risco de crédito a probabilidade do preço da ação assumir valores

menores que zero. Tal probabilidade é dada pela expressão abaixo (conforme já

apresentado no capítulo 111):

P{min(7i(t))«).te(().t:)]=N((-7r,.-,u.t:)/a.(t;)i:)+c\p(-2(.i7T,i/cT:).N((-7r(1+n.t:)/c7.(t:)1')

Após realizado este exercício de mensuraçào do risco de crédito, utilizaremos

tais medidas para calcular "spread" em operações de crédito de seis meses de

duração. Para este segundo passo, seguiremos o modelo abaixo descrito.

IV.3

- O MÉTODO

ECONOMÉTRICO

DE

ESTIMAÇÃO

A teoria de finanças encontra vantagens em trabalhar com modelos teóricos em

tempo contínuo. Porém, tal tratamento nos trás um problema crucial na hora de

estimá-los uma vez que os dados são coletados sempre em intervalos discretos de

tempo. Na verdade, por mais freqüente que seja a coleta dos dados, e impossível

algo que se assemelhe ao tempo contínuo.

Utilizar de aproximações discretas de modelos em tempo contínuo para

(35)

1982). Tal prática na verdade, parte do princípio que para amostras infinitamente

grande esta aproximação não traria diferenças significativas e que. portanto, o

estimador encontrado por tal técnica seria consistente.

Isto. porém, só seria verdadeiro se mais dados significasse dados mais

freqüentes, o que em geral é falso. Por este motivo, este assunto ocupou a

preocupação de alguns pesquisadores nesta área nos últimos anos.

Em um artigo de 1995, Hansen e Scheinkman discutem condições suficientes

para um estimador para um modelo em tempo contínuo e baseado em dados

discretos ser consistente. Gallant e Tauchen (1995) propõem um estimador de

mínimo qui-quadrado para estimar um sistema estocástico de equações diferenciais

para retorno de ativos. Tal método, é um variante do método dos momentos

proposto por Duffie e Singleton (1993) e define como função momento a ser usada

na estimação, a esperança com relação á medida invariante do sistema.

Aít-Sahalia (1996) discute a perda da propriedade de consistência do estimador

de máxima verossimilhança, e propõe um procedimento não paramédico para

estimação de modelos estocásticos em tempo contínuo.

Em fim. esta dissertação, cujo interesse não é econométrico. vai seguir a vertente

mais comum em teoria de finanças e utilizar o modelo em tempo discreto como

sendo a discrição do processo estocástico dos preços das ações. Não sem antes.

entretanto, tomar o cuidado de apontar discussão acima mencionada.

IV.4

- MODELO

PARA

CÁLCULO

DE

"SPREAD"

Outra área fértil em teoria de finanças é a de cálculo de medidas de "spread" para

empréstimos sujeitos a risco de inadimplência. Tais desenvolvimentos visam

modelar qual o risco e qual o prêmio a ser cobrado por este risco num ambiente em

que há possibilidade do agente vir a tornar-se inadimplente.

A análise abaixo descrita, propõe-se a explorar tais fatos num ambiente onde as

instituições financeiras visam obter rendimentos no mercado com risco no mínimo

(36)

raciocínio é de que as firmas sejam não propensas ao risco. Tal fato é expresso na

seguinte equação:

onde E representa o operador esperança, r a taxa de juros livre de risco, s o spread cobrado

pela instituição, Do o valor da operação e T a duração da mesma.

Portanto:

(l-p).[(l+

r f s)T.D0]

+ p.L

> (1+

r)TD0

onde p = P{min(7r(t))<0,te(0,t:)} e L o colateral no caso de inadimplência.

Com uma ligeira manipulação algébrica, obtém-se a seguinte expressão para o

"spread":

s > [((hr)rD,,

- p.L)

/ (1-p)

D,,]1

' - (1-r)

Esta expressão será satisfeita com igualdade no caso da firma ser neutra ao risco

e com desigualdade estrita no caso de ser aversa.

IV.5

- MENSURAÇAO

EMPÍRICA

Conforme já descrito, usaremos neste exercício os preços trimestrais de

fechamento da ação de oito empresas escolhidas aleatoriamente na Bovespa. Tais

empresas são: Banespa. Bradesco, Banco do Brasil, Cesp, Eletrobrás. Petrobrás.

Pirelli e Telebrás. Em tal exercício, trataremos de empréstimos sem garantia (L=0).

de

uma

financeira

neutra

ao

risco.

Neste

caso temos;

s = [((1-

r)'

/(1-p)]1

' - (1 - r)

, de forma que ficamos livres de ter que especificar o valor da dívida (Do). Alem disto,

faremos os cálculos semestralmente (T=l) e usaremos r=10% ao semestre.

Por fim, é conveniente comentar que foram feitos os testes de raiz unitária para todas as

ações usadas, tendo sido aceita a hipótese nula em todos os casos (ver dois exemplos no

Anexo 1).

(37)

BANESPA

LS // Dcpcndcnt Vanable is BANESPA

Dale: 05/07/98 Time: 15:32

Sample(adjusted): 2 50

Included observations: 49 after adjusting endpoints

BANESPA = BANESPA(-l) + C(l)

Cocfficient

C(l) 0.001520

R-squared

Adjusted R-squarcd SE. ofregression

Suni squared resid

Lcm likelihood Std. Error 0.001038 0.794345 0.794345 0.007264 0.002533 172.2933 t-Statistic Prob. 1.465142 0.1494

Mean dependem var

S.D. dependem var

Akaike info criterion Schwarz criterion Durbin-Watson stat 0.005793 0.016018 -9.829440 -9.790831 2.164302

Este modelo tem bom poder explicativo (79.4%), e ao nível de signifícância de

5% aceita-se a hipótese nula de C( 1) = 0. Portanto, temos:

x=2

Zo = 0,075 f.i = 0,000 a= 0,016

(-Zo -í.d1)/(rr.(t1)A0,5) = -3,289

-Zo +(.it1)/(fT.(t1)A0,5) = -3,289

P{min zt<0, 0<t<x} = 0,10%

spread = 0,11% ao semestre

BRADESCO

LS // Dependent Vanable is BRADESCO

Date: 05/07/98 Time: 15:34

Sample(adjusted): 2 50

Included observations: 49 after adjusting endpoints

BRADESCO = BRADESCO(-l) + C(l)

Cocfficient Std. Error t-Statistic Prob.

C(l) 0.000204

R-squarcd

Adjuslcd R-squared SE. of regressiou

Sum squared resid

Lo" likelihood 9.29E-Or> 0.96962 3 0.969623 0.000650 2.O3E-O5 290.556 1

2 197379 0.0329

Mcan dependem var

S.D. dcpcndcnt var

Akaike info criterion Sclnvarz crilenon Durbin-Watson stat 0.002475 O.OO37.3O -14.65649 -14.61789 1.420683

Este modelo tem ótimo poder explicativo (97°-o). e ao nível de signifícância de

(38)

x=2

Zo = 0,010

yl= 0,000

n= 0,004

(-Zo-nt1)/(a.(t1)A0,5) = -1,973

;-Zo+(.Lt1)/(a,(t1)A0,5) =-1,818

P{min zt<0, 0<t<x} = 5,00%

spread = 5,79% ao semestre

BANCO DO BRASIL

LS // Dependent Variable is BRASIL

Date: 05/07/98 Time: 15:35

Sample(adjusted): 2 50

Includcd observations: 49 after adjusting endpoiiils

BRASIL = BRASIL(-l) + C(l)

Coefficicnt Std. Error t-Slalistic Prob.

C(l) 0.000244

R-squared

Adjusted R-squared

SE. ofrcgrcssion

Suni squarcd rcsid

Lou likclihood 0.00027^ 0.869542 0.869542 0.001924 O.OOO178 237.3876 0.887222 0.3794

Mean dependent var

S.D. dependent var

Akaikc info crilenon

Schwar/. criterion Durbin-Watson stal 0.003926 0.005327 -12.48635 -12.44774 1 521935

Este modelo tem bom poder explicativo (87%). e ao nível de signifícância de 5%

aceita-se a hipótese nula de C( 1) = 0. Portanto, temos:

T= 2

Zo = 0,012

j.l = 0,000 a = 0,004

(-Zo-nt1)/(a.(t1)A0,5) = -2,240

(-Zo+).it1)/(cT.(t1)A0.5) = -2,064

P{min zt<0, 0<t<x} = 2,59%

spread = 2,92% ao semestre

CESP

LS // Dependent Variable is CESP

Date: 05/07/98 Time: 15:38

Sample(adjusled): 2 50

(39)

Coefficient

C(l) 0.001081

R-squarcd

Adjusted R-squared

S.E. of regrcssion

Suni squared rcsid

Log likelihood Std. Error 0.000980 0.914041 0.914041 0.006860 0.002259 175.0952 t-Statistic Prob. 1.103446 0.2753

Mcan dependem var

S.D. dependem var

Akaikc inío critenon

Sclnvarz crilenon Durbin-Walson stat ().() 15903 0.023399 -9.943803 -9.905194 1.3S249O

Este modelo tem ótimo poder explicativo (91,4%). e ao nível de signifícància de

5% aceita-se a hipótese nula de C( 1) = 0. Portanto, temos:

Zo = 0,053

(.1 = 0,000

a= 0,023

(t1)A0,5) = -1,601

;-Zo+).it1)/(a.(t1)A0,5) = -1,601

P{min zt<0, 0<t<x} = 10,93%

spread = 13,50% ao semestre

ELETROBRAS

LS // Dependem Vanable is ELETROBRAS

Dale: 05/07/98 Time: 15:44

Samplc(adjustcd): 2 24

Includcd observations: 23 atter adjusting cndpoints

ELETROBRAS = ELETROBRAS(-l) + C(l)

Cocfficicnt Std. Error t-Statistic

C( 0.001782

R-squarcd

Adjusted R-squared

S.E. of regrcssion

Sum squared rcsid

Loa likelihood 0.001418 0.861669 0.861669 0.006801 0.001017 82 66255 1.256603 Prob. 0.2221

Mcan dependem var

S.D. dependent var

Akaikc info critenon

Sclnvarz enterion Durbm-Watson stat 0.025391 0.018285 -9.938968 -9.889599 1.423640

Este modelo tem bom poder explicatixo (86.2%). e ao nível de signifícància de

5% aceita-se a hipótese nula de C( 1) = 0. Portanto, temos:

T= 2

Zo = 0.041

n = o.ooo rr = 0,018

(-Zo-ut1)/(r7.(t1)A0.5) = -1,586

;-Zo+Mt1)/(fT.(t1)A0,5) = -1,586

P{min zt<0, 0<t<x} = 11,28%

(40)

PETROBRAS

LS // Dcpendent Vanable is PETROBRAS

Date: 05/07/98 Time: 15:43

Sample(adjustcd): 2 50

Includcd observations: 49 aíler adjusting cndpoinls

PETROBRAS = PETROBRAS(-l) + C(l)

Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.

C(l) 0.005571

R-squared

Adjusted R-squared

SE. of regression

Sum squared resid

Loa likelihood 0.003412 0.932157 0.932157 0.023883 0.027380 113.9711 1.632929 0.1090

Mean dcpendent var

S.D. dependem var

Akaike info criterion

Schwar/. criterion Durbin-Watson stat 0.056880 0.091695 -7 448941 -7.41033? 1.537038

Este modelo tem ótimo poder explicativo (93.2%), e ao nível de signifícância de

5% aceita-se a hipótese nula de C( 1) = 0. Portanto, temos:

T=2

Zo = 0,273

1!= 0,000

n= 0,092

(-Zo-(.it1)/(a.(t1)A0.5) = -2,105

(-Zo +).it1)/(a.(t1)A0,5) = -2,105

P{min zt<0, 0<t<x} = 3,53%

spread = 4,02% ao semestre

PIRELLI

LS // Dcpendent Vanablc is PIRELLI

Date: 05/07/98 Time: 15:4!

Sample(adjustcd): 2 40

Includcd observations: 39 aftcr adjusting cndpoints

PIRELLI = PIRELLI(-l) + C(l)

Cocllicient

C(l) 0.064103

R-squarcd

Adjusted R-squarcd

S.E. ot" regression

Sum squarcd resid

Lou likelihood Std. Error 0.062550 0.8?3f)5S 0.833058 0.390622 5.798255 -18.17151 t-Statistic Prob.

1.024828 0 3 119

Mean dependem var

S.D dependeu! var

Akaike info criterion

Schwar/. criterion Durbin-Watson slal 0.731400 0.956036 -1.854723 -1.812067 2.566909

Este modelo tem bom poder explicativo (83.3%). e ao nível de signillcància de

5% aceita-se a hipótese nula de C( 1) - 0. Portanto, temos:

(41)

Zo = 2,500 (.1 = 0,000 rr = 0,956

(-Zo-(.it1)/(a.(t1)A0,5) = -1,849

(-Zo+|.it1)/(c7.(t1)A0,5) = -1,849

P{min zt<0, 0<t<x} = 6,44%

spread = 7,58% ao semestre

TELEBRAS

LS // Dependem Variablc is TELEBRAS

Date: 05/07/98 Time: 15:24

Sample(adjusted): 2 37

Includcd observations: 36 after adjusting endpoinls

TELEBRAS = TELEBRAS(-l) + C(l)

Coefficient

C(l) 0.003667

R-squarcd

Adjusted R-squarcd

SE. of regression

Sum squared rcsid

Lotz likclihood Std. Error O.OO23O8 0.924671 0.924671 0.013850 0.006714 103.4857 t-Stalistic Prob. 1.588424 0.1212

Mean dcpendent var

S.D. dependem var

Akaikc info critenon

Sclnvar/. criterion Durbin-Watson stat 0.037946 0.050463 -8.531526 -8.487540 1.845212

Este modelo tem ótimo poder explicativo (92.5%). e ao nível de significância de

5° o aceita-se a hipótese nula de C( 1) = 0. Portanto, temos:

T=2

Zo = 0,132

I.i = 0,000 rr = 0.050

(-Zo-ut1)/(a.(t1)A0,5) = -1,850

(-Zo+ut1)/(a.(t1)A0,5) = -1,850

P{min zt<0, 0<t<t} = 6,44%

spread = 7,57% ao semestre

COMENTÁRIOS ECONOMETRICOS

Uma observação de extrema relevância, e a de que se observarmos a estatística

de Durbin Watson para boa parte dos estimadores, perceberemos a existência de

autocorrelaçào serial, o que implica na perda da propriedade de eficiência deste

estitnador. e pode implicar na inconsistência dos parâmetros estimados, se tal

autocorrelaçào for devida a um erro de especificação no modelo. A solução para

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