NOTAS Ε COMUNICAÇÕES
RECURSOS FRUTÍCOLAS NA VÁRZEA Ε NA TERRA FIRME EM ONZE COMUNIDADES RURAIS DO ALTO SOLIMÕES, AMAZONAS, BRASIL1
C h a r l e s R. C L E M E N T2
, H i r o s h i N O D A2
, S a n d r a d o N . N O D A3 , A y r t o n L . U r i z z i M A R T I N S4
, G l e i s s i m a r C a m p e l o d a SILVA5
ResumozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA - A região do Alto Solimões é muito rica em recursos genéticos agrícolas, especialmente frutícolas, mas estes recursos contribuem principalmente para a subsistência em lugar de ter um papel mais amplo no desenvolvimento regional. Um levantamento qualitativo preliminar das espécies frutícolas nativas e exóticas foi executado em 11 comunidades rurais (8 caboclas, 3 Ticunas) nos ecossistemas principais (várzea, terra firme). Observou-se 37 fruteiras nativas em 20 famílias e 10 fruteiras exóticas em 9 famílias; das nativas, 9 foram raras (observadas em 1 ou
2 comunidades) e 3 foram comuns (observadas em 10 ou 11 comunidades); das exóticas, 2 foram raras e as bananas foram encontradas em todas as comunidades, sendo a fruteira mais importante na subsistência e na comercialização. As comunidades com mais acesso imediato à
várzea e à terra firme tiveram mais espécies (22,5±6,6 nativas e 6,5±2,2 exóticas), que comunidades com acesso apenas à terra firme (19,0±2,2 nativas e 5,3±0,5 exóticas), que por sua vez tiveram mais espécies que comunidades com acesso apenas à várzea (5±2 nativas e 1,5±0,9 exóticas).
Palavras-chave - Amazônia, fruteiras, caboclos, Ameríndios, barrancos
Fruit Resources of Eleven Rural Communities in the Floodplains and on the Uplands of the Upper Solimões, Amazonas, Brazil
Abstract - The region known as the Upper Solimões is very rich in crop genetic resources, especially of fruits, but these resources contribute principally to subsistence rather than having a
more ample importance in regional development. A preliminary qualitative survey of native and
exotic fruit species was carried out in 11 rural communities (8 traditional peasant, 3 Ticuna Indian) in the principal local ecosystems (floodplain, upland). Thirty-seven native fruits, in 20 families, and 10 exotic fruits, in 9 families were observed; of the natives, 9 were rare (observed in 1 or 2 communities) and 3 were common (observed in 10 or 11 communities); of the exotics, 2
were rare and bananas were found in all communities, being important in both subsistence and
trade. Communities with immediate access to both the floodplain and the uplands had more species (22.5±6.6 natives and 6.5±2.2 exotics) than communities with access only to the uplands (19.0±2.2 natives and 5.3±0.5 exotics), which in turn had more species than communities with
access only to the floodplain (5±2 natives and 1.5±0.9 exotics).
Key-words - Amazonia, fruits, traditional populations, indigenous populations, bluffs
1
Apoio financeiro do Projeto de Pesquisa Institucional do INPA no 4.3360 "Coleta, preservação, caracterização e uso de germoplasma tropical" e do Programa Norte de Pós-graduação "Organização social de agricultores familiares no manejo, conservação e utilização de recursos naturais" (FINEP/CAPES/UA).
2
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA; Cx. Postal 478; 69011-970 Manaus, AM, Brasil
3
Universidade do Amazonas - UA; Faculdade de Ciências Agrárias; Av. Gal. Rodrigo Otávio Jordão Ramos, 3000; 69077-000 Manaus, AM, Brasil
4
Instituto Luterano de Ensino Superior de Manaus/ULBRA; Av. Solimões, nº 2; Conjunto Atíllio Andreazza - Japiim Π ; 69077-730 Manaus, AM, Brasil
5
A região do Alto Rio Solimões contém sete municípios no extremo oeste do Estado do Amazonas, Brasil, e localiza-se dentro do centro de diversidade genética de cultivos do noroeste amazônico e da região de diversidade genética do Solimões (Clement, 1989, 1999b). É uma das regiões amazônicas com maior número de espécies agrícolas nativas e maior diversidade genética destas espécies, e s p e c i a l m e n t e espécies frutícolas ( C l e m e n t , 1999a). Este e s t u d o o b j e t i v o u identificar as e s p é c i e s frutícolas presentes no Alto Solimões, os ecossistemas em que se encontram e as c o m u n i d a d e s r u r a i s q u e as possuem.
A informação colhida também se relaciona com a relativa facilidade de atender as necessidades básicas das populações humanas nos diferentes ecossistemas regionais, com reflexos sobre sua distribuição atual e passada. D e n e v a n ( 1 9 9 6 ) s u g e r i u q u e as p o p u l a ç õ e s i n d í g e n a s o c u p a r a m preferencialmente os barrancos altos ao longo dos principais rios da região, hipótese apoiada pela distribuição de terra preta do índio na Amazônia (Smith, 1995). A preferência para estes locais se devia a sua altura (para visibilidade, defesa, e despreocupação com as enchentes) e acesso imediato a múltiplos ecossistemas (terra firme m é d i a e b a r r a n c o s , várzea baixa, média e alta), com conseqüências claras para a subsistência (Denevan, 1996). Como corolário do acesso a múltiplos ecossistemas, o número de cultivos manejados deveria ser maior. Este estudo também examina esta
hipótese.
Entre 23 de fevereiro e 4 de m a r ç o de 1996 v i s i t o u - s e 11 comunidades rurais da região do Alto Rio Solimões, Amazonas, Brasil (Tab.
1). Em cada comunidade, realizou-se um l e v a n t a m e n t o q u a l i t a t i v o
preliminar das espécies frutícolas zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
sensu amplo p r e s e n t e s , com
entrevistas não-estruturadas com um ou dois informantes. No sensu amplo inclui-se qualquer espécie cujos frutos são usados, mesmo se não como fruta. O levantamento foi feito durante uma caminhada da beira do rio até uma das r o ç a s mais p e r t o das h a b i t a ç õ e s , passando pelo centro da comunidade (exceto no caso de Feijoal, que não tem r o ç a s p r ó x i m a s p o r ser u m a comunidade muito velha e grande). O tempo destas observações e entrevistas variou de duas a três horas; portanto, representam apenas uma amostra da diversidade específica atualmente e x i s t e n t e . N ã o foram feitas o b s e r v a ç õ e s q u a n t i t a t i v a s , c o m o recomendado por Alexiades (1996), porque o tempo não permitia. Todas as c o m u n i d a d e s t a m b é m t i v e r a m m a n d i o c a e m a c a x e i r a (Manihot
esculenta), p l a n t a s m e d i c i n a i s e
diversas hortaliças que não foram levantadas nesta ocasião.
O b s e r v o u - s e 37 e s p é c i e s frutícolas nativas, de 20 famílias (Tab. 2). Devido à metodologia adotada, este n ú m e r o c e r t a m e n t e s u b e s t i m a o número de espécies presentes. Mesmo assim, representa 4 5 % das 83 espécies frutícolas amazônicas e neotropicais provavelmente presentes na Amazônia em 1500 a.C. ( C l e m e n t , 1999a).
TabelazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 1. Descrição das comunidades rurais visitadas em 1996 no Alto Solimões, sua localização
(com município), seus ecossistemas, grupos étnicos e número de famílias. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
C o m u n i d a d e L o c a l "* E c o s s i s t e m a * G r u p o S o c i a l F a m í l i a s
1 . B o a V i s t a P a r a n á d e M a u á , I lha d o B o m
I n te n to , B C ν m & b
c a b o c l o ( ín d io
C o c a m a ? ) 1 0
2 . N o v o P a r a í s o i d e m ν m & b T i c u n a 1 2
3 . S ta
L ú c i a I lha d o A r a m a ç á , R i o S o l i m õ e s ,
T a b . ν a & m & b c a b o c l o 1 7
4 . G u a n a b a r a II R io S o l i m õ e s , f r e n t e I lha d o A r a m a ç á , B C
tf m & a
ν · m c a b o c l o 2 4
5 . C a p a c e t e R i o S o l i m õ e s , a b a i x o I lha d o A r a m a ç á , B C
tf m & a
ν m c a b o c l o 3 8
6 . N o v a A l i a n ç a R i o S o l i m õ e s , f r e n t e I lha d o
A r a r i a , B C tf a
c a b o c l o ( í n d i o
C o c a m a ? ) 2 0
7 . C i d a d e N o v a R io S o l i m õ e s , a b a i x o I lha d o
A r a r i a , B C tf a T i c u n a 3 1
8. F e i j o a l R io S o l i m õ e s , a b a i x o I lha d o A r a r i a , B C
tf m & a
ν · m T i c u n a 2 5 8
9 . T u p i 2 R e s s a c a d o T u p i , R i o S o l i m õ e s , S P O
tf m & a
ν m & b c a b o c l o 4 3
1 0 . T u p i 1 i d e m ν m & b c a b o c l o 1 3
1 1 . C o m . N o v a I g a r a p é C r a j a r i , B C tf m & a c a b o c l o 7
* Ecossistemas: várzea (v) alta (a) e/ou média (m) e/ou baixa (b); terra firma (tf) alta (a equivalente a barranco) e/ou média (m).
" BC Benjamin Constant, Tab Tabatinga, SPO São Paulo de Olivença
O b s e r v o u - s e a i n d a 10 e s p é c i e s frutícolas exóticas, de 9 famílias, que n ã o e s t a v a m p r e s e n t e s a n t e s de
1500 a.C.
Das 37 nativas, 9 podem ser consideradas raras, pois ocorreram em apenas uma ou duas comunidades; das 10 e x ó t i c a s , 2 foram r a r a s . Três espécies nativas, cueira, mamoeiro e cubiueiro, e uma exótica, bananeira (sem distinguir entre pacovão e banana de m e s a ) , foram m u i t o c o m u n s (freqüência > 0,8), pois são adaptadas tanto à várzea como à terra firme. Além de serem comuns, estas quatro espécies produzem durante a maior parte do ano, contribuindo de forma
significante à s u b s i s t ê n c i a d a s c o m u n i d a d e s . As b a n a n a s são os p r i n c i p a i s p r o d u t o s frutícolas de c o m e r c i a l i z a ç ã o , além de s e r e m importante na subsistência.
C o m u n i d a d e s c o m a c e s s o imediato à várzea e à terra firme tiveram mais espécies, tanto nativas como exóticas, que comunidades com acesso apenas à terra firme, que por sua vez tiveram mais espécies que comunidades com acesso apenas à várzea. As comunidades com ambos e c o s s i s t e m a s em ou a d j a c e n t e à comunidade tiveram 22,5±6,6 espécies frutícolas nativas e 6,5±2,2 espécies exóticas, enquanto que as com apenas
Tabela 2. Espécies frutícolaszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA sensu amplo observadas em 11 comunidades do Alto Solimões, Amazonas, Brasil, em 1996. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
E spé cie , F a mília 1 F rute ira s η a tiva s
C a juzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA (Anacarcfum occidentale, Ana ca rda ce a e ) T a pe ribá (SponcBasmombim , Ana ca rdia ce a e )
G ra v id a (Annona muricata , Anona ce a e ) Biribá (Rdliniamucosa, Anona ce a e )
C uia (Crescentiacujete, Bignonia ce a e ) χ U rucum (Bi xa orei Ia na. Bixaceae)
S a pota (Quararibea cordata, Bomba ca ce a e ) Aba ca xi (Ananas comosus, Brome lia ce a e )
M a mã o (Caricapapaya. C a rica ce a e ) χ M a rira na (Couepiasubcordata, C hrysoba la nce a e )
Parinari (Parinarimontaria, C hrysoba la nce a e ) Ba curiz inho (Rheecfa acuminata, Guttiferae) Ba curi coroa (Rheecfa sp.. G uttiíe ra e ) Mar\(Poraqueibasericea, Icacinaceae) Aba ca te (Persea americana, La ura ce a e)
C a sta nha do P a rá {E&tholletia excetsa, Le cythida ce a e ) Inga (Inga spp., Le gum inosa e M im osoide a e )
M apati (Pouroumacecropiifolia, M ora ce a e ) G ua bira ba (Campomanesialineatilolia, M yrtaceae) c fC a m u c a m u (Myrciaria s p , M yrta ce a e )
G oia ba (PsicSum guajava, M yrta ce a e ) T ucumà (Astrocaryum acuteata. Palmae) M uru muru (Astrocaryum murumuru, Palmae) P upunha (Bactrisgasipaes, Palmae) Aça í (Euterpe spp., P a lma e ) Buriti (Mauritiafíexuosa, Palmae)
C omunida de ( núm e ro c o n fo rm e n a T a b e l a 1)
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 F re q. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
X X X X X X X 0 ,6 4
X X 0 ,1 8
X X X X X X X X 0 ,7 3 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
• X X zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA- X X 0 ,3 6
X X X X X X X X 0,91
X X X X zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA- 0.36
X X X X X X 0.55
X X X X 0 ,3 6
X X X X X X X 0 ,8 2
X X X - 0 ,2 7
X 0 ,0 9
• • X 0 ,0 9
- X X X X 0 ,3 6
X X X X X X 0,55
- - X X X 0,27
X - 0 ,0 9
X X X X X X 0 ,5 5
X X X X X X 0 , 5 5
• X X 0 , 1 8
- X 0 ,0 9
X X X X X X 0 ,5 5
X X X - 0 ,2 7
X zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 0 , 0 9
3 0
CD zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o
c zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
- ι (Λ Ο
(Λ zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
TabelazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 2. Continuação
C om unida de ( núme ro conform e n a T a be l a 1)
E spé cie , F a mília 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Freq. F rute ira s η a tiva s ( cont. )
Ba ca bazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA (Oenocarpus bacaba, Palmae) zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAX 0 ,0 9 Ba ca binha (Oenocarpus mapora, Palmae) X X X X X X X 0,64
Purui (cf. Aliberiia edulis, R ubia ce a e ) X X zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA• X 0 ,2 7 Je nipa po (Genipaamericana, R ubia ce a e ) X X X X X X 0 ,5 5
M a ça ra nduba (Manilkarahuberi, S a pota ce a e ) X 0,09 Abiu (Pouteria câmilo, S a pota ce a e ) X • X X X X X 0 ,5 5 C ubiu (Solanum sessiliflorum, S ola na ce a e ) X X X X X X X X 0 . 8 2 M a ca mbo (Theobromabicolor, S te rculia ce a e ) zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA- X X X 0 ,2 7
C a ca o (Theobromacacao, S te rculia ce a e ) - X X X X X 0 ,4 5 C upua çu (Theobromagrandfíorum, S te rculia ce a e ) X X • X X X X X 0,64 C upuí (Theobromasubincanum, S terculiaceae) • X X X 0 , 2 7 Total e spé cie s na tiva s 3 7 3 20 13 2 2 17 30 27 7 18 F rute ira s e x ó t i c a s
M a nga (Mangifera indica, Ana ca rda ce a e ) X X X X • X 0 ,4 5 C a ja ra na (Spondiascythera , Ana ca rdia ce a e ) • X 0 ,0 9 F ruta pa o (Artocarpus altilis, M ora ce a e ) X X X X X 0 ,4 5 Ba na na (Musa spp., M usa ce a e ) X X X X X X X X X X 1,00 Ja mbo (Syzygium malaccense, M yrtaceae) X X X X X X X 0 ,6 4 C a ra mbola (Averrhoa carambda, O xa lida ce a e ) X X X 0 ,2 7 C oco (Cocos nucifera, Palmae) • X X X X X X 0 ,5 5 P ime nta re ino (Piper nigrum, P ipe ra ce a e ) - X 0 ,0 9 C a fé (Coflea sp., R u b a c e a e ) X - X X 0 .2 7
terra firme tiveram 19,0±2,2 e 5,3±0,5, respectivamente, e as com apenas várzea tiveram 5±2 e 1,5±0,9, respectivamente. O p e q u e n o número de espécies frutícolas na várzea é devido à falta de adaptação da maioria destas espécies a períodos de enchente, especialmente nas várzeas baixa e média tão comum nestas
comunidades. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
A priori, esperou-se que o grupo
étnico seria importante determinante do n ú m e r o de espécies frutícolas observado, porque os Ticuna tem uma longa historia na região. No entanto, isto não foi observado (Figura 1). A falta de importância do grupo étnico para explicar o número de fruteiras talvez seja devido ao intercâmbio de g e r m o p l a s m a e n t r e c o m u n i d a d e s
rurais, sem preconceito étnico. Este levantamento preliminar mostrou que o Alto Solimões possue um g r a n d e n ú m e r o de r e c u r s o s frutícolas que poderiam ser melhor aproveitados local e regionalmente, o f e r e c e n d o u m a a l t e r n a t i v a potencialmente importante para o d e s e n v o l v i m e n t o r e g i o n a l . A i n d a d e m o s t r o u q u e as p o p u l a ç õ e s tradicionais, tanto caboclas c o m o i n d í g e n a s , q u e l o c a l i z a m s u a s comunidades nos barrancos de terra f i r m e com a c e s s o p a r a o u t r o s ecossistemas possuem uma maior variedade de recursos de subsistência a m ã o , a p o i a n d o a h i p ó t e s e d e
Denevan (1996). zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
v/ c v/ T tf/ c tf/ T v&tf/ c V&tf/ T zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Figura 1. Número médio de espécies frutícolas sensu amplo nativas e exóticas manejadas por
11 comunidades rurais do Alto Solimões, Amazonas, Brasil, em termos de ecossistemas (v = várzea; tf = terra firme) e grupo étnico (c = caboclo; Τ = Ticuna).
Bibliografia citada zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Alexiades, M.N. (Ed.) 1996.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Selected
guide-lines for ethnobotanical research: a field manual. N e w York Botanical Garden,
New York. 306 p.
Clement, C.R. 1989. A center of crop genetic d i v e r s i t y in w e s t e r n A m a z o n i a .
Bioscience, 39:624-631.
Clement, C.R. 1997. Environmental impacts of, and biological and socio-economic limita-tions on new crop development in Brazil-ian Amazonia. In: Smartt, J.; Haq, N.N. (Eds.). Domestication, Production and
Utilization of New Crops: Practical Ap-proaches. I n t e r n a t i o n a l C e n t r e for
U n d e r u t i l i s e d C r o p s , U n i v e r s i t y of S o u t h a m p t o n , Southampton, England, UK. pp. 134-146.
Clement, C.R. 1999a. 1492 and the loss of Amazonian crop genetic resources. I. The relation between domestication and human population decline. Economic Botany, 53(2):188-202.
Clement, C.R. 1999b. 1492 and the loss of Amazonian crop genetic resources. II. Crop biogeography at contact. Economic
Botany, 53(2):203-216.
Denevan, W. M. 1996. A bluff model of river-ine settlement in prehistoric Amazonia.
Annals Association American Geogra-phers, 86(4):654_681.
Smith, N.J.H. 1995. Human-induced landscape changes in Amazonia and implications for development. In: Turner II, B. L.; Gomez Sal, Α. ; Gonzalez Bernáldez, F.; di Castri, F. (Eds.). Global land use change - A
perspective from the Columbian Encoun-ter. Consejo Superior de Investigaciones
Científicas, Madrid, pp. 221-251.
Aceito para publicação em 08/07/2001 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA