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Probióticos: informações atualizadas.

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www.jped.com.br

ARTIGO

DE

REVISÃO

Probiotics:

an

update

Yvan

Vandenplas

a,∗

,

Geert

Huys

b

e

Georges

Daube

c

aUZBrussel,DepartamentodePediatria,VrijeUniversiteitBrussel,Bruxelas,Bélgica

bLaboratóriodeMicrobiologiaeColec¸ãodeBactériasBCCM/LMG,FaculdadedeCiências,GhentUniversity,Gante,Bélgica cFaculdadedeMedicinaVeterinária,DepartamentodeCiênciadosAlimentos,UniversitédeLiège,Liège,Bélgica

Recebidoem14dejulhode2014;aceitoem6deagostode2014

KEYWORDS

Bifidobacteria; Gastro-intestinal microbiota;

Lactobacillus; Microbiome; Probiotic

Abstract

Objective: Triggeredbythegrowingknowledgeonthelinkbetweentheintestinalmicrobiome andhumanhealth,theinterestinprobioticsiseverincreasing.Theauthorsaimedtoreviewthe recentliteratureonprobiotics,fromdefinitionstoclinicalbenefits,withemphasisonchildren.

Sources: RelevantliteraturefromsearchesofPubMed,CINAHL,andrecentconsensus state-mentswerereviewed.

Summaryofthefindings: While abalancedmicrobiome isrelated tohealth,animbalanced microbiomeordysbiosisisrelatedtomanyhealthproblemsbothwithinthegastro-intestinal tract,suchasdiarrheaandinflammatoryboweldisease,andoutsidethegastro-intestinaltract suchasobesityandallergy.Inthiscontext,astrictregulationofprobioticswithhealthclaims is urgent, because the vast majority of these products are commercialized as food (sup-plements),claiminghealth benefitsthatareoften notsubstantiated withclinicallyrelevant evidence.Themajorindicationsofprobioticsareintheareaofthepreventionandtreatment ofgastro-intestinalrelateddisorders,butmoredatahasbecomeavailableonextra-intestinal indications.Atleasttwopublishedrandomizedcontrolledtrialswiththecommercialized probi-oticproductintheclaimedindicationareaminimalconditionbeforeaclaimcanbesustained. Today,LactobacillusrhamnosusGGandSaccharomycesboulardiiarethebest-studiedstrains. Althoughadverseeffectshavesporadicallybeenreported,theseprobioticscanbeconsidered assafe.

Conclusions: Although regulationis improving,more stringent definitions arestill required. Evidenceofclinicalbenefitisaccumulating,althoughstillmissinginmanyareas.Misuseand useofproductsthathavenotbeenvalidatedconstitutepotentialdrawbacks.

©2014SociedadeBrasileiradePediatria.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Allrightsreserved.

DOIserefereaoartigo:http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2014.08.005

Comocitaresteartigo:VandenplasY,HuysG,DaubeG.Probiotics:anupdate.JPediatr(RioJ).2015;91:6---21.Autorparacorrespondência.

E-mail:yvan.vandenplas@uzbrussel.be(Y.Vandenplas).

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PALAVRAS-CHAVE

Bifidobactérias; Microbiota gastrointestinal;

Lactobacillus; Microbioma; Probiótico

Probióticos:informac¸õesatualizadas

Resumo

Objetivo: Motivadopeloconhecimentocadavezmaiordaassociac¸ãoentreomicrobioma intes-tinaleasaúdehumana,ointeressenosprobióticosvemcrescendocadavezmais.Osautores visaram aanalisaraúltimaliteraturaarespeito dosprobióticos, dedefinic¸õesabenefícios clínicoscomênfasenascrianc¸as.

Fontedosdados: FoianalisadaaliteraturarelevantedepesquisasdoPubMed,doCinahledos últimosconsensos.

Síntesedosdados: Apesardeumequilíbrionomicrobiomaestarrelacionadoàsaúde,um dese-quilíbrio no microbiomaou disbiose estárelacionadoavários problemas desaúde notrato gastrointestinal, comodiarreia edoenc¸ainflamatóriaintestinal, eforadotrato gastrointes-tinal,como obesidadeealergia.Nessecontexto,aregulamentac¸ão rigorosadosprobióticos a alegac¸ões de saúde é urgente, pois a grande maioria desses produtos é vendida como alimentac¸ão (suplementos), soba alegac¸ãode benefícios àsaúdeque frequentementenão sãocomprovadoscomevidênciasclinicamenterelevantes.Asprincipaisindicac¸õesde probió-ticossãofeitasnaáreadaprevenc¸ãoetratamentodedoenc¸asgastrointestinais,porémmais dadostêmsidodivulgadosarespeitodeindicac¸õesextraintestinais.Pelomenosdoisensaios clí-nicoscontroladoserandomizadospublicadoscomoprobióticovendidonaindicac¸ãodeclarada sãoacondic¸ãomínimaantesdeumaafirmac¸ãopodersermantida. Atualmente,o Lactoba-cillusrhamnosusGGeSaccharomycesboulardiisãoasmelhorescepasestudadas.Apesarde efeitosadversosteremsidoesporadicamenterelatados,osprobióticospodemserconsiderados seguros.

Conclusões: Apesardearegulamentac¸ãoestaraumentando,aindasãonecessáriasdefinic¸ões maisrigorosas.Asevidênciasdebenefíciosclínicosestãoaumentando,apesardeaindaausentes emváriasáreas.Ousoinadequadoedeprodutosnãovalidadosconstituipossíveisdesvantagens. ©2014SociedadeBrasileiradePediatria.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todososdireitos reservados.

Introduc

¸ão

A consulta de peritos conjunta da Organizac¸ão das

Nac¸ões Unidas paraAgricultura e Alimentac¸ão (FAO)e da

Organizac¸ãoMundialdeSaúde(OMS)sobreaavaliac¸ãodas

propriedades de saúde e nutricionais dos probióticos na

alimentac¸ão, incluindo leite em pó com bactérias vivas

produtoras de ácido láctico, definiu os probióticos como

‘‘Micro-organismos vivos que, quando administrados em

quantidadesadequadas,conferembenefícioàsaúdedo

hos-pedeiro’’.1 Em 2002, um grupo de trabalho conjunto da

FAO/OMS2 criou diretrizes para a avaliac¸ão dos

probióti-cosnaalimentac¸ão.Asexigênciasmínimasnecessáriaspara

statusdeprobióticoincluem:

- aavaliac¸ãodaidentidadedacepa(gênero,espécieenível dacepa);

- testesin vitroparaselecionar possíveisprobióticos:por exemplo,resistênciaàacidezgástrica,aoácidobiliareàs enzimasdigestivas,atividadeantimicrobianaemrelac¸ão abactériaspossivelmentepatogênicas;

- avaliac¸ãodeseguranc¸a:exigênciasparacomprovac¸ãode queumacepaprobióticaéseguraenãoestácontaminada emsuaformadeadministrac¸ão;

- estudos in vivo para comprovac¸ão dos efeitos sobre a saúdenohospedeiro-alvo.

Após a definic¸ão da FAO/OMS, o Instituto Internacio-nal de Ciências da Vida (ILSI)3 e a Associac¸ão Europeia

deAlimentoseCulturasparaAlimentac¸ãoAnimal(EFFCA)4

divulgaramdefinic¸õessemelhantesdeumprobiótico:‘‘Um ingrediente alimentar microbiano vivo que, quando con-sumido em quantidades adequadas, confere benefícios à saúdedosconsumidores’’e ‘‘micro-organismosvivosque, quandoingeridosouaplicadoslocalmenteem quantidades suficientes,fornecemaoconsumidorumoumaisbenefícios comprovadosàsaúde’’. Adefinic¸ãodefatoimplica quea ingestãodeprobióticosproporciona benefíciosà saúdedo hospedeiro.

(3)

A literatura recentemostrou que umdos mecanismosde ac¸ãodosprobióticosenvolveaestimulac¸ãodosistema imu-nológico.Ofatodosprobióticosprecisaremestar ‘‘vivos’’ parainduziramodulac¸ãoimunepodeserquestionado. Por-tanto,adefinic¸ãotalvezpreciseserrevisadanofuturo.

De acordo com a União Europeia (UE), alegac¸ões de saúde apenas devem ser autorizadas para uso após uma avaliac¸ãocientíficatersidofeitapeloPainel dosProdutos Dietéticos, Nutric¸ão e Alergias(NDA)daAutoridade Euro-peiadeSeguranc¸aAlimentar (EFSA)[Regulamentac¸ão(EC) n◦1924/2006].6Asprincipaisdúvidasabordadaspelopainel

NDAdaEFSAsão:

- o alimento/componenteestásuficientementedefinidoe caracterizado?

- oefeitoalegadoestásuficientementedefinidoeoproduto temumefeitofisiológicobenéfico?

- foramapresentadosestudospertinentesemseres huma-nosparacomprovaraalegac¸ão?

Asrecomendac¸õesdaEFSAsãoumpassoimportantena tentativadeaproximarosmotivosparausarsuplementose medicamentosalimentaresprobióticos.Contudo,as empre-sas descobriram formas opcionais de evitar as restric¸ões daEFSA.Algunsdossuplementosalimentaresestãono pro-cessoderegistrocomo‘‘dispositivomédico’’,paraoquala legislac¸ãopermitealegac¸õessemofornecimentodedifícil comprovac¸ãocientífica.Ademais,asexigênciasdeproduc¸ão relacionadasacontroledequalidadeeseguranc¸aainda dife-remsubstancialmente entresuplementos e medicamentos alimentaresecolocamosmedicamentos em umasituac¸ão desvantajosa.

Controles oficiais por autoridades nacionais são feitos para garantira verificac¸ão de cumprimento da legislac¸ão alimentar. Além do risco de usar cepas não autorizadas, o erro de rotulagem dos produtos é um problema conhe-cido, parcialmentedevido ao uso demétodos fenotípicos e de genotipagemcom falta depoder de discriminac¸ão.7

Alémdecontrolesoficiais,controlesprivadosporempresas deproduc¸ão de alimentossão importantesem termosde protec¸ãodecepaspatenteadasededireitosdepropriedade industrial.

Emseudocumento‘‘DiretrizesparaAvaliac¸ãode Probió-ticosna Alimentac¸ão’’,oGrupo deTrabalhodaFAO/OMS2

recomenda que as seguintes informac¸ões sejam descritas nos rótulos dos produtos probióticos: gênero, espécie e designac¸ãodacepa.

• Adesignac¸ãodacepanãodeveconfundirosconsumidores

arespeitodafuncionalidadedacepa.

• Quantidadesmínimasviáveisdecadacepaprobióticano

fimdoprazodevalidade

• Otamanhodaporc¸ãosugeridodeveforneceradose

efe-tivadeprobióticosrelacionadaàalegac¸ãodesaúde.

• Alegac¸ão(ões)desaúde

• Condic¸õesdearmazenamentoadequadas

• Informac¸õesdecontato daempresaparainformac¸ãoao

consumidor

Em vários países, apenas alegac¸ões gerais de saúde sãoatualmente permitidasem alimentosquecontêm pro-bióticos. O Grupo de Trabalho da FAO/OMS2 recomendou

que alegac¸ões específicas de saúde nos alimentos fos-sem permitidas com relac¸ão ao uso dos probióticos, nos quais está disponível comprovac¸ão científica suficiente. Essas alegac¸ões específicas de saúde devem ser permiti-das no rótulo e no material promocional. Por exemplo, uma alegac¸ão específica que declare que um probiótico ‘‘reduzaincidênciaegravidadedediarreiaporrotavírusem neonatos’’ seriamaisinformativaaoconsumidor queuma alegac¸ãogeral quedeclare‘‘melhoraasaúdeintestinal’’. Recomenda-seque é responsabilidade dofabricante fazer umaanáliseindependenteporterceiroscientistasnaárea paraestabelecerqueasalegac¸õesdesaúdesejam verdadei-ras,enãoenganosas.

Em linha com as sugestões do Grupo de Trabalho da FAO/OMS,2em20dedezembrode2006,oParlamento

Euro-peu e o Conselho publicaram uma nova regulamentac¸ão (n◦ 1924/2006) sobre as ‘‘Alegac¸ões Nutricionais e de Saúde em Alimentos’’.6 Essa regulamentac¸ão aplica-se a

todas as alegac¸ões nutricionais e de saúde com relac¸ão a todos os tipos de alimentos destinados a consumidores finais, incluindo,assim,produtosprobióticostrazidospara omercadocomumaalegac¸ãodesaúde.Aregulamentac¸ão visa a harmonizar as alegac¸ões nutricionais e de saúde em toda a Europaa fim de melhor proteger os consumi-dores, incluindo as comunicac¸ões comerciais (rotulagem, apresentac¸ãoecampanhaspromocionais)emarcaseoutras marcasquepoderãoserinterpretadascomoalegac¸ões nutri-cionaisedesaúde.

Efeitosfuncionaisdosprobióticos

Adefinic¸ãodeque‘‘probióticossãomicro-organismosvivos

que, quando administrados em quantidades adequadas,

conferem um benefício à saúde do hospedeiro’’ apenas

generalizaafuncionalidadedos probióticoscomo

fornece-dor de um benefício à saúde do hospedeiro. Assim, essa

definic¸ãobasicamente implicaque devehaverum

benefí-ciofisiológicomensurávelaohospedeiroqueusaroproduto

probiótico. Além disso, nãoestá especificado que a cepa

probiótica deve ser administrada por via oral nem

exis-tem exigências específicas com relac¸ão à formade ac¸ão.

Essatambémimplicaqueasobrevidadosmicro-organismos

probióticos em todo o trato gastrointestinal não é um

pré-requisitoparareconhecimento dosefeitos dos

probió-ticos.Porexemplo,aadministrac¸ãodelactasepormeioda

administrac¸ãodeStreptococcus(Str.)thermophilusvivosno

intestinodelgadopodeserconsideradaumaatividade

pro-biótica,apesardeaprópriacepabacteriananãosobreviver

aotratodigestivo.8

(4)

Enquanto alguns modelos são perfeitamente adequados paraoestudodopotencialdecolonizac¸ãodosprobióticos, outrosmodelosprecisamseravaliadosquantoaseu poten-cialdeimunomodulac¸ão,suaresiliênciacontrainvasãode patógenos do trato gastrointestinal ou suas propriedades anti-inflamatórias.

Caracterizac

¸ão

funcional

dos

probióticos

Áreasalvo

Osprodutosprobióticossãodesenvolvidosparamelhoraras

doenc¸as fisiológicas em diferentesáreas docorpo.Apesar

deotratogastrointestinalseroalvomaisimportantepara

a maioria dosusos de probióticos,outros áreas docorpo,

comoaboca,otratourogenitaleapele,tambémsão

consi-deradas.Osprobióticospodemdesempenharumimportante

papelnamedicinabucalenaodontologia.9,10

Considera-se também que os probióticos diminuem e previnem infecc¸ões do trato reprodutivo e urinário.11-14

No que diz respeito a aplicac¸ões na pele, os probióti-cos podem ser administrados por via oral para induzir uma resposta imune que tenham efeitos sistêmicos, por exemplo, controle deinflamac¸ões na pele15 e dedoenc¸as

dermatológicasemgeral.16Osprobióticostambémtêmsido

usados para protec¸ão de infecc¸ões no trato respiratório. O Lactobacillus (L.) rhamnosus GG previne infecc¸ões no trato respiratório, além da protec¸ão convencional contra infecc¸ões gastrointestinais.17 Existe uma abundância de

cepasprobióticaseadministrac¸õesdisponíveistendootrato gastrointestinalcomoalvo.Essasadministrac¸ões destinam--seaumagrandediversidadedebenefíciosàsaúde,como reduc¸ãodacolonizac¸ãodepatógenos,síntesedevitaminas, aprimoramentodotrânsitointestinal,alíviodaintolerância àlactose,reduc¸ãodoinchac¸o,efeitosimunomoduladorese váriosoutros.

Mododeadministrac¸ão

Visando a obter benefícios à saúde, as cepas probióticas

geralmente exigem umamatriz específicapara garantir a

sobrevivência ideal das cepas em todo o trato

gastroin-testinal. Por exemplo, recentemente, os probióticos têm

sidoformuladosem umamatrizdechocolate,oque

resul-touemumasobrevivênciamaisidealdascepasprobióticas,

emcomparac¸ãocommétodosdeformulac¸ãoconvencionais

dosprobióticos.18Outrosmétodosincluemaintroduc¸ãode

probióticosemprodutosmaisconvencionais,comoleite,19

quefir20 eváriosiogurtes,ouemmatrizesmaisespecíficas,

como cereais, queijo e até mesmo salsichas e biscoi-tos. Obviamente, vários probióticos são introduzidos, por motivoscomerciais,paraobterumamelhor colocac¸ãodos produtosouparaintegrarosprodutosalimentíciosno mer-cado deprobióticos.Exemplosdesses sãosucosdefrutas, sorvetes,doces,barrasdecereaisetc.

Além daincorporac¸ão dosprobióticosnos produtos ali-mentícios,ascepasprobióticastambémsãofornecidascomo suplementoalimentar,normalmentevisandoaresolver pro-blemas de saúde específicos. Suplementos (por exemplo,

L. rhamnosus GG, L. reuteri) e medicamentos alimenta-res(porexemplo,Saccharomyces(S.)boulardii)probióticos

quasesetornarampadrãonotratamentodegastroenterite pediátrica.Existemmuitasfórmulasinfantisdeleiteempó nasquaisosprobióticostêmsidoformuladosparaevitare aliviaradiarreia.

As cepas de L. lactis foram desenvolvidas e secretam IL-10ouproteína imunomoduladora LcrVdeYersinia para tratar colite em ratos.21,22 Atualmente, essa abordagem

é considerada no tratamento de mucosite oral (incidên-ciaelevadaem pacientescom câncer de cabec¸a/pescoc¸o que recebemradioterapia) com umfator humano trifólio 1-secreting L. lactis. Uma base molecular das aplicac¸ões terapêuticas e as atividades quimiopreventivas de deter-minadosmetabólitosprobióticos,comênfase nainterac¸ão entreessesmetabólitoseviasdesinalizac¸ãomolecular,são consideradasalvosepigenéticosnaprevenc¸ãodecâncerde cólon.23

Por fim, a administrac¸ão dos probióticos nãose refere apenasaoambientealimentíciooufarmacológiconoqualo probióticoéformulado.Sãodesenvolvidaspomadas especí-ficasespraysnasais.24Atualmente,atémesmoaintroduc¸ão

deprobióticosem colchõese em agentesdelimpezatem ganhadoespac¸oparaumcontrolehigiênicoideal.Esse mos-traanecessidadedeampliarocontroledasalegac¸õesalém dossuplementosalimentíciosedosalimentos.CasoaUEcrie ‘‘autoridades’’,como aEFSA,paracontrolar asalegac¸ões emalimentoseemsuplementosalimentares,asalegac¸ões desaúdeparaprodutosnãoalimentícios devemser igual-mentecontroladas.

Sobrevivênciadascepas

Osbenefíciosàsaúdesão,emmuitoscasos,obtidosapenas

quandoumacepaprobióticaatingeaáreaalvoemumestado

metabolicamenteativoeemquantidadessuficientes.Para

administrac¸ãooral,osmicro-organismosprobióticosdevem

sobreviveradiferentesestressesfísico-químicos,

enzimáti-cosemicrobianosemtodootrânsitogastrointestinal.

Primeiramente, osmicro-organismosprecisam cruzar o

ambiente ácido do estômago. Além disso, a falta ou a

presenc¸adeumamatrizalimentardetermina

significativa-menteoperfildepHaoqualacepaprobióticaestásujeita.

ApesardeoefeitoprotetorinicialdepHdosalimentospoder

sujeitar a cepa probiótica a condic¸ões de acidez

inicial-mente menos rigorosas, uma digestão mais demorada no

estômagonapresenc¸adealimentospodeexporpartedo

pro-bióticoadministradoacondic¸õesdeacidezporumperíodo

detempomaislongo.Váriosmicro-organismosprobióticos

têmsidoselecionadosporsuamaiorresiliênciacontraessas

condic¸ões de acidez e novas metodologias estão

disponí-veisparapossibilitaroencapsulamentodecepasprobióticas

paraessafinalidade.25

(5)

importânciapara aprimorarasobrevivência dascepas em todootrânsitointestinalefoipropostacomoummecanismo queexplicacomoosprobióticospodemreduzirosníveisde colesterolnosangue.26

Outracaracterísticadasobrevivênciadascepas probióti-caséacapacidadedecolonizarotratogastrintestinal.Essa propriedadepodeserdivididaemumcomponenteecológico eemumcomponentedamucosa.Primeiramente,assimque umorganismoprobióticosobreviveaoácidogástricoe aos saisbiliaresdoduodenoe,assim,atingeoíleoeocólon,tem apossibilidadedesedesenvolverem umambientemenos rigoroso.Contudo,atingeumambientecomumfundo micro-biano altamente significativo --- o íleo e o cólon atingem concentrac¸õesbacterianasdequimo107e1011 células/mL,

respectivamente.Obviamente, uma cepaprobiótica pode serconsiderada exterior àmicrobiota endógena residente e,amenosquenutrientesespecíficossejamfornecidosao probióticonaformulac¸ãodoproduto(porexemplo, simbió-tica),acepadeveentraremcompetic¸ãocomacomunidade microbiana residente por substratos disponíveis. Em ter-mosecológicos,oprobióticoadministradodeveocuparuma posic¸ão funcionalnoecossistemamicrobianodointestino. Emsegundolugar,umapropriedadeimportanteparaos pro-bióticos,porexemplo,arespeitodocontroledepatógenos, ésuacapacidadedeaderirecrescernasuperfíciemucosa quecobreoepitéliointestinal.Aaderênciadamucosapode contarcomaspropriedadesdaparedecelular.Anatureza hidrofóbica das cepas microbianas podeser avaliada com umsimples ensaio de Banho,27 ao passo que uma adesão

específico à mucosa pode ser mensurada com ensaios de adesãodecurtoprazocommucinasderivadasdointestino (grande parte de origem animal).27,28 Contudo, a adesão

específicados micro-organismos intestinais àsmucinas do intestinoéeficienteapenasparaaformac¸ãode microcolô-niasenãogaranteumacolonizac¸ãoprolongadadacamada damucosa.Foibemdescritoquemicro-organismos específi-cosmodulamsuaexpressãodegenesapóssuaincorporac¸ão àsuperfície da mucosa.Isso foidescrito nãoapenaspara patógenos,28,29mastambémparamicro-organismos

probió-ticos,como L.rhamnosus GG,que podemsobrerregulara formac¸ãodepelosespecíficosnoambientedamucosa.30

Gruposdehumanosalvo

Osprodutosprobióticossãodesenvolvidosparaumagrande

variedadedealegac¸õesdesaúde.Osprobióticospodemser

administradosemindivíduos saudáveise doentes.Os

efei-tosesperadospodemserdenaturezapreventivaoucurativa.

Oobjetivopodesercombateracausadadoenc¸a/alterac¸ões

metabólicasouamenizarossintomasassociadosà

progres-sãodeumadoenc¸a/alterac¸ãometabólica.

Visandoa melhorara saúdedocorpohumano,a

inges-tãode umacepa probiótica por indivíduos saudáveistem

basicamenteobjetivospreventivos.Contudo,deve-se

enfa-tizarqueaintroduc¸ãodeumacepaestranha---mesmosea

mesmaforumprobiótico---deveserfeitacomcuidadoeapós

umprocesso deavaliac¸ão bemconsiderado.Mais

especifi-camente,oambienteintestinaldesubpopulac¸õeshumanas

sensíveis,comobebêsecrianc¸asdeumatrêsanos,passapor

umnívelelevadodedesenvolvimentooutransic¸ão.Muitos

estudosrelatamadministrac¸õesdeprobióticosqueresultam

em desfechos positivos de marcadores que podem ser

relevantes à saúde humana. Os estudossobre probióticos

mostraramefeitosbenéficosemtodosossubgrupos

relaci-onados àidade, como paresde mãe-filho(a),prematuros,

recém-nascidos,neonatosecrianc¸asmaisvelhaseidosos.

Paraexemplificar,bebidaslácteasfermentadascomcepa

deL.caseiShirotaestimulampositivamenteosistema

imu-nológicoemindivíduoshumanossaudáveis.31 Arespeitode

diferentes faixas etárias, osefeitos doconsumo delongo prazodeleitecomprobióticossobreinfecc¸õesforam avali-adosemcrianc¸asmatriculadasemcreches,32aopassoqueL. delbrueckiisubsp.bulgaricusOLL1073R-1foidadoaidosos comoobjetivodereduziroriscodeinfecc¸ão.33

Nocaso de a comunidade microbiana de umaárea do corpoespecíficasofreralterac¸ões,levandoentãoàchamada ‘‘disbiose’’, nichos funcionais foramliberados no ecossis-tema.Exemplosdedisbiosesãoasalterac¸õesnoecossistema microbianonabocaassociadasacáriesdentáriasoudisbiose associada àvaginosebacteriana.Twetman analisou recen-tementeosefeitosdosprobióticossobreasaúdebucalem crianc¸as.34Porexemplo,aadministrac¸ãodelongoprazode

cepas probióticas, como L. rhamnosus GG, reduz o risco de cáriesdentárias em crianc¸as;35 também foirelatada a

importância da suplementac¸ão com probióticos durante aterapiaortodôntica.36Damesmaforma,adisbiose

micro-biana no trato urogenital, mais especificamente vaginose bacteriana,tambémpodesercombatidacomprobióticos.37

CepasdeL.rhamnosusGGeL.acidophilusespecíficostêm sidousadasparatratarvaginosebacteriana.38,39Os

probió-ticos tambémpodemserusadosoralmenteparacombater o aumento de riscos à saúde que se originam do ambi-ente intestinal. Indivíduos colonizados por Helicobacter pyloritêmsidotratadoscombebidaslácteascomL.casei40

e L. gasseri OLL2716 (LG21),41 apesar de que as

cepas específicas de Bifidobacterium mostrarem efeitos anti-Helicobacter por meio da produc¸ão de peptídeos antimicrobianos.42 Contudo, na doenc¸a deCrohn, uma

comprovac¸ãodeque ocorredisbiose (como causaou con-sequência),porémasuplementac¸ãocomprobióticossempre falhouna prevenc¸ão derecaídas, excetonabolsite.Além disso, existe atenc¸ão específica para o desenvolvimento deconceitosde probióticosparacrianc¸asem riscos modi-ficados. Bebês prematuros apresentam um aumento do riscodedesenvolverenterocolitenecrosante,reduzidopela administrac¸ãodeprobióticosporviaoral.43

Basedoefeitobiológicodosprobióticos

Os benefícios à saúde de produtos e administrac¸ões de

probióticos são extremamente diversos e continuamente

expandidoscomnovasideiasedesenvolvimentoscientíficos.

Funcionalidademicrobiológica

Oobjetivofinaldasintervenc¸õesmicrobiológicaspormeio

de probióticos pode ser estabilizar ou melhorar a

home-ostase microbiana em uma área do corpo e reduzir a

invasãoecolonizac¸ãoporpatógenos.Aresiliênciadeuma

comunidademicrobianacontrainvasãoporcepasexógenas

dependeemgrandepartedadisponibilidadedenichos

(6)

estejamocupadospelacomunidademicrobianaendógena,

háumaumentodoriscodeinvasãoporpatógenosno

ecos-sistema,colonizac¸ãoeinfecc¸ãoposterior.

Os micro-organismos probióticos podem ser aplicados

para melhorar ou restaurar a homeostase microbiana em

dois cenários. Primeiramente, eles podem ocupar nichos

funcionaisdeixadosabertospelacomunidadeendógena,e

evitar, assim, que patógenos (oportunistas) ocupem esse

nicho.Esse processonormalmente édenominadoexclusão

competitivaevisaprincipalmenteàcompetic¸ãopor

nutri-entes,àsáreasfísicas (porexemplo, adesãoàmucosa)ou

aosreceptores.Osegundocenáriotemimaisumanatureza

antagônica,poisosprobióticospodemreduzirativamentea

invasãoouo desenvolvimentodepatógenos(oportunistas)

noecossistema. Essa abordagemvisa principalmente: i) à

produc¸ãodeácidosgraxosdecadeiacurtaeoutrosácidos

orgânicos(porexemplo,ácidoláctico)porprobióticos,que,

assim,reduzopHeaumentaoefeitobacteriostáticodos

áci-dosorgânicoscomrelac¸ãoaospatógenos,ii)àproduc¸ãode

bacteriocinas,quesãopequenospeptídeosmicrobianoscom

atividadebacteriostáticaoubactericidaeiii)àproduc¸ãode

espéciesreativasdeoxigênio,comoperóxidodehidrogênio,

altamentereativosequeaumentamoestresseoxidativodos

patógenosemmicroambientes.

Funcionalidadenutricional

Grupos microbianos específicos produzem vitaminas e

podem,assim,contribuirparaliberarvitaminasparao

hos-pedeiro humano. Além da vitamina K,44 vitamina B1245 e

piridoxina,46 outrasvitaminas,como biotina,ácido fólico,

ácidonicotínicoetiamina,podemserproduzidaspor micro--organismosintestinais.Essetipodeatividadepodeafetar asaúdedohospedeira econsidera-se, assim,que fornece possíveisefeitosprobióticos.

Adeficiênciadelactasecausaintolerânciaalactose,que resultaemcólicasabdominais,náuseaeinchac¸o.Ascepas probióticasquetêmlactasetêmsidoaplicadascomsucesso paraaliviarodesconfortodaintolerânciaàlactose.47

Outras funcionalidades nutricionais podem incluir a produc¸ãode compostos quepromovem a saúde.A potên-ciametabólica dosmicro-organismos intestinaisé enorme e podecompetir ouatémesmo ultrapassara dofígado.48

O ambiente intestinal abriga muitas pequenas fábricas químicas que produzemuma abundânciade componentes químicoscomefeitos demodulac¸ãodasaúde.49 Cepas

iso-ladas que produzem substâncias que promovem a saúde também podem ser consideradas tendo potencial pro-biótico. Por exemplo, a produc¸ão de ácidos linoleicos conjugados (ALC) que promovem a saúde foi relatada paracepasdeBifidobacterium,50 L.plantarumJCM155151

e cepas específicas de L. acidophilus. Além disso, a con-versãodosprecursores defitoestrógenosparabioativaros metabólitos por micro-organismos suplementados é uma possívelformadeadministrac¸ãodosprobióticosnofuturo. Porexemplo,Decroosetal.,jáisolaramumconsórcio micro-biano que converte daidzeína derivada de soja em equol bioativo,52 ao passo que Possemiers et al. fizeram uma

investigac¸ão invitro dopotencialprobióticodas cepasde

Eubacteriumlimosum paraconverter hop isoxanthohumol

em8-prenilnaringenina.53

Funcionalidadefisiológica

Tem sido relatado que os micro-organismos

probióti-cos melhoraram o trânsito gastrointestinal.

Hamilton--Milleranalisou anteriormente essa funcionalidadepara a

administrac¸ãodeprodutosprobióticosem idosos.54 Outros

possíveisefeitos fisiológicos podem incluira reduc¸ão, por probióticos,doinchac¸oouproduc¸ãodegás,amelhoriade absorc¸ãodeíonspelascélulasepiteliais dointestino55 ea

reduc¸ão da toxicidade dos sais biliares ou a reduc¸ão dos níveisdecolesterolnosangueporprobióticospositivoscom hidrolasedossaisbiliares.56,57

Reduc¸ãodoscomponentesprejudiciaisàsaúde nointestino

Osmicro-organismosprobióticostambémsãoaplicadospara

reduzirosriscosàsaúdedecorrentesdecomponentes

peri-gosos.Porexemplo, aexposic¸ãooral acontaminantes,de

umamatrizalimentar oudeumamatrizambiental(terra,

poeira, água...), é o cenário mais dominante pelo qual

ocorpo humano seexpõe internamentea contaminantes.

Eles podem incluir: i) micotoxinas, produzidas de fungos

emumagrandevariedadedeculturas,cereaisemespecial;

ii)xenobióticos com propriedades tóxicas, como resíduos

indesejadosapartirdacontaminac¸ãoambientaldacadeia

alimentar;ouiii)compostosperigososdoprocessoprodutivo

alimentar, como produc¸ão de hidrocarbonetos aromáticos

policíclicos(HAP)durante o cozimento dacarne.A forma

deac¸ãopelaqualessesprobióticosreduzemorisco

decor-rente de componentes perigosos ingeridos normalmente

está relacionada à ansorc¸ão do componente à biomassa

microbiana.Issoé, porexemplo, o casodaaflatoxina B1,

que,in vitro, mostrou-sevinculada a cepasprobióticas.58

Outraforma deac¸ão podeser a desintoxicac¸ãodireta do componente perigoso, como a quebra da fumonisina por

PediococcuspentosaecusL006,isoladodefolhasdemilho. Uma forma de ac¸ão final é mais indireta e se assemelha àmodulac¸ãoprobióticaacimadomicroambienteno intes-tino,ondeospatógenos(alimentos)produzemtoxinas.Por exemplo, relatou-se que a produc¸ão de ácidos orgânicos por micro-organismos probióticos afeta negativamente a produc¸ão da toxina Shiga 2da enterohemorrágica E. coli

O157:H7.

Funcionalidadeimunológica

Osbenefíciosimunológicosdosprobióticospodemser

devi-dos à ativac¸ão dos macrófagos locais e à modulac¸ão da

produc¸ão de IgA local e sistemicamente, a fim de

cau-sarmudanc¸asnosperfisdascitocinaspró/anti-inflamatórias

ou a modulac¸ão da resposta com relac¸ão aos antígenos

alimentares.59,60

Produtosprobióticosnaprevenc¸ãoetratamento

Osparágrafosaseguirnãovisamafornecerumavisãogeral

detodasasindicac¸õesnasquaisosprobióticosforam

(7)

poisnovosmanuscritossãopublicadossemanalmente.

Foca-mosnasindicac¸õesmaisrelevantesparacrianc¸as.

Diarreiainfecciosaaguda

Osprobióticos têmsidoamplamente estudados arespeito

daprevenc¸ãodediarreiainfecciosaaguda.Grandesensaios

clínicoscontroladoserandomizadosfornecemcomprovac¸ão

de um efeito muito modesto (estatisticamente

significa-tivo,porémdeimportânciaclínicaquestionável)dealgumas

cepasprobióticas(L.rhamnosusGGecepasdeL.reuterie

Bifidobacterium [B.] animalis subsp. lactis) na prevenc¸ão

dediarreia adquiridana comunidade.61-69 Para prevenc¸ão

de diarreia adquirida em creches, muitos ensaios clíni-cos randomizados e controlados por placebo conduzidos emdiferentespartesdomundoforampublicados.Os pro-bióticostestados foramprincipalmente L.rhamnosus GG, B.animalissubsp. lactissozinhos ouem combinac¸ãocom

Str. thermophilus e L. reuteri, L. rhamnosus (nãoGG) e

L. acidophilus, sozinhos ou em um estudo comparativo. A comprovac¸ão de sua eficácia nessas configurac¸ões é modestaapenasparaprevenc¸ãodediarreiae,àsvezes, tam-bémparaprevenc¸ãodeinfecc¸õesrespiratórias.66Contudo,

o efeito protetor sobre a prevenc¸ão de diarreia se torna menos significativo caso a incidência de diarreia (episó-diosporpaciente-mês),emvezdopercentualdepacientes comdiarreia,sejaconsiderada.68Emcrianc¸asinternadas,a

administrac¸ãodeL.reuteriDSM17938emcomparac¸ãocom placebonãoapresentouefeitosobreaincidênciageral da diarreianosocomial,incluindoinfecc¸ãoporrotavírus.70

Ape-sardeamesmacepanãoterevitadoadiarreiaemcrianc¸as em idade pré-escolar,71 o impactoclínico desses achados

podeserquestionado.72

O uso dos probióticos a seguir (em ordem alfabé-tica) pode ser considerado no tratamento de crianc¸as comgastroenteriteaguda,alémdeterapiadereidratac¸ão:

L. rhamnosus GG (baixa qualidade de comprovac¸ão;

forte recomendac¸ão) e S. boulardii (baixa qualidade de comprovac¸ão; forte recomendac¸ão). Comprovac¸ão menos convincente está disponível para L. reuteri DSM 17938 (qualidade de comprovac¸ão muito baixa; recomendac¸ão fraca) e L. acidophilus LB inativada pelo calor (quali-dade comprovac¸ão muito baixa; recomendac¸ão fraca).73

Essa, apesar de tradicionalmente discutida juntamente com outros probióticos, não se adequa à definic¸ão dos probióticos.Váriosensaiosclínicoscontroladose randomi-zadosavaliaramoefeitodaEnterococcusfaeciumSF6873.73

Uma análise de subgrupo feita em uma revisão Cochrane (datadapesquisa: julhode2010)constatou queaE. fae-cium SF68 reduziu o risco de diarreia com durac¸ão de

≥ quatro dias (4 RCTs, n=333; RR 0,21, IC de 95% 0,08

a 0,52).73 Contudo, estudos in vitro documentaram que

a cepa de E. faecium SF68 é um possível receptor de

genesderesistência àvancomicina.74 Considerando queo

risco de conjugac¸ão in vitro não podeser descartado, os probióticos com problemas de seguranc¸a não devem ser usados.73Publicac¸õesrecentesfortaleceramacomprovac¸ão

dosbenefíciosdaL.reuterinotratamentodediarreiaem crianc¸as internadas.75,76 Outras cepas ou combinac¸ões de

cepasforamtestadas, porémacomprovac¸ãodesua eficá-ciaéfracaoupreliminar.Misturasdediferentescepasnão

necessariamentesãomaiseficazes.77Como,empaíses

tropi-caiscomregiõesondehádeficiênciadezinco,ozincohojeé acrescentadoaosaldereidratac¸ãooral(SRO),oimpactodos probióticossobre aeficácia dozinco deveserestudado.77

Comouma gastroenterite agudaserá tratada espontanea-menteemquasetodacrianc¸a,oimpactodocusto/benefício determinará,emgrandeparte,seosprobióticossãousados ounão.78,79

Diarreiaassociadaaantibióticos(DAA)

O risco relativo total em uma metanálise de 63

ensaiosclínicoscontroladoserandomizados,queincluíram

11.811 participantes, indicou uma associac¸ão

estatistica-mente significativadaadministrac¸ãodeprobióticoscoma

reduc¸ãodaDAA(riscorelativo,0,58;ICde95%,0,50a0,68;

P<0,001;I(2),54%;[diferenc¸aderisco, ---0,07;ICde95%,

---0,10 a ---0,05], [número necessário a ser tratado 13; IC

de 95%, 10,3 a 19,1]).80 Outra metanáliseconcluiu que o

númeronecessárioasertratadoeradeoito.81Deacordocom

umametanáliserecente,osprobióticosreduzem significati-vamenteoriscodeDAAemcrianc¸as.82Aanálisedosubgrupo

pré-planejadamostrouqueareduc¸ãodoriscodeDAAestava associadaaousodeL.rhamnosusGG(ICde95%0,15a0,6),

S.boulardii(ICde95%0,07a0,6)ouB.lactiseStr. ther-mophilus(ICde95%0,3a0,95).82Paracadasetepacientes

que desenvolveriam diarreia enquanto tratadas com anti-bióticos,umamenosdesenvolveráDAAsetambémreceber probióticos.82ApenasaS.boulardiifoirelatadacomoeficaz

nadoenc¸aClostridiumdifficile(C.difficile).83---85

Recente-mente,umgrandeestudodeumúnicocentromostrouque a S. boulardiinão foieficaz, em idosos,na prevenc¸ão do desenvolvimentodeDAAounaprevenc¸ão deinfecc¸ãopor

C.difficile.86Emmuitosestudos,nãocomprovac¸ãopara

sustentarousodequalquer(outro)probióticoparaprevenir arecidivadeinfecc¸ãoporC.difficileouparatratardiarreia porC.difficile existente.64 Umanovametanáliseconcluiu

queosprobióticosreduzemsignificativamenteaincidência de DAA em crianc¸as (22 ensaios clínicos; RR=0,42; IC de 95%,0,33a0,53)eaincidênciadeinfecc¸ãopediátricapor

C.difficile (5ensaios;RR=0,35;ICde95%0,13 a0,92).85 S. boulardii (RR=0,43;IC de95% 0,32a 0,60)e L. rham-nosus GG (RR=0,36; IC de 95% 0,19 a 0,69) são as duas melhorescepasestudadas.87 Emgrandepartedosestudos,

osprobióticos introduzidos juntamentecom otratamento comantibióticos.88

Diarreiadoviajante

Adiarreiadoviajanteéumacondic¸ãofrequentedegrande

impacto socioeconômico. É um desses assuntos sobre os

quais há maisanálises doque osestudosde pesquisa

ori-ginaispublicados.Diferentesensaiosclínicoscontroladose

randomizadosforamfeitosavaliandoaeficáciados

probió-ticosnaprevenc¸ãodadiarreiadoviajante.Umensaiocom

L.acidophiluse doiscomL.rhamnosusGG mostrou

resul-tados negativos.89---91 Um ensaio com S. boulardii relatou

um pequenoefeito, porém significativo, em umsubgrupo esugeriudiferenc¸asgeográficasarespeitodaeficácia.92Em

(8)

L.caseiDN-114001e S.boulardiienenhumaeficáciapara

L.acidophilus.93 Comoonúmerode estudossobrea

diar-reiadoviajanteémuitolimitado,umametanáliserecente concluiu que não há eficácia dos probióticos na diarreia doviajante.94 Nãoexistemdados sobreosprebióticose a

prevenc¸ãooutratamentodadiarreiadoviajante.Emgeral, o númerode estudosé muito pequenopara possibilitar a formulac¸ãoderecomendac¸ões.95

Síndromedointestinoirritável(SII)

Existeumaquantidadesubstancialnaliteraturaarespeito

doefeitodosprobióticossobreaSIIemadultos,porémos

dadosemcrianc¸assãolimitados.UmarevisãoCochraneem

2009 não conseguiu mostraro efeito dos suplementos de

fibraseregistrouumefeitolimitadodoslactobacilossobre

ossintomas,emcomparac¸ãocomoplacebo(RC1,17;ICde

95%0,62,2,21).96

Um ensaio clínico controlado e randomizado de seis semanascomL.rhamnosusGGemcomparac¸ãocomo pla-cebomostrouresultadosnegativosem50crianc¸aseadultos jovens, apesar de ter havido uma menor incidência de percepc¸ão de distensão abdominal no grupo L. rhamno-sus GG.97 AL.rhamnosusGG, porémnãoplacebo, causou

uma reduc¸ão significativa da frequência e gravidade da dor abdominal, em comparac¸ão com a linha de base, e influenciou os testes de permeabilidade intestinal.98 Uma

metanálisemostrouque,emcomparac¸ãocomoplacebo,a suplementac¸ãocomL.rhamnosusGGestáassociadaauma taxa de respondedores ao tratamento significativamente maiorna populac¸ão geral comdor abdominalrelacionada adisfunc¸õesgastrointestinaisenosubgrupoSII.99 Contudo,

nenhuma diferenc¸a foi encontrada em crianc¸as com dor abdominalfuncionaloudispepsiafuncionalquereceberam placeboouL.rhamnosusGG.

Um estudo cruzado randomizadocom VSL#3 e placebo por seis semanas, com um período de intervalo de duas semanas,em 59pacientes mostrouumefeito superior do VSL#3 em comparac¸ão com o placebo no alíviode sinto-mas,bemcomonador/desconfortoabdominal,noinchac¸o abdominal/gases e na avaliac¸ão familiar a respeito da perturbac¸ãodavida.99 Nenhumadiferenc¸asignificativafoi

encontradanopadrãodasfezes.100

Não existemdadossobrea prevenc¸ão ouotratamento daSIIcom prebióticos.Dados deumensaio sugeremque, em neonatos, uma fórmula a base de soro de leite com prebióticosfornecemaiorconfortogastrointestinaldoque umafórmula decontrole.101 Uma fórmulaà base de

pep-tídeoscomfibrafoi bemtoleradacomoumafórmula sem fibrasemumapequenapopulac¸ãodecrianc¸ascom proble-mas gastrointestinais.102 Os extremos da consistência das

fezesforamnormalizadoscomfórmulaquecontinhafibras. Nãoforamobservadasdiferenc¸assignificativasentreasduas fórmulasquantoavômito,dorabdominal,ingestãode ali-mentosouganhodepeso.103Ossimbióticosdevemserainda

maisinvestigadosnessaindicac¸ão.103Osprobióticossãomais

eficazesdoqueoplacebonotratamentodepacientescom dorabdominalrelacionadaadoenc¸asgastrointestinais funci-onais,principalmentearespeitodepacientescomsíndrome dointestinoirritável.104

Helicobacterpylori

O uso de probióticos em indivíduos colonizados por

H.pylori cominflamac¸ão gástricaé justificadopormuitas

observac¸ões. Cepas específicas de Lactobacillus e

Bifido-bacerium exercem efeitos bactericidas in vitro sobre o

H. pylori por meio da liberac¸ão de bacteriocinas ou da

produc¸ãodeácidosorgânicose/ouinibemsuaaderênciaàs

célulasepiteliais.Essesefeitosdeprotec¸ãoforam

confirma-dosemanimais.Osensaiosclínicossãomuitosimportantes,

poisos resultados in vitro nem sempre podem ser

repro-duzidos em pacientes. Os probióticos reduzem a carga

bacterianaemelhoramarespostaimunológica.105Os

resul-tadosdos ensaios clínicos indicam que osprobióticos em geral não erradicam o H. pylori, porém reduzem a den-sidade da colonizac¸ão e mantêm, assim, menores níveis desse patógeno no estômago; em associac¸ão com trata-mentoscomantibióticos,alguns probióticosaumentam as taxasdeerradicac¸ãoe/oureduzemosefeitosadversos cau-sadospelosantibióticos.Váriosestudosmostramumataxa deerradicac¸ãode moderadaa maior(∼10%)doH. pylori

quandoosprobióticossãoassociadosaosantibióticose ao inibidordabombadeprotões.106ApesardeaL.rhamnosus

GGparecenãomelhoraraerradicac¸ão,107grandepartedas

bactériasprobióticasedaslevedurasreduzosefeitos adver-sosdos regimes padrãodeerradicac¸ão doH. pylori.108,109

A suplementac¸ão com probióticos na terapia tripla para infecc¸ão porH. pylori pode ter efeitos benéficossobre a erradicac¸ãoesobreosefeitoscolateraisdaterapia, princi-palmentediarreia,emcrianc¸as.110

Constipac¸ão

Aconstipac¸ãoéumproblemafrequentenainfância,sobrea

qualosprebióticoseprobióticospodemterumainfluência

positivasobreamicrobiotaintestinal,comumefeitosobrea

consistênciaefrequênciadasfezes.Infelizmente,os

resul-tadosdosestudossãocontraditórios.Emumensaioaberto,

aB.breve foi eficaznoaumento dafrequênciadas fezes

emcrianc¸ascomconstipac¸ãofuncional.111Adicionalmente,

teveumefeitopositivosobreaconsistênciadasfezes, redu-ziuonúmerodeepisódiosdeincontinênciafecalediminuiu adorabdominal.111Emoutroensaioaberto,umamisturade

probióticos(Ecologic Relief®, Winclove Pro Biotics, Países Baixos)com B.bifidum, B. infantis, B.longum, L. casei,

L. plantarum e L. rhamnosus mostrou efeitos positivos

sobreossintomasdaconstipac¸ão.112 AL.rhamnosusLcr35

foi eficaz no tratamento de crianc¸as com constipac¸ão crônica.113 Foi relatado que a B. lactis não foi eficaz

na consticac¸ão.94,114 A L. reuteri DSM 17938 mostrou um

efeito positivo sobre a frequência intestinal de crianc¸as comconstipac¸ãocrônica,mesmoquandonãohouve melho-ria na consistência das fezes e nos episódios de choro inconsolável.115 Umestudobrasileiromostrouuma

influên-cia positiva do iogurte sobre a frequência das fezes, comumefeito adicional doiogurte suplementadocom B. longum.116 Em crianc¸as constipadas, oproduto lácteo

fer-mentado com B. animalis subsp. lactis DN-173 010 não aumentou a frequência das fezes, porém esse aumento foi comparável no grupo controle.117 Atualmente, não

(9)

produtoslácteosfermentadoscomcepaDN-173010 nessa categoriadepacientes.117Nãofoiencontradacomprovac¸ão

dequalquerefeitoparasuplementoslíquidos,prebióticos, probióticosou intervenc¸ão comportamental.118 Os

probió-ticos não têm efeitos comprovados sobre crianc¸as com constipac¸ãofuncional.104Atéquemaisdadossejam

ofereci-dos,osprobióticosdevemserconsideradoseminvestigac¸ão paraotratamentodaconstipac¸ão.119

Enterocolitenecrosante

Aenterocolite necrosante (ECN)é uma doenc¸agrave que

ocorreprincipalmente em bebês prematuros. Levantou-se

ahipótesedequeo desenvolvimentoanormalda

microbi-otagastrointestinaléumdospossíveisfatoresetiológicos.

Aprimeirapublicac¸ãoarelatarqueaL.acidophiluseaB.

infantis reduziram a ECN é datada de 1999.120 Isso

ocor-reu após um estudo negativo ter mostrado que sete dias de suplementac¸ão com L. rhamnosus GG, com início na primeira alimentac¸ão, não foram eficazes na reduc¸ão da incidência deinfecc¸ão do trato urinário,ECN e sepse em neonatos prematuros.121 Então, vários ensaios

randomiza-doscomdiferenteslactobacilosebifidobactériasmostraram umareduc¸ãosignificativanodesenvolvimentodaECN.122,123

Apesarde tersidomostrado quea S.boulardii melhoraa ECNinduzidaporhipóxia/reoxigenac¸ãoemratosjovens,124

ela não protege os neonatos contra a ECN.125 Uma

revi-são Cochrane concluiu, em 2008, que a suplementac¸ão enteral com probióticos reduz a incidência de ECN está-gio II ou mais e mortalidade.126 Infecc¸ões sistêmicas ou

eventosadversosgravesnãoforamdiretamenteatribuídos aomicro-organismoprobióticosadministrado.126Deacordo

comosensaiospublicados,onúmeronecessárioaser tra-tadoparaprevenirumcasodeECNé 21e 27.126Contudo,

os centrosnos quais esses ensaios foram feitos têm uma incidência muito maior de ECN do que grande parte dos centros europeus e americanos. A recomendac¸ão poderá ser diferente em centros com umaincidência elevadade ECN,nosquaisasoutrasmedic¸õesparareduzira ECNsão difíceisdeseraplicadas.ArevisãoCochraneatualizadade 2011mostraconclusõesdiferentes:asuplementac¸ão ente-raldeprobióticosprevine ECNgravee todasascausasde mortalidadeem neonatos prematuros.127 Arevisão

atuali-zadadacomprovac¸ãodisponíveljustificaumaalterac¸ãona prática. São necessários mais estudos para avaliar a efi-cácia em neonatos com extremo baixo peso ao nascer e paraavaliara formulac¸ãoe a dose maiseficazesa serem usadas.127Odebatearespeitodeseadministrarounão

sis-tematicamenteprobióticosaprematuroscontinuaatéhoje. AanálisesistemáticadaAssociac¸ãoAmericanadeCirurgia PediátricaedoComitêdeEnsaiosClínicosconcluídaem2012 reconhece quea revisãoCochrane apoiao usode probió-ticos profiláticos em neonatos prematuros com menosde 2.500gramasparareduziraincidênciadeECN,bemcomo o uso deleite materno em vez de fórmula quando possí-vel.Não existe comprovac¸ão clara para justificaro início postergadoou o avanc¸o lento dos alimentos.128 Contudo,

um grupo de especialistas em nutric¸ão e neonatologistas concluiuquenãoexistecomprovac¸ãosuficientepara reco-mendarousorotineirodeprobióticosparareduziraECN.129

Deacordocomessegrupo,existemdadosencorajadoresque

justificamainvestigac¸ãoadicionalcomrelac¸ãoàeficáciae seguranc¸a deprobióticos específicosem circunstâncias de altaincidêncialocaldeECNgrave.129Deacordocomoutros,

ascomprovac¸õesdisponíveisaindasãomuitolimitadaspara recomendarprobióticosnareduc¸ãodaECN.130Outros

espe-cialistas sugerem que pode ser antiético não administrar probióticos em bebês prematuros na reduc¸ão da ECN.131

Asuplementac¸ãoenteraldeprobióticosprevineECNgravee todasascausasdemortalidadeemneonatosprematuros.132

Cólica

A cólica é um problema frequente em neonatos e os

paisnormalmentebuscamdesesperadamenteumasoluc¸ão.

Nessaindicac¸ão,oefeitodaL.reuteritemsido

exaustiva-menteestudadoemneonatosamamentados.133---135Contudo,

dados recentes sugerem que os neonatos que receberam o mesmo probiótico choram 50 minutos mais do que os que receberam placebo.136 Dupontet al. relataram a

efi-cácia de outra cepa probiótica em neonatos alimentados porfórmula.137UmsachêsimbióticocomumbilhãodeCFU

de: L. casei, L. rhamnosus, Str. thermophilus, B. breve,

L. acidophilus, B. infantis, L. delbrueckii subsp. bulgari-cus e fruto-oligossacarídeos mostrou-seeficaz na reduc¸ão da cólica em bebês amamentadosem comparac¸ão com o placebo.138

Alergiaedermatiteatópica

Um tratamento simultâneo com probióticos e prebióticos

(uma mistura de qatro cepas e galacto-oligossacarídeos)

dado a mulheres grávidas por duas-quatro semanas antes

do parto e aos neonatos por seis meses,em comparac¸ão

comoplacebo,nãomostrouefeitosobreaincidência

acu-muladadedoenc¸asalérgicasaosdoisanos,porémmostrou

uma tendência de reduc¸ão das doenc¸as associadas à IgE

(atópica), poisfoi observadaumareduc¸ãosignificativado

eczema (atópico).139 Contudo, Taylor et al. contestaram

o papel dos probióticos na prevenc¸ão de alergias, pois constataramqueasuplementac¸ãoprobióticaprecocecom

L.acidophilusnãoreduzoriscodedermatiteatópica(DA) em neonatos de alto risco e nem mesmo foi associada a um aumento da sensibilizac¸ão alergênica em neonatos que recebem suplementos.140 Uma revisão Cochrane de

2007concluiu quenãohouvecomprovac¸ãosuficiente para recomendaro acréscimodeprobióticosà alimentac¸ão dos neonatos para prevenir doenc¸as alérgicas ou hipersensibi-lidade alimentar.141 Apesar deterhavidoumareduc¸ãono

eczemaclíniconosneonatos,esseefeitonãofoi compatí-velentreosestudose foiaconselhadocautelaem virtude das preocupac¸õesmetodológicas comrelac¸ão aosestudos incluídos.142 Contudo,aeficácia daintervenc¸ãoprobiótica

nareduc¸ãodadermatiteatópicae/oudoenc¸aalérgicapode dependerdomomentodaintervenc¸ão.Aadministrac¸ão pre-ventiva dosprobióticospodeser eficazapenas sedurante agravidez.Osprobióticosadministradosa mãesnão sele-cionadasreduziram aincidência cumulativadaDA,porém nãoapresentaramefeitosobreasensibilizac¸ãoatópica.142

(10)

Contudo, uma mistura de várias cepas de bactérias não afetaodesenvolvimentodeeczemaatópico, independente-mentedeconteremlactobacilosounão.143 AL.rhamnosus

HN001 mostrou-se eficaz contra o eczema nos primeiros dois anos de vida e persistiu aos quatro, ao passo que a

B.animalis subsp. lactis HN019não apresentou efeito.144

Portanto,nãoapenasomomentodaadministrac¸ão parece serimportante,mastambémaespecificidadedacepa. Con-tudo, o momentoda administrac¸ão e a especificidade da cepaforam,então,novamentecontraditospelametanálise de Pelucchi et al., que sustentaram um papel moderado dos probióticos na prevenc¸ão da dermatite atópica e da dermatiteatópicaassociadaàIgEemneonatos,porém des-consideraramo momentodeuso dosprobióticos(gravidez ouiníciodavida)ouo(s)indivíduo(s)querecebeu(ram)os probióticos(mãe,crianc¸aouambos).145 Osdadossobreos

probióticosesobreasalergiasprecisamdeesclarecimento adicional,poissãodecertaformacontraditórios.Podeser que asdiferenc¸as geográficas ou genéticas desempenhem umpapelprejudicial,principalmentenadermatiteatópica. Noventa neonatoscomdermatiteatópicaeidade<sete meses foram randomizados para receber uma fórmula infantil com B. breve M-16V e uma mistura de galacto--oligossacarídeosdecadeiacurtaefruto-oligossacarídeosde cadeialongaouamesmafórmulasemsimbióticosdurante 12 semanas.146 Não houve diferenc¸as significativas entre

o simbiótico e o grupo placebo.146 O mesmo grupo

mos-trou que os simbióticos previnem os sintomas da asma em neonatos com DA.147 Ao mesmo tempo, outro grupo

relatou que uma combinac¸ão simbiótica de L. salivarius

maisfruto-oligossacarídeosésuperioraoprebióticosozinho no tratamento da DA infantil moderada a grave.148

Ape-sar de alguns estudos com probióticos como tratamento daDA mostraremumbenefício,149 grande parte dos

estu-dosé negativa.Nenhum benefíciofoirelatadoa partirda suplementac¸ãocomB.animalissubsp.lactisouL. paraca-seinotratamentodeeczema,quandofornecida comoum adjuvanteaotratamentotópicobásico,enãohouveefeito sobreaprogressãodadoenc¸aalérgicanosindivíduosentre ume três anos.150 Grande parte das análises conclui que

os probióticos não são eficazes na reduc¸ão da dermatite atópica. Esses resultados contraditórios são sugestivos de especificidadedacepa ouinfluênciagenética sobrea efi-cácia dosprobióticos emcrianc¸as com dermatiteatópica. Uma análise de 13 estudos de probióticos no tratamento de eczema estabelecido não mostrou comprovac¸ão con-vincente de benefícios clinicamente válidos.151 Contudo,

deacordocomumametanáliserecente,o resultadogeral sugerequeosprobióticospodemserumaopc¸ãoparao tra-tamento de dermatite atópica, principalmente dermatite atópicamoderadaagrave,enenhumacomprovac¸ãoque sus-tentasseopapelbenéficodos probióticosemneonatos foi encontrada.152

Infecc¸õesextraintestinaiseoutrosefeitos

Nenhum estudo pediátrico demonstrou efeitos benéficos

definidos da administrac¸ão de probióticos no tratamento

deinfecc¸õesextraintestinais,comoinfecc¸õesrespiratórias

ou otite média.88,153 Não existe comprovac¸ão de que os

probióticos reduzem infecc¸ões extraintestinais. Há certa

comprovac¸ão de que alguns lactobacilos podem prevenir infecc¸ões urinárias recorrentesem mulheres. Contudo, os dadosem crianc¸as sãoescassos.Omesmo é verdadepara vulvovaginiterecorrente.Sazawaletal.mostraramqueleite enriquecido com prebióticos e probióticos impediu o sur-gimentode morbidades dentre as crianc¸as em um ensaio clínicocontroladoerandomizadoemumacomunidade.154

A candidíase representa 10-20% das infecc¸ões san-guíneas nas unidades de terapia intensiva pediátricas (UTIPs)e umaumento significativona morbidez, na mor-talidade e no tempo de internac¸ão.155 Poucos estudos

demonstraram que os probióticos conseguem impedir a excrescência e colonizac¸ão da Candida em neonatos, ao passoque seu papel na prevenc¸ão de candidíaseinvasiva nessespacientesaindaéincerto.155

Fitases purificadas de B. longum subsp. infantis e

B. pseudocatenulatum reduzem o conteúdo do fitato em

comparac¸ãocomasamostrascontrole(nãotratadasou tra-tadascomfitasefúngica)elevaramaumaumentonosníveis detrifosfatodemioinositol.156Esseéoprimeiroexemploda

aplicac¸ãodefitasespurificadasdebifidobactériasno proces-samentodealimentosemostraopotencialdessasenzimas aseremusadasem produtos paraconsumo humano.156 As

bactériasdoácidolácticomelhoramasíntesedevitaminas B2,B11eB12etêmpossíveisestratégiasparaaumentaro teordevitaminaBemprodutosàbasedecereais.157A

bac-tériaL.produtoradevitaminastemlevadoàelaborac¸ãode novosalimentosfuncionaisfermentados.157

Atualmente, a obesidade pandêmica é assunto de interesseemtodosospaísesdesenvolvidoseem desenvolvi-mento.Otratamentocomprobióticosmudaseletivamente acomposic¸ãodamicrobiotaintestinalemfavordeumgene específico e até mesmo de uma cepa específica. Poucos estudos de intervenc¸ão com probióticos em pessoas com sobrepeso ou obesas foram publicados até hojee grande partedelesfocaemL.ouB.Aadministrac¸ãodeumacepa deL. gasseri em pacientes obesos e com diabetes tipo 2 mostroureduzir o índice de massa de gordura (visceral e subcutânea)edemassacorporal.158Alémdisso,Andreasen

etal.demonstraramqueaadministrac¸ãodeLactobacillus spp.afetapositivamenteasensibilidadeàinsulina.159Uma

comprovac¸ãoatrativasugerequeamodulac¸ãodamicrobiota intestinalcomprobióticosreduzoíndicedemassacorporal emcrianc¸aselimitaoganhodepesoexcessivoduranteos primeirosanosdevida(até10anosdeacompanhamento).160

Atéagora,apenaspoucosdadosestãodisponíveisarespeito da possível aplicac¸ão dos lactobacilos ou bifidobactérias paraneutralizaraadiposidade.

Transplantedemicrobiotafecal

Umanovaabordagememaplicac¸õesterapêuticas

microbia-naséotransplantedemicrobiotaintestinal,principalmente

emcondic¸õesdedifíciltratamento desituac¸õesnasquais

sesabe queamicrobiotafecaléanormal.161,162 Osefeitos

colateraisobservadosjustificamacautela nabusca contí-nuaporessaopc¸ãodetratamento.162Existecomprovac¸ãode

(11)

resultadospositivos terem sido relatados.163 A microbiota

transplantada deve ser cuidadosamente selecionada para patógenos.164 Bacteremia foi relatada como um evento

adverso.165Contudo,foirelatadaaprimeiracuradacolite

deinícioprecoceapós transplantedemicrobiotafecal.166

Estudos adicionais devem agora focar nos motivos para sucessoefalha.

Seguranc¸aeefeitoscolaterais

Os probióticos têm um extenso histórico de seguranc¸a,

relacionado principalmente ao uso de lactobacilos e

bifidobactérias.167 A experiência com outros

micro--organismosusadoscomo probióticosémaislimitada.Não existe isso de risco zero, principalmente no contexto de determinadasformasdesusceptibilidadedohospedeiro.167

Os probióticos ‘‘geralmente são considerados seguros’’ e seusefeitos colateraisnoatendimentoambulatorialquase nãoforamrelatados.Grandesestudosepidemiológicosem paísesondeo usode probióticosé endêmicodemonstram (emadultos)baixasratasdeinfecc¸ãosistêmica,entre0,05 e0,40%.168 Aadministrac¸ãodurantea gravidezeprimeira

infância é considerada segura.169 Os componentes dos

probióticos podem conter alérgenos ocultos de alimentos e podem não ser seguros para indivíduos com alergia a leite de vaca ou ovo de galinha.170 Infecc¸ões invasivas

documentadas foram notadas principalmente em adultos imunocomprometidos. Infecc¸ões invasivas em neonatos e crianc¸as são extremamente raras.171-173 Dois casos de

bacteremia atribuíveis à suplementac¸ão com lactobacilos com isolados clínicos e de suplementos genotipicamente idênticos foram relatadas recentemente em um neonato eem umacrianc¸a semdoenc¸agastrointestinalsubjacente ou condic¸ão de imunocomprometimento.174 Foi relatada

sepsecomlactobacilosprobióticosem crianc¸ascom intes-tino curto. Recentemente, a transferência de plasmídeos resistentesaantibióticosmostrou-seclinicamentepossível. Ousodelongoprazodeprobióticossobpressãodeselec¸ão deantibióticospodecausarresistênciaantibióticaeogene resistente pode ser transferido para outras bactérias.175

Não foi relatada translocac¸ão do trato gastrointestinal na circulac¸ão sistêmica. Há um pobre conhecimento do público do conceito de risco, em geral, e da análise de risco/benefício,em particular.168 Aincertezacom relac¸ão

aopotencialdetransferênciadaresistênciaantibióticacom probióticospersiste,porémoriscopareceserbaixocomos produtosprobióticosdisponíveisatualmente.168Comocom

outras formas terapêuticas, a seguranc¸a dos probióticos deve ser considerada de cepa para cepa.168 Os possíveis

benefíciosdasuplementac¸ãodevemserpesadosemrelac¸ão ao risco de desenvolvimento de uma infecc¸ão invasiva resultantedaterapiaprobiótica.

Conclusão

Os probióticos entraram na corrente principal de saúde.

Amicrobiota gastrointestinalé essencial parao

desenvol-vimento do sistema imunológico. Apesar de as principais

indicac¸õesdo uso médicodos probióticos ainda seremna

áreadeprevenc¸ão etratamentodedoenc¸as

gastrointesti-nais,gradualmentemaiscomprovac¸õessãocoletadassobre

as indicac¸ões extraintestinais, como vaginite, dermatite

atópica e infecc¸ões respiratórias. Ensaios clínicos

contro-ladoserandomizadoscomoprodutovendidonasindicac¸ões

alegadas sãoobrigatóriosantesdouso deumproduto ser

recomendado. Hoje,aL.rhamnosus GGeS.boulardiisão

asmelhorescepasestudadas,apesardealiteraturarecente

fornecer muitas informac¸ões positivas sobre a L. reuteri.

Apesar de efeitos adversos terem sido esporadicamente

relatados, osprobióticos podemserconsideradosseguros.

Ousoinadequadoeprodutosnãovalidadosconstituem

pos-síveisdesvantagens.

Conflitos

de

interesse

YvanVandenplaséconsultordaBiocodexedaUnited

Phar-maceuticals. Os outros autores não relataram possíveis

conflitosdeinteresse.

Referências

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